Capítulo Final: Por que uma Loli tão fofa é a vilã dessa História? (Parte Final)
Apesar da cena dantesca, a noiva do Sargento Álvaro Lima tenta controlar a sua repulsa e retira uma coragem que ela mesma não sabia que tinha. A militar põe as suas mãos em seus bolsos da calça e caminha lentamente em direção da suposta garotinha de olhos grandes.
Ninguém havia entendido a atitude da oficial, todavia os militares apontam as suas armas para a criatura, apesar de sua aparência que demonstrava infantilidade.
— O Sargento Lima está repousando no interior desta unidade. Se quiser, eu posso transmitir o seu recado, garotinha... — disse a Capitã mantendo uma distância ilusoriamente segura.
Nyarlathotep fez uma expressão engraçada. Como ficasse confusa e aborrecida ao mesmo tempo.
— Tu és a noiva dele? Prazer! Sou Nyarlathotep, o Caos Rastejante. — E a garotinha de antena de cabelo estende a sua mão para que a mulher a aperte.
A capitã teve uma compulsão de retribuir o cumprimento, mas os seus instintos berravam para que o não fizesse.
— Suas mãos estão cheias de sangue. Não sei a natureza do seu ato ou os seus motivos. Peço as minhas sinceras desculpas por não retribuir o seu gesto de boa vontade... — E a mulher mantém as suas mãos em seus bolsos.
Os grandes olhos da criatura se cerram.
— E... Você é uma garota esperta. — e a mão oferecida se transforma em algo repulsivo e tripofóbico.
À medida que algo viscoso escorre em alguns daqueles pequenos buracos esponjosos, o cheiro e a visão daquilo faz que a mulher sinta ânsia de vômito.
— Eu gosto das mulheres... São tão instintivas — e, lentamente, o Caos Rastejante caminha em direção da capitã.
A cada passo que a garotinha dava, o oficial dava duas na direção oposta.
O Medo era palpável.
O Horror também.
— Não fuja de mim. Onde está o seu conceito de hospitalidade? — perguntou a criatura de forma irônica.
Solange começa a sentir um calafrio envolver o seu corpo, uma energia que nunca tinha sentido, um poder, um Mal. Algo está além de sua compreensão que a tocava e lambia o seu corpo, mesmo debaixo de suas roupas, o seu toque profano macula a sua alma e sua mente.
— Nyarlathotep! Deixe a minha noiva em paz! — gritou o Sargento Álvaro Lima entre os militares que apontavam as suas armas na direção da criatura que se aproxima da unidade militar.
Subitamente, a garotinha para de caminhar e começa a se transformar em algo muito grande. Monstruoso e gigantesco. A sua forma deixa de ser humanoide para assumir uma forma assustadoramente de três pernas ou patas, seja lá o que seja aquilo. O seu tronco contêm quatro braços e no lugar de sua cabeça, um tentáculo muito maior do que o seu corpo que serpenteia rumo aos céus. Céus estes que começam a escurecer e encobrir o Sol.
Mergulhando a unidade militar em Trevas.
— EU SOU NYARLATHOTEP! O SENHOR DO CAOS! — bradou a criatura de bocarra aberta que surgia na base do tentáculo craniano.
Não era só clima que se alterava, mas a própria Realidade que estava sofrendo alterações significativas, como variações de gravidade, alterações sensoriais, desvio na Luz e coisas que estão além da percepção humana.
Devido a tudo isso, a Capitã Duarte cai no chão que parecia algodão ou algo levemente viscoso que grudava em suas mãos e fazia fios de terra como fosse queijo derretido. O desespero toma conta dela quando o seu corpo se movia e agitava-se, porém não conseguia sair do lugar.
Apenas se alongava, como uma massa de pão...
Os outros militares tentavam em vão, atirar no monstro, todavia os projéteis não conseguiam completara a sua trajetória devido a bagunça em todas as Leis da Física.
O Caos era palpável e se espalhava como numa fumaça invisível maculando tudo que tocava. O monstro fazia os seus gestos bizarros no ar e cada vez mais a Realidade se altera.
Quando tudo mais estava perdido, porque aqueles homens estavam prestes a serem consumidos pela "Nuvem de Caos", um círculo de Luz surge no Ar e dele saíra um homem sentado num veículo que lembrava uma engenhoca constituída de engrenagens e tubos de metal. Como estivesse pedalando numa manhã de Domingo, o homem conduzindo o seu veículo estranho "pousa" no suposto chão feito de algum composto semilíquido.
Ao descer do transporte, o homem faz um gesto, um estalar de dedos, que tudo volta ao normal.
Inclusive o monstro que reverte em sua condição anterior...
— Quem ousa?! — brada a garotinha que estava provocando todo aquele Caos.
O homem, vestido com roupas do início do século vinte, põe as suas duas mãos no bolso.
— Eu que te pergunto... Como ousa alterar a minha Realidade sem a minha permissão? — questiona o homem de bigode e demonstrando irritação.
— Eu sou Nyarlathotep! O Caos Rastejante! Mensageiro de Azathoth! — brada a garotinha de antena de cabelo furiosa.
O homem de roupas antigas e olhar sardônico faz um debochado sorriso:
— Acho que há um equívoco aqui. Eu sou Nyarlathotep. O Caos Rastejante e Mensageiro de Azathoth — revela o homem com um sorriso irônico.
A garotinha fica ainda mais furiosa e faz um gesto fazendo menção de estrangulamento no pescoço o homem com uma das mãos.
O homem cruza os seus braços como esperasse alguma coisa...
E nada acontece.
— Ué? — questiona a garotinha olhando as suas mãos com surpresa e curiosidade.
Súbito, o homem segura com seu dedo indicador e o seu polegar na ponta do seu queixo como pensasse em alguma coisa.
— Por acaso, tu enfrentaste algum Antigo? — questiona o homem de bigode.
— Nodens — foi a sua resposta.
O homem de roupas antigas abre os seus braços.
— Está explicado. Você é uma versão futura minha. Nodens é ardiloso e adora usar paradoxos para escapar de situações complicadas.
A garotinha faz uma expressão de incredulidade.
— Futura?! Que palhaçada é essa?! Eu não viajei no Tempo?!
Com um sorriso sádico, o homem interpõe:
— Mas seguiu o seu rastro "marcado" como fosse uma trilha de pão. Imagino que nem se atentou que o maldito usou uma distorção espaço temporal. Um "Buraco de Verme". Usando os meus poderes, concluo que tu foste até a Galáxia de Andrômeda e retornou para cá, provocando um paradoxo. Duas versões de mim mesmo numa mesma Realidade. Brilhante... — admira o Caos Rastejante em sua máscara masculina e adulta.
— O que está querendo dizer que somos o mesmo ser só que em épocas diferentes? — questiona a garotinha com um olhar nitidamente desconfiado.
O homem põe as suas mãos nos bolsos de sua calça e retruca o olhar inquisidor da entidade com serenidade.
— Bem... Calcular 2,54 milhões de Anos-luz de distância entre este planeta e até a Galáxia de Andrômeda sem algum erro de cálculo nas distorções espaço tempo seria uma surpresa até para mim. Convenhamos... Não ligamos muito para qualquer espécie de manutenção da Ordem Cósmica, não é verdade? — observa o homem que se dizia ser o Caos Rastejante.
A garotinha coça o seu queixo e observa os militares que apontam as suas armas inúteis para a dupla de seres.
— Bah! Cansei! Vou embora. Eu já acabei com o Nodens e destruir formigas é uma perda de tempo. Adeus! — E a garotinha desaparece como fumaça.
O homem caminha lentamente em direção da cabeça do velho barbudo e cabeludo esquecido pela garotinha maligna.
O clima de tensão não cessa.
Afinal, aquele homem que enfrentou aquela "máscara" de Nyarlathotep alega ser a mesma entidade.
Os militares continuam a apontar as suas armas na direção do homem vestido de terno.
O Sargento Lima rapidamente se aproxima da sua noiva e a abraça demonstrando preocupação.
Como um passe de magica, a mão vestida com uma luva faz um gesto que provoca uma levitação na cabeça do suposto Antigo destruído.
— Ele era o seu amigo, Sargento Lima? — pergunta o homem de bigode.
Com ainda o resto de coragem que possuía, o militar responde:
— Éramos aliados.
O homem segura a cabeça como fosse citar alguma peça famosa de Willian Shakespeare.
— "Alias, pobre Yorick! Eu o conheci, Horácio. Era um título magnífico. Estes buracos de olhos foram algarismos de brilhantes, safiras e opalas. Aqui, onde foi nariz, havia um promontório de marfim velho lavrado; eram de nácar estas faces, os dentes de ouro, as orelhas de granada e safira. Desta boca saíam as mais sublimes promessas em estilo alevantado e nobre. Onde estão agora as belas palavras de outro tempo? Prosa eloquente e fecunda, onde param os longos períodos, as frases galantes, a arte com que fazias ver a gente cavalos soberbos com ferraduras de prata e arreios de ouro? Onde os carros de cristal, as almofadas de cetim? Diz-me cá, Horácio." — citou a lendária cena do cemitério da peça Hamlet.
— Para um ser que deseja destruir a humanidade, o senhor conhece bastante a nossa cultura... — observa o Sargento Lima abraçado a sua noiva esperando pelo pior.
— Sou um humanista. Adoro provocar o Caos entre vocês. É divertido! — retruca o monstro.
— Ainda mais tendo o rosto de Nikola Tesla? — questiona a Capitã Duarte recordando a semelhança facial da criatura.
Com uma expressão de galã de novela mexicana, o Caos Rastejante sorri:
— Porque a minha inteligência é muito mais superior do que o mais genial dos seus pares — foi à resposta.
Então o homem de bigode começa a jogar com a cabeça do Antigo como fosse um balão de festa cheio de ar.
— O que vai fazer? — pergunta o sargento Álvaro Lima esperando pelo pior.
— Isso. — E ocorre uma cena bizarra.
A cabeça do homem de bigode é retirada do seu corpo por suas próprias mãos como fosse um boneco e é substituída pela cabeça do ente barbudo conhecido como Nodens.
Todos ficam chocados.
— O que foi?! Nunca viram uma troca de máscara? — retruca o velho que assume a aparência do antigo Deus caçador.
O sargento fica sem palavras.
— Por que não agradece e segue a sua Vida mortal com a sua linda e futura esposa? — questiona o velho com a sua veste de peles e porte de caçador da idade da pedra.
— Como?! — balbucia o militar.
— Sou um Antigo. Posso dar este tipo de luxo. — E sorri. — Não se preocupe com a sua colega, vou leva-la de volta ao mundo dela. Você serviu-me bem, Humano.
Fazendo um gesto que imitava a saudação humana da placa de ouro da sonda Voyager, o Antigo desaparece lentamente aos olhos daquele casal de militares abraçados e abismados com a estranha aventura que testemunharam.
Em algum planeta inserido em alguma estrela daquela que os humanos chamam de Galáxia de Andrômeda, o Sargento Lima desperta. Os seus olhos encaram aos olhos preocupados de uma mulher que o abraça com carinho.
— Gendora... O que houve? — pergunta o militar um pouco confuso.
— Nós conseguimos! Vencemos o monstro que estava destruindo a cidade! Aquele seu aliado barbudo ludibriou a garotinha e selamos aquela coisa naquele ritual da Duquesa Milena — revela a amazona.
— Minha senhora se arriscou muito para fazê-lo! — observa a baronesa Irene em pé de braços cruzados.
O rosto do militar se inclina em outra direção e vê a Curandeira Cristal com a mão em seu peito.
— Devagar, homem... Eu ainda estou tratando de suas feridas — repreende a licantropa felina ainda em sua forma humana.
— Pensei que estivesse morta... — comenta o sargento ainda um pouco confuso.
A mulher faz um bico de desaprovação.
— Por mais que aquela Ninfa tentasse e desejasse, ainda não estou morta — retruca a curandeira.
— E olha que quase consegui... — revela Solicípia com um grilhão preso em seu pescoço.
— Cale-se, mulher! — ordena o jovem aprendiz de mago Flávio Dellconde segurando à corrente que contêm a perigosa Ninfa. — O sargento precisa de tempo para se recuperar.
Instintivamente, o militar se sente aliviado.
A sua mente está muito confusa. Muitas de suas memórias ficaram embaralhadas. Até o seu passado no seu mundo de origem ficaram nebulosas. Não é que desejasse voltar ao seu antigo mundo, porém os seus sentimentos se aperceberam que não é mais necessário se preocupar com isso.
— Bem... Acho que foi mais uma missão cumprida. Vamos voltar para a Guilda e receber a nossa recompensa — decreta o militar sentado e procurando se levantar auxiliado pela bela amazona ruiva que o segura com carinho e firmeza.
Fim do Capítulo Quinze.
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