❝ INCRIMINAR ❞
Sou muito cruel. APRISIONO-ME em jaulas escuras, sem dar-me o que comer ou beber. DEIXO-ME no canto menos privilegiado da sala, sem visão para o palco da minha própria vida. DIGO-ME todas as palavras sujas e depreciativas que possuo em meu vocabulário. ESQUEÇO-ME de que sou amante das mais belas letras, das mais belas colheitas. ABANDONO-ME na sarjeta dos sonhos, perto o bastante para manter-me esperançosa, porém, nunca perto o suficiente para dar-me a chance de tocar nas estrelas. LARGO-ME sem roupas, sem maquiagem, sem sorrisos. PRIVO-ME dos bons afagos, das maravilhas do mundo e das chances nobres de poder errar. APONTO-ME o dedo acusatório, cuspindo todos os arrependimentos que carrego sobre os ombros feridos. GRITO-ME que sou cruel, um ser humano desprovido de perdão que, por vezes, encontra autopiedade. Ah, as desculpas que eu utilizo para safar-me de mim mesma... Elas costumavam bastar. Costumavam, porque não mais consigo me SUPORTAR.
Sou muito cruel. PEÇO-ME perdão e RECUSO-ME a aceitá-lo. DESTRUA-ME, vida, antes que eu mesma não consiga mais parar de me INCRIMINAR.
"DECLARO-ME culpada, por não conseguir me AMAR."
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De degrau em degrau, a culpa faz descer o perdão.
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