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❝ maternizar ❞

[ carta ]


22 de setembro de 2019, às 22h23.


Mãe,


Eu sempre imaginei que, ao crescer, quando voltasse a lhe escrever cartas (resgatando o meu hábito expressivo de criança), a primeira delas seria para lhe contar sobre a minha conquista. O meu maior prazer seria lhe escrever sobre a sua razão de possuir orgulho em mim, em sua filha mais velha.

Entretanto, a dor que aflige meu coração e o sentimento que impulsiona minha alma a escrevê-la, nesse momento, são por notícias amargas. Enquanto a senhora dorme ao lado da minha única e caçula irmã, eu choro. Intensa angústia corrói o meu peito e só consigo repetir para mim mesma que "eu falhei".

Por favor, peço que não se apavore ou se preocupe, tais inseguranças e eu, já somos amigas há bastante tempo. Eu costumava caminhar e conversar com elas, mas, hoje, não falamos mais a mesma língua. Por vezes, pego-me desejando voar, correr, gargalhar. Pego-me com anseios de viver, expirar, inspirar e, como sanguessugas, elas, as inseguranças, fazem-me desanimar. Tenho em mente que elas não gostam do meu sorriso tanto quanto a senhora.

Ah, mãe... Saber lidar com a minha escuridão é a minha fórmula secreta para continuar iluminando vidas alheias. As palavras que machucam em mim, causam sorrisos, reflexões e inspirações em outros corpos. Por isso, costumam introduzir a palavra "relativo" em todas as formações de opinião, afinal, cada indivíduo possui seu próprio par de olhos e seu próprio modo de tirar conclusões.

Eu vejo diferente, lembra-se? A senhora costumava me acalentar com essas afirmações, dizendo que eu era "diferente de um jeito bom". Seus olhos se enchiam de lágrimas quando eu lhe contava que estava ferida, machucada na alma e no coração, nunca no físico. Eu era a criança que chegava em casa contando sobre as preocupações com as amizades escolares, sobre as questões familiares de uma e sobre a falta de alimentos de outra, nunca sobre mim.

Nunca é sobre mim.

Mãe, eu nunca me enxerguei, não é? Nunca consegui me preocupar só comigo, nunca cogitei a ideia de ser apenas "eu". É horrível, é descabível. Depois de me sentir frustrada e completamente perdida dentre tantas pessoas que passavam ao meu redor todos os dias, eu notei que não existo. Nunca me permiti existir e eu sinto muito.

Meu interior está em prantos, pois acredito ter perdido a capacidade de chorar com lágrimas que banham a face, morrem nos lábios ou deslizam pelo pescoço. Somente minh'alma sente. "Eu falhei", é o que consigo, enfim, reconhecer para a garota que ainda me parece uma total desconhecida, encarando-me do espelho, "você falhou."

Lembro-me de que, certo dia, a senhora me contou a história de como havia perdido duas crianças antes de eu, por fim, resolver nascer. Seu rosto ficou tão feliz ao admitir que eu não fui planejada, mas que fui recebida com todo o amor do mundo. Meu progenitor não sentiu o mesmo, não é? O homem que deveria ter ficado ao seu lado, ter apoiado você, fugiu, fingiu que eu jamais havia acontecido. Ele nunca fez nenhuma falta, a senhora sempre esteve comigo. E eu sinto muito por ter sido o motivo que a fez enfrentar todos aqueles leões sozinha, sinto muito por não conseguir ajudá-la a vencer alguns desses gigantes hoje.

Há feridas em meu coração, mãe. Nenhuma delas é culpa sua. Portanto, saiba que cada vez em que a senhora se tortura com um peso que não é seu, o meu duplica de tamanho sobre os meus ombros. Sim, eu deveria estar dormindo, descansando para enfrentar uma nova semana. Todavia, não há paz o suficiente em meu cérebro para tal feito. Meu desejo não é adormecer por horas, é nunca mais voltar a abrir os olhos depois de fechá-los. Desculpe-me, peço perdão, sei que não é isso o que eu deveria deixá-la saber.

A senhora deve estar se perguntando o porquê de eu ficar repetindo que "falhei", sendo que, aos seus conhecimentos, eu tenho todas as qualidades que sua memória pode lhe fazer lembrar. Dói em mim ter que lhe revelar isso, mas eu não alcancei suas expectativas, nunca alcançarei as expectativas de ninguém. Eu mal consigo alcançar a mim mesma.

Digo que falhei porque não sou corajosa o bastante para persistir em meus sonhos. Falhei porque não sei lidar com nenhum tipo de conflito, por menor que seja. Falhei porque não consigo me enxergar de verdade. Falhei porque, mesmo sabendo que o tempo não me espera, eu não sei utilizá-lo ao meu favor. Falhei porque não me tornei a mulher que a senhora esperava. Falhei porque a opinião dos outros sempre prevalece sobre a minha. Falhei porque não sou a melhor no que faço. Falhei porque me acomodei em minhas tristezas e me rendi a derrota. Eu falhei porque...

O ponto final continua insistindo em aparecer em minha história, mesmo que eu ainda sonhe em vê-lo como uma vírgula, dentro dessa patética incógnita que sou. Queria, apenas uma vez, escrever a vida real, as linhas da minha autobiografia, como uma linda e inesquecível canção de ninar antes de, no final, fechar os olhos.


Com as partes que ainda estão vivas em mim,

Sua filha

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