Capítulo 7
Dentro daquele abraço Jeon sentiu-se protegido. O carinho que recebia do deslizar das mãos em suas costas, causou-lhe um pequeno arrepio. O toque suave arrancou-lhe um suspiro fazendo com que afastasse um pouco seus corpos e seus olhares se encontrassem. Perdidos no olhar um do outro, Namjoon nem percebera quando suas mãos trouxeram o corpo de Jeon mais próximo do seu.
O olhar do mais velho seguia até os lábios finos e bem desenhados enquanto a língua rosada deslizava por entre eles. Jeon não havia feito isso intencionalmente, mas olhar o mais velho tão perto, ter suas mãos o segurando com um pouco mais de força, estava fazendo-o esquecer do mundo ao seu redor.
O perfume amadeirado de Namjoom o fazia querer senti-lo um pouco mais. O mais velho não estava diferente, queria sentir o sabor daqueles lábios finos, a textura daquela língua tocando a sua. Ele queria beijá-lo. Nam aproximou seus rostos, as respirações misturavam-se, Jeon lentamente fechara seus olhos enquanto Nam encostava suas testas.
-Me peça para parar Jeon. Por favor, peça. -Sussurrou sem obter nenhuma resposta verbal, apenas sentiu o toque inseguro dos lábios mais finos junto aos seus em um breve selar.
-Eu preciso ir embora. -Disse afastando-se levemente.
-Eu te levo.
-Não precisa se incomodar. Já causei transtornos demais por hoje.
-Eu quero te levar, está tarde, é perigoso.
-Eu pego o último ônibus, ainda dá tempo.
-Onde você mora?
Cabisbaixo e vendo que não teria como evitar, enfim se rendeu ao pedido de Namjoon ao responder que morava do outro lado da cidade. Era um bairro simples e um pouco longe dali, mas era onde tinha um cantinho para chamar de seu. Levantou-se do colo do mais velho ajudando-o a se levantar também.
-Vou trocar de roupa e pegar minhas coisas, não demoro Hyung. -Disse afastando-se alguns passos.
-Jeon... -Chamou indo até o mais novo, criando coragem trazendo o rapaz para seus braços novamente, iniciando um beijo suave e sendo retribuído quando pediu passagem para sua língua. O encaixe perfeito dos corpos juntos, das bocas ao se unirem, das línguas que deslizavam e tocavam-se com suavidade, dos sabores que se misturavam... Com o findar do beijo, mantiveram a troca de olhares e as testas novamente unidas.
-Desculpa. -Pedia o mais velho.
-Não posso desculpar você por algo que eu também quis. Já volto. -Disse novamente indo para dentro da casa, deixando ali naquele gramado um homem que passava as mãos pelo rosto até que seus dedos deslizassem por seus fios e seus olhos se voltassem para o céu estrelado.
-O que está acontecendo comigo hoje? Por que essa sensação? Esse calor? Por que... – Mas não obteve nenhuma resposta, apenas o sorriso de três rapazes que observavam de longe aquela cena nunca vista antes. Tae vira seu pai beijar seu mais novo amigo e isso o fez criar esperança. Seu pai fora impulsivo pela primeira vez com alguém. Quando ouviram Jeon entrando na casa, rapidamente disfarçaram pegando algo na geladeira para comer.
-Eu preciso trocar de roupa Tae, você pode ir comigo no seu quarto para que eu faça isso e pegue minhas coisas.
-Por que não fica aqui? Tem quarto sobrando, amanhã não tem aula, é domingo.
-Seu pai vai me levar, mas obrigado por oferecer.
-Se meu pai vai te levar, então tudo bem. -Respondeu trocando um olhar rápido com os namorados.
(...)
Jeon passara seu endereço para Namjoon colocar no GPS do carro e seguiram seu caminho pelas ruas movimentadas do centro de Seoul, atravessaram toda a parte central, indo no sentido dos bairros até que chegassem a um trecho sem movimento, com luzes escassas. Era um bairro residencial de casas simples e ao final daquela rua podia se ver um pequeno prédio antigo.
-Eu moro ali. -Disse apontando o prédio.
Namjoon estacionou seu carro na frente do imóvel, olhando a simplicidade do mesmo e do bairro onde Jeon morava.
-Você mora longe da faculdade. -Falou olhando para o rapaz ao seu lado.
-Foi onde consegui minha bolsa com ajuda de custo. Minha faculdade tem esse tipo de auxílio para pessoas como eu.
-Eu sei, sou um dos benfeitores dela. É bom saber que os recursos são usados para aqueles que realmente se dedicam ao curso.
-Hyung...obrigado por me trazer e novamente me desculpe pelos transtornos que lhe causei. -Silêncio...por breves minutos ambos nada falaram. Jeon cutucava o canto do dedo polegar usando seu indicador, como se isso aliviasse a tensão do ar, mesmo tendo Namjoon observando cada gesto seu. O rapaz pegou suas coisas no assoalho do carro, e desejou um bom descanso para o outro enquanto virava-se para abrir a porta do carro e sair.
-Jeon. -Chamou segurando o rapaz pelo braço.
-Sim, hyung.
-Eu... -Respirou fundo criando coragem. -Eu posso entrar com você?
Jeon o olhava com curioso pelo pedido inesperado. Seu apartamento era pequeno, tinha poucas coisas, mas era limpinho e organizado. Não tinha vergonha da sua simplicidade, mas não entendia o motivo do pedido, mesmo desejando ficar mais tempo perto daquele homem interessante.
-Por que Hyung?
-Eu quero te conhecer JungKook.
-Por que?
-Eu não sei explicar, eu nunca senti necessidade de conhecer alguém melhor.
-Você toma café? -Perguntou timidamente.
-Eu amo café. -Respondeu com um leve sorriso, sem deixar de olhar o mais novo em nenhum instante.
-Então vamos entrar. Eu faço um ótimo café.
Após saírem do carro, Namjoon ativou o alarme do seu azera 3.0 v6 da Hyundai e lado a lado seguiram o trajeto até a entrada do prédio.
-Não tem elevador hyung. É um prédio antigo.
-Para mim não é problema.
-São três andares e...
-JungKook... -Chamou fazendo-o parar e olhar para si. -Eu realmente não me importo, eu só quero ter um tempo a mais com você.
Degrau por degrau ambos subiram com sentimentos diferentes. O mais velho queria ter mais tempo com o rapaz, mesmo sem saber o porquê daquilo de verdade. O mais novo estava inseguro com a situação de ter um homem rico no seu cantinho tão simples. Um homem mais velho, bem sucedido e pai de seu novo amigo. O mesmo homem em quem dera um selinho em um momento frágil e que acabara sendo beijado pelo mesmo depois. Um beijo tão bom que com certeza jamais esqueceria.
Retirou a chave do bolso de sua mochila, abriu a porta dando passagem para o outro entrar. Em um tapetinho ao lado da porta Jeon deixara seu sapato, tendo Namjoon repetindo o ato. O rapaz foi até a cozinha enquanto ele observava cuidadosamente o lugar.
O apartamento era um único cômodo com uma porta onde deveria ser o banheiro. A cozinha era separada da sala por uma mesinha quadradinha com dois lugares. A sala tinha uma bancada improvisada com alguns livros e fotos no estilo self do próprio Jeon. Havia um sofá pequeno de dois lugares e uma poltrona. Uma cortina completava o ambiente separando um pedaço do cômodo onde podia se ver claramente uma cama de casal comum, uma cômoda e uma arara com alguns casacos. Constatou que Jeon realmente não tinha quase nada, mas era tudo muito organizado, limpo e mesmo sendo tão simples, era um cantinho bonito.
-Vem Hyung, senta aqui enquanto eu faço nosso café e vamos conversando.
Namjoon observava cada gesto, cada coisa daquele lugar. As portinhas do armário em cima da pia, estava os mantimentos. As portinhas de baixo, ele pode ver quando Jeon abriu que havia umas panelas e uns potinhos. Na pia, em um canto tinha a cafeteira, uma panela elétrica, e um fogão portátil de duas bocas. Em um lado da parede tinha um frigobar e um tanquinho. Era tudo tão simples...tão apertadinho que duas pessoas não poderiam ficar ali sem trombarem entre si.
Foi retirado dos seus pensamentos quando a caneca colorida fora colocada à sua frente com o café fumegante. Jeon sentara ao seu lado oferecendo alguns biscoitos para acompanhar o café enquanto trocavam alguns olhares, tendo o mais novo puxando um assunto.
-Fala um pouco de você hyung. Você já soube tanto de mim hoje, que é injusto essa desvantagem.
-Eu não tenho muito a falar, minha vida é um pouco sem graça.
-Então me conte o que acha que eu deveria saber. -Falou bebericando do seu café.
-Ok. Meu nome é Kim Namjoon, tenho 42 anos, nasci na Coreia. Meu pai foi trabalhar fora do país e nós fomos juntos, então passei parte da minha vida em Seattle. Perdi minha mãe e fiquei viúvo no mesmo dia, eu tinha 19 anos, e também nesse mesmo dia me tornei pai. Depois de alguns anos abrimos uma filial da empresa aqui e como planejamos retornamos ao nosso país de origem para recomeçarmos nossas vidas e aqui estamos.
-Você não se casou de novo?
-Não.
-Por que?
-Por que eu tinha um filho para criar, uma empresa para me dedicar e uma família para cuidar. Não tinha tempo para isso.
-Nenhuma namorada? -Perguntou receoso da resposta que poderia receber.
-Não. Nenhuma namorada ou namorado. Tive alguns encontros ao longo desses anos, mas nenhum despertou nada em mim, até hoje. Você namora Jeon?
-Não.
-Por que?
-Por que já fui quebrado por alguém que só quis brincar com meus sentimentos e depois disso nunca mais me desviei dos meus estudos. Estou no último ano do curso, nos finais de semana meu professor me arruma alguns trabalhos em eventos pequenos e assim eu vou levando.
-A vida tem sido difícil para você.
-Tem sim, mas eu procuro ver o lado bom de tudo isso.
-E tem? -Perguntou olhando diretamente nos olhos do mais novo, deixando a caneca sobre a mesa.
-Sim, tem sim. As minhas dificuldades, as minhas dores, minha solidão, só me fazem valorizar ainda mais as coisas boas que me acontecem, elas me fortalecem, me tornam um ser humano melhor.
-JungKook... -Chamou fazendo-o olhar novamente para si.
Aqueles olhos escuros, brilhantes... a boca convidativa e tudo o que ouvira do rapaz só o atraia ainda mais. Jeon não era desses jovens que não queria nada com nada, que viviam nas festas e baladas dos finais de semana. Ele não era como os outros garotos e garotas que eventualmente saia para satisfazer-se. Jeon era especial.
E foi com essa conclusão que mais uma vez naquela noite ele tomara os lábios do mais novo para si. Era um beijo sem presa, suave, onde dedos entrelaçaram-se aos fios de cabelos. Onde toques de mãos que deslizavam pelo pescoço tiravam pequenos arfares de ambos. Onde respirar se fazia necessário, mas as bocas insistiam em ficar unidas até o último instante.
Nam mantinha suas mãos no rosto do mais novo, suas testas unidas, os lábios vermelhos e as respirações que se misturavam junto ao silêncio do pequeno apartamento. Um clima que ambos criaram para si.
-Jeon...eu...
-Não fala nada namjoon. Não se arrependa agora, eu não sou criança.
-Eu não posso me arrepender Jeon, essa possibilidade não existe. -Disse iniciando mais um beijo, esse quente e cheio de desejos. A cada beijo mais difícil ficava se afastar, mais queriam um do outro. Estavam se perdendo ou quem sabe se encontrando nos braços um do outro.
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