37 - O arrependimento me corrói
Para esse capítulo escutem a música
Gone - Blake Rose
o vídeo tá na mídia ali em cima!
— Eu fui intimada para testemunhar contra o cara que bateu no nosso carro.
Essa era a frase que eu mais temia desde que fui chamado hoje cedo pelo meu pai.
Quando ele me disse que Violet teria que testemunhar contra Travis, meu mundo desabou.
Imediatamente corri até ele em uma tentativa de evitar que isso acontecesse, passei o dia inteiro indo de um lado para outro, procurando uma maneira de fazer com que ela fosse liberada da obrigação de comparecer na audiência e no momento em que papai me explicou pela décima vez que era impossível conseguir isso e que Vi poderia até ser presa caso não obedecesse a ordem do juiz, meu coração quase parou.
Durante sua recuperação logo depois do acidente, seus pais entraram com um pedido de recusa alegando que ela estava debilitada e isso bastou para que não a chamassem mais, porém agora que ela está completamente recuperada, não há maneira de que ela se livre das garras daquele advogado de merda que Travis contratou.
O cara é um nojento e tenho quase certeza de que vai fazer o possível para deturpar tudo o que aconteceu e transformar Violet na vilã da história.
Meu desespero foi tanto que até me ofereci para testemunhar no lugar de Violet e pela primeira vez desde que o conheci, meu pai soltou uma sonora gargalhada com o que escutou.
Como sou basicamente um cúmplice no maldito acidente, não sei nem se me deixarão assistir a Travis sendo preso.
— O que você vai fazer? -Indago com o cenho franzido depois de alguns minutos.
Ela me observa atentamente prestando atenção em cada movimento meu, até mesmo na minha respiração.
— Por que tenho a leve impressão de que você já sabia dessa informação antes mesmo de que eu ficasse sabendo? -Os olhos astutos se mantém fixos nos meus e puxo uma longa e pausada respiração lembrando do que ensaiei hoje mais cedo. Eu já tinha previsto essa cena. Violet além de muito linda, é bastante inteligente e perderia meu tempo tentando escapar do seu interrogatório.
— Meu pai é advogado, lembra? -Levanto uma sobrancelha e ela reproduz o gesto como se fosse um espelho bem ali na minha frente.
— Não lembro não. Acho que você nunca me contou isso. -Responde cética. Droga, ela tem razão.
— Sério? Pensei que tinha te contado quando falei sobre ser preso e como meu pai me liberou.
— Pois pensou errado, e seu pai não precisa ser advogado para te liberar de uma prisão, como eu adivinharia isso? -Diz ríspida e sei que a velha Violet está prestes a reaparecer.
— Eu realmente me confundi, mas isso não faz diferença realmente. -Deslizo os dedos pela sua perna em uma tentativa de distraí-la. — Como ia dizendo, meu pai é advogado, um dos melhores do país, e me comentou algo sobre o seu caso, sabe como todos os advogados conversam entre si. Eu meio que contei a ele sobre você e nosso namoro, então quando ele ficou sabendo que você seria testemunha, achou que seria bom me avisar. -Respiro fundo rezando para que ela acredite no que estou lhe dizendo.
O mais engraçado, é que sequer estou mentindo. O problema é que sou um covarde e não tenho coragem de lhe contar a parte mais interessante da história. A parte em que por minha culpa ela quase morreu.
— Hum... -Seus olhos semicerrados percorrem todo o meu corpo e o cenho franzido me preocupa. — Vamos fazer assim, você finge que me diz a verdade e eu vou fingir que acredito, o que acha? -Debocha se levantando e caminhando de volta para o seu condomínio.
Saio praticamente correndo atrás da garota e seguro seu braço impedindo-a de continuar.
— Estou falando a verdade, Violet.
— Qual é Benjamin? Acha mesmo que vou cair nesse conto da Carochinha? Você sumiu todo o maldito dia, não deu notícias, desligou o telefone, oh quero dizer, ele ficou sem bateria e agora me vem com essa história de que ficou sabendo antes de mim algo que supostamente é pessoalíssimo. -Rosna com os braços cruzados
Mas que droga! Não sei mais o que fazer para que ela deixe de ficar brava comigo.
— Amor, olhe para mim. -Peço desesperado e ela não move um cabelo sequer do lugar. — Violet, por favor... -Insisto levando os dedos até o seu queixo e virando seu rosto com delicadeza.
— Eu juro para você que as coisas aconteceram exatamente do jeito que te contei! -Minto descaradamente e meu coração pesa por estar fazendo isso com a garota mais importante da minha vida.
Eu deveria ter dito tudo desde o começo, deveria ter contado que se não fosse por mim, ela jamais teria sofrido esse acidente. Que jamais teria passado por um trauma e ficado com uma enorme cicatriz na perna.
Mas eu simplesmente não consigo.
— Por favor... -Encosto minha testa na sua.
Aperto o seu corpo contra o meu e minutos depois ela cede, devolvendo o abraço.
— Eu estou te dando um voto de confiança, Benjamin, não me decepcione outra vez. -Sussurra contra o meu peito e uma lágrima escorrega pelas minhas bochechas sabendo que isso é o que provavelmente vai acontecer.
Acompanho-a até o seu edifício e nos despedimos com um beijo rápido.
Meu corpo inteiro está tensionado, minhas mãos formam um punho sem que eu nem perceba e meu coração martela contra o meu peito.
Sinto que todo o avanço que consegui com Violet até agora está se desmoronando pouco a pouco e uma contagem regressiva começa dentro da minha cabeça, ditando o tempo que me resta com a garota que sempre sonhei em ter do meu lado.
Faltam três dias para a audiência.
Três dias para que ela descubra toda a verdade.
Três dias para que Violet me odeie outra vez.
— Não há maneira de que eu consiga isso, filho. Já te disse várias vezes. -Meu pai resmunga esfregando a testa com os dedos.
— Mas que droga! Ela não pode ir a essa audiência, pai! Ela não pode... -Engasgo me jogando no sofá e sinto as lágrimas se formando nos meus olhos novamente.
— Se você tivesse lhe contado tudo quando eu te disse, não estaria assim agora. -Diz suavemente ao mesmo tempo em que se senta do meu lado.
— Eu não podia. Nós estávamos nos entendendo tão bem que fiquei com medo de tudo ir por água abaixo. -A confissão vem forrada em uma capa grossa de vergonha que se impregna cada dia na minha pele.
— Nesse caso, você terá que lidar com as consequências das suas ações, infelizmente.
— Ela nunca mais vai querer me ver, pai. Eu já a machuquei uma vez, não posso lhe causar dano de novo.
Só de pensar nessa possibilidade meu corpo inteiro treme, minha pele fica molhada com o suor provocado pela preocupação e sinto que a culpa me consome por inteiro.
— Escuta meu filho, Violet parece gostar muito de você. Não te direi que ela não ficará brava, mas talvez isso passe depois de um tempo. Uma hora ou outra ela ficaria sabendo da verdade, e quanto mais cedo isso ocorra, melhor. É como tirar um band-aid de uma ferida. Se fizer rápido, não sentirá tanta dor.
— Espero que esteja certo, pai, caso contrário minhas chances de mantê-la na minha vida serão quase nulas. -Respondo me levantando do sofá.
Deixo-o a sós com minha mãe que estava em silêncio até agora e vou para o meu quarto.
Preciso tomar um banho, tirar toda essa energia negativa do meu corpo e esquecer nem que seja por alguns minutos da explosão iminente.
Beck, Matt e Jonah me observam com o mesmo olhar abismado nos rostos.
Ao chegar na faculdade, eu decidi contar para eles tudo o que está acontecendo comigo nos últimos dias.
Precisava desabafar com alguém e botar para fora toda essa angústia que me corrói a cada dia.
Dos três, apenas Beck sabia que eu já tinha sido preso e por quais motivos. Matt sempre foi meio fofoqueiro, então preferi não lhe dizer nada porque sentia vergonha do meu passado, e Jonah, eu não sei muito bem como ele veio parar aqui, mas percebi que ele e Matt passam muito tempo juntos ultimamente e o garoto até que é legal e meio que virou meu amigo depois de que toda essa confusão entre ele e Violet foi resolvida.
— Cara, você está ferrado. -É Matt quem se arrisca a falar primeiro.
— Acha que não sei disso? -Resmungo estressado.
— Calma Ben, eu não disse por mal. -Ele contesta algo ofendido e me arrependo imediatamente por tratá-lo dessa forma.
— Desculpe, é que estou uma pilha de nervos esses dias. -Murmuro e ele balança a cabeça para cima e para baixo.
— Já pensou no que vai fazer? Pelo que entendi, sua garota não pode deixar de ir na audiência, e quando isso acontecer, ela vai ficar sabendo de tudo que nos contou agora.
Beck observa com um vinco na testa e tenho que concordar.
— Não há nada mais para fazer. Só me resta esperar pelo inevitável.
— Nesse caso, saiba que vamos estar com você, não importa o que aconteça. -Ele garante e tanto Matt quanto Jonah concordam prontamente.
Se esse arrependimento fosse corrosivo, não sobraria nada do meu corpo estúpido nesse instante.
Como estamos no pátio ao lado do restaurante, Brenda e Violet aparecem minutos depois e nos acompanham para comer.
Os garotos não comentam nada sobre o que estávamos falando mais cedo e me sinto ainda pior por praticamente obrigá-los a fingir que não sabem de toda a merda que é a minha vida.
Brenda se senta no colo de Beck que abraça a sua cintura atraindo-a ainda mais para perto dele e Violet ocupa o lugar ao meu lado sem dizer uma só palavra.
O clima está pesado e tenho quase certeza de que ela contou tudo para a amiga que não para de me lançar adagas com o olhar.
Conversamos sobre algumas besteiras tentando obviar o clima tão tenso que poderia ser facilmente cortado com uma faca, e quando o horário de almoço acaba, nos dirigimos até o bloco onde teremos nossa próxima aula.
Antes de nos separarmos, puxo Violet para perto de mim e beijo sua testa sentindo o medo me dominando dos pés à cabeça.
Essa situação está fora das minhas mãos e não posso deixar de pensar na primeira noite que eu e ela tivemos, onde adorei todo o seu corpo com devoção e como depois disso nos conectamos como nunca tínhamos feito. Várias e várias vezes.
— Vi eu... -Começo com a voz trêmula. — Te vejo mais tarde? -Não consigo dizer o que está entalado na minha garganta como o maldito covarde que sou.
— Não sei se vou poder. Tenho que me reunir com o advogado do meu pai para ensaiar para as possíveis perguntas que farão depois de amanhã. -Revela em um suspiro.
— Oh, tudo bem. Mais tarde te ligo então. -Me despeço com um beijo rápido nos seus lábios e ela se afasta de mim sem olhar para trás.
De todas as burrices que eu já fiz na vida, essa é definitivamente a mais nociva.
NOTA DO AUTOR
Ok, eu disse que nos veríamos na sexta, mas eu não consegui esperar
pra postar o cap pq queria vcs surtando mais um pouquinho kkkkk
Quem já leu MH e SP sabe que nos últimos capítulos, as postagens ficam mega irregulares pq eu simplesmente enlouqueço e lanso a braba mermo kkkkkkkkkkkkk
Não odeiem o Benji pfvr! Ele é tapado, mas é pq ele gosta mto da Vi hhahaha
Agora sim, nos vemos na sexta ou sei lá
Não se esqueçam de votar e comentar,
Amo vcs, 😍
Bjinhossssssssss BF💜💜💜
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