Contracapa
Quando a dupla chegou ao local combinado pelas autoridades locais, Bernardo estava tenso e suando muito, já Bianca com a sua frieza característica e simpatia psicótica única saem do veículo negro como membros da Imprensa.
As suas roupas que lembram mais uniformes militares, foram impostos pelo governo do país. Como uma medida de segurança contra "acidentes" imprevistos.
Diante da sede do governo no Brasil, a qual é Palácio da Alvorada, porém não é mais o Presidente da República que reside ali. É o governante da província do Brasil daquele governo mundial controlado por monstros.
— Por que é frio e escuro mesmo no verão ao meio dia? — questiona o repórter novato.
— Não é óbvio? Vampiros precisam a ausência do Sol. A maioria dos seres das trevas não são apreciadores da Luz Solar... — ironiza a loira.
Enquanto observamos os representantes do Jornal "Pirâmide Atlante" subindo a rampa do Palácio do Planalto, local onde será entrevista. Este lugar é onde o Presidente da República trabalha em nosso Mundo. Nesta Realidade, é onde a governadora despacha e recebe repórteres e representantes. Dragonetes, dragões em menor escala, que são os vigias e seguranças, seguem a dupla com atenção e desconfiança.
Durante a sua viagem, os dois utilizaram um aparelho desenvolvido por Professor Simon e Gunter para cruzar Realidades Alternativas. O aparelho fica no segundo andar, para transportes dos funcionários e jornalistas do veiculo de informação. Basta uma programação precisa e estamos em qualquer Realidade que imaginar.
Tal coisa beira a Ficção Científica, mas como se utiliza elementos mágicos e energias arcanas para a precisão do "salto". Digamos que o aparelho está no limite do Sobrenatural.
A Realidade que foram é chamado de Terra Sinistra 397, a qual os Nazistas venceram a Segunda Guerra Mundial, porém utilizando elementos ocultos e não reconhecidos em nossa Realidade. Todavia, a Cabal cobrou o seu preço e dominou tudo. A humanidade é uma sombra do que era...
Como estão em 2017, no ano corrente daquele Mundo sinistro, Bernardo e Bianca aguardam a presença da representante da província do Brasil, o suposto clone de Ângela "Geli" Raubal, a sobrinha e paixão obsessiva de Hitler.
— Bernardo... Não faça perguntas sobre família ou qualquer coisa do tio. — alerta a Loira.— Ela já mandou matar vários repórteres por causa de "furos" de reportagem.
— Eu estou andando em ovos contigo... Imagina com ela. — diz o rapaz suando em bicas, não pelo calor, mas de nervosismo mesmo.
— Ah, Gordinho... Você é tão lindinho... — E lambe a gota de suor que escorre em sua face.
O medo é tanto que ele ignora a ação da Nórdica.
Então a dupla recebe a autorização de uma mulher estranha de cabelos cinza escuro e olhos fundos. A figura é tão esquisita que não resistiu a um comentário ácido da loira sinistra.
— Esses zumbis estão tão obedientes hoje em dia... — diz ela sem nenhum acanhamento.
— Sou um Ghoul, senhora... — retruca a criatura magra e meio curvada para frente.
— Zumbi, Ghoul, Lich ou quer que seja... Não faz diferença. — alfineta Bianca pouco se importando com os supostos sentimentos da criatura.
— Bianca... Por favor... — alerta o sobrinho de José Luís da Pena.
Conduzidos pela bizarra criatura, a dupla é apresentada governadora da província, Geli Raubal VII. A mulher bela, com cabelos longos e brancos, olhos de íris azuis brilhantes e quase translúcidos, sua pele branca e uniforme de "SS" negra como a Morte, provoca uma reação de encantamento em Bernardo e de ciúme em Bianca. Sentada de lado, como os antigos senadores romanos, o clone pede que os seus convidados se sentassem no espaço reservados a eles. Duas cadeiras desconfortáveis de madeira e almofada de palha como acento.
— Saudações, Governadora. — cumprimenta Bianca se sentando na cadeira incômoda.
— Saudações... — responde a mulher de lábios vermelhos sangue.
— Não tinha instalações melhores para gente? — questiona a supervisora sentindo fiapos de palha espetando o seu traseiro carnudo.
— Ou isso ou estofamento farpado. — retruca a linda mulher de pele branca levemente azulada.
— Ainda tem raiva de mim? Puxa... Só porque achei uma foto do seu amado titio... — provoca sabendo que impeliria retaliações na exótica mulher.
O ódio fulminante da governadora só não se revela porque as relações institucionais são imperiosas para a Cabal.
— Imagino que o jovem seja o repórter... Algum estagiário que deseja se promover na sua empresa. — diz a mulher tentando mudar de assunto antes que avance no pescoço da Nórdica.
— Sim, Senhora. Não imagina a honra de estar em sua Realidade e fazer esta entrevista. — adula o rapaz tentando amenizar os sentimentos conflitantes das duas mulheres.
— Mentiroso. — diz satisfeita a albina de lábios escarlate. — Porém vou considerar um elogio. Obrigada. — E sorri de forma sensual.
Bianca faz uma expressão de desdém e começa a mexer num tablet.
— Podemos iniciar a entrevista, senhora governadora? Pois assim poderemos terminar o mais rápido possível este encontro. — implora Bernardo para fugir o mais rápido dali.
O jovem acabou de ver um maldito fantasma arrastando corrente ao fundo escuro do salão mal iluminado.
O Palácio do Planalto é um antro de fantasmas naquela Realidade.
— Ah... Como foi a invasão a esta Realidade? A senhora participou dela? — questiona iniciando a entrevista.
— Foi como todas as outras. Gradativa. No caso nesta procuramos auxiliar os nossos aliados com todo o efetivo possível. Depois de concluídos os objetivos, cobramos o preço. Simples assim... — responde a primeira pergunta — E sobre a minha participação, nenhuma. Não era "nascida" na época. — explica a mulher albina e de roupas apertadas.
— Interessante... Planeja participar em alguma invasão no Futuro?
— Quem sabe... É bom invadir e destruir humanos. A nossa colega loira sabe muito bem como é este tipo de sensação. — alfineta a albina para Bianca que estava mexendo no seu tablet sossegada.
Procurando não iniciar um conflito de proporções épicas, Bernardo retorna a sua entrevista.
— Como um ser humano, sinto-me ameaçado e curioso ante a possibilidade de uma invasão a minha Realidade. A minha pergunta é... O que fazem com os seres humanos nas Realidades ocupadas por vocês?
— Avaliamos o valor nutricional e distribuímos para os nossos soldados. Simples assim.
— Aqueles que são utilizadores de Magia ou sofreram alterações de alguma espécie? — questiona o rapaz como está escrito no seu roteiro preestabelecido.
— Humanos só servem como alimento. Não importa seja mago, super-ser, híbrido, o diabo. — revela a criatura lambendo os beiços olhando para o Bernardo achando-o apetitoso.
— Mas a senhora tem aparência humana... Será que os monstros podem ataca-la por engano?
— Sou forte. Não tenho nenhum tipo de receio em relação a equívocos dos meus colegas. Se atacar para me devorar, morre. Simples assim. Fraco, comida. Forte, devora. — filosofa a monstra fria como o sangue azulado que bombeia em seu corpo.
— Como é a sua relação com o seu Líder Supremo desta Realidade? É boa?
— Normal. Ele manda, a gente obedece. Simples. — diz a mulher fazendo um gesto para trazer um aperitivo para as visitas.
— Eu estou curioso na forma de administração deste Mundo. Como é feita a troca de poder para ser Governador de província? É eleição? Nomeação?
— Do modo antigo... Na pancada. O vencedor ganha tudo. — revela a clone recebendo na mesinha um coco com alguma se revirando dentro da parte oca.
— Entendo a Lei do mais Forte. — diz Bernardo olhando o seu coco com alguma coisa se revirando no seu interior e com um líquido vermelho que parecia sangue.
— Digamos que sim. — E enfia dois dedos no coco e retira um verme carnudo se contorcendo entre os dedos. — Pode comer, garoto. É nutritivo. Servimos aos humanos como uma iguaria única. — revela a mulher de cabelo longo e branco.
— Obrigado, mas vou dispensar. — comenta Bernardo sentindo nojo dos vermes que se revira no interior do fruto.
— Quer um pouco, senhorita Bianca? — pergunta a clone de corpo albino.
A Nórdica, sem tirar os seus olhos do seu aparelho eletrônico, enfia dois dedos no interior da fruta e retira três vermes gigantes. Com habilidade, come as criaturas uma a uma, como fosse um petisco.
— Está uma delícia. — diz a loira.
Bernardo desencana, afinal ela gosta de comer cérebro de ET...
— Como é o sistema de informação de vocês? Como se comunicam? — pergunta Bernardo lendo o seu questionário elaborado por seu redator. — A pergunta é por causa da ausência tecnológica dos seus associados. — explica.
— Magia. Isso supre tudo. — responde a governadora albina. — Não precisamos de aparelhos e máquinas. Confiamos em nossas habilidades e talentos.
— Entendo. Justifica-se o motivo de não questionar o fato de eu não usar um aparelho de gravação.
— Eu acredito na memória. Usar equipamentos deixa os corpos fracos e justifica a preguiça. Fortes não precisam disso. — argumenta a mulher.
— Essa foi boa. — disse Bernardo — Ah... Bianca? Tem alguma pergunta a fazer para ela? O meu questionário terminou. — alerta o rapaz para a sua supervisora.
Bianca respira fundo e diz:
— Não. Sem perguntas. Vamos indo, Bernardo. Obrigado pela entrevista, Governadora. — E se inclina para a mulher albina.
A expressão da mulher foi de surpresa.
— Como assim? Não vai fazer alguma piada sem graça? Não vai me provocar mais?! — indigna-se a albina.
— Não. Estou aprendendo a ser mais adulta... — E sorri.
Até o Bernardo ficou surpreso com a resposta da monstra loira.
— Então, tá... Obrigada e vocês serão conduzidos à recepção. — diz o clone albino completamente surpreso.
No lado de fora, do Palácio do Planalto a dupla entra no carro oficial e partem dali. Um grupo de agentes segue o carro oficial dos representantes do Jornal. Bernardo nota a procissão de veículos os seguindo e Bianca relaxada ao seu lado admirando a vista naquele Mundo eternamente nublado e de pouca luminosidade.
— Está calada, Bianca? Isso não muito comum de sua parte. — comenta Bernardo ao seu lado.
— Gosta da minha voz, Gordinho? — E abraça o braço esquerdo do rapaz.
— Não é isso... Tem um bando de carros nos seguindo. — Alerta o jovem.
— Normal. Ângela morre de medo de mim. Ela quer ter certeza que vou embora. A Cabal sabe que sou tão destruidora quando o Nyarlathotep ou o próprio Cthulhu. — comenta a loira.
— Não sabia que era tão forte assim... — Imagina a loira como um Godzilla destruindo tudo com os seus raios radioativos.
— Não, Gordinho... Sou mais uma "Pata de Elefante", o objeto mais perigoso do mundo, uma verdadeira Medusa nuclear, eu corrompo tudo que chega perto de mim. — diz a loira inclinando a sua cabeça no ombro do rapaz.
"Putz! Como essa monstra é cheirosa!" Pensa surpreso Bernardo.
Quando chegam ao ponto de dispersão dimensional, a dupla sai do carro e dezenas de homens de preto sinistros cercam a dupla com uma distância segura. Quarenta metros de raio.
O portal é ativo e a dupla de representantes do Jornal o atravessa com a visão atenta dos agentes.
Quando finalmente a dupla chega à redação, Bianca se sacode toda como livrasse de um peso imenso.
— Ahhhh... Nada melhor que o nosso Lar! — disse a loira se espreguiçado — Viu só, gordinho?! Nem te vendi ou te matei. — E pisca o olho para o rapaz.
— Eu tive Sorte. — responde seco.
— Gordinhooooo... —E o abraça de forma carinhosa a moça Nórdica.
Depois de alguns minutos, o Professor Simon solicita a presença da dupla no seu escritório. Ambos entram e Bernardo nota uma dificuldade para fechar a porta como tivesse um corpo impedindo. De tão breve que o sobrinho de José Luís da Pena acaba por ignorar o fato.
O Yeti esta Feliz com o resultado da entrevista feita pelo rapaz.
— Fez um excelente trabalho Bernardo. Foi tão bom que poderemos usar a sua entrevista. — comenta o redator — Não que fosse necessário...
Bernardo fica um pouco indignado.
— Como assim? O meu trabalho era dispensável?! — exclama.
— Era, pois era um meio de espionar a governadora. — revela o redator.
— Espionar?! Isso aqui não é um Jornal? — questiona o rapaz.
Neste momento entra na sala o seu tio, José Luís da Pena.
— Calma, Bernardo. Aqui ainda é um jornal, mas também um centro de informações e controle. Não queremos que lugares como aquele ultrapassem as Realidades que estão fora do acordo de Lamprea. A qual limita o número de Realidades que cada organização pode ocupar. A nossa função é fiscalizar todas elas... Para isso utilizamos espionagem. — explica o jornalista.
— É gordinho... As coisas não são como imagina. Num oceano, não se pode confiar nos tubarões e nem nas baleias... — diz a loira de olhos verdes apoiando o seu cotovelo no ombro esquerdo do rapaz.
— Peraí! Eu não vi nenhum momento que fizemos um ato de espionagem desde que chegamos naquela Realidade! A Bianca ficou do meu lado o tempo inteiro. — tenta concluir Bernardo confuso.
Súbito, Bernardo recebe uma cutucada em sua barriga.
— Precisa observar mais as pessoas a sua volta, gordinho... — diz uma voz num espaço vazio da sala.
Quando o rapaz se vira, lá está Bianca com uma câmera voltando a ser visível.
O rapaz fica completamente desorientado.
— Como?! Ahn?! — balbucia o sobrinho do diretor do Jornal.
— Tolinho... Na física, dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, porém podem em tempos diferentes. A minha nave não é só uma saltadora dimensional, mas também uma máquina do tempo. Como posso contratar versões de mim mesma para fazer o serviço duro. — E pisca o olho. — Sobrenatural, não acha, gordinho? — E faz um biquinho para a loira que tinha voltado com ele no carro.
A versão invisível de Bianca entrega a câmera para o seu redator.
— Nitroglicerina pura, Bicho feio! — comenta a Bianca duplicata — Vou voltar para casa... Beijinhos. — E volta a desaparecer.
— Essa é a minha versão mais simpática... — disse a Bianca que restou ao lado do Bernardo. — Imagina um monte de tubarões como eu numa mesma Realidade. — E gargalha com gosto a loira sinistra.
Dias depois, o jornal Pirâmide Atlante apresenta na matéria de capa:
"A Cabal planeja invadir a Terra 217 ocupados pelos Grays. O escândalo provoca uma reunião de emergência na cidade multidimensional de Lamprea a qual os líderes de todas as organizações tentam impor sanções aos membros da Cabal. O Líder supremo da Cabal, Lúcifer Morningstar, alega que tudo foi uma conspiração interna e os responsáveis serão punidos."
Numa outra nota de rodapé no mesmo Jornal, diz:
"Antes de ser destituída do cargo de governadora após o escândalo, Ângela "Geli" Raubal deu uma entrevista ao jovem repórter Bernardo da Pena explicando como era a sua função como governadora".
============= FIM ================
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