A amizade é uma dança de universos distintos. No início, é tudo mais fácil. Os pés e as mãos seguem a mesma melodia, enquanto um vem o outro vai, causando o equilíbrio da relação, da canção. As cabeças giram com a mesma vagarosidade de uma nuvem deslizando pelo céu, olhando para o mesmo ponto de foco. Os dias são agradáveis, contáveis, inverno transformando-se suavemente em verão. Então, a música cessa e os planetas soltam as mãos.

Completam uma translação.

Uma rotação.

A amizade é uma dança de universos distintos. Há festas com melodias alegres e baladas com sons ambientes, há coreografias de momentos bons e ensaios de momentos ruins. Há frestas de luz dentre os dias cinzas e nada parece ter fim. Lembro-me de poder tocar as folhas das árvores pela rua, apreciar as pessoas em meio ao barulho dos carros e correr, correr até o infinito, pois sentia o meu parceiro ao lado, aquela galáxia denominada por mim como "amigo". Então, a música cessou e nós soltamos as mãos.

Completamos uma translação.

Uma rotação.

A amizade é uma dança de universos distintos. Cada órbita é especial, somente enquanto a música serve de abrigo. Risos incomparáveis e toques inesquecíveis, até que o som trave, o disco arranhe e o planeta divague. O Sol deveria nos manter unidos, já que todos tememos o frio congelante que nos alerta sobre o perigo. Planeta com planeta, até a música recomeçar. Intensa de se admirar, promessas estreladas que não tardam a passar. Então, a dança cessa para trocarmos de par. Soltamos as mãos.

Então, parei.

Tudo parou.

Silêncio... e acabou.

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Mesmo os universos independentes já ouviram falar das músicas que não podem ser dançadas sem um par.

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