18
Tomei minha oitava pílula, sentindo a ardência enquanto abraçava meus joelhos prestando atenção no teto, pensando se era ou não viajar, até porque eu estava tentando me empenhar na árdua missão de começar a me amar da maneira que eu realmente era. Mas evitei pensar nisso demais, assumindo uma expressão feliz no momento em que me olhei no espelho, com mais medo da minha cara irritada naquele corpo do que da expressão assassina de Cassie.
Cada vez menos aquelas roupas me satisfaziam, assim como este corpo glorioso. Acho que, depois de ver os opacos tons de raiva e insegurança que tingiam a parte interna da Cidade, ela perdeu parte de suas cores brilhantes.
Caminhei pelas lojas, vendo as roupas e sapatos reluzentes, que os vendedores trocavam por outras coisas reluzentes, que logo erma postas em uma vitrine embaixo de uma almofada de veludo.
- E aí?
Me virei sorridente, vendo um dos amigos de Jace.
- Seu nome é Marcus, certo?
Ele assentiu, concordando.
- Olhe, não tivemos a chance de conversar antes - um sorriso meio debochado surgiu em seus lábios -, mas eu queria dizer que Oliv, Mads e eu estamos dispostos a ajudá-la.
Olhei para ele, vendo seus olhos azuis e me sentindo um tanto angustiada. Eu sabia que aquele lugar não era o paraíso, mas seus amigos e ele estavam realmente dispostos a matar pessoas?
- Marcus, não acho que...
Seu sorriso diminuiu rapidamente.
- Por favor, Nomi, não venha com essa. Não acho que você e Jace consigam dar conta do trabalho. Você precisa de mim e dos garotos, e sabe disso.
Fiquei perplexa, tentando mostrar a ele, com meus olhos, o quão arriscado toda aquela história poderia ser. Ele não sabia que iria ter que matar?
- Tudo bem. - Concordei mais para terminar a conversa do que para convidá-lo ao massacre.
Saí de perto dele, que permanecia me olhando de longe, como se temesse que eu sumisse. Parei na frente de uma loja, observando atentamente os quadros coloridos que algumas outras pessoas também paravam para olhar.
Minha necessidade de caminhar pela Cidade cresceu rapidamente, e logo eu havia me afastado, andando na direção da praia a passos largos. Olhando para a água extremamente colorida, me sentei na areia enquanto abraçava meus joelhos, refletindo sobre o que estava acontecendo.
Bem, provavelmente toda aquela beleza exterior e cortante estivesse me influenciando, mas aquele céu, aquela água e aquela areia me davam vontade de parar com todo aquele plano ridículo e me contentar com o que tinha.
Afundei meus pés na areia, sentindo a carícia do vento.
Eu poderia ficar ali por horas se meu corpo não tivesse começado a ficar inquieto.
Movi meu corpo discretamente, quase correndo até a casa de Jace. Não cheguei até lá, porém, pois meus olhos se focaram na floresta e nas folhas que se moviam lenta e delicadamente. Meus pés andavam sozinhos, me levando até a casa cinza do sr. Sem Nome. Meus olhos estavam tão focados nas folhas que não tiveram tempo de sentir medo.
- Você está com o pé atrás? - Tobey perguntou assim que cheguei perto da porta.
Entrei receosa.
- Eu... Não tenho certeza. - Vi seu olhar mudar e logo mudei minha abordagem. - Eu quero ajudá-los, sério. Só não sei se eu poderia... matar Jace.
Seu olhar foi tomado por uma compreensão quase penosa.
- Você só mataria o seu corpo da Cidade, Nomi. Sua alma voltaria ao seu corpo real e ele permaneceria vivo.
- Eu sei, mas é que...
Seu corpo começou a tremer.
- Por favor, Nomi, vá embora - sua voz estava instável e seus olhos se deslocavam.
Percebi que Clarence provavelmente estava emergindo, e logo corri para fora da casa, tremendo com medo de que ele me prendesse aqui.
Decidi voltar ao meu caminho anterior: a casa de Jace. Eu precisava contar a alguém tudo o que estava acontecendo e me parecia que Jace estaria disposto a me ouvir.
Parei na frente da sua porta, onde ele abriu antes que eu pudesse bater.
- Oi. - Ele murmurou beijando a minha testa. - Como você está?
- Várias coisas me aconteceram - murmurei.
- Tipo o quê?
Entrei na casa, me sentando no sofá.
- Bem, Cassie virou uma espécie de demônio e tentou me atacar, junto com Clarence - tentei falar aquilo em tom de piada, mas a tentativa não soou válida nem para mim mesma.
- Como... o que... Nomi, como...?
- Ela suspeita de nós, acho, por isso decidiu agir.
Seu abraço não me deixou segura, apenas me deu mais medo.
- Você precisa tomar cuidado, e não deixar que isso te aflinja
aflinja.
- Não consigo deixar de me anflingir com isso.
- Ah, você consegue - ele beijou meu maxilar. - Apenas tenha em mente que, muito em breve, tudo isso estará acabado - dito isso, ele juntou nossos lábios, mantendo suas mãos firmes na minha cintura.
Apesar de suas palavras não me acalmarem, seus beijos o fizeram.
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