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❝ temporizar ❞

[ conto ]

A raridade do tempo


Enquanto as casas e as pessoas passam pela janela do ônibus, a garota de olhos violeta se pergunta qual é o sentido de correr tanto contra o relógio. Afinal, a vida não passa de uma vertiginosa soneca: fechar os olhos para descansar e perceber que o tempo não está a nosso favor. Dar-se conta de que 24 horas se parecem mais com 30 minutos, frustrar-se por esperar o amanhã para fazer aquilo que deseja fazer hoje e, no final, não conseguir concretizar a própria promessa nem para si mesmo.

Contar segundos é como contar frustrações.

O sol indica o dia e a lua indica a noite, mas ela se pergunta onde está o seu papel a desempenhar nesse meio tempo. A mente dela está tão inquieta quanto as folhas farfalhantes que consegue, ligeiramente, mirar por meio do vidro sujo. Os cabelos dela estão quase caindo de modo totalitário por sobre o rosto esbranquiçado, sempre tentando amenizar a vergonha de ser quem é.

Perguntas e mais perguntas afligem a pobre alma da jovem distinta, como um ritual torturante, ao qual, este, ela não consegue se desprender. Ela não entende, não aceita e não compactua com o que presencia diariamente. Os olhos violeta, ainda mirando o lado de fora, tentam não fotografar a miséria ambulante que avistam.

Se tudo o que podemos ver pertence a nós, por que não podemos aproveitar?

Sente-se como um passarinho na gaiola, com toda a vista da floresta adiante que poderia sobrevoar, mas preso em seu limbo metálico, frio e entristecido.

A busca pela felicidade deveria ser tão incerta?

A busca pelo propósito de viver deveria ser tão árdua?

A busca pelo alívio de realizar um sonho, um que seja, deveria aparentar ser tão impossível?

A garota de olhos violeta e pele esbranquiçada não compreende. E não compreender a causa revolta, sofrimento, angústia.

O que será que ela pode fazer para dar um teto a todos os moradores de rua? O que será que ela pode fazer para alimentar todos os animais abandonados? No final das contas, eles também não são donos de tudo isso o que nossos olhos podem alcançar? Então, por que eles não possuem um lugar para ficar? Há distinções entre roupas e salários, mas não há valorização entre um bom ou mau caráter? O que temos por dentro deveria ter mais valor do que aquilo que ostentamos com tanto afinco pelo lado de fora? Se é preciso apenas um instante para o dar e o tirar de uma vida, quantos séculos mais precisaremos para evoluirmos como seres humanos?

A garota limpa uma teimosa lágrima que escorre sutilmente pelo canto direito de seu olho, encolhendo-se no assento almofadado do transporte público. A maciez está apenas dando-lhe a falsa sensação de conforto, como tudo o que se assemelhava às campanhas políticas e aos discursos motivadores.

Afinal, o que é ser um "humano"? É andar sobre duas pernas? É falar vários idiomas? É ter inventado o dinheiro? É ter uma mente "racional"? É tomar banho e se alimentar com certa privacidade e modos? Ou é a capacidade de desmatar a nossa fauna e flora? A pressa em não construir relações duradouras? A falta de empatia? O coração amargurado por causa das fases da vida? A solidão por não confiar verdadeiramente em ninguém? O dar de ombros por prejulgar que o outro não se importa?

Tempo, tempo, tempo torturador.

Uma senhora de cabelos brancos e sacolas pesadas nos braços adentra o local, movimentando-se com dificuldade pelo corredor lotado de pessoas, humanos individualistas que se preocupam apenas com o tempo.

Relógio de pulso, relógio digital, relógio na tela do celular.

De pronto, a garota de olhos violeta sentiu-se envergonhada por ter conhecimento de sua raça, de seu sangue e de sua descendência. Se não conseguimos nem ser solidários com alguém semelhante a nós, como podemos ajudar as espécies diferentes que querem viver em harmonia conosco?

Então, a garota de pele esbranquiçada levanta-se e cede o lugar àquela senhora vivida e cansada, ranzinza pelo tempo. Com um sorriso, agradece. A mais jovem segura-se na barra de ferro acima de sua cabeça e reflete sobre o quanto de força a mais velha deve ter, já que ainda parece respirar com facilidade em meio a tantos anos de caos, sendo humana.

Por fim, a garota de olhos violeta conclui: ser humano é ser qualquer coisa que não seja "eu mesmo". É fugir constantemente daquilo que está impregnado em meu falho agir, em minha apodrecida raiz. É estourar a bolha que construímos em volta de nós mesmos. É olhar para os lados e, verdadeiramente, enxergar.

Correr e andar com o tempo, não, contra ele.

Chegando ao seu ponto de descida, a garota de olhos violeta e pele esbranquiçada, deseja ser mais do que o monstro que criou dentro de si mesma, acreditando ser mais do que ele a diz ser. E, enquanto ela segue seu caminho costumeiro, mal nota a bolha daquela senhora se estourando também, libertando-a, depois de anos, de seu limbo em forma de gaiola metálica, permitindo que ela, enfim, possa sobrevoar seus sonhos.

Naquele momento, aconteceu o seguinte: a garota albina de olhos violeta, por meio de um ato gentil, recebeu, da senhora com problemas no joelho, um sorriso raro, quebrando o ciclo de preconceitos que as envolvia.

Ser uma pessoa albina, para a garota de olhos violeta, não passava daquilo que ouvira, há tempos, de seu médico: um distúrbio congênito caracterizado pela falta de pigmento na pele, nos cabelos e nos olhos, por causa da ausência de melanina. Entretanto, para aquela senhora, e muitas outras pessoas, as características distintas daquela garota, tornaram-se um sinal claro de que ela possuía não só uma alma especial, mas um corpo também.

Contar segundos, na verdade, era como contar milagres transformadores, mesmo que a garota albina de olhos violeta estivesse, apenas, começando a percebê-los.

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