Cheiro inconfundível de alfa
Antes mesmo de abrir os olhos, Severus sentiu aquele cheiro inconfundível de alfa-lúpus. Era um cheiro amadeirado e um tanto quanto acolhedor. Seu pequeno pênis pulsou debaixo das cobertas e, só então, ele percebeu estar em uma capa macia demais para ser a sua.
Abriu os olhos. Os arregalou, para ser sincero.
Aquele quarto não era seu. Aquelas fotos não eram suas. Aquelas paredes eram vermelhas e... e... e...
Um braço enlaçou Severus e o puxou com facilidade para trás, grudando-o contra um corpo quente. Era um corpo forte. Um beijo molhado foi deixado em seu pescoço e o coração de Severus acelerou as batidas.
As lembranças da noite anterior vieram à sua mente com uma facilidade que o assustou. Estava na cama com... Com...
–Sabe, Snape?--A voz de Potter soa feito uma facada, porém macia e culpada.--Você é mais legal do que eu imaginei.
Severus sentiu uma fisgada no pescoço e levou a mão até lá antes que pudesse se conter. O maldito lúpus a segurou e o beijou em cima do que parecia ser a maldita marca de acasalamento. Não era possível que estivesse preso àquele grifinório desprezível. Só podia se tratar de um pesadelo ambulante.
–Você sabia que lúpus são programados para só marcar o companheiro que nasceu para ser dele?--A voz de Potter é mais suave do que Severus imaginou poder ser.--Isso significa que eu te odiei sem razão.
Foi o fim da picada. Severus, que pensou não conseguir se dar ao luxo de olhar para o rosto de Potter, colocou-se sentado na cama e fuzilou a figura ainda deitada.
–Essa pegadinha foi longe demais, Potter. Pensei que houvesse deixado a infantilidade no quinto ano.--Falou com um ódio surpreendente. Potter não pareceu gostar, porque tremeu os lábios de maneira nervosa.
–Você acha que eu marcaria alguém como uma pegadinha?
–Conhecendo você, qualquer pegadinha é válida.--Severus respondeu, ainda o fuzilando.
James revirou os olhos e se colocou sentado na cama. Severus pensou que ele fosse devolver com grosseria, mas Potter sorriu de maneira culpada.
–Alfas que não são lúpus podem marcar quantos ômegas quiserem, mas lúpus estão presos a um pela vida inteira. Como eu disse, somos programados para apenas marcar o companheiro que nasceu para ser nosso. Desculpa.
Severus considerou aquilo uma piada de mal gosto, porque estava acreditando em Potter. Levantou-se, não se importando com a sua nudez. Porém, no momento em que pisou no chão sentiu uma fisgada tão forte em sua entrada, que se viu forçado a deitar-se na cama.
–Porcaria!--Exclamou.
–Perdão.--James colocou-se em pé e só então Severus entendeu o porquê de estar com dor. Potter era lúpus, afinal.--Vai passar logo.
–Logo?--Uma lembrança em especifico quase fez Severus se esconder nas cobertas.--Você literalmente levantou as minhas pernas e me arrombou, inferno!
Infelizmente a lembrança não o impediu de falar aquilo.
–Nós dois não estávamos na nossa perfeita consciência ontem à noite.--James tentou se defender.
–Com toda a certeza você estava mais consciente do que eu!
James não tentou se defender dessa vez. Levantou os braços e, por mais cômico que fosse, começou a chorar. Parecia estar se preparando para isso desde o momento em que acordou. Severus considerou aquilo um desperdício de lágrimas.
–Beleza, eu não sei como eu fui tão idiota.--James deitou-se ao lado de Severus, que, embora assustado, não tentou fugir daquelas lágrimas estranhas.--Você entrou no cio e eu senti o seu cheiro daqui da Grifinória, o que não deveria ser possível. Eu o rastreei até o corredor das masmorras em que você estava encolhido e gemendo de dor. Te peguei nos braços e me lembro de pensar que o levaria até a Ala Hospitalar, mas eu simplesmente apaguei. Recuperei um pouco da consciência enquanto eu estava dentro de você, mas são só fragmentos e não foram o suficiente para eu voltar completamente à consciência. Eu deveria ter me controlado e não corrido até você.
Severus tentou lembrar de ter entrado no cio no corredor e a lembrança realmente apareceu. Um alfa não deveria sentir um cheiro de tão longe, mas se bem que Potter era lúpus. Comicamente, nenhum alfa que estivesse nas masmorras no momento o pegou. Não costumava ser tão desligado.
–Não sei como eu não senti que o meu cio aconteceria.--Falou, um tanto quanto estressado.--Ele apareceu cedo demais!
–Por exemplo?--Potter perguntou, ainda com lágrimas na face. Severus afastou-se até estar na ponta da cama, o que a criatura chorosa não gostou nenhum pouco.
–Eu não vou te explicar sobre o meu período hormonal, Potter! Aliás, cadê os seus amigos?
Severus olhou ao redor do quarto. As cortinas estavam abertas, as camas arrumadas e as malas fechadas.
Potter deu de ombros, como se não se importasse.
–Não faço ideia. Talvez tenham sentido que havia alguém aqui comigo e tenham ficado longe. Lúpus são bastante territoriais.
Severus imaginou Potter batendo em um dos seus amigos e aquilo o alegrou. Seria divertido vê-lo batendo em Black.
–Beleza, então eles estão na comunal esperando que você saia daqui com a Lily ou sei lá?--Severus alfinetou, tentando outra vez colocar-se em pé. Foi mais suportável dessa vez.
James se levantou e andou até ele, sendo uma espécie de barreira ambulante enquanto Severus tentava, sem muito êxito, pegar as suas roupas no chão. Caramba, o seu quadril estava doendo!
–Era de manhã quando eu te encontrei.--Potter soou nervoso.--Poucas pessoas devem ter nos visto porque estavam comendo o café da manhã, mas eu devo ter andado até aqui com você em meu colo. A notícia já deve ter se espalhado e todos já devem saber que eu estou aqui com você.
Aquilo alarmou Severus em um nível surpreendente. Se a notícia havia se espalhado, a escola inteira deveria saber que Severus Snape e James Potter haviam transado. E provavelmente estavam criando teorias sobre os dois.
–Porcaria, Potter!--Severus bateu o pé.--Me ajude com as minhas roupas.
Devidamente vestido, Severus fitou a porta como se ela fosse um montinho de bosta. Potter estava parado ao seu lado, mas não parecia nervoso ou irritado, estava indiferente. Olhava volta e meia para Severus, como se desejasse o enlaçar em alguma espécie de abraço.
–O que você vai fazer?--James perguntou depois do que pareceu um silêncio sem fim.--Quer que eu saia primeiro?
Severus permitiu-se olhar para o rosto de Potter, que sorriu feito um bobo. Aquilo obviamente deveria ser um pesadelo!
–Não dá para me tirar daqui pela janela?
James suspirou, frustrado. Severus estranhou quando ele andou até a mala e se ajoelhou em frente a ela. Quando se levantou, segurava um lençol quase transparente em mãos.
–Isso daqui é uma capa da invisibilidade.--James a estendeu a Severus, que a pegou meio sem jeito.--Vou te emprestar, mas quero que a devolva em perfeitas condições.
–Caraca, esse tecido é mil vezes melhor do que os tecidos de capas que eu vejo nas lojas.--Severus a analisou.-- Foi feita sob medida?
–Não sei, é relíquia de família.
Embora Severus fosse gostar de saber como uma capa de invisibilidade podia ser relíquia de família, estava ansioso demais para sair da Grifinória e se esconder embaixo das cobertas.
Colocou a capa sobre os ombros, mas Potter bloqueou a saída.
–O que está fazendo, Potter?--Severus tirou a capa da cabeça para fuzilar a criatura.--Me deixa sair!
James pareceu respirar fundo.
–Só quero que me faça um favor amanhã.
–Qual?--Severus revirou os olhos e voltou a cobrir o rosto.
–Permita que eu converse com você. Se existir mesmo um boato, eles irão falar sobre a marca no seu pescoço e, se ainda não têm certeza, logo descobrirão que sou eu que o marquei. Devido à marca, eu não posso ficar longe de você nos primeiros dias. E o meu cheiro está impregnado em seu corpo. De qualquer jeito, você não vai conseguir escapar disso.
Como já dizia Eileen Snape, a vida não é justa.
–Tudo bem, Potter.--Severus sentiu a dor de cabeça surgir com força.--Mas eu não quero encarar isso hoje à noite.
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