I.
É apenas uma casa.
Foi a primeira e única coisa que passou pela minha mente ao descer do carro e dar uma boa olhada nas janelas antigas, na tinta descascando das paredes. Não havia realmente nada de especial naquele velho amontoado de tijolos e poeira e silêncio, nada de diferente ou incomum. Apesar da aparência decaída, aquela era apenas uma casa como tantas outras, abandonada como tantas outras.
É apenas uma casa, eu pensei ao jogar a mochila sobre os ombros, as palavras repetindo em minha mente como um mantra enquanto eu subia as escadas de madeira mofada da varanda. Apenas uma casa com histórias e memórias e passado, assim como tantas outras naquela pequena cidade esquecida pelo mundo. Apenas uma casa velha, esquecida, e nada mais.
"É apenas uma casa velha," eu disse para mim mesmo em um sussurro ao agarrar a maçaneta de bronze há muito enferrujado, como se dizer aquelas palavras em voz alta fosse o suficiente para banir qualquer outro pensamento tentando me fazer recuar. "Apenas uma casa-"
-perversa.
Respirei fundo, uma, duas vezes. Não era medo que me guiava naquela tarde friorenta de fim de inverno, nem os sussurros vindos, de alguma forma, das macieiras apodrecendo no quintal. Por que haveria eu de ter medo de histórias velhas sobre uma casa velha, de um simples farfalhar de folhas e galhos secos?
"É apenas uma casa." Disse por uma última vez, e finalmente abri a porta.
Muitas histórias começam com uma casa, ou com um fantasma.
Outras começam com um sentimento.
A minha começa com outra história.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro