dezenove
A primeira coisa que eu pude pensar naquele dia foi: fodeu. A moça simpática anotava todos os meus sintomas enquanto eu tentava parar de chorar, mil vezes droga.
Garganta trancada e mais um milhão de sintomas, podia ser só uma gripe mas ao mesmo tempo não. Milhares de pessoas haviam morrido, milhões haviam sido contaminadas, eu seria só mais um número, não era justo.
Peguei o meu atestado enquanto tentava não ficar nervosa com a situação, eu faria o exame na próxima segunda, ou seja, ficaria angustiada por mais cinco dias.
Foi no carro em direção à minha casa que eu pensei no Noah, se eu estivesse contaminada, ele também estaria. Mandei uma mensagem dizendo para ele me ligar, a gente precisava conversar.
Ele respondeu quase que no mesmo minuto, ele sempre acordava de manhã e aquilo era uma loucura afinal ele não tinha motivos para aquilo. Talvez ele não estivesse conseguindo dormir.
— Oi, tudo bem? — A voz era de sono, tão fofo. — Aconteceu alguma coisa? Você me deixou preocupado.
— Noah eu.... — Senti as lágrimas se formarem nos meus olhos, eu estava extremamente assustada e desesperada.
Não por mim mas sim por todas as outras vidas que eu iria desgraçar. Eu era forte, sobreviveria, mas e quanto às pessoas mais frágeis ao meu redor? Eu era uma idiota, eu não deveria ter saído, não deveria ter ido para um lugar com tanta gente.
— Tudo bem, vai no seu tempo.
— É que vai ser uma coisa que pode te prejudicar também.
— Você está me assustando. — Ele deu uma risadinha fraca, ele era um amor.
— Bem, na segunda eu me senti meio estranha, eu não estava conseguindo respirar e estava ficando cansada muito facilmente, também fiquei meio enjoada e tonta a maior parte do tempo.
— Certo....
— Minha garganta estava meio esquisita mas hoje ela piorou em um nível absurdo, tirando que o meu nariz também trancou. Eu fui para o hospital, eles me afastaram por uns dias e na segunda eu vou fazer um exame....a médica disse que pode ser só uma gripe mas até o momento, eu estou com suspeita de covid.
Ele ficou em silêncio, provavelmente tão assustado quanto eu. Comecei a chorar mais ainda, eu não queria que ele estivesse naquela situação e pior, por minha culpa.
— Vai dar tudo certo, vai ficar tudo bem.
Conversamos por mais algumas horas, ele estava tão preocupado quanto eu mas não estava demonstrando tanto. Ele queria ser forte, para poder me dar todo o apoio que eu tanto precisava.
E funcionou, pela primeira vez na vida, eu estava sentindo que tinha alguém de verdade e o que eu sentia por ele, ficava mais intenso a cada dia.
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