Capítulo 3 - P.O.V Carrie
O céu já estava claro quando Carrie acordou, desmaiada, sobre o dorso de Vênus.
A estrada de barro já havia passado e, Vênus, andava sobre paralelepípedos muito desgastados e fora de lugar, devido ao tempo em que foram colocados. Carrie se lembrou de como aquela estrada era cheia de vida quando saía com seu avô para A Doca. Era normal haver pessoas oferecendo mantimentos aos viajantes, como frutas, e, até, uma tapioca que, de tão bem preparada, chegava a substituir uma refeição facilmente. Mas, com a construção de uma ponte que ligava aquela comunidade a cidade da Ilha dos Sussurros, muitos se esqueceram daquele lugar que, um dia, movimentou tanto dinheiro, fosse pelo seu comércio ou pelo turismo.
Carrie desceu de Vênus que já havia diminuído o ritmo de seus passos para meros trotes. Árvores continuavam a cerca-las, mas já não eram tão densas, na verdade, o que se mais via por ali, era um amontoado de rochedos e de matas rasteiras com frutinhas que, para muitos, pareciam comestíveis até colocar o primeiro pedaço na boca. Carrie resolveu dar uma parada para ver se conseguia algo para as duas comerem, mas quem fez todo o trabalho duro, na verdade, foi Vênus que, com menos de cinco minutos, apareceu com um tatu-bola pendurado em sua boca. Nem pra caçar eu sirvo, meu avô tinha que ter me ensinado a caçar sem arma também. Carrie jurou que pôde ver uma risada irônica aparecer na bocarra de sua loba.
— Se eu estivesse com minha arma, agora, estaríamos comendo toda aquela matilha! – bradou Carrie, agora, indo à busca de madeira seca para fazer uma fogueira. Mas durante o percurso, pensando melhor, Vênus não iria gostar de comer um de seus irmãos. Percebendo a besteira que havia falado, riu disso.
Na medida em que se aprofundava mais na mata, era comum ver alguns galhos caídos que, com facilidade, ia juntando em seus braços, mas algo a incomodava. Há alguns minutos ela se sentia estar sendo vigiada. Não ouvia nada, a não ser o vento ou o canto de alguns pássaros. Não via nada, a não serem árvores e pedras. Era apenas uma sensação, mas que não se deixava enganar. Algo de errado não está certo.
Não demorou pra que achasse um dos rios que desembocava na Doca, algo que já esperava acontecer. Mas, com toda certeza, não estava em seus planos encontrar um rapaz de pele bronzeada, se banhando naquele rio.
Carrie se escondeu atrás de uma daquelas grandes pedras que circundavam o rio. O moço tinha cabelos lisos negros, que não eram finos, mas grossos, encharcados de água. Colocou com cuidado os galhos no chão e continuou a observa-lo, enquanto suas mãos tateavam o chão em busca de alguma pedra, fosse para atacar ou para se defender. Mas, antes que pudesse pensar em fazer qualquer coisa, um baque foi ouvido. Seu ouvido começou a zumbir e sua visão, por um momento, ficou turva. Levou suas mãos a nuca e percebeu que sangrava. Virando em direção de onde o ataque veio, vislumbrou um garoto, não tão grande, mas também não tão pequeno. Devia ter seus quatorze anos. E assim como o homem que se banhava no rio, tinha pele acobreada, mas pinturas arcaicas eram evidentes em todo seu corpo. Antes que sua visão escurecesse por completo, buscou o homem que vigiava e percebeu que ele vinha ao seu encontro. Merda.
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