Capítulo 17
— Você é culpada! — Julgou-me. — Você matou Sofia Courtney!
— Eu.. — Baixei a cabeça derrotada. — Eu sinto tanto..
Fui uma péssima filha durante todos esses anos. A deixava em prantos sozinha naquele lugar. Enquanto ouvia seus gritos, eu me afastava.
Sofia morreu por minha culpa. Eu devia ter tentado mais. Devia ter a tirado dali e ter a protegido enquanto tinha tempo.
Tempo, até parece mentira quando essa palavra é pronunciada. Eu o tinha e o perdi, o perdi que só vim perceber o erro quando o vivi.
Eu a matei e mereço ser punida por isso. Já não tinha duvidas pelo motivo de ter me trazido para esse lugar horrivelmente perturbador.
— Onde estava quando tudo aconteceu? — Ouço perguntar e levantado meu olhar para cima, dando a visão perfeita do homem em minha frente.
Seus cachos loiros caíam sobre os ombros largos, estava amarrado e ainda assim se via o tamanho. O terno e a gravata bem alinhada sobre sua pele o denunciava como o dominador daquela situação. Expressão distante, rosto alinhado, lábios grossos e sérios, intimidador. Mas bem concentrado em minhas palavras.
O jeito sério como me encarou, era como me odiasse amargamente. Ou como se me conhecesse a vida inteira.
— Estava no trabalho! — Fecho os olhos me recordando do pior dia da minha vida.
Passei a manhã nesse lugar. Visitei minha mãe e fui buscar Rose Mariana na escola.
— Oque está fazendo? — Ouço Robert entrar em minha sala e logo se sentando na cadeira em minha frente, confortavelmente. Respirei fundo e o olhei firme. — Falou com ela hoje? — Perguntou enquanto mexia em meus papéis por cima da mesa.
— Me disse toda a sua história novamente, não sei mais oque dizer nessa situação! Já disse tudo oque tinha pra falar. E ainda assim, se encontra na mesma encruzilhada obscura de seu passado..— Desabafei. Robert parou oque estava fazendo e me deu um breve olhar tentando me confortar. — Só queria que ela melhorasse logo...
— Ela está bem, só sente sua falta! — Pegou em minha mão e dei um sorriso de lado. Talvez tenha razão.
— Eles não me deixam tirá-la de lá! — Disse raiventa. Já tentei de todas as formas. Papeis e exames médicos alegando que ela estava bem, só que nunca me davam a chance de fazer oque eu queria. Sempre havia uma recaída.
— Você vai conseguir, relaxa! — Disse rindo. — Oque iremos fazer hoje?
— Dia da pizza foi ontem! — A mudança de assunto me fez rir.
— Vou buscar o relatório que imprimi, Dr. Danvers não vai escapar dessa vez! — Se retirou rindo. — E olha.. — Levantei o rosto antes dele se retirar. — Vai conseguir tirar ela de lá, e vamos festejar no dia! — Piscou e se retirou.
Eu espero que sim.
Bastou apenas um minuto e o silêncio sobrevoou por toda a delegacia. As vozes altas desapareceram completamente. Levantei o olhar confusa. Todos estavam em pé, me olhando de longe, através dos vidros grossos. Apesar de que só eu podia os ver.
Estranhei, mas andei até a porta a abrindo devagar, ficando de frente para todos.
Robert desligou o celular que estava em seu ouvido direito e me olhou nos olhos.
Nunca havia o visto daquela maneira. Seus olhos estavam cheios de lágrimas com sua face séria. Suas íris estavam escuras, lufrificadas e distantes. Robert estava totalmente paralisado e fora de si. Suas veias grossas estavam saltando de seu pescoço. Seus dedos tremiam. Algo tinha acontecido. Ele nunca não fica assim por qualquer motivo.
Observei todos com a mesma afeição mórbida e me assustei. Literalmente me assustei e tive medo de perguntar.
Quando respirei fundo, preparada para perguntar oque havia acontecido, vejo Tyler atravessar a porta desesperado e com o celular nas mãos. Seus olhos logo se encontrou com os meus e bastaram apenas um segundo apenas para ligar os fatos de tudo e saber oque havia acontecido.
Quase correu para ficar em minha frente, tudo oque veio em minha cabeça foi minha mãe. Algo havia acontecido.
— Eu sinto muito.. — Disse agarrando minha cintura e a puxando para seu corpo.
Tyler não precisou dizer mais nada, já sabia oque havia acontecido perfeitamente e dolorosamente.
Baixei meus ombros, pois aquilo era oque menos queria.
— Não.. — Sussurrei com força, entre dentes. — Onde ela está? — Olhei-o nos olhos.
— Ainda está lá..
— Preciso ir! — Me soltei dele.
— Megsson, não temos mais oque fazer! — Disse segurando minha mão, me fazendo o empurrar com força.
— É A MINHA MÃE... — Gritei com os olhos lacrimejados. — É a minha mãe... — Sussurrei derrotada.
Me afastei dele e corri de encontro ao meu carro.
O mundo parecia ter parado de se movimentar. Os pássaros haviam desaparecido do céu. E mesmo ao ar livre, senti o peso de minha respiração falhar.
O volante me guiou sobre a estrada como fogo. Minhas lágrimas em meu rosto queimavam de uma forma inacreditável. Eu estava derrotada de todas as formas mais dolorosas que um ser humano poderia estar.
Minha mãe não poderia estar morta. Ela é a pessoa mais forte que conheço. Não pode morrer dessa maneira. Ela tem que estar viva, tem que estar viva quando eu chegar naquele manicômio maldito.
Três viaturas estavam estacionadas na frente do hospital. Antes de desligar meu carro, abri a porta e corri de encontro a entrada. Corri como nunca havia corrido.
Alguns guardas tentaram impedir minha passagem, oque não adiantou muito. Saquei minha arma e apontei sobre a cabeça de todos naquela sala de entrada.
Caminhei até os corredores e segui adiante, ainda com a respiração pesada. Meu coração estava tão lento quanto.
Assim que virei no último corredor, baixei a arma olhando os policiais na porta, que me encaravam como uma pobre coitada. Oque não era mentira.
Katlyn se retirou dali e me olhou de olhos arregalados quando viu meu estado, devastada.
Tem que estar viva..
— Sinto muito! — Disse se aproximando.
A ignorei e andei até a porta convicta de que iria a encontrar, ainda, com a vida.
— Str. Courtney, não pode entrar agora. Ainda está descoberto... — Um dos policiais tentou me segurar.
Foi impulso, mas meu punho cerrou e bater nele foi tudo oque minha mente me proporcionou. Empurrei a porta e ergui meu olhar sobre os respingos de sangue sobre a cerâmica branca.
Lá estava ela, ainda de olhos abertos. Olhos arregalados e assustados.
Seus cabelos castanhos escuros caíam sobre os ombros ensanguentados. A parede formava uma árvore de sangue, subindo de sua cabeça à quase um metro de altura.
O tiro havia feito um buraco enorme acima de seus olhos, e um sobre o peito.
Sofia estava morta.
Sofia estava morta...
Sofia estava morta...
— Mãe? — Me ajoelhei diante de todo aquele sangue e enxuguei minhas lágrimas. — Levante-se, precisamos conversar! — Me arrastei até seu corpo em óbito. — Por favor, não faça isso comigo...
— Precisa sair! — Ouço a voz de Tyler atrás de mim e baixo meus olhos. — Vamos... — Sinto ele agarrar meus braços.
— Faça alguma coisa, amor! — Virei meu rosto para ele. — Acorde ela! — Implorei. — Preciso dizer como foi meu dia... Por favor, faça alguma coisa!
— Ela se foi, Meg! — Disse me levantando.
— Está mentindo, para.. — Disse e sou puxada. — SOFIA NÃO ESTÁ MORTA! — Gritei.
— Por favor.. — Tyler disse. — Precisamos sair daqui!
— Me solta! — Tentei me afastar indo de encontro a Sofia. — ME SOLTA.. — Chorei. — MÃE..
— Eu sinto muito! — Me abraçou firme de costas.
Não vou conseguir lidar com isso.
Alguém entrou aqui. Alguém com uma arma havia entrado aqui e tirado a vida dela. Alguém matou Sofia. Alguém a tirou de mim, de meus braços.
Deitei sobre o chão e segurei sua mão, levantando a outra e passando por seu rosto com lentidão. Seus olhos abertos, enfim, se fecharam para sempre.
— Mãe...
Quando, enfim, pude abrir meus olhos, vi amedrontada eles passarem as mãos em minhas costas. A água caía em meus cabelos loiros sobre meus ombros, que respingavam no restante de meu corpo.
Já não aguentava mais passar meus dias aqui. Todos estavam a minha procura, eu sabia disso. Como não me encontraram? Tenho ótimos investigadores e isso me indignava por completo.
— Sabe oque estão fazendo comigo? — Resolvi perguntar.
A moça permaneceu em silêncio, como se não estivesse me ouvido. Então continuei.
— Tem filhos, Adeline? — Ouço-a respirar fundo. — Tenho uma moça de quatro anos, ela é linda! — Ri me lembrando.
— Hoje é seu último dia aqui, não estrague tudo abrindo a boca! — Disse seca enquanto desligou o chuveiro.
Me retirei do banheiro e me vesti, como todos os dias aqui.
Andei até a sala e olhei nos olhos do maldito homem que me aprisionou aqui durante semanas. Suas perguntas não haviam se cessado. Parecia nunca haver um fim.
— Sente-se querida.. — Disse e assim eu fiz, ouvindo um sorriso discreto do mesmo.
— Por qual motivo me soltaria?
— Já terminamos com você!
— Oque queriam? — Levantei a voz e o mesmo rir. — Foram mandado por Peter? Ele fez isso, porque não apareceu aqui? É tão covarde quanto!
— Você não é diferente dele..
— Oque quer dizer com isso? — O olhei firme.
— O bastante para dizer que seus julgamentos não são válidos, já que carregam a mesma doença crítica em suas cabeças!
— Oque? Como assim?
— Irá aparecer em sua casa, como se nada tivesse acontecido. Então lembre-se de uma coisa Megsson... — Se aproximou de meu rosto. — Você não está sozinha. Sempre estaremos perto o bastante para equilibrar as coisas, para fazer com que nada fuja dos padrões!
— Quem está envolvido nisso? Porque estão fazendo isso comigo?
— Até depois, querida Megsson. Sentiremos saudade!
Ouço algo forte em minha cabeça e minha visão fica escura.
Gente, desculpa a demora. Realmente desapareci por alguns dias.
Porém tenho otimas desculpas:
Além de ter quebrado meu celular, tive minha neném. E ela é linda. Então peço desculpas se eu demorar um pouquinho para os novos capítulos serem publicados. Espero que entendem, pulei a maior fase da vida, de ser mãe.
Amo vcs <3
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro