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Capítulo 2



Todas as lembranças são bem-vindas para alguns. Nem todos apreciam recordar ou as direções para onde a imaginação pode levá-los. Para alguns, os sonhos vividos não passam de meras fantasias, todavia, e se representarem algo mais profundo? E se forem a chave para escapar de uma prisão emocional? Ou quem sabe sejam apenas uma maldição, um lembrete constante da própria incapacidade de salvar aqueles que ama. Aprisionado em um ciclo interminável de pesadelos, sua mente torturada parecia condenada a reviver a mesma interminável visão, como se fosse um castigo torturante.

Um vasto campo se estendia diante de Zadie, seus longos talos de trigo balançando suavemente ao sabor do vento, criando uma melodia suave e reconfortante. Era um campo que ela conhecia bem, que representava sua infância e sua juventude. No centro desse campo, em meio à imensidão dourada, estava Zadie. Ela podia sentir claramente a casa simples onde morava com sua família adotiva ao longe, no horizonte. Era uma casa modesta, mas cheia de amor e felicidade.

Ao se virar para trás, Zadie sentiu a casa distanciando-se rapidamente, desaparecendo gradualmente à medida que ela corria em sua direção. Cada passo que dava em direção à casa a empurrava mais para longe, como se estivesse presa em um ciclo interminável de busca e distância. A sensação de desespero começou a crescer dentro dela conforme a casa se desvanecia diante de seus sentidos, deixando-a perdida no meio do campo vasto e silencioso.

"Onde estou?", Zadie se perguntou, as lágrimas começando a embaçar sua visão.

Ela sentiu-se sozinha e desorientada, incapaz de encontrar um caminho de volta para casa. Foi então que avistou duas silhuetas distantes no campo, parecendo familiares e reconfortantes. Eram seus pais, aqueles que ela perdera tão prematuramente. Seu coração acelerou de esperança e emoção ao vê-los, e ela correu em direção a eles, sentindo o peso da saudade e da perda em cada passo.

À medida que se aproximava das figuras amorosas de seus pais, Zadie percebeu que sua própria imagem estava mudando. Ao se aproximar, ela rejuvenesceu, tornando-se uma criança. Seu corpo ganhava contornos menos maduros e infantis à medida que se aproximava lentamente, sua mente e sua alma retrocediam no tempo, regressando a uma época de inocência e alegria perdidas. Cada passo em direção aos pais representava não apenas a busca por sua presença reconfortante, mas também a esperança de recuperar a pureza e a simplicidade da infância que havia perdido.

— Papai, mamãe! — Ela gritou, com a voz embargada pelo choro, as palavras travadas na garganta. Lançou-se nos braços deles, sentindo a lacuna em seu coração finalmente se preencher com o abraço tão esperado. Aconchegada entre os dois, podia sentir o pulsar do amor que jamais se apagou.

Eles a envolveram com ternura, sussurrando palavras de conforto e saudade em seus ouvidos, acalmando sua alma dilacerada.

— Nossa amada Zadie. — Disseram, em um murmúrio carregado de tristeza e amor. — Saiba que te amamos mais do que as palavras podem expressar. Tudo o que fizemos, mesmo na nossa ausência, foi pensando em você.

— Sinto tanto a falta de vocês. Por favor, perdoem-me. —  Soluçou ela, as lágrimas molhando seus rostos unidos. Ela já sabia que esse sonho era uma teia persistente que a envolvia, uma realidade construída para matar a saudade. Sempre era lembrada da perda que a condenava.

Somente naquele abraço, ela se sentia acolhida, feliz e finalmente completa. Mas ela não conseguia se consolar com palavras soltas no vento. Palavras não acalmavam a dor dilacerante que a consumia dia após dia. Ela ansiava pelas vozes familiares, pelos sorrisos genuínos, pelos cheiros reconfortantes.

Precisava desesperadamente de seus pais, de seu toque e carinho. Sentia uma falta avassaladora de tudo isso, desde a comida caseira até o afago suave da mãe antes de dormir, ou até mesmo quando o pai a erguia no ar, chamando-a de Abelinha’, um apelido recheado de doçura. Palavras simples não trariam de volta esses momentos preciosos.

— Quero ficar aqui com vocês! — Sussurrou ela entre soluços, percebendo que o sonho estava desmoronando. A sensação de calor no abraço agora dava lugar a um adeus gélido.

— Você precisa acordar — Uma voz distante ecoou naquele momento de despedida. O abraço se desfez e Zadie foi empurrada para trás, afastando-se dos braços que a sustentavam. — Foi sua culpa. Tudo o que fizemos foi por você. Sua culpa. Sua culpa.

Ela olhou para os pais, agora transformados em figuras macabras e decompostas. Sua carne pútrida e fétida soava como a confirmação dolorosa de sua perda irreparável. A visão era como um inferno lívido, uma punição que dilacerava sua alma.

Tentou falar, mas as palavras não encontraram saída de sua garganta sufocada pelas lágrimas, pelo pesar inimaginável. O choro silencioso foi o único som que ecoou naquele campo de trigo, testemunha infame da imensidão de uma saudade insuportável.

Os olhos dela se abriram em pânico, confusos e embriagados de lágrimas. Um sentimento de claustrofobia a envolveu, apertando seu peito com uma angústia sufocante. A dualidade de emoções a dominava: ela odiava e amava aquele sonho, aquele filme de terror que parecia persegui-la implacavelmente. Sem conseguir discernir entre realidade e ilusão, ela sentia-se prisioneira de sua própria mente atormentada.

"O que aconteceu comigo?", pensou, enquanto lutava para respirar em um espaço restrito.

Desesperada por compreender sua situação, tentou se mover, mas percebeu que seu corpo estava imobilizado, como se aprisionado por forças invisíveis. Uma sensação de terror intenso a invadiu, enquanto tentava controlar a respiração em meio ao sufocamento.

O tempo parecia se estirar em minutos intermináveis enquanto Zadie lutava para restaurar a clareza de sua visão. No entanto, cada olhar ao redor apenas intensificava a sensação de confinamento que a envolvia. As portas diante dela, embora transparentes, estavam embaçadas, revelando apenas fugazes vislumbres do mundo exterior e agravando a percepção de estar aprisionada, sem uma rota de fuga visível.

"Um sequestro", sussurrou Zadie consigo mesma, seu coração martelando descompassadamente em seu peito. Questionamentos ecoavam em sua mente: "Por que eu? Por que isso está acontecendo?" Ela ansiava desesperadamente por uma libertação daquele espaço claustrofóbico, onde o silêncio era ensurdecedor e as sombras dançavam ao seu redor.

Seu corpo começou a reagir lentamente, primeiro através de um formigamento nos pés, seguido por um despertar gradual nas pernas e quadris. Cada pequeno movimento que fazia dentro da cápsula parecia intensificar a sua angústia, como se as paredes estivessem se fechando ao seu redor de forma implacável.

"Acredito que tenham me sedado", conjecturou Zadie, uma onda de pânico percorrendo seu ser enquanto se dava conta da paralisia que acometia seu corpo. Os sedativos não eram estranhos para ela, porém aquele em particular parecia ter um efeito paralisante potencializado, alimentando sua crescente ansiedade. Nunca antes havia experimentado um sedativo capaz de deixá-la consciente, mas fisicamente imobilizada.

Em meio à escuridão sufocante da cápsula claustrofóbica, os sentidos da personagem despertaram gradativamente, revelando uma sensação opressiva de confinamento. Cada parte de seu corpo parecia reagir de forma desesperada à situação angustiante: os músculos contraem-se, a respiração acelerava e uma dor lancinante irradiava-se por todo o seu ser.

O desconforto atingiu um pico quando ela tomou consciência da presença de um objeto estranho e invasivo enfiado em sua garganta, causando-lhe uma mistura de repulsa e pânico. Os reflexos de vômito tornaram-se quase incontroláveis diante da sensação de asfixia que aquela obstrução lhe causava.

Quando as portas finalmente se abriram diante dela, a visão da liberdade relativa provocou um impulso primal de escapar, de se libertar daquele tormento claustrofóbico. Ela lançou-se para fora da cápsula, ignorando a dor lancinante que percorria seu corpo, focada apenas na necessidade premente de se ver livre daquela opressão insuportável.

Encostada na parede, Zadie sentia seu coração ainda acelerado e sua respiração ofegante. Encolhida num canto daquela parede fria e estranhamente lisa, tão cinza, ela se via em um cubículo quadrado de tamanho médio. Era a única coisa que sabia observando rapidamente. Ela precisava se acalmar, mas seu sonho e essa situação a deixaram à beira de um abismo de angústia.

Era demais para ela suportar. Remoía-se com a cena que viu, sentindo-se culpada por Enzo. Ele estava vivo, ou melhor, sobrevivendo. Mas assim que ela chegou lá, ele foi brutalmente assassinado. Aquilo não fazia sentido em sua cabeça, era cruel e injusto. Como esses seres desconhecidos conseguiram entrar nas cúpulas das cidades-estados sem acionar os sensores de perigo? "A não ser que tenham permitido sua entrada", ela pensou, afogada em culpa.

Essa carga emocional era avassaladora. Ela estava em crise, completamente sozinha, sem ninguém por perto para lhe estender a mão. "Melia sempre esteve comigo nessas horas", seu coração se partia ao lembrar. Tremia, encolhida sobre si mesma, com a cabeça baixa, lutando desesperadamente contra as lágrimas que ameaçavam cair e a falta de ar que lhe sufocava.

— O que vou fazer? — Sussurrou com voz trêmula, garganta seca, dolorida. — Não faço ideia de onde estou. Nem para onde vou.

Ela se sentia perdida, o medo a dominava por completo. Tinha sido arrancada de sua vida sem consentimento, privada da verdade que tanto almejava descobrir. Sentia-se culpada por desejar, por tanto tempo, escapar dos muros. Agora, que estava fora, não conseguia encontrar a determinação que tanto esperava ter.

Queria voltar para casa, para o lar que um dia possuíra, mas isso parecia impossível. Como poderia voltar se a tiraram de lá à força? Sabia que, se foi levada, foi consentido por alguém, e agora não tinha mais como retornar.

— Eu consigo. Força. Levanta, droga. — Um tapa ecoou no cinza impiedoso ao seu redor. — Aguentei até agora, não vou parar agora. Eu consigo.

Com todas as suas forças, ela tentou se erguer. Uma dor intensa atravessou sua região íntima.

— Ai... — Gemeu, levando a mão até o local, por cima da roupa estranha que cobria seu corpo trêmulo.

Foi então que ela percebeu que suas roupas haviam sido trocadas. Absorta em sua angústia, não havia notado esse pequeno detalhe. Vestia um short que parava na metade de suas coxas roliças, combinado com uma blusa colada que parecia uma segunda pele, de cor branca. Ao se abaixar, o short desceu e um suave baque ecoou na sala. Rapidamente, ela retirou o pen drive que estava dentro do preservativo. Sem se importar com o objeto, ela o descartou no canto da sala, vestiu o short e segurou firmemente o pen drive. Agora, começou a investigar o ambiente ao seu redor.

— Se eles me sedaram e colocaram isso em minha boca, provavelmente não esperam que eu acorde tão cedo. — Ela sussurrou enquanto dava um chute leve no tubo que estivera em sua garganta.

Observou atentamente o espaço ao redor. Era um pequeno cubículo, sem janelas ou qualquer tipo de abertura visível, nem mesmo uma saída de ar. À sua frente, destacava-se a cápsula solitária no centro da sala, sem nenhuma marca ou indicação de uma porta.

"Como eu vou sair daqui?", ela se questionou.

— Talvez a saída esteja camuflada na parede. — Respondeu a si mesma, esforçando-se para descobrir alguma porta oculta.

Passando as mãos pelas paredes, de textura extremamente lisa, em busca de algum sinal de fechadura, Zadie finalmente percebeu algo diferente na parede em frente à cápsula. Havia um leve relevo que se destacava entre as superfícies uniformes. Tocar repetidamente naquela região específica fez com que a porta se abrisse. Apesar do susto inicial, um sorriso surgiu em seu rosto.

Ainda receosa em sair, seus olhos voltaram-se para a cápsula. "Será que existe alguma coisa nessa maldita cápsula?", ela pensou, sentindo sua irritação aumentar. Adiando a saída, aproximou-se novamente do objeto, tentando encontrar qualquer inscrição que pudesse decifrar. Mas, de repente, algo estranho aconteceu.

Os desenhos na cápsula começaram a se mover e se transformar diante de seus olhos, como se ganhassem vida.

— Isso é incrível... — Ela murmurou, enquanto os desenhos continuavam a dançar à sua frente.

Zadie sentiu uma mistura de medo e fascinação ao observar as formas alienígenas diante dela. Lentamente, as figuras se moldaram revelando uma linguagem desconhecida que, de repente, parecia clara e compreensível. Seu coração batia acelerado, enquanto levava as mãos às têmporas, notando pequenos círculos embutidos ali.

— O que fizeram comigo? — Sua voz saiu num sussurro carregado de temor e incerteza.

Com um misto de curiosidade e receio, Zadie desviou o olhar para a cápsula, lendo atentamente as inscrições.

Status:

Humanoide
21 ciclos de lua
Fêmea
Objeto não identificado no demartoide esquerdo
Cirurgias complementares: implantadas
Tradutores oculares: implantado
Tradutores de fala: implantado
Tradutores de compreensão: implantado

Após a compreensão do que estava marcado em suas têmporas.

Zadie refletiu: "Acredito que sejam tradutores de compreensão".

— Isso significa que vou entender o que eles estão falando. — Ela não iria admitir, mas achou incrível ter a capacidade de entender outra língua, especialmente uma língua não humana. Era fascinante. — Acho que o objeto não identificado é o meu bracelete concepcional. O fato de eles não terem retirado isso de mim me deixa surpresa. Além disso, o fato de eles saberem a minha idade. Não importa. Tenho que sair daqui, não importa como.

Colocando cautelosamente a cabeça para fora e olhando para ambos os lados, Zadie saiu da sala. Caminhando silenciosamente pelo corredor, com uma espécie de meia nos pés. Parecia um sapato, mas ela tinha certeza de que era uma meia estranha, mas isso não a incomodava, ela só queria sair da nave. Não sabia para onde iria e pior, se seria aceita em outro planeta. 'Isso é o de menos', pensou. A porta pela qual ela acabara de sair fechou-se com um baque silencioso.

Do lado de fora, era possível ver a porta transparente, mas não era possível ver o que havia dentro. Após alguns segundos de reflexão, ela decidiu seguir pelo corredor à direita, passando por outras portas idênticas àquela pela qual acabara de passar. Curiosa, ela parou em frente a uma porta distante da sua. A porta se abriu. Zadie entrou em uma sala idêntica à sua. No centro, havia uma cápsula. Ao se aproximar, ela viu uma espécie diferente dentro. Procurou pelo indicador que tinha em sua cápsula e leu.

Status:
Zukkir
38 ciclos de lua
Fêmea fértil.

Ela se questionou se nas outras portas também havia outras cápsulas com espécies variadas e mulheres. Ela começou a entrar em várias salas idênticas à dela, observando outras cápsulas e lendo o indicador de cada uma.

Status:
Mikkpo
78 ciclos de lua
Fêmea infértil

Status:
Yuipy
4 ciclos de lua
Fêmea em fase de produção

Status:
Hhgya
109 ciclos de lua
Fêmea carregando sementes

Status:
Twrabd
27 ciclos de lua
Fêmea fértil inferior

Zadie, exausta e temerosa, encostou-se na parede, respirando rapidamente. Seu peito doía. Ela não era burra; todas as salas em que ela entrou só tinham mulheres, chamadas de "fêmeas". A maioria delas era fértil. Ela conseguia entender por que isso era tão importante, considerando o contexto.

"Acredito que isso seja algum tipo de tráfico", ela conjecturou. Mas por que o seu caso envolvia cirurgias complementares? Nenhuma outra mulher, pelo menos na sala que ela observou, tinha passado por isso.

— Eu não pulei de um prédio na Terra para acabar aqui e me tornar uma prostituta em outro planeta. — Ela disse com sarcasmo. — Acho que se eu seguir este corredor, chegarei a algum lugar. Parece que sou a única acordada. — Sussurrou enquanto se levantava.

Continuou avançando pelo corredor, que mudou de cinza para azul escuro. Ela começou a se perguntar se havia algum significado nessa mudança de cores. Ao progredir um pouco mais, de repente, viu algo que a deixou sem fôlego. Uma vastidão negra se estendia diante dela, tocando-a profundamente. Ela percebeu que estava realmente no espaço quando viu a janela em formato de paralelepípedo à sua frente.

"Isso é maravilhoso", ela pensou enquanto a nave balançava levemente, quase como se estivesse dançando. A paisagem espacial à sua frente era de tirar o fôlego. Reconheceu imediatamente o planeta diante dela. Era Tefirry, um lugar fascinante e perigoso, conforme estudara em suas pesquisas acadêmicas.

De repente, um som estranho ecoou ao seu redor, interrompendo seus devaneios. Era uma voz, inicialmente incompreensível, mas logo se tornou clara em seus ouvidos.

— Entrando na atmosfera do planeta Tefirry em 10... 9... 8...

Zadie entrou em desespero. O que ela deveria fazer? Onde se segurar? Rapidamente, ela se sentou, abraçando suas pernas e protegendo seu precioso pen drive. Nos segundos seguintes, ela sentiu seu corpo ser puxado. Uma terrível sensação de náusea a afligiu. Parecia que esticaram seu corpo e depois o soltaram, ricocheteando como um elástico. Tontura era pouco para descrever como ela se sentia. Tudo estava escuro, seus ouvidos zumbiam. Seu corpo parecia mais pesado e estranho.

“Com base nos meus estudos e nas informações que me deram, o ar deste planeta é mais denso do que o meu e também tem um cheiro diferente. Espero que seja um bom cheiro”, pensou, enquanto se erguia lentamente. O som retornou, mas desta vez todas as palavras foram compreendidas.

— Zona de pouso próxima. Preparem-se para desembarcar as encomendas. — Zadie tentou seguir a voz enquanto saía de um pequeno ponto elevado na parede do corredor azul onde estava. — Zona de pouso avistada e comprometida. O pouso será turbulento. Preparem-se.

Zadie correu rapidamente para a frente da janela que antes estava à sua frente, observando a paisagem do local para onde iriam pousar, preparando-se mentalmente para tentar fugir. À medida que se aproximavam da suposta zona de pouso, ela avistou outra nave. Totalmente preta e grande. Tinha um formato circular embaixo e triangular em cima, diferente da nave em que ela estava. Lá embaixo, não havia janelas. Tentando ver mais antes de pousar, percebeu que havia apenas uma extensa floresta ao redor. Parecia que a área tinha sido desmatada. Nunca seria uma zona oficial de pouso, parecia ilegal. Não havia nada ali sinalizando. Nada mesmo.

“Como eu saio daqui sem ser pega?, pensou, apressando o passo pelo corredor azul escuro, tentando encontrar um lugar para se esconder. “Como posso me esconder se nem sei de onde eles vêm?”

Ela percebeu que o pouso estava um pouco turbulento. A nave sacudiu para frente e para trás antes de aterrissar com um baque.

— Desembarquem as encomendas rapidamente. Rápido! — Uma ordem rígida, pareciam estar com muita pressa.

Zadie ouvia passos vindo de todos os lados. Ela avistou uma porta transparente avermelhada ao seu lado. Podia ver as sombras das criaturas se aproximando por baixo da porta. Sem hesitar, ela entrou rapidamente pela porta vermelha, que se fechou atrás dela com um baque suave.

Era um cubículo um pouco maior que ela, com uma cama lá dentro. "Um quarto", pensou. Ela olhou ao redor, procurando por algo - uma arma, uma máscara. "Droga, não tem nada. Logo eles vão notar minha ausência", pensou desesperadamente. A voz retornou.

— Usem as duas saídas, seus inúteis. Precisamos desembarcar o mais rápido possível. — Gritou o ser; Zadie percebeu o tom nervoso em sua voz.

— Então há duas saídas... — Sussurrou baixinho.

"Será que eles sentem cheiro?", questionou-se, mordendo os lábios. Uma ideia surgiu ao olhar para a cama com os lençóis desarrumados.

Ela ouviu barulho de rodas no corredor. Quem quer que seja, estava passando com as cápsulas. Logo, o corredor ficou silencioso. "É agora ou nunca." Ela tomou coragem e saiu da sala de porta vermelha, indo em frente com o lençol enrolado em seu dorso, parecendo uma capa, e segurando seu pen-drive firmemente na mão.

Ao final do corredor, ela entrou em um novo ambiente com predominância de cores laranja. Um cheiro intenso chegou ao seu nariz, deixando-a levemente tonta. "Então, este é o cheiro do ar daqui... cheira a mato fresco e agradável. A saída está próxima." A luz ficou cada vez mais intensa. Ela olhou cuidadosamente para trás e para frente, garantindo que estava sozinha, e realmente estava.

Ela avistou uma rampa à sua frente, sua saída. Quando estava próximo dali, uma das criaturas apareceu na entrada. Ela correu rapidamente e silenciosamente para o canto da sala, que tinha um relevo na parede, se escondendo. Seu coração estava acelerado e ela ficou assustada pensando se a criatura a teria visto. Por sorte, ela seguiu seu caminho. Zadie saiu cuidadosamente daquele lugar e seguiu em direção à saída. Não havia ninguém por perto, nem perto dela nem na rampa.

Levemente à sua direita, estavam os seres que trocavam as "encomendas". Enquanto os capturadores eram altos, de aproximadamente 1,80 metros, magros e esguios, com uma cor verde quase azulada, olhos enormes, sem nariz e boca, os que recebiam as encomendas eram robustos, com braços enormes e vermelhos. Ela não conseguiu ver seus rostos e nem se preocupou com isso.

Saindo rapidamente da nave, ela se apoiou na lateral e segurou o lençol com sua mão livre. De repente, ela ouviu um grito.

— Uma das fêmeas desapareceu! — disse uma das criaturas em voz alta. — A humanoide.

Um rugido assustou Zadie, seguido por uma voz muito grossa que ela chutava ser dos grandões vermelhos.

— Eu paguei por duas humanoides. Encontrem a minha propriedade. — Gritou, seguido de um baque.

"Parece que ele jogou alguém longe", pensou. Zadie estava com medo. E se a pegassem? Se ela corresse agora, com certeza seria vista.

Ela estava com muito medo. Conseguiu ver os passos pesados e desesperados dentro da nave em sua busca. Um som desconhecido, distante, se aproximava. Ela olhou para o céu, que tinha uma cor amarelada, enquanto uma bola de fogo vermelha se aproximava deles.

— Ataque iminente. Hora de zarpar — Gritou alguém com uma voz grossa. As duas naves fecharam suas portas.

— Hora de correr! — Foi o que Zadie fez. Ela correu como nunca antes.

Enquanto corria em direção à floresta, Zadie não conseguia conter a sensação de que não estava sozinha naquela nave. "Sinto muito", murmurou ela, seus passos rápidos fazendo com que seu lençol se agitasse como uma capa de heroína em fuga. As árvores ao redor exibiam uma paleta de cores amarelas, verdes e roxas, em um espetáculo de beleza que a deixava maravilhada, mesmo em meio à corrida desenfreada. Num cenário onde uma bola de fogo poderia cair a qualquer momento, instintivamente ela acelerava, ignorando a possibilidade de pausa para admirar a paisagem.

Uma súbita rajada de vento fez Zadie perder o equilíbrio, lançando-a violentamente ao chão revestido de musgo laranja. Seus joelhos e cotovelos ralaram-se, a queda foi tão brusca que sua testa encontrou o solo com força. Aturdida, ela ergueu a cabeça, sentindo o sangue escorrer suavemente pela testa machucada. O estrondo ensurdecedor que se seguiu à rajada de vento fez Zadie gritar de dor, seus ouvidos latejando intensamente. A sensação de vertigem a envolveu, quase fazendo-a perder a consciência.

Exausta das frequentes perdas de consciência, Zadie decidiu que era o bastante. "Basta... isso é... demais", murmurou ela, erguendo-se da posição prostrada e deitando-se de costas, ainda tonta e com os ouvidos latejando de dor. Seu olhar se perdeu na imensidão do céu, tão diferente e deslumbrante. Em seu planeta, jamais havia visto o céu aberto, sendo limitada a observá-lo através de uma cúpula. A ruptura da rotina opressiva lhe proporcionava uma sensação indescritível, permitindo-lhe contemplar a natureza ao redor e descrevê-la com seus próprios olhos, em contraste com os relatórios distantes dos Lázaros.

"A ideia de liberdade é realmente engraçada. Se eu soubesse que para me libertar das muralhas teria que presenciar cenas horripilantes, ser sequestrada e passar por cirurgias, talvez tivesse escolhido fazer isso antes," ela refletiu, encontrando humor na absurda e hilária situação em que se encontrava."Estou livre, mas a que custo?" Com cuidado, ela se levantou em meio à dor nos joelhos e cotovelos ralados, em busca do pen drive que repousava a poucos centímetros de distância. "Costumam dizer para ter cuidado com o que desejo. Acho que desejei da maneira errada."

Seus movimentos eram lentos, e ela percebia a atmosfera densa e estranhamente pura do planeta, como se estivesse respirando água, mas sem a sensação de queimadura nas narinas. Havia uma civilização, uma espécie de "cidade", em alguma direção, e ela sabia que precisava traçar o caminho certo. Torcia para não encontrar nenhum animal perigosamente mortal em seu caminho. Decidida, afastou-se do local onde a bola de fogo havia caído e seguiu em frente.

Segundos, minutos e horas se passaram enquanto ela caminhava pela floresta desconhecida e surpreendentemente colorida. Ao seu redor, havia inúmeras árvores de todos os tamanhos, com troncos cobertos por pequenos galhos finos e torcidos, que criavam uma aparência densa, apesar de serem de cor amarela clara e escura. As folhagens eram distintas, com "folhas" redondas de cores preta, amarela e laranja. E entre elas, havia "folhas" finas que se assemelhavam a fios, eram rosadas, dançando suavemente ao vento. "Isso é tão bonito", ela pensou, apaixonada por essa paisagem incrivelmente rica.

O solo em que ela caminhava descalça, já que seus sapatos e meias haviam machucado seu calcanhar, era macio como penas, mas também parecia ter uma textura áspera que poderia cortar violentamente a sola do pé a qualquer momento. A cor do solo era um verde tão escuro que quase parecia preto. "Combinações de cores excêntricas, mas inesperadamente harmoniosas", ela admitiu para si mesma. Zadie estava exausta, com fome e sede. Ela tinha certeza de que já estava naquela floresta há mais de três horas.

Zadie se viu diante de um dilema: encontrar água em um planeta desconhecido, porém sem saber se era segura para beber. De repente, um som familiar chamou sua atenção, levando-a a correr naquela direção. Chegando lá, deparou-se com uma paisagem deslumbrante: um rio límpido e convidativo.

Cheia de incertezas, Zadie ajoelhou-se à beira da água, segurando firmemente seu pen-drive como um tesouro precioso. Ela se perguntava se podia confiar na água daquele local, tendo em mente os perigos desconhecidos que poderiam estar presentes na fauna e flora alienígenas do planeta. A necessidade de saciar sua sede lutava com o medo do desconhecido, deixando-a em um impasse emocional.

A decisão de beber ou não daquela água era crucial para sua sobrevivência, e Zadie sabia que o peso dessa escolha recaía sobre seus ombros. Com o coração apertado, ela se perguntava: seria a água uma dádiva providencial ou mais um perigo oculto em terras alienígenas?

Angustiada, ela encarou seu reflexo na água. Seus cabelos cacheados e negros ainda estavam presos em duas tranças que alcançavam sua cintura. Seus olhos distintos, um negro e o outro castanho claro, quase amarelo. Seu rosto ainda estava sujo de sangue. "Por que não limpar se não posso beber?" ela pensou, soltando o pen-drive ao seu lado e, juntando as mãos, começou a limpar seu rosto, removendo o sangue seco. Ela também limpou seus joelhos e cotovelos. Finalmente, ela se livrou da capa improvisada.

"Se você encara o desconhecido por tempo suficiente, ele também te observa de volta", essa frase nunca foi tão real para Zadie. Enquanto fixava seu olhar naquele pequeno riacho, seu próprio reflexo se desvanecia nas profundezas da água, deixando-a sem conseguir se enxergar. No entanto, algo ainda mais fascinante chamava sua atenção. Era incrível como um riacho tão estreito pudesse abrigar uma grandiosidade oculta.

Pensou então que era uma troca justa: não poder ver mais sua própria imagem, mas poder explorar o mundo submerso daqueles águas cristalinas, tingidas com um matiz de roxo tão claro que quase se tornava translúcido. O que seus olhos alcançavam era o fundo do rio formando uma curva em formato de "V" com uma pequena fenda ao meio. Lá, Zadie vislumbrava pequenas plantas aquáticas, mas notava a ausência de qualquer ser aquático, se é que realmente habitavam naquele lugar. Era como se o fluxo daquele rio mantivesse segredos ainda não desvendados.

A garota foi abruptamente tirada de seu devaneio quando o rio ficou turvo novamente, permitindo-lhe vislumbrar seu próprio reflexo. No entanto, algo além de sua imagem distorcida se refletia na outra margem. Uma criatura desconhecida, horripilante e grotesca, estava lá. Ela encontrava-se imóvel, com os olhos arregalados e o coração pulsando desenfreadamente. A figura macabra à sua frente era um ser quádruplo, de coloração vermelha sangrenta. Sua cabeça tinha um formato prismático sinistro e sua boca, ligeiramente aberta, revelava dentes afiados como lâminas. Seus olhos pequenos, de um tom de vermelho escuro e maligno, pareciam penetrar a sua alma.

Enquanto a criatura encarava Zadie sem pestanejar, uma sensação de pavor a dominava por completo. Os segundos pareciam se arrastar enquanto a garota mantinha-se petrificada. O reflexo desapareceu abruptamente da superfície da água, e Zadie ousou mover lentamente seu rosto para encarar diretamente a criatura à sua frente. Seu terror aumentou exponencialmente quando percebeu que o olhar sinistro da criatura estava fixado diretamente nela. Um medo avassalador se apoderou da garota.

Ao lutar para se mover lentamente para trás, a criatura lançou-se em sua direção. Antes que pudesse escapar, Zadie viu-se debaixo da criatura, presa em seu terrível domínio. Um grito desesperado dela reverberou pela floresta enquanto ela tentava sobreviver, suas mãos agarrando freneticamente o pescoço da criatura, resistindo com todas as suas forças e além delas.

Os pés de Zadie pressionavam com ferocidade, cravando-se no dorso inferior, buscando desesperadamente se libertar. A barriga do monstro era um alvo constante de seus chutes enérgicos, uma luta feroz se desenrolando acima dela. Seus dentes quase roçavam seu rosto, enquanto Zadie deslizava perigosamente para baixo da monstruosidade. Mas algo estava errado com seus pés, que sentiam algo quente e escorregadio.

— Maldição! — Gritou ela, desferindo um golpe ainda mais feroz.

Enquanto sustentava o pescoço da criatura, sentindo suas mandíbulas babadas em seu rosto, Zadie teve um pensamento rápido: "Todo animal tem um órgão reprodutor." Ela concentrou toda a sua determinação nesse pensamento, lutando para encontrar a fraqueza da criatura.

Reunindo suas últimas forças, apesar dos joelhos machucados e doloridos, Zadie desferiu um chute potente no que quer que estivesse debaixo daquele monstro. Um gemido escapou da criatura, que se afastou de sua presa. Com uma agilidade surpreendente, ela tentou se levantar e fugir, mas uma dor excruciante varreu seu pé esquerdo.

— Ah! — Outro grito, desta vez de dor, ecoou pela floresta. O monstro havia mordido seu pé.

O sangue jorrava de sua perna enquanto o monstro tentava arrastá-la. Zadie, com o rosto molhado de lágrimas, não conseguia conter seus gritos de agonia.

"Preciso escapar, ele vai arrancar meu pé", pensou, sentindo a dor se intensificar como uma loucura alucinante. O sangramento e a perda de sangue a enfraqueciam cada vez mais.

— Solta, Frey! — Uma voz poderosa e grave ecoou em seus ouvidos. O monstro cedeu, liberando seu pé.

Encolhendo a perna, Zadie levou as mãos ao ferimento, tentando conter o sangramento desenfreado. Sua visão turvou-se pelas lágrimas e pela tontura avassaladora. No entanto, mesmo nessas condições, ela não percebeu o momento em que um misterioso alienígena se aproximou dela, emergindo das sombras da floresta.

— Eu vou morrer. Por favor, me ajude... Eu farei qualquer coisa. — Ela proferiu essas palavras com a voz em frangalhos, lançando um último pedido desesperado.

— Certo. Cumpra sua promessa quando acordar.

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