13
Abri meus olhos, desnorteada e confusa ao ver a construção um tanto medieval onde estava. As paredes eram marrom escuro, as janelas cheias de pó. Vários potes cheios com ervas ou coisas do tipo estavam dispostos em uma mesa pequena e torta, onde alguns símbolos estranhos.
Busquei em minha cabeça, angustiada, mas não conseguia me lembrar de algum lugar assim dentro da Cidade. Não havia como existir um lugar tão sem graça e assustador em um mundo tão vibrante.
A porta se abriu, num roupante, fazendo com que eu me levantasse rapidamente e começasse a tremer. Foi quando, vendo o mesmo homem magro - mesmo que não estivsse tão magro assim -, tive certeza de que estava sonhando. Vestindo roupas de frio um tanto antigas, do tipo que meu avô provavelmente usaria em sua juventude, ele cruzou a pequena sala.
- Oi. - Disse, andando até ele. Mas o homem apenas passou por mim, como se eu fosse feita de ar. - O que... - Ele não podia me ver, isso era certo, pois passou por mim de novo, passando por minha cabeça para pegar um livro de sua prateleira.
Ele andou até a pequena mesa, se sentando em uma das cadeiras e empurrando a outra, como se estivesse com companhia. Me sentei na cadeira, olhando-o fixamente, ao mesmo tempo em que senti uma pressão no lugar.
- Não irão me chamar de louco quando eu provar o quão errados eles estão! - ele gritou. - Clarence, você me prometeu que, com o seu feitiço, eu poderia ir para lá e levar Agatha comigo - sua voz ficou fraca. - Você me disse que...
Ele se calou, e a pressão que eu sentia na cadeira aumentou.
" Você e sua amada serão belos e imortais, meu caro. Eu lhe garanto isso ", ouvi a voz, suave e certeira, saindo da cadeira, e me levantei, assustada, caindo no chão. " Agora, onde está o preparo que lhe ensinei a fazer? "
Obedientemente, ele seguiu até a mesa, de onde tirou um pote cinza escuro com pedrinhas roxo- escuro dentro.
" Você seguiu a receita corretamente? "
- Sim.
" Agora coloque uma delas na boca e engula "
Tremendo, ele obedeceu, sem conseguir esconder um sorriso satisfeito e meio louco.
" Agora, Tobey, quero que feche seus olhos e tente não gritar. "
Seu corpo tremeu intensamente, e Tobey mordeu os lábios com força, fazendo-o sangrar.
•
Acordei segundos depois, com frio, olhando fixamente para o teto da casa de Jace. Decidi não me esforçar para tentar descobrir como havia parado ali. Percebi, logo, que abrir os olhos havia sido um erro; eles estavam doendo, como se eu tivesse tomado um soco nos mesmos.
- Você está bem? - Ele perguntou, apreensivo.
Olhei para ele, comparando aquele rosto com seu rosto de verdade, me perguntando se era ou não uma boa ideia. Acabei decidindo não contar a ele o que eu havia descoberto de sua história, temendo que isso o entristecesse.
- Como você está? - Ele repetiu quando não o respondi.
- Estou bem. - Apesar de estar com uma dor crescente em meus olhos.
- Você não me parece bem.
Pigarreei, sentindo minha garganta seca.
- Meus olhos estão doendo, só isso. - Dei de ombros, baixando meus olhos.
Ele se sentou ao meu lado, me olhando atentamente, o que me deixou desconfortável.
- Como eu vim parar aqui? - Perguntei.
- Eu estava caminhando quando te achei, desmaiada.
Concordei, olhando para a janela que revelava um entardecer tímido.
Fiquei em silêncio, pensando nas estranhas atitudes do sr. Sem Nome. Eu não tinha dúvidas - ou tentava fingir que não tinha - que Clarence e Tobey estavam metidos em toda a história da Cidade. Eu ainda estava tentando entender como tudo aquilo estava acontecendo.
- Jace, você já sonhou com um homem chamado Tobey? - Sussurrei, torcendo as mãos.
Seus olhos se arregalaram de confusão, mas logo ele se acalmou, como se já compreendesse todo o assunto.
- Você quer dizer o homem magro? - Seu sussurro era certeiro; ele já sabia a minha resposta.
Assenti.
- Sim, mas foi só uma vez - ele me encarou, desconfiado. Suas mãos se contorceram, mas ele nada disse por um tempo. - Como você sabe que o nome dele é Tobey?
Dei de ombros, desconfortável, decidida a não revelar a história a ele antes de, pelo menos, entendê-la.
- Apenas dei esse nome à ele.
Seu olhar continuou desconfiado, mas ele não voltou a me olhar.
- Olhe, preciso ir para casa, tudo bem? - Me levantei, já me alongando.
- Seus olhos estão doendo. Quer que eu te acompanhe?
- Não, não precisa - murmurei, sentindo meus olhos arderem como se eu tivesse jogado algo tóxico neles.
- Tudo bem. - Ele apenas me abraçou rapidamente, e logo eu estava correndo até meu frasco.
Meus olhos estavam oscilando de uma maneira inconstante, como se eu fosse uma míope sem óculos. Esbarrando em tudo, segui adoidada até a minha casa, esbarrando em todas as pessoas que estavam na minha frente.
- Nomi! Eu estava te procurando! - Cassie me segurou pelos ombros, mas logo me soltei.
- Desculpe-me!
Entrei sentindo minha visão fugir de mim e voltar segundos depois.
Coloquei uma das pílulas azuis nos lábios, fechando os olhos.
Assim que cheguei até a " realidade ", olhei para os lados, esperando desesperadamente que a dor passasse. Fiquei no chão por mais alguns minutos, até que a dor cedeu.
Andei até o banheiro, me olhando fixamente no espelho, olhando um tanto descrente para meu ombro. Onde o sr. Sem Nome encostara, estava lilás claro, uma cor que eu não estava muito acostumada em ver nos meus hematomas. Logo a cor sumiu, fazendo com que eu me perguntasse se aquela coloração realmente esteve ali.
Meus olhos pareciam estar normais, talvez um pouco mais brilhosos que o normal, para o meu alívio.
Andei para longe do banheiro, me deitando na cama sem me dar ao trabalho de ver que dia era. Provavelmente, aquilo me assustaria.
Com os olhos pesados, não consegui abrir meus olhos quando ouvi um baque na minha janela, mas pude sentir uma mão em meus olhos e outra em minha boca, me fazendo desfalecer apavorada.
Só queria avisar que no mês de agosto vou atualizar mais 4 vezes, para compensar o tempo em hiato.
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