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˖࣪ ❛ CAPÍTULO TRINTA E DOIS
— 32 —
PERSÉFONE ESTAVA NO terraço da casa que lhe causava pesadelos, a mesma em que confessara seu passado a Mecías. Mas com o peito doendo e o olhar fixo na floresta e nas estrelas, ela não se intimidou ao sentir passos dançantes atrás dela.
Ela não se virou nem olhou ao sentir como eles se apoiavam no mesmo corrimão onde ela estava, mantendo-se a menos de um metro de distância. Perséfone não sabia se ela fazia isso de propósito ou era apenas engenhosidade e gentileza da garota.
— Que noite. — Alice disse em sua voz doce, mas eu ainda podia ouvir a preocupação nela.
— Sim. — Perséfone limitou-se a murmurar sem tirar os olhos da floresta.
Alice se aproximou ainda mais de Perséfone sem nenhum disfarce, a híbrida por inércia se mexeu desconfortavelmente com a aproximação repentina da pequena vampira que seu atual companheiro havia deixado para ela.
Sim, foi muito incômodo para Persa, mas Alice se sentiu serena e contente em invadir o espaço pessoal da garota.
Persa se mexeu desconfortavelmente. — O que? — ela perguntou olhando para ela com o canto do olho.
Alice olhou para ela com um leve traço de constrangimento. — Não posso ficar ao seu lado? — a duende perguntou com um leve sussurro.
Persa franziu os lábios e voltou o olhar para a floresta, intrigada com o comportamento da ex-namorada de Jasper. Ela sabia que Alice era incapaz de matar uma mosca e, se matasse, devia ser um inseto muito chato; o que ela não sabia era se essa era uma maneira indireta de se vingar de Jasper por escolhê-la em vez de Alice.
— Quando estou perto de você, é como se eu pudesse fechar meus olhos. — explicou a garota ao lado de Perséfone, que a olhou. — Tudo desaparece.
Persa sorriu levemente. — É por causa do lobo.
Alice deu de ombros e a socou de brincadeira. — Sim. Exceto pelo cheiro daquele cachorro molhado — Persia riu, voltando o olhar para a floresta.
— Estou feliz por poder ajudar alguém. — respondeu a híbrida antes de dar um sorriso a duende.
Alice sorriu de orelha a orelha e não hesitou em se aproximar dela, entrelaçando seus braços no processo e deixando sua cabeça apoiada no ombro da ruiva, curtindo os momentos de paz.
— Muitas vezes meu lobo bloqueou meus próprios poderes. — contou Perséfone sem deixar Alice. — É por isso que os descobri anos depois da minha transformação em vampiro.
— Eu não sabia. — Alice murmurou, e Persa deu de ombros.
— Foi divertido ser livre.
★
Perséfone terminou de arrumar os sanduíches que havia preparado para sua mochila com Esme e saiu de casa pronta para entregar a comida para eles.
Visualizando os três juntos em um lado do lago, ele correu com velocidade de vampiro até alcançá-los.
— Bom dia, meus cães favoritos. — disse Perséfone alegremente com um sorriso.
Seth foi o primeiro a se virar e olhar para ela com um sorriso. — Persa! Você me trouxe comida! — o menor do rebanho gritou de felicidade.
— Isso é seu, é o seu favorito. — ela murmurou com um grande sorriso.
Seth não hesitou um segundo em se aproximar de Perséfone e abraçá-la com força. — Obrigado, Persa.
A híbrida viu como o menino abriu o pacote e o levou ferozmente à boca, ouviu leves miados saindo de sua garganta, como um cachorro saboreando a comida.
— Leah. — ela entregou a ela um sanduíche com um sorriso.
A loba olhou para ela com desconfiança e virou as costas, ganhando um revirar de olhos da ruiva. Seu olhar foi para Jacob, que se aproximou com um sorriso e pegou os dois sanduíches restantes.
— Obrigado, Pers. — o menino agradeceu, balançando a cabeça ligeiramente.
— Nada a agradecer, quero meus cachorrinhos bem alimentados. — disse Perséfone, virando-se pronta para sair, mas uma voz a fez parar.
— Obrigada. — ela ouviu o leve murmúrio de Leah. — O de peru é o meu preferido. — voltou a falar, ainda em voz baixa.
Persa virou-se e deu-lhe um sorriso. — Eu sei, por isso trouxe um peru para você.
Com isso dito, Perséfone desapareceu entre os arbustos e as árvores, indo em direção à casa dos Cullen.
★
A família Cullen e Jake estavam na sala principal. A TV estava ligada em um jogo de futebol que ninguém estava prestando atenção, mas encheu os ouvidos de todos os presentes.
A noite havia caído novamente e com ela a preocupação de Perséfone por Bella.
Emmett assistiu a partida assim como Jasper, que tinha Perséfone em seus braços enquanto a híbrida tentava adormecer no peito de Jasper; ela se recusou terminantemente a deixar o mesmo quarto onde Bella estava.
O loiro sentiu como a ruiva se agarrava ao seu tronco, deixando um leve suspiro escapar de seus lábios, deixando o jogo de lado e focando sua atenção em Persa. Jasper estendeu a mão e tocou Emmett, que rapidamente virou a cabeça para olhar para sua filha com uma expressão relaxada.
Tão relaxada que sua barreira há muito havia se dissolvido, Edward podia ouvir cada pensamento que Perséfone estava inventando em sua cabeça.
Ele poderia dizer que Perséfone não dormia há dias porque ela estava cuidando da humana. Ela comia apenas se lembrada ou levada embora, ela estava se negligenciando para poder prestar atenção em Bella. Por mais que o coração morto de Jasper fosse movido pela lealdade de sua parceira, ele não hesitou em andar atrás dela, lembrando-a de que ela deveria comer e dormir.
O loiro indicou com a cabeça para o irmão que entregasse a jaqueta quente de Jacob para cobrir Persa.
Ela parecia tão calma e serena que teve medo de fazer um movimento e acordá-la, mas não foi ele quem a acordou, foi a voz de Edward.
— Você está com frio? — ela ouviu a voz distante de seu tio e rapidamente abriu os olhos, sentando-se para olhar para Bella.
Ela observou como a fraca mulher grávida deitada em um sofá assentiu levemente.
Perséfone tirou a jaqueta e se levantou de seu lugar caminhando em sua direção. — Eu vou cuidar disso, querida.
Com isso dito, ela se sentou ao lado de Bella o mais próximo possível. Ela ajudou a humana a se sentar lentamente, colocou o braço em volta de seu ombro e começou a se concentrar em canalizar todo o calor que tinha em seu corpo graças ao lobo e seu fogo.
Bella virou a cabeça para olhar para Perséfone com um olhar agradecido, a híbrida sorriu para ela e aproximou seu rosto do dela, pressionando suas testas enquanto movia levemente a cabeça, deixando suaves carícias na grávida. Bella sorriu levemente ao sentir como isso esfregava em seu rosto.
— Não faça isso. — Perséfone murmurou para Bella.
Com os olhos fechados, ela respondeu: — Fazer o quê?
— Aja como se você gostasse de mim. Há alguns meses quase te matei, lembra? — perguntou ironicamente e olhou para ela com os olhos cansados.
— Eu gosto. É bom estar com você, mas sei que você mantém distância porque não quer me machucar. — Bella comentou em um murmúrio.
— Eu nunca faria mal a você. — Perséfone confessou, tocando seu cabelo castanho opaco.
Bella sorriu levemente para ela, mas aquela expressão foi trocada por uma de dor, a humana se aproximou da beirada do sofá onde elas estavam e Edward rapidamente colocou a lixeira embaixo dela caso ela vomitasse.
Bella gemia de dor e Persa acariciava suas costas dando-lhe apoio, tanto moral quanto emocional.
— Temos que encontrar uma maneira de alimentá-la. — Esme disse olhando para Carlisle.
Bella caiu exausta deitada no sofá.
— Se eu pudesse ver o feto... — Alice murmurou irritada.
— Bebê. — Rosalie a corrigiu.
— Talvez eu possa entender o que ele quer. — Alice exclamou olhando para Perséfone.
Persa suspirou e olhou para a deteriorada Bella, sentindo como o doce aroma de seu sangue entrava em suas narinas.
Sangue.
Edward, você está me ouvindo? Ela perguntou mentalmente sem olhar para ele, mas vendo com o canto do olho mover a cabeça dele em sua direção, ela continuou pensando em voz alta. Eu quero tentar algo, você não vai gostar. Mas pode funcionar...
— Eu não sei, Perséfone. — Edward falou, olhando em dúvida para sua sobrinha.
— Não perdemos nada tentando. — ela respondeu, tirando os olhos de Bella para se dirigir a ele.
Os presentes olharam para eles confusos ao ver como começaram a falar do nada, mas rapidamente entenderam que estavam falando telepaticamente antes disso.
— Do que você está falando? — Emmett perguntou para sua filha.
Perséfone apenas se levantou e foi até a cozinha em busca de um copo e uma faca.
— Perséfone pensa que o que ela quer é sangue. — Edward explicou, observando enquanto sua sobrinha colocava as coisas na ilha. — Vamos tentar o normal primeiro, Perséfone.
Persa parou o que estava fazendo e olhou para sua família, apontando a faca para eles.
— Desde que me tornei uma vampira, nunca tive tanta sede como quando estou com Bella. Conheço aquele frenesi de querer sugar sangue. — a híbrida começou a falar. — Se a pequena aberração está procurando alguém para encaixar seu dente, eu não acho que ele vai se contentar com sangue animal. — ela abaixou a faca e descobriu o copo de isopor branco. — Ou humano. — ela apertou os lábios ao sentir os olhares dos presentes.
— Perséfone, ela quer dar a ele um pouco do sangue dela. — Edward disse olhando para Carlisle, esperando que ele a impedisse mas o médico observou a segurança que sua neta emanava.
Perséfone não esperava nenhum tipo de aprovação. Ela pegou a faca e cortou a palma da mão fazendo com que um grande ferimento fosse marcado nela, começando a jorrar sangue no vidro.
Jasper se levantou, inalando o perfume que ansiava por provar desde que a conheceu, mas se manteve ali, tenso no lugar, observando o sangue de Perséfone cair em uma linha fina na tigela.
— Calma, Jazz, é só o meu sangue. — Persa sussurrou, olhando para ele com compaixão.
Ela franziu os lábios quando viu que a palma da mão havia parado de sangrar, estava curada e ainda não havia enchido nem um quarto de copo. Ela passou a faca sobre a mão dela novamente, fazendo um corte ainda mais profundo.
— Esse é o problema. — o loiro rígido murmurou.
Emmett se levantou e saiu da sala, assim como Alice e Rose. Ela sabia que Jasper ficaria lá para acompanhá-la, mas ela não queria que nenhum acidente acontecesse. Pequenos cortes eram uma coisa, com apenas uma gota saindo; outra bem diferente era ver o sangue escorrendo de sua mão.
— Vá, Jazz. — disse Persa, acenando para o menino. — Eu vou ficar bem, bebê.
O homem cerrou os dentes e saiu correndo da sala na velocidade de um vampiro.
— Você vai dar isso a ela? — o lobisomem perguntou com nojo.
Persa continuou cortando a mão dele.
— É a única maneira de testar a teoria. — Carlisle respondeu.
— Só se Bella quiser. — Edward interveio olhando para sua esposa.
A humana olhou para ele e assentiu. — Farei qualquer coisa.
Dizendo isso, Perséfone cobriu o copo e colocou um canudo nele. Ela caminhou até Bella e entregou-lhe o copo, sentando-se ao lado dela.
— Deus, eu acho que vou vomitar. — Jacob murmurou.
— Não seja fraco. — Perséfone repreendeu, olhando para ele ao seu lado.
Bella se sentou no sofá com a ajuda de Persa. A família presente olhou para ela com expectativa enquanto a gestante começava a beber o líquido em pequenos goles. Ela provou o sangue que passou por sua garganta e olhou para Perséfone.
— É bom.
A híbrida olhou para ela com um sorriso ao ver como a humana começou a beber mais de seu sangue. Carlisle caminhou até ela e sentiu seu pulso.
— O pulso está ficando mais forte. — Carlisle disse com um sorriso.
Persa deu um suspiro de alívio, apreciando a cena estranha de Bella bebendo seu sangue de um copo, sua família feliz assistindo ela e Jacob vomitando.
★
Persa gemeu levemente quando sentiu como Carlisle inseriu o IV em sua pele, extraindo o sangue correspondente para que Bella pudesse continuar se alimentando.
— Essa pequena monstruosidade é primorosa. — murmurou Persa, observando a bolsa de sangue se encher pouco a pouco.
Carlisle olhou para ela e sorriu levemente. — Isso acontece porque você o mimou com seu sangue. — respondeu o médico divertido.
Perséfone bufou e revirou os olhos. Ela sabia que era sua culpa. A pequena cria havia recusado sangue humano, fazendo Bella vomitar todo o sangue que havia ingerido; agora ela só se alimentava de sangue Persa e isso estava ficando irritante.
Carlisle tirava sangue de 3 a 5 vezes ao dia a pedido de Perséfone, já que o médico queria tirar apenas uma vez ao dia, mas Bella não sobrevivia com apenas uma bolsa o dia inteiro; a pequena aberração tinha o apetite de um gorila.
Ela sabia que estava exigindo muito de seu corpo e que tinha Rosalie, Emmett e Jasper nas costas a todo momento pedindo para ela comer bem e recuperar as forças antes de doar sangue novamente.
Perséfone sentiu seus olhos pesados e ela os fechou, sentando-se na mesa que Carlisle havia designado para ela tirar sangue, deixando o líquido escarlate escorrer dela.
Começou a sentir um leve enjôo, mas ignorou perfeitamente e continuou pensando em coisas belas e felizes, tentando enganar o próprio corpo pela estabilidade que tinha; que era nulo.
Ela era igual a Bella ou pior, mas nada que um pouco de maquiagem não pudesse disfarçar. Ela sabia que Carlisle e toda a sua família iriam se recusar a continuar explorando-a como um banco de sangue para Bella comer; Não importa o quanto ela disse ao clã que se alimentava das bolsas de sangue para recuperar as forças, ela não o fez.
Essas sacolas eram para Bella caso algo desse errado durante o parto e eles tivessem que doar sangue a ela.
Ela sentiu seu ombro se mover quando eles a forçaram a abrir um olho, uma luz poderosa a cegou, fazendo com que ela o fechasse rapidamente e franzisse a testa com desgosto. A chamada de seu nome parecia distante e impossível de alcançar, ele voltou a descansar na maca, ignorando a voz.
— Ela desmaiou. — ela ouviu ao longe.
— Como é possível? — uma voz feminina estava presente.
— Persa. Persa — eles a chamavam e ela respondia com um grunhido. — Você tem se alimentado? Com sangue? — um rosnado saiu da garganta da garota. —Edward vá contar as bolsas de sangue, a última vez que contei eram cerca de 30.
Perséfone Hale perdeu a consciência novamente na maca. Carlisle verificou seus sinais vitais enquanto Rosalie segurava a mão de sua filha.
— Há 30. — Edward disse entrando na sala.
— Droga, Perséfone — devia ser Rosalie.
Carlisle olhou para o filho e disse-lhe para trazer duas malas. O médico interrompeu a doação de sangue, não ia continuar forçando o corpo da neta. Um gemido foi ouvido de Perséfone quando ela sentiu o intravenoso deixando seu corpo.
— Acorde. — ela ouviu um sussurro à distância. — Perséfone.
A híbrida abriu os olhos azuis, ofuscada pela luz do dia, erguendo uma das mãos tentando enxergar.
— O que aconteceu? — ela perguntou, sentindo sua cabeça bombear e sua mão tremer.
— Você não tem se alimentado como prometido. — o homem a repreendeu e deu a ele uma das bolsas de sangue que ele trouxe. — Bebe tudo.
Perséfone olhou para ele e riu levemente. — Você não vai me fazer beber o sangue de Bambi? — ela falou lentamente enquanto seus olhos piscavam lentamente.
— Perséfone, você deve comer. — Carlisle disse, trazendo a sacola para perto dela.
Persa afastou a mão de seu espaço pessoal, balançando a cabeça. — Eles devem ser guardados para Bella. Não sabemos o que pode acontecer.
— Há muitas bolsas de sangue. — Rosalie assegurou tocando os cabelos ruivos de Perséfone, sentindo-se orgulhosa de sua filhinha, mas por dentro ela também queria matá-la por fazê-la se preocupar daquele jeito.
— Você promete?
Rosalie sorriu para ele. — Eu prometo.
Persa pegou a bolsa de sangue e a abriu, sentindo o delicioso aroma que dela emanava, e sem hesitar, começou a engolir aquele líquido escarlate que seu corpo tanto reprimira antes.
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