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˖࣪ ❛ CAPÍTULO QUATRO
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ELA SUSPIROU, LEMBRANDO. Ela voltou seu olhar para a frente. — Foi Rosalie quem me transformou. — A garota murmurou com um leve sorriso. — A partir daquele momento nos tornamos muito próximos, tanto dela quanto de Emmett- — ela teria continuado falando, mas Bella a interrompeu.
— Rosalie transformou você? — ela perguntou surpresa. Ao que Perséfone lhe deu um olhar estranho. — Deve ter sido difícil para ela. — Aí a adolescente entendeu. Rose contou a ela sobre seu passado. — Quero dizer, até onde eu sei, ela não escolheu ser uma vampira.
Persa sorriu torto. — Quando eu era recém-nascida, meus pais biológicos me abandonaram em uma lata de lixo. — Bella olhou para a garota surpresa. — Naquela época era preferível que o primogênito fosse homem, sabe, machismo patriarcal da época. — Enfatizou a palavra óbvia. — Então eles me largaram. Sem ninguém saber o que aconteceu, nunca existiu. — Disse ela com uma leve zombaria.
— Foi quando eles encontraram você? — Ela perguntou e Perséfone balançou a cabeça com um sorriso.
— Não. Uma mulher que morava na rua me encontrou. Jacky era o nome dela. Foi ela quem me criou. Vivíamos nas ruas com base em esmolas e vasculhando o lixo. — Perséfone franziu os lábios. — Quando completei onze anos tomei a decisão de começar a prostituição para ganhar um pouco de dinheiro, pelo menos para nos comprar comida.
Ela podia sentir como Bella olhava para ela com espanto, sem julgamento, apenas espanto. Perséfone não parecia uma pessoa a quem alguma vez faltou alguma coisa. Até onde ela havia analisado, ela estava sempre segura e confiante; Mas aparentemente todos tem um passado sombrio.
Jacky já era grande e mal conseguia andar. Tinha passado fome por meses, eu comia pelo menos um pedaço de pão por dia ou mesmo se for suficiente para sobreviver. — O rosto da mulher veio à mente e ela sorriu de lado ao se lembrar daquela pessoa linda que salvou sua vida.
Ela olhou de lado para Bella, que tinha uma expressão triste no rosto. Persa rapidamente se virou para ela e colocou uma de suas mãos quentes em seu antebraço, mostrando o quão viva ela era diferente de sua família. — Não se preocupe, a história tem final feliz. — A humana sorriu de lado ao ver o consolo de Persa.
Perséfone retomou sua história. — Continuei me prostituindo até 1936, eu tinha 17 anos na época. — Sua visão se perdeu no bosque e Bella pôde ver como seu rosto mudou. — Encontrei o homem errado. — Ela simplesmente disse. — Ele me levou para um campo contra a minha vontade. Ele fez coisas comigo lá... — Ela apertou a mandíbula e fechou os olhos por alguns segundos. — Coisas horríveis. Continuei recusando, mas ele não se importou. Eu era apenas uma prostituta, não importava muito. — Ela ergueu as sobrancelhas por um microssegundo.
A humana olhou para as mãos de Persa e timidamente colocou uma de suas mãos sobre as dela, tentando dar-lhe apoio, ao que a vampira olhou para ela e sorriu.
— Naquele momento eu tinha percebido que não sairia disso e a única coisa que me preocupava era quem cuidaria de Jacky se eu não estivesse lá. — Ela podia sentir como seu coração estava esmagado.
Perséfone olhou para Bella e deu-lhe um sorriso. — Ele me deixou deitada no meio da grama pensando que eu estava morta. Emmett e Rosalie estavam voltando para sua caçada quando me encontraram. — Ela olhou de volta para a floresta. — Emmett foi quem sentiu o sangue e correu para me ajudar. Naquele momento ele não tinha o melhor autocontrole mas, segundo Rosalie, a imagem era tão- — ela deixou suas palavras voando mas com um significado claro.
Um arrepio percorreu as costas de Bella enquanto ela imaginava a situaçāo que os três tinham que passar. A garota esparramada na grama rasgada da cabeça aos pés, uma imagem assustadora o suficiente para um recém-criado manter o controle.
— Com toda a força que me restava, implorei que me ajudassem, que tinha alguém esperando por mim de braços abertos. — Perséfone olhou para baixo e para cima com um sorriso. — Rosalie me mordeu para salvar minha vida. — Ela balançou a cabeça lentamente lembrando a dor do veneno. — Essa foi a primeira vez que Rose teve autocontrole suficiente para morder e soltar.
— Ainda estou esperando o final feliz. — Bella murmurou e Persa riu levemente, balançando a cabeça.
— Com Carlisle cuidamos para que Jacky tenha uma vida melhor. Nós a tiramos da rua e a colocamos em uma das casas dos Cullen. — Disse ela com um sorriso no rosto.
Ele pegou seu celular enquanto falava e removeu o estojo. — Depois de alguns meses aprendendo a ficar no controle, fui visitá-la. — Ela entregou a foto para Swan. — Eu me certifiquei de que ela estava feliz e confortável.
A foto estava um pouco amarelada e desbotada. Nele, uma senhora idosa apareceu ao lado de Perséfone, ambas estavam sorrindo sem olhar para a câmera, mantendo o que parecia ser uma conversa. A mulher olhou amorosamente para a adolescente, que falava com ela com um sorriso.
Bella sorriu olhando para a foto.
— Ele morreu alguns dias depois de visitá-la. — Ela murmurou com um ar de tristeza. — Era como se ela estivesse esperando que eu fosse dizer a ela que estava tudo bem. — Bella sorriu para Perséfone enquanto devolvia a foto.
— Esse era o final que eu estava procurando. — Bella murmurou e Persa riu.
Ele examinou a foto em suas mãos. — Depois de alguns anos fugi do clã olímpico. — Ela começou a guardar a foto onde estava. — Os Volturi descobriram o que era e eles estavam procurando por mim. — Ela suspirou, colocando seu celular no bolso.
Bella a observou cuidadosamente em seus movimentos e palavras.
-Depois de tudo que Rose, Emmett, Carlisle, Esme e Edward fizeram por mim, eu nāo poderia arrastá-los comigo para a caçada que os Volturi me deram. Deixei um bilhete e fugi por muito tempo. — Um suspiro escapou de seus lábios.
— Você nunca pensou em voltar? — Bella perguntou com um suspiro.
— Não. Eu não queria expô-los. — Ela balançou a cabeça. — Os Volturi me capturaram e me torturaram por 47 anos até que eu consegui escapar de lá. — Ela olhou para Bella. — Não tive contato com minha família. Fiquei surpresa por Edward ainda ter meu número.
Persa riu sob o olhar atento da humana. — Eu esperava chegar lá e ver uma guerra entre lobisomens e vampiros, mas não. Um desastre para uma simples humana. — Ela disse com graça como se a situação a divertisse.
Ao olhar confuso de Bella, ela esclareceu. — Não me entenda mal, querida. Edward pode ser muito dramático quando quer. — A humana entendeu e também soltou uma leve risada entre os lábios dela.
Ele ficou irritado com o olhar que Persa lhe deu. O vampiro deu um passo em direção a ela e sorriu para ela. — Se Edward estiver disposto a declarar guerra a um exército de recém-nascidos por você, eu o apoiarei. — Ela colocou a mão no ombro da humana. — Goste ou não, você é da família. E ninguém toca na minha família.
Bella assentiu, relaxando seu corpo o máximo que podia. Sentindo-se um pouco culpada ao ver que a garota na frente dela só estava ali porque estavam tentando matar a namorada do tio.
Enquanto observava Perséfone entrar na casa, ela soltou um suspiro, que foi substituído por um salto ao ver como seu parceiro foi colocado na frente dela em uma velocidade desumana.
— O que ela te disse? — Edward perguntou preocupado.
Ele sabia perfeitamente como era sua sobrinha e temia pelo que havia dito a Bella.
A humana olhou para ele confusa. — O que?
— O que ela te disse? — Ele repetiu. Bella olhou para ele novamente com a mesma expressão e suspirou sabendo que ela não entendia.
Ele colocou as mãos nas bochechas quentes da humana, que estremeceu sob seu toque frio.
— Perséfone é muito poderosa. Ela tem grandes dons. Eu sabia que ela estava tramando algo quando bloqueou seus pensamentos para falar com você. — Ele lambeu os lábios. — Eu também sabia que algo estava errado quando bloqueou nossa audição. — Sua mandíbula se apertou.
Bella ainda olhava para ele sem expressão, até que ele o fez. — Ela não queria que eles ouvissem o que estávamos falando.
Edward assentiu franzindo os lábios. — O que ela disse?
A humana teve uma batalha internamente. Perséfone veio conversar com ela em paz e sem tramar nada. Pelo contrário, ela procurou fazer as pazes. Mas por alguma razão ela não queria que os outros ouvissem.
— Ela não me disse nada importante. — A garota mentiu o melhor que pôde. — Ela me contou sobre suas viagens. — Ela estendeu ainda mais o diálogo, procurando que o namorado acreditasse nela.
— Tem certeza? Ele não te ameaçou?
Bella rapidamente balançou a cabeça. — Não, foi tranquilo. Na verdade, ela foi muito... Gentil. — Edward ficou ainda mais preocupado. A garota sorriu para ele para tranquilizá-lo. — Estou bem. — Ela deixou um beijo casto nos lábios dele e o abraçou, direcionando o olhar para dentro da casa, onde Persa a olhava com um leve sorriso ao ver que ela não disse nada.
— Esse é o poder dela. — Edward disse, separando-se dela. Bella olhou para ele sem expressão. — Ela bloqueia nossos presentes e faz o que quiser com eles ao seu gosto. — Explicou seu namorado diante do olhar de Bella. — Ela pode jogar com seu poder. Há momentos em que ela entra na minha cabeça e usa meu próprio poder contra mim. — Ele bufou com um pequeno sorriso. — Ela pode bloqueá-lo, usá-lo, e nunca soubemos se ela poderia removê-lo. — Explicou o menino.
Bella olhou para ele com as sobrancelhas levantadas, um pouco surpresa. Automaticamente ela virou a cabeça para onde a garota estava, mas ela não estava mais abrigada ali. Tinha ido embora.
— Persa é muito poderosa. É por isso que os Volturi a querem. — Edward terminou de falar e sua namorada olhou para ele sem entender.
— É por isso que eles a querem? — Ela me disse algo sobre ser protegida. — Por causa da sua 'condição'? — Ela perguntou muito confusa.
Edward balançou a cabeça baixando-a ao mesmo tempo. — Persa... Ela- — Ele apertou os lábios e olhou para ela. — Não posso contar. Sinto muito.
Bella assentiu em compreensão. Edward nunca trairia a confiança de Persa.
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