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Capítulo 3


O Universo é uma fonte inesgotável de mistérios fascinantes. Para muitos habitantes da Terra, o conhecimento e a exploração do espaço sideral são limitados, com poucos recursos destinados a essas áreas em comparação com outras prioridades no planeta. No entanto, há aqueles que enxergam além do óbvio e se perguntam sobre as possibilidades infinitas que a exploração espacial poderia oferecer.

Em uma galáxia distante, poderia existir um planeta tecnologicamente avançado, cujos habitantes vivem de forma harmoniosa com o meio ambiente. Essa civilização exemplar seria um testemunho inspirador de como é possível alcançar o progresso sem comprometer a saúde do planeta que chamamos de lar. A ideia de um mundo onde a consciência e a sustentabilidade andam de mãos dadas é um convite para refletir sobre as escolhas e prioridades da humanidade.

O planeta Nakkyr está situado na galáxia de Andrômeda, lar dos Nakkyrianos, uma raça guerreira, incrivelmente alta e robusta. O príncipe Caelius já conquistou três galáxias, tornando seus habitantes vassalos de seu planeta. Agora, ele almeja completar o ritual para se tornar rei, o qual requer um casamento como último passo para assumir o trono, afastando assim a tradição da luta pela sucessão, geralmente resolvida por um combate físico entre os filhos do antigo rei, seu pai. Seu irmão, Draxar, escolheu não trilhar o caminho real e prefere ser subordinado de Caelius, atuando quase como um conselheiro com habilidades quase premonitórias, uma figura que antecede a guerra com propostas pacíficas de rendição.

Draxar, conhecido como o pacificador, era como um "a" no meio de um mandarim de "x". Seu objetivo era explorar outras galáxias e firmar acordos de vassalagem em nome de seu irmão, optando pela conquista através do diálogo em vez da guerra sempre que possível. Enquanto isso, Caelius, um estrategista brilhante, representava o oposto, não por falta de habilidade com as palavras ou de encontrar soluções pacíficas para seus dilemas, mas por sua determinação em resolver conflitos de forma mais impositiva.

Enquanto o príncipe procurava uma noiva, Draxar se casou e teve sua prole. Decidido a conhecer outros planetas antes de assumir seu cargo, ele desejava explorar galáxias a anos-luz de distância da sua. Com a autorização positiva de seu pai e de seu irmão, ele partiu em sua nave com sua companheira e sua prole em direção ao seu destino. Dúvidas e ansiedades enchiam seus corações, pois adentravam o universo.

No entanto, algo deu errado nessa jornada de exploração pessoal. Uma espécie conhecida como conquistadores não seria bem recebida em outro planeta, causando receio no imperador daquela galáxia. Estabelecidos no planeta Tefirry, berço da galáxia Orion, o pacificador Nakkyriano desapareceu sem deixar rastro. Caelius, sem mais notícias de seu irmão e desconfiado, tentou entrar em contato com esse planeta, mas não obteve resposta.

Interrompendo todos os seus planos de ascender ao trono, ele partiu em direção a esse planeta com sua unidade animal. Para derrubar um planeta, ele não precisava de um exército. Apenas ele próprio seria suficiente. Aqueles que tivessem feito mal a seu irmão certamente sofreriam as consequências.

Caelius diferia de seu irmão em muitos aspectos. Enquanto este último exibia uma crueldade marcante, ceifando vidas sem piedade e encontrando prazer na violência. Alguns o temiam como um terrível monstro, enquanto outros o admiravam como um exemplar masculino excepcional. No entanto, em seu cerne, ele se via como o incansável defensor de seu planeta e de seus súditos. Com uma força robusta incutida em sua essência, ele estava pronto para enfrentar qualquer desafio que se apresentasse. Determinado, ele era justamente o que seu planeta precisava e o que Eya clamava que ele se tornasse.

Ao chegar a este planeta, ele percebeu que estava imerso em completo caos, com a terra parecendo gemer de dor. Ele notou que aquele lugar terrível estava à beira do colapso, assim como tantos outros. Isso levaria essa espécie miserável a procurar estabelecimento em outro planeta, tornando-se parasitas.

Qualquer espécie que invada um planeta para torná-lo seu lar sem ser aceita pelas espécies nativas é considerada um parasita que deve ser eliminado. Se fosse necessário exterminar os habitantes deste planeta para permitir que outra espécie prosperasse, ele o faria. Esse era o protocolo que ele seguia como suserano dos planetas.

Ele eliminava parte da espécie que representasse perigo para a ordem do planeta, permitindo que outra pudesse prosperar. Caso contrário, nada funcionaria corretamente. No passado, ele tentou permitir a sobrevivência de 100% da população, mas o planeta acabou entrando em colapso. Este foi seu primeiro e último erro, antes de aprender a lição.

Enquanto essa parte prejudicial continuasse existindo, ela sempre lembraria, mostraria, forçaria e ensinaria aos outros como poderiam destruir e arruinar. Nenhuma misericórdia seria concedida a essa parte. Se Draxar não estivesse interessado em salvar esse lugar decadente, por que teria vindo até aqui? Ele encontraria essa resposta e a extrairia, se necessário.

Determinado a buscar vingança e destruição, caso necessário, além de descobrir qualquer motivo ou mensagem deixado por seu irmão, ele jamais imaginou se deparar com naves dedicadas ao tráfico de espécies, algo que já havia ocorrido em um dos planetas sob seu controle, inclusive neste pequeno planeta em que se encontrava.



Enquanto sobrevoava os céus em busca do último sinal emitido pela nave de seu irmão, observou atentamente essas naves através do painel de controle de sua própria embarcação. Os detalhes das naves inimigas se tornavam mais nítidos à medida que se aproximava, revelando suas formas alienígenas e suas cores. Sem qualquer hesitação, decidiu atacá-las com as armas à sua disposição, lançando uma poderosa bola de fogo em sua direção. O estrondo ecoou pelos céus enquanto a explosão se aproximava das naves inimigas, criando um espetáculo ardente de destruição. Sua única intenção era assustá-los, sem se importar com o destino que lhes era reservado. Era divertido ver como eles se debatiam para fugir, suas manobras evasivas desesperadas diante do ataque inesperado.

Após o ataque, pousou sua nave em uma colina próxima, ativando a camuflagem para ocultá-la, enquanto soltava sua unidade animal para caçar na densa floresta circundante. A vegetação exuberante e os sons misteriosos da floresta o envolviam enquanto sua unidade animal se afastava em busca de presas. Enquanto isso, continuava incansável na busca pelo último sinal da nave que pertencera a seu irmão. Frustrado, passou horas explorando essa maldita floresta e encontrando apenas o vazio. Nenhuma peça ou sinal da nave. A raiva borbulhava dentro dele, alimentando sua determinação de encontrar respostas e vingança.

Num ato de raiva, socou uma árvore robusta, a madeira cedendo sob a força do impacto, ecoando seu descontentamento para a floresta silenciosa. Cansado de permanecer na floresta, decidiu procurar sua unidade animal para ver se havia conseguido alguma caça. Porém, o que encontrou foi seu animal com uma pequena criatura em sua boca.

"Parece tão tentador, seu sangue tem um cheiro tão delicioso", pensou o príncipe, aproximando-se lentamente e deixando sua língua serpenteando pela boca.

— Solte, Frey — ordenou ele com firmeza, sua voz soando como um sussurro ameaçador.

— Eu vou morrer. Por favor, me ajude... Eu farei qualquer coisa — suplicou a pequena criatura, com lágrimas nos olhos e a voz trêmula de desespero.

Ele a observou minuciosamente, admiração e curiosidade misturadas em seus olhos. Ela era de uma espécie completamente diferente, distinta de tudo o que ele já havia visto em Tefirry. Sua delicadeza e beleza exótica o fascinavam de uma forma que ele não conseguia explicar.

— Está combinado. Cumpra sua promessa quando acordar — concordou o príncipe, surpreendendo a si mesmo com a decisão repentina.

Isso não estava em seus planos iniciais, de forma alguma. Ele veio em busca de algum sinal e para deixar seu animal caçar. Jamais imaginou que retornaria à sua nave com aquela pequena criatura nos braços. No entanto, o sangue dela tinha um aroma doce, irresistível e tentador. Todos os seus sentidos eram atormentados por aquele cheiro. Até a fragrância exalada por ela o deixava sedento. Ele não tinha dúvidas de que era uma fêmea de uma espécie desconhecida para ele. Deixou-se levar por um acordo: sua vida em troca de algo que cobraria no futuro. Mas por que ele sentia essa necessidade de salvar algo que não pertencia à sua espécie ou subordinados? Ele não sabia, mas ansiava por possuir aquela pequena fêmea, morder seu pescoço e marcá-la como dele. "Ela já é minha", pensou, apertando-a com seus fortes braços enquanto abria a porta de sua nave com uma mistura de curiosidade e desejo.

— Entre, Frey — ordenou ao seu animal, que prontamente obedeceu.

— Não fique chateado, Frey. Prometo que amanhã não interferirei na sua caçada — disse o Príncipe em tom conciliador.

Seu animal soltou um gemido de frustração, claramente emburrado. Tudo o que ele queria era saborear algo fresco, mas, infelizmente, isso estava além de seu alcance.

Caelius adentrou ainda mais o interior de sua nave, chegando à sala de pesquisa que continha uma cápsula de cura. Com cuidado, ele deitou a fêmea desacordada na cápsula.

— Analisar corpo estranho — ordenou à máquina, que prontamente iniciou o processo, fechando suas portas.

O estofado no qual ela estava deitada afundou, moldando-se ao redor de seu corpo e cobrindo-o completamente, enquanto projetava um holograma da forma de seu corpo sobre as portas.

— Que esqueleto estranho. Seus ossos são muito frágeis. No entanto, por sorte, Frey não quebrou nenhum — comentou ele, enquanto analisava o holograma, girando-o para os lados com seu braço superior direito, enquanto os inferiores se cruzavam sobre o peito. — Apenas um corte profundo na dobra do pé e esses ferimentos nos braços e pernas. Inicie imediatamente o processo de cura — ordenou Caelius.

— Processo de cura iniciado. — Respondeu a voz robótica da cápsula. — Transfusão de sangue necessária. Favor fornecer o sangue. — Solicitou.

O príncipe supôs que seu sangue era compatível com o dela, então pegou o tubo de transfusão da cápsula e inseriu a agulha de dezessete centímetros em seu braço superior.

— Transfusão iniciada. Sangue compatível com a espécime. — Confirmou a voz robótica.

A espécie do príncipe era abençoada. Os Nakkyrianos eram compatíveis com diversas espécies tanto para transfusões quanto para reprodução. Eles prosperavam onde quer que encontrassem compatibilidades. Embora o príncipe Caelius não conhecesse aquela espécie em particular, já sabia que eram compatíveis.

"Nossos sangues são compatíveis, o que significa que podemos ter uma prole juntos", pensou ele, enquanto observava seu sangue azul fluir através do tubo transparente em direção à cápsula.

— Pesquise sobre essa espécie agora mesmo — ordenou ao computador central de sua nave.

As portas da cápsula se abriram, revelando uma fêmea cujo corpo já não estava coberto pela cápsula. Seus ferimentos haviam desaparecido completamente, sem deixar rastros de que um dia estiveram ali. O aroma dela deixava o príncipe extasiado. Ele estava encantado, obcecado. Ela poderia se tornar seu novo vício. Ele a desejava profundamente, ansiando descobrir o que seu pequeno corpo poderia lhe proporcionar.

Arrancando a agulha do seu braço e jogando-a no chão, onde logo foi recolhida pela cápsula, ele se aproximou dela lentamente, como um predador. E, de fato, ele era um. Abaixando-se, segurou com todo cuidado seu pequeno dermatoide direito, levando-o à boca e lambendo seu pulso, saboreando-o. Com extremo cuidado para não machucá-la, pressionou seus dentes afiados, sugando um pouco do sangue que tanto almejava.

No entanto, ele sabia que precisava parar. Não havia vindo ali para encontrar uma fêmea para si, mas, ainda assim, a desejava intensamente. Retirando seus dentes do pulso da fêmea a contragosto, ele passou sua longa língua na marca da mordida, que logo cicatrizou. "Não posso marcar uma fêmea à força", pensou ele. Ele poderia fazê-lo, mas escolheu não fazer. Consentimento tornaria essa experiência ainda mais prazerosa, já que a marca de seu povo não era apenas uma cicatriz. Eles literalmente compartilhariam tudo, sentiriam as sensações um do outro.

— Resultados da busca — a voz do computador central interrompeu os devaneios do príncipe. — Espécime humano. Nativa do planeta Terra. Fêmea humana. A pesquisa sobre o histórico de seu povo está incompleta e precisa de mais tempo para ser concluída.

— Inicie o scanner na humanoide — ordenou à cápsula de saúde.

Ele não conhecia aquele planeta nem o seu povo. Mas, mesmo sem conhecê-los, não conseguia entender como os parasitas poderiam interagir com os humanoides. Os parasitas costumavam procurar planetas grandes e espécies poderosas, com grande poder bélico. Então, por que uma espécie tão frágil chamaria a atenção deles? Ele se perguntava.

— Bracelete não identificado encontrado no dermatoide esquerdo. Tecnologia Jaggtr — informou a cápsula.

— Como eu suspeitava, parasitas. Espécie maldita. Eles se multiplicam como pragas — cerrou os dentes, irritado.

— Implantes de tradução detectados. Oculares, fala e audição. Tecnologia avançada de mercadores ilegais — informou novamente.

O grande guerreiro observava a humanoide a poucos centímetros de distância. Ela era tão diferente dele. Será que aceitaria o que ele propunha? "Vou levá-la comigo. Em um planeta onde sua própria espécie é comercializada, não há lugar para ela voltar", pensou. Ele precisava se afastar dela antes que fizesse algo do qual se arrependeria mais tarde. O cheiro que emanava dela o excitava, e ele ansiava por tê-la.

— Traçar curso para a base. — Ordenou ao computador central, saindo da sala e deixando a humana sozinha. Agora o príncipe tinha algo do qual não abriria mão. Ela já era dele, mesmo que não soubesse. E quanto mais rápido ela aceitasse, melhor.


Seus olhos, de cores diferentes, fitavam o teto branco à sua frente. Seus longos cílios tremularam suavemente. Fragmentos de memória relampejaram em sua mente. Ela se ergueu rapidamente do local onde estava deitada. Zadie lamentou profundamente. Sua cabeça latejava intensamente, como se uma faixa estivesse a apertando. Gemeu, levando as mãos à cabeça. Lembrava-se de ter sido atacada por um monstro quadrúpede. No entanto, a ferida que deveria estar ali havia desaparecido, assim como os arranhões em seu corpo.

A confusão girava em sua mente enquanto tentava encontrar uma explicação para o que estava acontecendo. Seria apenas uma alucinação? Parecia tão real, tão vívido.

Ao observar a sala ao seu redor, percebeu o quão desproporcional tudo ali era em relação a ela. Até a suposta "maca" onde estava deitada era absurdamente alta, fazendo-a sentir-se minúscula e insignificante, mesmo sendo uma mulher de 1,70m de altura.

Com um misto de incredulidade e angústia, questionou em voz alta o que diabos estava acontecendo, apoiando a barriga na "cama" para conseguir tocar o chão com os pés.

Finalmente, ao pisar no solo, teve a real noção de que aquele lugar havia sido concebido para alguém de estatura gigantesca. Quem quer que a tivesse capturado era imensuravelmente grande. Um ruído repentino chamou sua atenção, e ao direcionar o olhar para a origem do som, percebeu a presença do monstro que poderia arrancar seu pé, movendo-se lentamente em sua direção.

Em um acesso de desespero, gritou para o monstro manter-se afastado. Não queria vivenciar novamente a agonia que havia experimentado antes.

— Saia, Frey. — Uma voz poderosa e grave ecoou em seus ouvidos.

Passos pesados foram ouvidos. Zadie viu aquela criatura enorme na porta. Tão alta. Observando "aquilo" da cabeça aos pés, percebeu que não era humano. Seus pés pareciam cascos com duas pontas, provavelmente dedos. Ao olhar mais acima, notou um terceiro membro na lateral da canela dele. Suas pernas tinham três dobras e suas coxas eram extremamente musculosas.

Não avistou órgãos genitais, mas notou uma espécie de fenda entre suas pernas extremamente longas, algo que preferiu não investigar. Seu abdômen era definido, mas a parte do peito chamou sua atenção, parecia revestida por uma pele dura com algumas linhas sobre ela. Ele possuía quatro braços, o que a deixou intrigada e incapaz de explicar seus sentimentos. Os dois ligados ao peito eram longos, alcançando a segunda dobra da perna, enquanto os outros dois eram menores, e em ambos ele possuía apenas quatro dedos.

Seu rosto, ela diria, era horrendo. Monstruoso. No entanto, ela sempre gostou de “monstros”. Sempre. Ela se perguntou se ele poderia ser considerado atraente, mas duvidava de sua sanidade mental. Seu pescoço ligava-se aos ombros, formando um trapézio superior perfeito em forma de triângulo. Não tinha orelhas, nariz ou olhos, mas possuía uma boca em formato de "w" não tão acentuado no meio, iniciando na lateral do seu rosto. Também não possuía lábios, e Zadie conseguiu vislumbrar seus dentes. Brancos e pontiagudos. Onde deveriam estar os olhos, havia apenas uma cavidade mais profunda. As áreas claras próximas à boca, a linha no peito e o abdômen tinham uma cor avermelhada. O restante do seu corpo era cinza.

— Agora que terminou de me analisar, temos assuntos pendentes, humanoide.

Zadie sentia-se ambivalente em relação à figura imponente à sua frente. Ela nunca havia tido contato com nenhuma espécie além da sua própria; os androides não contavam, pois não tinham "vida". Decidiu desconfiar dos objetivos daquela criatura desconhecida, dando passos hesitantes para trás, enquanto mantinha seus olhos fixos no extraterrestre.

— O que é você? Como você curou meus ferimentos? E quais são esses assuntos inacabados? — Com coragem, ela questionou.

O gigante permanecia imóvel na porta de onde havia surgido.

— Por que finge me temer? Não sinto medo em você. — O Príncipe indagou. — Você mesma me disse que, se eu a ajudasse, faria o que eu quisesse. Não se lembra, humanoide.

Fingir? Zadie não estava fingindo. Ela não sentia medo, mas sim apreensão. Não se pode confiar cegamente em estranhos, esperando que nada aconteça. Nunca se conhece verdadeiramente as intenções alheias até que sejam reveladas.

— Entendo. No entanto, é importante ressaltar que “humanoides”, à beira da morte, diriam qualquer coisa para evitar morrer. — Disse a garota.

Ele riu de sua resposta. O som era agradável.

Ela não sabia que extraterrestres podiam rir. Na verdade, o que ela realmente sabia? Desconhecia o passado do seu povo. Nem mesmo entendia suas próprias dúvidas. Como poderia saber se criaturas de outro planeta teriam senso de humor?

— Não vejo nada de especial em relação às outras espécies que já encontrei. Mas o seu caso é singular. Você foi retirada do seu planeta e deixada aqui. Ou talvez tenha conseguido escapar dos traficantes ilegais. O que me intriga é como.

Com os olhos arregalados, ela o fitava. Ele sabia que ela tinha sido sequestrada. Sua pergunta não era sobre como ele sabia, mas se ele próprio era um sequestrador. Afinal, de alguma forma, ela permitira que isso acontecesse, em um instinto de sobrevivência que a colocara nessa situação.

— Não me olhe como se eu fosse um deles. Isso me ofende. — Disse ele.

Para Zadie, tudo parecia surreal. Sem querer, ela o ofendeu de alguma forma. Agora, arrependida, ela mal podia acreditar que o ser à sua frente enxergava sem ter olhos. Sentia-se nervosa, ansiosa e com medo, sem saber exatamente o que o futuro lhe reservava. Sua única certeza era que a morte era iminente, embora não soubesse quando ou como. Na Terra, Zadie tinha uma rotina, uma função, um trabalho. Mas agora, diante do desconhecido, sentia-se perdida. Sempre soubera que era uma pessoa complexa, com oscilações de humor, que não expressava "eu te amo" com facilidade como sua família adotiva, que sofria com problemas de memória e, em alguns momentos, parecia viver a vida de outra pessoa, como se suas lembranças fossem implantadas em sua mente. Sentia-se verdadeiramente deslocada.

Refletindo sobre como resolver o impasse, ela decidiu que a melhor abordagem seria, de alguma forma, tentar se desculpar, embora não se sentisse completamente errada.

— Desculpe, mas não sei quem você é nem quais são suas intenções. É difícil confiar em você neste momento.

O príncipe abandonou sua imobilidade e aproximou-se lentamente da garota, que se encolhia contra a parede, parando a uma distância segura.

— Me chamo Caelius, um Nakkyriano. Fui eu quem te ajudou. Foi minha unidade animal que te atacou, e por isso peço desculpas.

O gigante torceu a cabeça para os lados, parecendo estalar seu grosso pescoço.

— Agora que estamos devidamente apresentados e ambos reconhecemos nossos erros, não há motivos para desconfiança. —  Afirmou.

Nakkyriano? Zadie não se lembrava de ter ouvido falar dessa espécie. Seu conhecimento era limitado e o universo vasto, cheio de espécies e planetas, era mantido na escuridão pelos criadores, privando-os desse conhecimento diverso.

— Já superei o ataque do seu animal. No entanto, ainda não me disse quais são suas intenções comigo. Não tenho nada a oferecer. — Ponderou ela.

Os olhos da garota se arregalaram de repente quando percebeu que algo estava errado. Ela rapidamente deslizou as mãos do torso até as coxas e a bunda, procurando freneticamente. Olhou ao redor, no chão, em busca de algo perdido.

— Onde está?

Zadie abandonou o cantinho da parede e, em seu desespero, nem sequer se importou em se aproximar do Nakkyriano, tampouco notou que seu braço acidentalmente esbarrou nele. Ela não tolerava toques indesejados; apenas permitia pessoas de confiança tocá-la. Sentia uma aversão profunda por contatos desconhecidos, e sabia exatamente o motivo. No entanto, sua determinação em desvendar a verdade a fez superar momentaneamente seu repúdio quando se deitou com o pesquisador em busca de informações cruciais. Era uma situação desconfortável, mas sua missão era mais importante do que qualquer sensação de repulsa consigo mesma.

— Meu pen-drive! Onde está?

O desespero tomava conta da garota em meio à confusão que se instaurava. Aquele pen-drive era a única lembrança tangível que ela trazia da Terra. Zadie o havia escondido com extremo cuidado para garantir que não o perdesse. Mesmo longe de casa, sua ânsia por respostas continuava latente. Seria aquilo um desejo genuíno? Ou apenas uma tentativa desesperada de se agarrar a algo familiar de seu planeta natal, além de suas próprias memórias? Zadie não era ingênua; ela sabia que não poderia voltar. Sua inteligência sempre foi um traço marcante, embora a capital não a reconhecesse em seu teste de nascimento.

— O que seria um "pen-drive"? — questionou Caelius.

Zadie sentia-se confusa e arrasada por perder algo que "tirou a vida de alguém" e que a levou a ser capturada. Mas, ao mesmo tempo, experimentava uma paz interior, como se tivesse se livrado de um grande problema. Apoiada na cápsula de onde emergiu, ela olhou ao redor na esperança de encontrar o pen-drive, mas acabou escorregando e caindo no chão. Odiava não se entender. Como poderia ser tão complexa? Estava cansada de si mesma e queria silenciar seus sentimentos e pensamentos. Encarou o "homem" à sua frente.

— Era um objeto pequeno e transparente, estava comigo quando seu animal me atacou. Precisamos voltar para aquele rio. Isso é importante para mim, eu imploro.

Caelius a observava intensamente, tentando decifrar seu comportamento intrigante. Ele se perguntava como poderia sentir-se atraído por uma fêmea tão desajeitada. Decidiu abaixar-se para igualar suas alturas.

— Lamento informar que não será possível. O que quer que esteja procurando provavelmente já não está mais lá.

Zadie não recebeu bem aquelas palavras. O pior de tudo era perceber, no fundo, que talvez fosse melhor assim, como se uma parte dela desejasse isso também, como se algo dentro dela concordasse com a situação.

— Por favor!

Ela já não se preocupava com seu próprio orgulho, principalmente depois de ter se visto obrigada a se prostituir em troca de informações.

— Levante as escotilhas da sala de suporte de vida. Gire a nave 180 graus para a esquerda. Reduza a extensão em 24 metros — ordenou Caelius com firmeza ao navegador central.

Zadie mal teve tempo de assimilar o movimento quando viu as persianas de metal se abrirem rapidamente, revelando uma sala deslumbrante com amplas janelas. A vista diante dela era simplesmente extraordinária, algo que ela nunca havia testemunhado.

Caelius se levantou, deixando Zadie perplexa no chão, enquanto caminhava até uma das janelas. Apontando com firmeza para algo no horizonte, ele fez um alerta sério.

— Você vê aquela nuvem? Ela está carregada com uma chuva corrosiva. Tenho receio de que, se seu pen drive não for feito para resistir às condições deste planeta, ele irá derreter.

Absorta pela paisagem diante dela, Zadie não conseguiu captar as palavras de Caelius. Com uma mistura de espanto e êxtase, ela pulou do chão e correu até a janela, sendo hipnotizada pela beleza dessa vista única em sua vida. Sob a redoma de cúpulas em que vivia, o céu azul e vazio era tudo o que conhecia; as nuvens eram apenas conceitos abstratos das aulas, distantes de sua realidade.

Entretanto, ela agora contemplava uma visão arrebatadora. A neblina densa e imponente, carregada de gotas de chuva ácida, flutuava majestosamente. Uma parede invisível e ilusória, próxima da nave, parecia aprisioná-la de maneira enigmática. Essa barreira vertical conferia à nuvem uma aparência amassada e quadrada. Parecia que o planeta estava dividido em dois climas distintos, algo que jamais lhe havia sido ensinado.

Enquanto Zadie se maravilhava com essa cena surreal, aos poucos percebeu que a nave estava descendo, revelando uma paisagem ainda mais eletrizante. Seus olhos se encheram de lágrimas ao contemplar pela primeira vez um vasto oceano, cujas ondas bravias dançavam em perfeita harmonia com os raios do sol. Era uma visão que transcendia todas as palavras.

Seus sonhos mais inatingíveis se realizaram diante dela. Uma sensação indescritível a envolveu, enchendo seu coração de uma mistura de emoções intensas. Naquele momento singular, ela desejou ardentemente se libertar das paredes e dos vidros que a separavam do oceano, permitindo-se sentir o frio e a inquietação das águas. A ideia de se afogar ali, estranhamente, trouxe-lhe uma sensação de plenitude.

Imaginou-se mergulhando nas profundezas, sendo abraçada pelas plantas marinhas ou até mesmo sendo acolhida pelas criaturas aquáticas. Tudo isso parecia um destino encantador, onde finalmente poderia encontrar paz e silenciar as vozes que a atormentavam.

A atração que ela sentiu pelo oceano a deixou sem palavras, tirou seu fôlego. Nada mais importava naquele momento, nem ninguém. Um silêncio profundo envolveu tudo ao seu redor, como se toda a sua trajetória de vida tivesse sido conduzida a esse instante específico.

Todo o seu ser ansiava por essa possibilidade, como se finalmente tivesse encontrado seu verdadeiro lar dentro daquele vasto abismo de águas. Não precisava de mais respostas, não desejava mais nada além daquela sensação de entrega total ao oceano. Era como se, naquele momento, todos os seus anseios e inquietações tivessem alcançado uma conclusão pacífica. Não havia mais medo, apenas uma vontade inabalável de mergulhar na força incontrolável das águas, numa dança inebriante com a morte.

Sua mente não era mais sua, seu corpo também seguiu o mesmo destino de sua mente. Sua cabeça literalmente se esvaziou e se encheu de branco. Seus olhos viraram para cima, a racionalidade já não tinha mais lugar dentro dela.

— Eu quero entrar lá.

A humana balbuciava pedidos ridículos para entrar nas águas territoriais de FeDrrar. Caelius observava os devaneios da criatura ao seu lado, convencido de que não era uma simples humanoide, embora desconhecesse sua espécie.

FeDrrar, uma enorme enguia com vinte metros de comprimento que nascia em cada planeta onde uma das pedras de criação era 'plantada'. Muitos planetas não nasciam, eles eram criados, graças a uma ou até mesmo duas das pedras. Seu povo, os Nakkyrianos, foram os responsáveis por criá-las, ou melhor, seus antepassados. Existiam dez pedras no total, e seu planeta possuía sete delas. Seu povo buscava por elas há muito tempo, mais tempo do que se pode contar. Cada uma das pedras possuía um poder inimaginável. Quando caíam nas mãos erradas, acontecia o que está ocorrendo neste planeta: eram usadas para a destruição. Essas pedras não foram criadas com esse propósito, elas foram feitas para se conectar com a essência vital de seus mortos.

Caelius envolveu delicadamente a cintura da humana fêmea, cobrindo seus olhos suavemente. Ele se abaixou e sussurrou em seu ouvido:

— Desperte deste sonho, pequena humana. Você é minha.

Num instante, a garota acordou como se tivesse emergido de um sono profundo, como se o gigante tivesse lhe dado um choque. Sentia o calor da pele daquele ser alienígena em suas costas. Era uma sensação estranha, algo que jamais imaginara sentir em sua vida. Mesmo após voltar ao normal, o silêncio prevalecia. Seu âmago estava sereno.

— O que está acontecendo? Estou confusa, não consigo entender — ela disse, com um toque de desespero em sua voz.

— Permita-me mergulhar mais fundo em estudos sobre a sua espécie e decifrar a história do seu povo antes de lhe dar respostas precisas. No momento, tudo o que posso oferecer são teorias que podem não satisfazer às suas perguntas — ele continuou, sussurrando suavemente em seu ouvido. A voz grave e melodiosa de Caelius encantava Zadie, fazendo-a sentir-se envolvida por uma aura misteriosa. — Prometo que farei o máximo possível para encontrar esse "pen-drive".

Zadie decidiu confiar em suas palavras. Afinal, o que ela tinha a perder? Estaria certa em depositar sua confiança nele?

— Eu não tenho nada para te oferecer em troca. Sou apenas uma pessoa comum — disse Zadie, refletindo sobre sua própria falta de recursos. O que poderia oferecer a ele? Apenas um corpo cansado de tantas lutas.

— Para mim, só você é o suficiente.

Caelius sabia exatamente o que queria. Desejava a presença de Zadie próxima a ele, apenas para si. Planejava levá-la consigo uma vez que suas tarefas naquele planeta estivessem encerradas. Sentia essa vontade de maneira intensa. Ao retornar ao seu próprio planeta, ele a integraria à sua família. Seguiria seus instintos, confiando que estavam corretos.

Seria ganancioso em querer tê-la para si tão rapidamente? Possessivo ao querê-la para sempre? Ele a desejava e faria de tudo para tê-la para si.



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Eu tenho a leve impressão de que apenas palavras não seriam suficientes para descrever o Caelius. Lembrando que eu estou alimentando minha Taratofilia por ele, pois o acho extremamente atraente.

Então vou liberar a mídia dele para ajudar vocês a "verem" ele.

Para mim ele é lindo!!
Eu aí me inspirar  num "pior" kkkkk aí não daria certo aqui para mim kkkkk

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