Capítulo 11
— Não me respondeu, oque está fazendo aqui? — Cruzei os bravos olhando em seus olhos assustados.
— Oque fazem aqui? — Perguntou me ignorando e olhando Robert de cima abaixo. Talvez se perguntando o motivo de estar encharcado dentro daquele local.
— Boa noite! — Rob riu, dando um passo a frente.
— Tyler.. — Arqueei as sobrancelhas. — Brian? — O vi chegar rápido com um caderno nas mãos.
— Meg!! Oi! — Parou e ficou em silêncio.
— Brian, pensei que estivesse ido embora novamente! — Olhei para Tyler.
Brian desapareceu por dias, e na verdade nem me importei. Era o seu hobby sumir.
— Aqui, isso é seu! — Me entregou o caderno. — Era de sua mãe. Tem o direito de estar com você agora! — Disse erguendo o braço para mim e me entregando o livro.
— E porque está com você? — Perguntei o fitando. — Na verdade, quero saber oque os dois fazem a esse horário aqui..
— Me ligaram! — Brian disse.
— Eu vim junto! — Tyler conclui. — Não se preocupa, queria apenas fazer um favor!
— Um favor? Tyler, você sempre odiou esse lugar! — Quase gritei.
— Precisamos ir! — Brian segurou o ombro de seu irmão, fazendo o guiar para frente.
Tyler olhou bem, diretamente, nos olhos de Robert e em seguida me segurou pela cintura. Apertou-me em seus braços e me beijou.
Assim que saiu, respirei fundo ainda confusa.
— Sabe que ele fez isso porque estou aqui não é? — Ouço a voz de Robert soar atrás de mim, passando.
— Você é um idiota por cair direitinho na dele! — Ri segurando firme o caderno em meus braços.
— Precisa de privacidade? — Perguntou.
Olhei para ele e assenti, o mesmo beijou minha bochecha e se retirou. Provavelmente indo para a recepção e me deixando sozinha no corredor.
Meus passos foram pesados, por alguns segundos.
A porta era a mesma, como se ela ainda estivesse ali dentro.
Entrei na sala, que antes era de minha mãe e reparei o quão diferente estava.
Os desenhos da parede haviam desaparecido completamente. As fotos e várias lembranças que dava alegria, já não estavam mais ali. Nem os rabiscos que fizemos juntas. Nem a marca rosa da medida de meu crescimento no canto esquerdo da porta e nem mesmo a cama marrom com flores. Estava tudo totalmente diferente.
A nova pintura, branca e sem vida, estava escondendo tudo que minha mãe sobreviveu aqui dentro sozinha.
Andei até o canto da parede, deixando a porta fechada. Onde havia uma cadeira, única. Pois minha mãe era a paciente que a tinha. Colorida.
Coloquei meus dois joelhos ao chao, observando a tinta seca com uma pequena rachadura exposta. Uma falha. Então, com um dedo apenas a puxei, deixando visível os desenhos que Sofia me ajudou a desenhar. E meu preferido, a lua.
Azul, escura, delicada e grande.
Não só um sorriso de orelha a orelha apareceu em mim, uma lágrima pesada e dolorosa se pôs em meu rosto, descendo até meu queijo e pigando nas pontas de meus joelhos postos ao chão.
Oh Deus. Como isso dói!
Eu sentia falta desses momentos, toda semana e todos os dias. Eu amava visitar minha mãe, desenhar com ela e ouvir histórias engraçadas de quando era criança. Eu amava cada momento que tivemos. Agora não os tenho mais, a perdi para sempre. E tudo que me restou, foram as lembranças e esse livro que tenho em meus braços.
Sentei no canto da parede, ao lado da Lua azul. Cruzei as pernas e abri o livro/caderneta e pisquei duas vezes antes de ler as primeiras palavras.
Eu ri quando vi os detalhes ao redor das folhas. Feitas por Sofia.
~♡~
15 de Junho
Talvez Junho nunca devesse ser tão especial. Admito que só de imaginar ter essa criança me causava dor, pois me lembrava daquele terrível dia.
Eu desabafava, todos os dias com minha enfermeira de confiança, Katly. Talvez pense que sou maluca tambem, já me acostumei com esse tipo de imagem.
Enfim, Junho. Por nove meses imaginei todas as formas de adoção a essa criança. Porém, ver os olhos claros daquela pequena menininha em minha frente, me fez perceber que não teve culpa alguma do que houve comigo. Me fez ver o quão idiota fui por pensar em descontar em um ser tão ingênuo e leiga ao que aconteceu.
Era tão pequena, tão frágil. Quando a senti pela primeira vez nos braços, senti sua pele lisa. Frágil. Era tão linda.
"Já deu um nome?", foram as
palavras que mais ouvia nesse lugar. Mal sabiam que desde o ultrassom naquela sala imunda que fizeram, o nome já estava em minha cabeça. Megsson.
Tinha a intensidade do olhar da mulher que amei, da melhor amiga que tive e da pessoa que nunca me deixou. Megsson seria seu nome.
~♡~
— Talvez se me dissesse que a amava eu não a julgaria! — Ri chorando e passando mais uma página.
~♡~
17 de Dezembro
Megsson cresce a cada dia, mal sabe o próprio nome e já corre para todos os cantos da sala. Feliz, como não se houvesse amanhã.
Me sentia triste toda vez a levava, me desesperava todos os momentos que a distanciavam de mim. Esse sentimento de saber que nunca mais a viria, me matava. Logo, toda manhã, mudava quando a ouvia gritar por mim.
~♡~
~♡~
25 de Março
"Quem é esse galã?", foi a primeira pergunta que fiz a ela fazendo-a corar
as bochechas. Megsson crescia rápido demais, e esse tal de Robert estava percebendo isso junto comigo.
~♡~
~♡~
22 de Junho
Estava triste, pois sabia que depois de tantos anos eu deveria dizer a verdade a ela. Como começaria? Ela sabia que seu pai era um homem mal, mas não tinha ideia do quão "mal" ele chegou a ser.
~♡~
Ouço três batidas na porta e digo que podia entrar. Uma moça de branco pôs a metade do corpo para dentro da sala e perguntou se precisava de alguma coisa, e que meu amigo estaria me esperando caso eu quisesse conversar com alguém.
Apenas balancei a cabeça negando. Tudo oque realmente quero agora é esse momento com minha mãe.
A porta se fechou e virei mais uma página, lendo aquela escrita a mão que nunca pensei que existisse.
~♡~
01 de Março
Hoje recebi uma visita inesperada. Depois de ver Megsson chorar após dizer tudo a ela, eu não soube lidar com os próximos momentos. Tive que poupar mais danos em sua cabeça. Tive que omitir tantos outros detalhes, nas quais não devo dizer. Tudo para protegê-la.
Ela, enfim, se casou. Um homem lindo. Teve uma menina e amigos que nunca a deixará sozinha. Meg tem tudo que sempre quis que durasse pra mim.
Ele veio me ver hoje, sem que ela soubesse. Oque era novo, já que nunca vinha. Talvez fosse apenas uma visita. Mas, suas palavras me assustaram. E desta vez, sei que não foram minhas paranoias que identificou esse tipo de comportamento.
"Não quero que diga a ela, não quero que saiba sobre eles". Como ele é capaz disso? Eu aprendi, ao decorrer de meus anos, que boas pessoas se tornarem estranhas não é bom sinal. Eu desconfio dele, e mesmo que minha filha o ame perto dela, eu não aceito esse tipo de abordagem comigo.
Megsson, depois que eu já estiver em outro lugar, este livro chegará em suas mãos. Se está lendo ele agora, quer dizer que isso já aconteceu. E meu amor, se está sentindo dúvidas e está desconfiada de todos, fique. Não é só porque estou longe não quer dizer que eu parei de te apoiar em tudo. Não confie nele, não cometa o erro que cometi há vinte anos atrás.
~♡~
—Megsson? — Ouço Robert abrir a porta e fecho o livro me levantando. — Aah meu Deus! — Talvez o meu estado de luto e dor causou essa reação nele.
Rob me puxou e me abraçou, com força. Eu precisava disso.
— Queria que ela estivesse aqui, me contando pessoalmente! — Sussurrei dentro de seus braços e soluçando.
— Eu sei, eu sei... — Me apertou. — Mas, eu tô aqui. Não vou te abandonar!
"Não vou te abandonar", essas foram as palavras de Peter para minha mãe. E me lembro bem quão decepcionada ela estava quando mencionou isso.
— Eu preciso ir pra casa! — Disse me retirando e passando pela porta.
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