Capítulo 12
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11 de Maio
Talvez seja injusto com você mesma, mas não posso mudar a realidade que estamos. Sei que é dolorosa, seca e impaciente. Não podemos nos abandonar, não se esse for o único jeito de ainda nos manter firmes.
Me lembro bem dos olhos de Vicente quando se foi em meus braços.
De suas desculpas e das súplicas repentinas nas quais acreditei com fervor e paixão. Me lembro bem de seu sorriso e de seus braços em minha volta. E mesmo estando sempre comigo, jurando me amar até o fim, fez oque fez. E eu o odeio por isso.
Não confie, não jure e nem mesmo seja como fui. Não faça isso, mesmo que seu coração diga ao contrário, lute.
Seja inteligente, fique um passo a frente de todos eles. Pois sei, que essa história não termina assim.
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— Moça? — Levanto meus olhos para cima e vejo os olhos escuros do taxista pelo retrovisor. — Está tudo bem? Precisa de ajuda?
Não posso mais chorar em paz?
— Eu tô bem, obrigada! — Respondi. — Podemos ir mais rápido, por favor?
A chuva, enfim, estava sumindo. Assim que cheguei em casa, fui direto para o quarto de Rose Mariana.
Minha filha irá me trazer mais conforto nesse momento do que qualquer outra pessoa.
Ouço passos longos no corredor e logo em seguida duas batidas fracas na porta.
— Pode entrar! — Disse baixa e vejo Brian aparecer.
Me levantei da cama, de modo que não acordasse minha filha. Então, fui até ele segurando seu braço e o puxando para fora do quarto.
— Oque foi? — Perguntou enquanto eu o puxava para mais distante.
Deduzi que Tyler não estava aqui, tão tarde da noite. Suas saídas noturnas e totalmente repentinas já se tornaram comuns.
Brian apertou o calcanhar no chão e me puxou para trás, me fazendo bater meu corpo ao dele. Me afastei, virando logo em seguida.
Eu era da altura de seus ombros, então tive que levantar a cabeça para olhar em seus olhos claros. Ainda profundos.
Nunca imaginei que pudesse esquecer esse homem. Me lembro bem como o amava amargamente. Loucamente. Nem me lembro o motivo de se distanciar tanto desse sentimento.
— E então? — Perguntei cruzando os braços. — Oque estava fazendo na clínica?
Brian nunca mentiu pra mim. Sempre foi sincero o bastante para ganhar minha confiança.
Mal sabe ele que escondo de si o pior segredo que uma pessoa poderia esconder.
Enfim, ele jamais mentiria para mim nesse momento.
— Eu já disse, eles me ligaram. Disse que ligou para mais de uma pessoa, e nenhuma foi até lá. — Explicou. — Tyler foi comigo, eu estava sem carro!
— Deviam ter me ligado antes de irem até lá! — Emburrei.
— Tyler queria te entregar o livro. Mas parece que tudo que ele quer fazer, Robert chega e estraga! — Disse e me afasto um pouco.
Por esse motivo ele está tão estanho esses dias?
— Onde ele está? — Perguntei. — Já é tarde!
— Não sei. Pegou as chaves do carro e saiu. Parecia com raiva! — Brian se encosta na parede e me encara. — E você?
— Oque tem eu? — O encarei.
Brian dar uma risada leve, calma e tranquila.
— Qual é! Eu te conheço mais que muitas pessoas aqui, sei quando fez algo de errado! — Disse rindo.
Ok, isso é verdade. Mas não tenho que te contar isso.
— Já fiz muitas coisas erradas, não quer dizer que fiz uma agora! — Me virei e Brian me puxa pelos braços. Fazendo-me bater a seus peitos altos.
— Está mentindo! — Disse. — Sabe do que estou falando!
— Não preciso te dizer tudo oque acontece, muito menos sobre meus problemas pessoais! — Digo me soltando.
— Mas.. — Sou salva pelo celular tocando estranhamente a esse horário e me afasto pegando-o.
Ele assentiu e me retirei com o telefone no ouvido direito.
— Sim? — Perguntei descendo as escadas lentamente.
— Sou eu, acabei de encontrar dois DNAs diferentes no corpo de Suzanne! — A voz de Luan foram farpas em meu coração.
Congelei as pernas me lembrando do disparo. De suas mãos finas sobre o gatilho. Suzanne era tão meiga e nova. Não deveria ter passado por tudo isso sozinha e ter tido um fim tão trágico e triste. Triste até para ela.
Como um dia irei explicar para minha filha oque houve com a "tia Suze"? Que partiu e não voltará mais? Ou que encontrou outra pessoa para cuidar?
Já não consigo lidar com tudo isso sozinha. Confiar em alguém se tornou o pior obstáculo nesse caminho de pedras mentirosas, entre agonias e novos problemas.
Luan tagarelava enquanto minha visão voltava. Aquilo estava me deixando exausta demais para continuar só.
Pense em algo, Megsson!
— Estou indo! — Disse correndo até o armário com o telefone no ouvido.
— Tem alguém aqui.. — Disse e abri a gaveta, pegando as chaves de meu carro e correndo para a frente de casa. — Megsson, é quase duas da manhã e não era pra ter ninguém aqui além do zelador!
Luan estava assustado, pude perceber através de sua respiração pesada.
— Certo.. — Corri até a garagem. — Corre até a porta e a tranque. Abra apenas quando ouvir minha voz! — Disse quase gritando e destravo o carro.
Assim que entrei e o liguei, a porta do passageiro é aberta e me assusto com Brian entrando e colocando o cinto.
— Não se preocupe, a outra babá está com Rose! — Disse me encarando. — Vamos!
— Megsson, rápido! — Luan sussurrou.
Provavelmente para evitar barulhos.
— Estou a caminho! — Dei partida no carro e acelerei o mais forte possível.
Estou com ideias horríveis em minha cabeça. Desde os últimos acontecidos, tudo oque me vem é assassinato e estupro.
E se alguém está lá, tentando fazer algo com Luan? Como saberiam sobre ele ou onde o corpo dela estaria sendo analisado?
Meu Deus! Há alguém envolvido nisso, alguém próximo.
Que isso não seja verdade!
— LUAN! — Ouço uma voz alta, masculina e grossa no telefone e me desespero.
Meu Deus!
— Oque tá acontecendo Luan? — Quase gritei acelerando ainda mais.
Desviava dos carros por pouco. A estrada estava quase vazia, e isso me ajudava. Sempre fui péssima no volante.
— Oque foi? — Brian perguntou.
— Cala a boca Brian! — Gritei. — LUAN? Abra a porra da boca e diz oque tá acontecendo! — Ordenei quase chorando. — Ligue para outros policiais e manda todos para o necrotério 2 da avenida esquerda no fim da cidade! — Disse e Brian faz oque mandei.
— Graças a Deus é você! — Luan diz calmo e me desespero ainda mais. — Tudo bem Megsson! Obrigada por me mandar ele, estava realmente assustado quando me contou suas histórias malucas! — Riu pelo telefone.
Meu Deus!
— LUAN NÃO ABRE A PORTA, EU NÃO MANDEI NINGUEM...
— Relaxa! — Ouço barulhos de trincos.
— Quem está aí? QUEM ESTÁ AI? Diga os nomes que você encontrou! LUAN..
Meus nervos e veias quase pulavam de meu pescoço.
— Você, graças a Deus! Acho que há alguém aqui, melhor entrar.. — Luan conversava com alguém.
— NÃO CONFIA NELE!! — Gritei e o celular é desligado. — MAIS QUE DROGA LUAN! — Gritei batendo as mãos sobre o volante e quase me desequilibrando.
— Oque houve Megsson? Oque tá acontecendo? Tá me assustando! — Brian perguntou desligando o celular, que falava com outros policiais.
— Precisamos chegar logo! — Chorei.
Deixei derramar as lágrimas em meu rosto, de desespero e medo.
Foram os dez minutos mais longos de minha vida antes de chegar naquele maldito necrotério.
Larguei o carro ligado e me abaixei pegando uma arma, revolver calibre 38, que escondia debaixo da poltrona de couro.
Ficou aberto na frente do Necrotério. Então, corri despertada para a porta junto com Brian.
— Tinha uma arma? — Perguntou.
— Eu sou policial. Me assustaria se não tivesse! — Andei nos corredores.
Assim que cheguei no corredor seis, onde estava a sala onde permitia estudar o corpo de Suzanne, andei cautelosamente com a arma destravada sempre em minha frente. Brian me seguia com a mesma calmaria.
Vi a porta aberta e ouvi o silêncio me guiar. Assim que bati os pés com toda a força na porta de ferro, ela é parada por algo atrás de si e a mesma volta vagarosamente para meu encontro.
Minhas pernas gelaram. Respirei fundo e andei devagar, adentrando o local.
Assim que me virei com a arma preparada para um disparo, minha mão vai até minha boca tentando conter o choro.
— Porque merda você não me ouviu Luan? — Chorei quando vi o corpo de Luan deitado no chão. Totalmente perfurado e ensanguentado atrás da porta.
Me virei e abracei o corpo de Brian atrás de mim.
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