Clube Nanquim
Nome: Clube Nanquim
Gênero: Distópico, ficção juvenil
Sinopse: Essa foi minha tentativa de escrever uma distopia. Como sempre, há muitas inspirações, sendo elas: Level 16 (2019), Clube dos Cinco (1985), Matilda (1997), Nação dos Sonhos (2010), a música Another Brick In The Wall do Pink Floyd, no álbum K-12 da Melanie Martinez e na música NO do BTS. Seria sobre esse garoto, Paul, que acorda na E.S.C.O.L.A. ou Escola Supressora de Comportamentos Odiáveis e Lastimáveis dos Adolescentes.
Média de capítulos: 6
Capítulos escritos: 1
Por que eu parei de escrever?: Assim como a maioria das histórias que eu paro de escrever, essa também estava muito séria e sombria para o meu gosto. A vida é uma merda, eu olho para as redes sociais, para o jornal e para as pessoas ao meu redor e é tudo um grande caos. Eu não quero me sentar para escrever e ter que lidar com mais caos, tristeza e coisas pesadas. Eu quero sentar e escrever uma doce comédia romântica e uma trama fofa sobre amizade. Me chame de covarde, mas a escrita para mim sempre foi muito sobre escapismo.
Pretendo voltar a escrever?: O personagem do Paul sim, mas não esse roteiro.
Aproveitem ⏳
A primeira coisa que Paul viu quando abriu seus olhos foi um teto de gesso, branco e entediante, sem nem mesmo uma mancha de mofo ou infiltração, sem traças ou teias de aranha nos cantos. O teto era perfeito.
Sentou-se na cama junto com os outros jovens do quarto, todos com seus 14, 15 anos de idade, eles tinham os rostos amassados e o cabelo despenteado. Assim como o teto, o quarto tinha paredes igualmente brancas e perfeitas, o chão era de um marrom brilhante e a única lâmpada presa ao teto era de um branco que doía seus olhos. Não havia janelas e a única porta que existia era de um metal plano e imponente, que não deixava brechas para que ninguém bisbilhotasse o que acontecia lá fora.
Paul estava confuso, para dizer o mínimo, pois, veja, ele não faz ideia de onde está. Forçando sua mente um pouco tudo que ele pode dizer é que seu nome é Paul de Martino, ele tem 15 anos e uma porrada de perguntas. Para começar, quem são todas essas pessoas? Ele consegue contar, fora a sua, mais cinco camas, todas forradas com lençóis brancos e acompanhadas por um adolescente, o que significa, para você que reprovou em Matemática, que esse é um maldito inferno, porque, quem diabos teve a ideia de colocar seis adolescentes em um mesmo quarto?
O que chama a atenção de Paul, no entanto, não são os desconhecidos ou a quantidade abismal da cor branca, o que chama a atenção de Paul é a fita crepe cobrindo a boca de todos, incluindo a sua. Um quadrado de fita prateada, muito bem posicionado em seus lábios e que repuxam os pelo do seu bigodinho, o qual ele vinha cultivando nos últimos 6 meses e agora estava tudo arruinado. Paul pensou em puxar a fita, mas então ele fez as contas:
1. Lugar estranho.
2. Pessoas estranhas.
3. Fita estranha.
Isso definitivamente é um sequestro.
E Paul estava prestes a arrancar à maldita coisa que arruinou seu bigode quando um som de alarme irritante surgiu de nenhum lugar especifico. Paul não viu grande coisa no barulho irritante, mas todos os outros jovens se puseram de pé, a única porta do quarto se abriu e os jovens formaram uma fila, passando junto pelas portas.
Paul achou isso um pouco assustador e se perguntou como esse garotos sabiam que era seguro entrar na porta estranha do lugar estranho, de qualquer forma, não seria ele a fica de fora. Levantou-se com um salto. Notou os chinelos (brancos, é claro) ao lado da cama. Calçou. E foi para o final da filha.
Seguindo os outros garotos, Paul se viu em um banheiro com formato de corredor. A porta fechou assim que ele passou, fazendo tomar um pequeno susto.
O banheiro era bastante extenso, haviam seis pias e seis armários do lado direito, enquanto do lado esquerdo estavam seis cabines com os vasos e seis com os chuveiros. Os colegas de quarto de Paul entraram cada um (porque seria estranho se fossem mais de um) em uma cabine. Paul os acompanhou, ainda sem entender que merda estava acontecendo.
A cabine era bastante simples, apenas um vaso branco, com um papel higiênico pendurado na parede e uma lixeira no canto. Na porta havia uma tela e Paul se assustou de novo quando ela de repente se iluminou com um temporizador. Cinco minutos e diminuindo. Paul se assustou de novo, porque esse e um tempo absurdamente curto! Os sequestradores estavam tentando torturá-lo?
Ele tentou clicar na tela, o que não fez nada para mudar os números brancos na frente de um fundo azul. Então Paul saiu da cabine e quando não viu ninguém voltou para dentro. Ele encarou o chão com um certo desgosto, mas devido a estranheza lúdica da situação, achou que não corria risco de pegar alguma doença por prensar sua cara no chão do que parecia ser um banheiro público.
Paul estava na última cabine, o que significa que só havia uma cabine com quem ele poderia se comunicar. Ele agachou-se no chão e viu apenas chinelos brancos, pés brancos e calças brancas. Um pouco indignado com a falta de explicação de tudo, ele tirou a fita da sua boca e sufocou um gritinho pouco másculo com a dor que sentiu.
— Ei — sussurrou na direção dos pés do garoto, tentando chamar sua atenção balançando o braço loucamente pelo vão entre as cabines. — Sabe o que está acontecendo aqui?
Sem respostas. Muito rude, eu sei. Paul tentou puxar a barra da calça do garoto, mas tudo que conseguiu com isso foi ele pisando em sua mão.
— Tá bom, desculpa, desculpa — choramingou dramaticamente, puxando sua mão para dentro de sua própria cabine o mais rápido que pode. — Todo mundo aqui é assim?
Paul ouviu o mesmo som de despertador tocar, erguendo o olhar percebeu que o tempo havia acabado. Ele saiu do banheiro junto com os outros, não perdendo o olhar pouco amigável que o garoto do lado lhe lançou.
Coordenados, todos os alunos deram um passo para frente para lavarem suas mãos. Paul franziu o cenho para isso, mas também deu um passo e começou a lavar suas mãos, seu nariz farejando o sutil aroma do sabão, a única coisa que parecia ter alguma personalidade nesse maldito lugar. A sua frente havia um espelho, sem manchas ou arranhões como todo bom espelho tem. Paul quase não se reconheceu quando focou em sua aparência e ele não poupo um grito de horror alto e nenhum pouco exagerado quando percebeu que seu cabelo... Como se não bastasse seu bigodinho, seu cabelo, seu amado e querido cabelo, cultivado cuidadosamente, POR ANOS, para que ele tivesse um saudável, espetacular, lindíssimo black power, havia sido cortado!!!
Paul gritou mais uma vez porque ele podia e porque fora água escorrendo pelos ralos não havia nenhum maldito som nesse lugar. E então ele pode ter surtado um pouco, correndo para a porta do quarto de onde veio e para a outra porta no fim do corredor, gritando para sair e xingando com palavras de baixo calão as quais estou poupando você, leitor, sensível demais para a raiva assassina de Paul.
Não importava o quanto ele gritasse, ninguém estaria vindo conferir o que diabos estava acontecendo, os outros garotos não fizeram nenhum esforço para tentar explicar a ele o que estava acontecendo e o som de despertador voltava a tocar. Paul estava começando a se perguntar se ELES eram os sequestradores, por que não era possível que só ele estivesse surtando com isso, certo?
Os outros entraram para as cabines com chuveiro e Paul quis verdadeiramente chorar, porque tudo isso parecia algum tipo de sonho maluco, exceto que ele tinha 99% de certeza de que estava acordado e 70% de que estava lucido.
Antes de entrar para sua própria cabine lançou mais um olhar para sua figura sombria no espelho, olhos castanhos, pele negra e adeus ao seu precioso cabelo. Ele se lembraria de bater no babaca que fez isso sem sua permissão, essas pessoas não sabem que consentimento é sexy?
Havia uma nova tela no banheiro, essa marcando 3 minutos e uma caixa transparente colada a parede com uma toalha branca dentro.
Paul tomou o seu banho triste, enquanto tentava descobri no que havia se metido dessa vez. Ele não tinha qualquer lembrança da sua vida, se viu com uma surpreendente dor de cabeça quando tentou se lembrar do que estava fazendo no dia anterior. Logicamente, ele sabia que tinha uma vida e ele tinha alguma consciência de quem era ou... Quem foi? Ele tentou se lembrar de alguma coisa, de alguém, mas não havia nada.
Se perguntou como se lembrou que tinha black power ou de como queria ter um bigode ou como poderia se lembrar do seu nome da sua idade, apesar de essas serem as únicas coisas que sabia com certeza. E então sua cabeça começou a doer ao pensar em como sabia certas coisas simples como, como abrir o chuveiro ou a contagem dos minutos. Talvez fossem apenas coisas tão enraizadas no seu cérebro que ele não poderia esquecer? Mas nesse caso ele não deveria lembrar de sua mãe, a mulher que supostamente o criou desde que ele nasceu? Ele tinha uma mãe? Inferno, como ele sabia o que era uma mãe?
Antes que sua cabeça, dolorosamente sem cabelo, pegasse fogo ou algo assim, o tempo se esgotou. Paul se enrolou em sua toalha e saiu da cabine junto com os outros. Tudo se arrastou a partir daí. Eles foram até os armários e pegaram a única roupa disponível, sendo estar calças e camisetas brancas, também havia uma cueca e sapatos pontudos. Paul se aborreceu quando as viu, porque ele podia não se lembrar do seu guarda-roupa (como diabos ele sabe o que é um guarda-roupas?!) mas ele sabe que nunca usaria esse tipo de roupa nem por vontade própria.
Então os garotos foram escovar os dentes, as escovas brancas e a pasta de dente também estavam no armário e Paul odiou cada segundo, porque a pasta positivamente tinha gosto de morte.
A porta no fundo do banheiro se abriu assim que todos estavam arrumados e Paul seguiu para o fundo da fila que se formou.
— Ei, sou Paul — cutucou o garoto a sua frente na esperança de conseguir alguma resposta, o que não aconteceu.
Paul cruzou os braços em um gesto indiferente, seguindo em frente conforme a fila andava. Quando chegou a sua vez de sair do banheiro notou que havia um homem parado na porta, ele parecia muito alto, vestia um impecável terno branco e olhou para Paul como se ele fosse uma mancha no seu sapato. O homem tinha um rosto ossudo, a boca moldada em uma careta de asno e os olhos o avaliando de cima a baixo.
— Cadê sua fita? — questionou, mas não esperou que Paul respondesse e já foi colando um novo pedaço de fita crepe em sua boca, gesto o qual arrancou um som assustado do garoto. — Fique quieto — exigiu ao empurrar Paul para frente.
Tropeçando em seus pés, Paul se engasgou quando contemplou a vastidão do lugar onde estava. Era enorme e tudo era tão branco, Paul estava quase acreditando que havia morrido. Estava andando por um corredor de dimensões amplas, cujo teto era tão alto e tão claro que parecia embaçado, brilhando como o sol acima de suas cabeças. Haviam muitas portas e cada vez mais jovens saiam de dentro de delas, todos acompanhados por um homem de terno branco. Eram muitas pessoas e todos os garotos tinham suas bocas cobertas por um quadrado de fita, privando-os de qualquer ruído.
Andando junto da fila de garotos com quem saiu do banheiro (isso soou estranho), Paul estava começando se desesperar. Isso não poderia ser um sequestro, não quando tantas pessoas estavam envolvidas e a teoria da morte começou a parecer cada vez mais plausível.
Logo as meninas começaram a aparecer. Inúmeras fileiras de adolescentes vestidas com saias e camisetas brancas, usando sapatilhas e meias que iam até os joelhos, seus cabelos todos presos em coques no alto da cabeça. A fita mantendo suas bocas em silencio. O único barulho em todo o lugar vindo dos pés batendo no chão de mármore dos corredores do palácio em que pareciam estar.
Eles foram guiados até o que parecia ser um refeitório, em um salão tão vasto e luxuoso quanto os corredores, repleto de meses de madeiras retangulares, posicionadas entre grandes janelas de vidro que revelavam um céu azul e um sol acolhedor que transpassava os vidros e cobriam as mesas com um pouco de calor. Paul se sentou em uma das pontas, notando que na frente de cada pessoa havia uma xicara com café e um prato com um sanduiche triangular recheado com presunto e alface.
Paul ergueu a cabeça em uma tentativa vã de procurar uma saída, mas todas as portas pareciam estar fechadas, portas pesadas e solidas, atípicas para todo o clima vitoriano acontecendo na arquitetura e decoração do lugar. Ao lado de Paul estava sentado o mesmo garoto com quem ele falou na fila, do lado oposto da mesa estão sentadas algumas garotas e exatamente a sua frente está a mais bela de todas elas.
Ela ainda tinha um cabelo castanho claro e liso que parecia ser comum em todas as garotas por ali, fios de ouro presos em um coque elegante, uma pequena mecha escorrendo pela testa e se escondendo atrás da orelha de um jeito charmoso; ela também ainda tinha os mesmos olhos azuis que todas as outras, um azul claro e encantador; ainda as mesmas roupas brancas, mas Paul notou uma pequena, pequenininha mancha preta em sua gola. Ela era diferente das outras garotas, ele pensou, e Paul riu com o quão clichê foi esse pensamento. Talvez fossem o quão gelado seus olhos azuis pareciam ou talvez fosse a forma arrogante de sua postura, a cabeça erguida como se não se importasse com nenhum dos idiotas com quem estava sentada.
O som do despertador, um ding irritante, soou alto e todos os alunos tiraram as fitas de suas bocas, as colocando na ponta da mesa, quase como se fossem usar depois, o que é meio nojento. Paul estava esperando que o refeitório explodisse em conversas, mas todos continuarem em silencio, começando a beber suas xicaras de café e comer seus sanduiches.
O café estava muito forte e Paul não gostava tanto assim de alface para comê-lo logo no café da manhã. Ele estava animado para conversar com a garota da frente, mas imaginou que, como todo mundo nesse lugar, ela não lhe diria uma palavra.
Os olhos de Paul caminharam pelo lugar e ele não demorou a notar mais uma daquelas telas pelas paredes, dessa vez marcando 8 minutos e diminuindo. Seus dedos bateram na mesa em inquietação, seus olhos indo de cima a baio, para um lado e para o outros, porra, ele estava tão entediado.
Como se fosse uma resposta a isso um grito soou pelo refeitório:
— Não podem silenciar nossas vozes! — alguém gritou, um punho foi batido na mesa e o lugar que já estava mergulhado em silencio, pareceu morbidamente ainda mais silencioso.
Paul não entendeu quando todas as pessoas ao seu redor abaixaram a cabeça, suas testas se chocando com pouca delicadeza em cima das mesas, os olhos cerrados e as mãos posicionadas ao lado dos ouvidos.
— Que porra é essa? — sussurrou para si, os olhos localizando o garoto que gritou, ainda levantado, estava algumas mesas a frente.
Os olhos de Paul e do garoto se cruzaram, totalmente essa troca de olhares deveria significar algo, mas no mesmo instante uma sequência de homens de terno branco entrou no refeitório, esses eram diferentes dos homens que estavam nas portas, eles usavam máscaras brancas que cobriam todo o rosto, a única pele mostrada sendo um pedaço do pescoço e suas mãos. Eles se aproximaram do garoto e puxaram com grosseria pelos braços, prendendo-os atrás das costas.
— Já chega disso! Não podem me calar, não podem... — bom, puderam, um dos homens pressionou um quadrado de fita em sua boca.
Paul não tinha certeza de muita coisa nesse momento, mas ele não precisava ser inteligente para saber que tinha algo muito errado em tudo isso. Suas mãos tremeram e ele sabia que tinha uma voz por algum motivo, com certeza não para ficar calado assistindo seu... hum... colega de sequestro (?) ser tratado dessa forma.
Paul estava prestes a se levantar também, porque ele não iria ficar sentado enquanto tinha a oportunidade de cooperar com uma maldita revolução, seja o que for que estivesse acontecendo aqui, ele estava do lado das pessoas com fita na boca.
Antes que pudesse se levantar, no entanto, alguém empurrou sua cabeça para baixo, sua testa se chocando rudemente contra a madeira. Paul rosnou, o que é estranho, eu sei, mas foi inconsciente! Ele tinha certeza que não saia por aí rosnando para as pessoas. Estava prestes a gritar quando viu que foi a garota da frente que o empurrou para a mesa, seus olhos se encontraram e ela pressionou um dedo nos lábios em sinal de silencio.
— Você sempre é delicada assim? — resmungou em falsa indignação, porque apesar de não curtir apanhar de garotas bonitas, ele estava feliz porque finalmente alguém agiu como se não fosse um robô e interagiu com ele.
A garota não respondeu e Paul encolheu os ombros, seus olhos caminhando pelo lugar a procura do outro garoto, foi quando percebeu que era tarde e ele já havia sido levado pelos homens de terno.
O despertador tocou de novo e todos os jovens levantaram suas cabeças, colocaram a fita crepe de volta na boca e se levantaram, como se já estivessem acostumados a tudo isso.
Paul estava curioso para saber para onde levaram o garoto, mas achou que não devia abusar da sorte, se alguma coisa do tipo Another Brick In The Wall estivesse acontecendo ali, ele preferia não se transformado em carne moída tão cedo. Há, essa é uma referência especifica, perdão.
A próxima experiencia que Paul teve nesse lugar o fez ter quase certeza de que estava morto, mas não em uma espécie de paraíso, mas sim sendo torturado. Ele e todos os outros adolescentes que estavam sentados em sua mesa foram guiados para uma... sala de aula! Eu sei, eu sei, vocês estão chocados.
... Ainda sendo escrito...
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