14
Mantive minha cabeça apoiada, recebendo o carinho amoroso de mãos suaves. Eu reconhecia aquele toque. Não importava onde, eu o reconheceria.
Não se parecia com uma alucinação e - céus! - se fosse, eu não ligaria.
- Por que está se prendendo, minha menina? - A ouvi sussurrar. - Mal reconheço você.
- Mamãe. - E chorei ali mesmo.
Seu toque, sua voz... era tudo tão confuso.
- Por que está tão diferente?
- Perdoe-me, mas acho que esta sou eu agora.
Suas mãos pararam.
- Você deveria ser você. Deveria ser minha menina, a mesma que esteve ao meu lado todo esse tempo.
Me calei, apreciando seu toque, confusa demais para debater.
•
Abri meus olhos meio assustada, sentindo a ardência em minha garganta e pele, olhando ao redor e gelando, chocada, ao ver que estava deitada no chão de minha casa na Cidade. Me beliscando para garantir que aquilo não era sonho, me levantei, tremendo, olhando ao meu redor em busca do frasco azul. Meus braços me desobedeciam, se movendo contra a minha vontade, e minhas pernas pararam de se mover de acordo com meus comandos, indo para a varanda de madeira escura, onde meus olhos começaram a arder e as cores ficaram opacas. A Cidade estava adormecida, as casas estavam escuras e as ruas cinzentas estranhamente calmas.
Olhando ao meu redor, com os olhos doloridos se acostumando, vi um vulto me seguir, no momento em que me virei para encarar a sombra.
- Vamos, vamos! - O sr. Sem Nome sussurrou, me puxando, agindo como uma criança apavorada.
- Me solte! - Tentei manter minha voz estável, mas isso não foi possível.
Ele parou e me olhou, com o olhar angustiado.
- Sou eu, Tobey - ele sussurrou, me puxando de novo. - Vamos logo, antes que ele assuma o controle.
O segui, chocada demais para reagir, me esforçando para deixar minha cabeça no lugar.
Seu rosto não se parecia com o de Tobey, mas não ousei parar para me queixar disso.
Ele parou de andar na frente do lago, soltando meu braço delicadamente.
- Agatha - ele sussurrou na frente da água, e logo ela estava ali, olhando para ele a para mim confusa.
Mas sua confusão passou assim que ele me empurrou para a água, se jogando logo depois. Fui conduzida até o abismo, onde paramos em sua borda, sem entrar no mesmo.
Tobey olhou para Agatha e sorriu para a mesma, apesar de ela olhá-lo apavorada, e entrou, segurando-a e me puxando.
- Quanto tempo temos? - Ela perguntou, olhando apreensiva para ele.
- No máximo trinta minutos.
Ela suspirou e concordou, finalmente virando-se para mim.
Tobey não se parecia com o homem magro, mas também não se parecia com o sr. Sem Nome. Estranhei aquela mistura de rostos.
- Você já sabe de tudo, certo? - Ele perguntou, olhando para mim.
- Mais ou menos. Como você parou aqui?
Ele sorriu e tocou em meu braço, me levando a uma visão. O espaço vazio me lembrou do sonho, mas aquilo estava em outro ângulo.
" Finalmente ", não mais uma sombra, Clarence disse, olhando para Tobey em sua forma de espectro.
- Conseguimos, finalmente. - O Tobey da visão e o Tobey ao meu lado sussurraravam em harmonia. - Espere um pouco! Onde está o belo lugar que você me prometeu?
O espectro se mexeu, chegando mais perto de Tobey.
" Veja bem, Tobey, para criar o mundo belo que te prometi, preciso de algumas coisas ", se movendo sorrateiramente, ele olhou sorriu como um caçador. " Preciso de várias coisas simples antes de tornar seu mundo um lugar bom. Mas não se preocupe, apenas vou exigir seu corpo. "
E, dizendo isso, ele tentou entrar no corpo de Tobey, e no processo levou parte de suas energias, o deixando fraco e magro. Tobey correu na direção oposta, tentando fugir de Clarence, que parecia estar mais forte e se movia normalmente agora, com seu corpo parecendo mais humano do que espectral.
O Tobey ao meu lado me tirou dali, me levando de volta ao presente.
- De início, eu não era forte o bastante para lutar contra ele - o ouvi sussurrar, segurando Agatha com força - e foi por isso que ele foi até Agatha, e a trouxe para cá também - seus olhos lacrimejaram e se estreitaram. - Antes, as pílulas apenas te traziam para cá, era uma viagem só de ida; e foi quando a Cidade estava feita e Agatha presa aqui, nas águas, que eu decidi agir.
" Cheguei à conclusão de que, às vezes, podia controlar o corpo em que habito, e que, graças a mim, aquele demônio poderia viajar de pé para a Terra, pois agora possuía um corpo que permanecia lá. Então, um dia, num ato desesperado, fui para a realidade usando minhas forças, e fiz das memórias de Clarence as minhas, para poder descobrir se havia uma receita que poderia fazer com que Agatha voltasse de lá. Fiz o preparo e voltei, carregando as pílulas, para desagrado dele, mas ele nada pôde fazer, pois eu ainda estava no controle ", ele suspirou. " Infelizmente, não pude salvar Agatha, mas consegui dar a vocês, pessoas que cometem o erro de vir para cá, uma chance de escapar e manter suas almas seguras. Clarence nada pôde fazer para destruir as pílulas, pois eu as protegi, jogando o livro que tinha o poder de invocá-lo em um lago."
Almas? Como assim? Decidi ignorar essa parte, até porque provavelmente seria simbolismo demais para a minha frágil mente suportar.
- Por que as pessoas daqui se parecem?
Seu olhar escureceu, e ele não disse nada, deixando Agatha me dar a resposta.
- É isso o que acontece quando você desafia Clarence.
Olhei para eles, descrente, sentindo minha respiração parar por dois segundos.
- Por que vocês estão me contando tudo isso agora?
Agatha respondeu de novo, com a voz gentil.
- Porque acreditamos que você pode acabar com todo este mundo. Foi por isso que Tobey escolheu Jace e você. Apenas você ou Jace podem matar esse mundo e levar as pessoaa daqui até a realidade.
Os fitei, confusa.
- Vocês estão malucos.
- Não - Tobey disse, me olhando. - Como eu disse, te olhei de longe, Nomi, e sei que você pode lidar com tudo isso.
Bufei.
- Não posso, Tobey. Não sei como...
- Nós já tentamos isso antes - disse Agatha -, com mais pessoas - ela encolheu os ombros. - Não deu muito certo, porque as pessoas não eram as certas.
- Você e Jace vão achar uma solução - disse Tobey, olhando-me calmamente.
Balancei a cabeça negando, andando de um lado para o outro.
- Tobey, ele sonda a minha mente. Não acho que seja uma boa ideia me dizer isso.
Ele sorriu, sem se abalar.
- Lembra-se da dor que sentiu quando te toquei? - Apenas chacoalhei a cabeça, concordando. - Eu estava bloqueando seus pensamentos dele. Nada a impede de agir.
Respirei fundo, sentindo minhas mãos tremerem e meus neurônios trabalharem arduamente em busca de desculpas.
- Por que você não pede isso a Cassie? Ela certamente faria esse trabalho melhor que eu.
Ele me fez parar de andar.
- Ah, eu pedi. Contei a ela parte dos meus planos. E ela contou tudo à Clarence.
Seu olhar raivoso me passava toda a sua raiva, e logo eu queria bater em Cassie.
- Olhe, eu preciso ir para casa - falei, andando até a borda do abismo, de onde me joguei e nadei rapidamente, voltando logo à superfície.
Correndo para o meu frasco de pílulas, eu olhei para o céu, surpresa com o quanto eu ainda queria ficar naquela prisão. Tomei uma pílula rapidamente, feliz por poder voltar à realidade.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro