Capítulo 28
Tantas preocupações.
Bastou eu morrer por uns meses e tudo de uma vez viria a tona.
Juan Huston não morreu? Ou alguém estaria usando sua identidade? Quem?
Descobriram, enfim, quem é o assassino de Luan. Desta vez, a pontada dolorosa em meu peito é fina e preocupante.
Agora, o diário de minha mãe.
Estou sem dizer uma palavra a mais de meia hora. Juan, ou seja lá quem for, estava com o diário de minha mãe e isso era o que mais estava sem explicação até agora.
Estava bem guardado numa gaveta falsa debaixo do guarda roupa de Rose Mariana. Tyler ou Brian pode ter encontrado, mas como foi parar em mãos desconhecidas?
Assim que pude ver os desenhos mal feitos e com muito amor sobre a capa preta do diário velho, a lágrima que não havia derramado desceu instantaneamente.
Robert me trouxe de volta e disse que me deixaria um pouco comigo mesma para que eu pudesse ler. Se pelo menos as folhas importantes estejam neles.
Rose Mariana estava grudada por baixo de meus braços sobre a sua cama e cochilava brincando com uns fios ondulados meus que caíam em meus ombros.
Enquanto ela estava grudada em mim, meus pés estavam travados e minhas mãos deixava o diário aberto até onde meus olhos podiam lê-lo.
Eu havia deixado de lado alguma parte do sofrimento dela. Como pude esquecer que esse diário em algum momento não existisse?
Doía só de imaginar o quanto ela sofreu.
As palavras escorriam sobre meus olhos. As lágrimas foram limitadas para não se chocarem a minha filha.
"Eles foram tão desumanos quando implorei para que parassem e nenhum ouviram minhas súplicas."
— Sinto sua falta, mãe. — Fechei os olhos por alguns instantes.
Passei uma página e senti, entre os dedos, os restos de folha no fundo. Me esquirvei sobre a cama e abri os olhos assustada.
Algumas páginas foram arrancadas, alguns segredos de minha mãe foram roubados.
Juan as arrancou e não tenho a mínima ideia do motivo dele ter feito isso.
Ouço meu celular vibrar no bolso de minha calça jeans e o pego com dificuldade para não acordar Rose. Tinha uma mensagem de texto, mas não a vi; pois me assustei quando vi as horas.
Me levantei e disquei o número de Robert o chamando para passar aqui em casa e me levar até o restaurante sugerido por Argent.
Em poucos minutos ele chegou e descemos a rua 21 com a _Rodey, e logo depois descendo a avenida dos Gledson e virando alguns quarteirões, avistando o restaurante de longe.
— Era pra estarmos lá. — Olhei as horas no telefone aflita e Robert deu uma olhadela de lado respirando fundo.
Parece que ele está mais agoniado que eu.
— Meg.. acha mesmo que ele é confiável? — Meu amigo perguntou desacelerando o carro. — Argent! Acha que ele é de confiança?
Olhei para frente observando o restaurante — onde havia dezenas de pessoas entrando e outras dezenas saindo.
— Se ele não fosse confiável, não nos traria para um lugar tão movimentado. — Disse olhando quem saía e quem entrava no lugar.
As enormes vidraças como parede deixava o local mais sofisticado e mais brilhante, com algumas cortinas como acabamento. Apesar da noite estar chegando, a lua ainda deixava o brilho natural (tirando os postes de luzes) sobre o asfalto.
Respirei fundo e olhei Robert de relance, balançando a cabeça para cima e para baixo como um sim.
— Tem certeza? — Perguntou com o carro já imóvel ao lado do quarteirão.
— Disse que sim. Só estamos ficando ainda mais atrasados. Vai fazer ele pensar que não irei. — Despejei raivosa e ele assentiu.
— Tudo bem. Não vou sair de perto de você.
— Não se preocupe. Agora acelera o carro ou eu vou a pé. — Digo rápido e ele faz oque pedi.
Descemos no estacionamento escuro, com poucas luzes, e andamos por entre dezenas de carros de todos as marcas possíveis. Uns ainda clássicos do Opala SS até o Fusca também tinha, outros já mais atuais do UNO a Koenigsegg CCXR Trevita preto. Numa cidade tão pequena, quem teria?
Sentia como se alguém estivesse me observando. Homens e mulheres chegando em seus carros e outros saindo. Mas nunca deixavam de me olhar ou encarar por alguns segundos. Por mais minúsculos que eram eles, meu corpo involuntariamente se esquirvava aflito.
Meus olhos diminuíram assim que vi Johan sair de um carro sedan preto e sorriu amigavelmente com uma mulher, que beijou seus lábios toda simpática e feliz.
Era ele.
Meus pés travaram e parei por um instante, tentando ter certeza absoluta de que não estava vendo uma alucinação.
Os cabelos cacheados e loiros estavam bem arrumados e penteados para trás com um tom social, mas era a mesma afeição e olhos secos de que me lembro.
Era Johan. Era o maldito Johan e eu sabia disso.
— É ele... — Apertei os passos e sinto meus braços serem puxados e me virei me chocando ao corpo de Robert que me olhava assustado. — Oque tá fazendo? Me solta!
— Tá tudo bem? — Me olhou e encarou atrás de mim.
Fiquei assustada e me virei me soltando dele com força nos pulsos e tentei procurar o homem que me torturou por quase dois anos.
Nada. Apenas um casal feliz andando até a porta que os levava para o restaurante. Um homem de pele morena sem um fio de cabelo e uma mulher alta, loira. Nada de Johan. Nada de médico maluco.
— Era ele! — Baixei meus ombros.
— Ele quem? Você conhece? — Encarou o casal desaparecendo dentro do restaurante.
Talvez alguns efeitos das injeções que me deram estão passando, ou estão fazendo efeito.
Soltei o ar que nem mesmo achei que estava segurando e respirei fundo.
— Não. Achei que fosse outra pessoa. — Passei as mãos em meu rosto desconcertada.
Antes de entrar no restaurante sugerido por Argent, ouço um tiro ecoar dentro do local e logo uma agitação de pessoas gritando. Arregalei meus olhos sem saber o que fazer e encarei Robert.
— Droga! — Corri desesperadamente ao contrário das pessoas passando pelas portas e subindo os degraus da escada.
Ouço outro tiro e os gritos de pessoas aumentarem. Uns correndo contra mim e desaparecendo logo atrás.
— Que droga. — Passei pelas pessoas correndo contra meu corpo e vi de longe um braço com a arma na mão sumir por uma porta logo atrás das últimas mesas, indo para os fundos. — ROBERT, NAQUELA PORTA. — Gritei e meu amigo correu por entre as pessoas e sumiu pela porta atrás do atirador.
O lugar estava esvaziando, uns ligando para a polícia e outros para a ambulância. Andei de encontro a mesa virada, jogada ao chão e observei o corpo de Argent ainda com vida se contorcer a procura de ar.
Me ajoelhei desesperada e peguei o pano de seda da mesa para cobrir o ferimento para dominuir o fluxo que estava de sangue, com a outra mão segurei seu pescoço com força ergueno sua cabeça para cima.
Sua boca estava cheia de sangue, então o mesmo começou a tossir tudo aquilo que o impedia de respirar.
Mesmo com dificuldade, ele abriu a boca e fechou tendo a possibilidade possivel de querer dizer algo.
— Ele.. — Tentou dizer algo, mas nada coerente saiu.
— Tente não se esforçar, por favor. A ambulância deve estar chegando. — Digo quase sem força.
Não posso deixar que isso aconteça novamente bem diante de meus olhos.
— Ele.. — Virou seu rosto para a porta por onde o assassino e Robert foram. — N-não confia nele.
A porta é aberta por Robert e Argent fechou os olhos, dando seu último suspiro.
Robert andou até a mim, meio aflito e assustado.
Baixei a cabeça para o grande policial que ele foi um dia e respirei fundo, deixando algumas lágrimas dolorosas saírem.
— Oque ele disse? — Robert perguntou se abaixando ao meu lado e tocando em meu ombro. — Conseguiu dizer algo?
A única coisa que consegui dizer chorando, observando Robert me olhando nos olhos, foi:
— Não. Ele não disse nada.
Nota da autora:
Gente, me desculpa o sumiço. Eu estou de férias e na chácara da minha mãe. Me esqueci de avisar que tiraria uns meses pra me distanciar (Por motivo da dificuldade de saúde globalmente falando também) e ficar sem internet. Desculpa mesmo...
Mas escrevi alguns capítulos ❤
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