Capítulo Vinte e Dois
Uma vez durante uma aula de História eu imaginei como seria a minha vida se eu tivesse começado a existir naquele exato momento. Por que diabos eu tinha que aprender sobre budismo, confuncionismo, cristianismo, Japão, Rússia e Estados Unidos querendo dominar a Coreia? Que utilidade isso vai ter na minha vida afinal de contas? Sou uma simples adolescente tentando me formar!
Sempre quis ver o futuro sem nunca precisar olhar para trás.
Atrás ficava a dor e a tristeza de ter perdido minha mãe. A dor de ver meu pai desesperado sem saber como criar uma menina de oito anos sozinho. "Você precisa ter paciência e seu destino virá a você". Ouvi essa frase tantas vezes que parei de dar atenção a ela. Agora, presa nesse limbo, tudo o que ouço é a voz da tia Kim Min Seo me dizendo ela repetidas vezes. Se eu não tivesse tido pressa e cortado caminho, minha vida não estaria a bagunça que está agora. Ao mesmo tempo que Jungkook não deveria ter fugido do passado dele.
Senti meu corpo sendo carregado para algum lugar mais aberto. Pude sentir o vento de alguns ventiladores de mão virados para o meu rosto e de longe ouvi de novo a voz de Madame Min e Han Mi Mo. "Que ótimo, desmaiei de novo" - pensei cansada. Quantas vezes vou precisar desmaiar para finalmente acordar no meu corpo? Quantos tipos diferentes de trauma terei que viver até Deus, Buda ou sei lá que entidade superior fez essa merda toda cansar de brincar comigo e me mandar de volta para o meu lugar? O que eu preciso aprender afinal de contas?
— Acho que vamos precisar cancelar a agenda de hoje e...
— O que? Por que?
— Olha para ele!!! Quantas vezes ele precisa desmaiar para que a gente entenda que Jungkook-ssi está doente?
— Mas o médico disse que ele tá bem!
— Você sinceramente acredita nisso? Ele acabou de desmaiar do nada!
— Será que vocês podem calar a porra da boca...? — consegui dizer abrindo os olhos.
— JUNGKOOK!— várias vozes gritaram ao mesmo tempo. Vi-me rodeada por todos os membros, incluindo o próprio Jungkook dentro do meu corpo e Han Mi Mo.
— Como se sente? — perguntou Namjoon ao meu lado. Ele parecia tão cansado quanto eu de toda essa coisa de perda de memória, cansaço e desmaios.
— Você quer a resposta sincera ou a resposta certa? — perguntei sem encarar ninguém.
— Ele tá bem. Já consegue fazer piada. — ouvi Jin dizer. Ele deu uma risada falsa que ninguém acompanhou. — Muito cedo? Ok.
Passei a mão na cabeça, ganhando tempo e tentando organizar o fluxo intenso de pensamentos aleatórios que passou por ela nesses trinta segundos acordada. O que Madame Min estava fazendo ali? Como ela entrou? Por que Mimo e Jungkook estão com essa cara de desespero? Por que eu tenho a impressão de que as coisas vão piorar? Tantas perguntas em tanto tempo para responder à única que importa: estou tendo uma crise aguda de ansiedade.
— Jungkook-ah. — ouvi a voz de Namjoon. Encarei os olhos dele e senti que ele estava tão ou mais cansado do que eu. Tive a impressão de que os olhos dele estavam mais caídos que o normal e, definitivamente, a maquiadora não fez um bom trabalho porque eu podia ver claramente as olheiras do líder. — O que você tem? Estamos todos entre amigos e... — e ele olhou para Madame Min.
— Oh, eu sou amiga também! Não se preocupe comigo, querido. Continue... — falou agitando a mão como se pedisse para que todo mundo fingisse que ela não estava ali. Uma coisa muito difícil, já que sempre que ela se movia provocava vários tipos diferentes de som.
— O que está fazendo aqui? — perguntei.
— Vim te ajudar, querido. — respondeu com um sorriso enigmático. Olhei para Mimo e Jungkook e ambos desviaram o olhar, constrangidos com alguma coisa que eu não sei. Também não sei se quero saber. Fiz menção de me levantar e Taehyung e Jimin prontamente se colocaram cada um de um lado, me ajudando.
— "Ajudar", ela diz. — zombei, desvencilhei os braços de Jimin e Taehyung e andei com firmeza em direção à Madame Min. — Todas as vezes que tentou me ajudar, as coisas ficaram piores. Minha vida teria sido bem melhor se eu nunca tivesse passado perto de você.
— JUNGKOOK! — ouvi minha própria voz gritando.
Olhei na direção dela e foi como olhar num espelho e me ver furiosa. Bem, já que não vamos sair disso tão cedo, não vou mais olhar para Jungkook como alguém dentro do meu corpo. Agora eu sou ele e ele é eu.
— O que? Não finja que isso não te afeta também. Cansei dessa putaria. Eu quero essa mulher longe de mim. — apontei para Madame Min e apelei para o resto do grupo. — Foi ela que me deixou assim. Foi por causa de alguma coisa que ela me deu que eu comecei a ficar doente. — menti. Algo em minha voz deve ter soado como o verdadeiro Jungkook, porque bastou olhar para os outros para perceber que acreditaram em mim imediatamente. Alguém da staff tomou a frente e começou a afastar a velhota de mim.
— Jungkook-oppa, ela está dizendo a verdade, veio te ajudar. — Han Mimo tomou a frente e tentou segurar minha mão. Afastei-me com raiva. Era culpa dela também. Fingi não ver o olhar de espanto e mágoa que ela fez.
— Eu quero ficar sozinho. — falei. — Não precisa cancelar a agenda. Só preciso de dez minutos sozinho. — expliquei para os outros, fingindo que não havia mais ninguém além deles ali. Passei em meio a xamã, minha melhor amiga e meu próprio corpo como se eles não existissem até que senti alguém tentando me segurar.
— Você precisa me ouvir, Jungk...
— PRECISO O CARALHO! — explodi. Tentei fazer um movimento rápido para me desvencilhar de novo e então percebi que era Jungkook quem tentava me segurar. Assim que minha mão chocou com a dele uma explosão de luz e som me atingiu em cheio no peito e me vi sendo lançada longe. O mesmo aconteceu com Jungkook e os outros, como se uma bomba estivesse literalmente explodido entre nós dois e atingido todo mundo por tabela.
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NOTA DA AUTORA: não desistam de mim!!
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