24 - O passeio parte I
— Quero saber de tudo e com detalhes! Não ouse esconder nada de mim, Foxy. -Escuto a voz de Brenda antes mesmo de vê-la. A loira simplesmente não consegue ser discreta.
Depois de me despedir de Benjamin, fui direto para a sala e me surpreendi ao não encontrar minha amiga sentada em uma das várias cadeiras.
Mesmo assim, entrei e procurei um lugar vazio para deixar cair meu corpo cansado de toda vida social que venho tendo ultimamente.
Minhas bochechas estão doendo com o sorriso que estampei desde que conversei com Ben e Brenda percebe justamente isso, o que serviu de munição para que ela me enchesse de perguntas ainda mais do que o normal até mesmo para ela.
— Não aconteceu nada de mais, menina. -Digo irritada depois de quase dez minutos de interrogatório. — E posso saber o motivo desse seu atraso? -Levanto uma sobrancelha e ela fica levemente ruborizada.
— Acha mesmo que vou cair nessa? Não tente fugir de mim. Vamos, desembucha. -Pede mais uma vez e nego com a cabeça sabendo que não terei escapatória. Ou lhe conto tudo agora, ou ela não vai me deixar em paz até que isso ocorra.
— Tudo bem, eu vou dizer, mas depois eu quero saber onde você estava e porque parece que rolou pela grama. -Retiro uma pequena folha verde do seu cabelo.
— Trato feito. -Concorda estendendo sua mão e aperto-a, selando nosso acordo.
Imediatamente começo a contar tudo desde o momento em que ela, Beck e Jonah foram para o restaurante e seus olhos vão se arregalando cada vez mais na medida que vou dizendo as partes mais interessantes.
— NÃO ACREDITO QUE ESTÃO NAMORANDO! -Grita ao escutar o pedido que Benjamin me fez e a resposta que lhe dei.
Vários colegas giram as cabeças para nós duas evidentemente irritados com a interrupção da loira e murmuro um pedido de desculpas que os faz voltar para os seus lugares.
Ainda bem que o professor ainda não chegou, senão estaríamos em apuros.
— Primeiro de tudo: eu e ele não estamos namorando, e segundo: dá para falar mais baixo por favor? -Repreendo com a voz aguda e Brenda faz uma cara tão engraçada de quem foi pega no pulo, que me obriga a rir mesmo estando morrendo de vergonha.
— Ok, me desculpe. -Murmura recuando até grudar as costas no encosto da cadeira. — Mas vocês estão namorando sim, não me venha com conversa fiada.
Fico em silêncio unicamente pelo fato de que agora que ela disse isso com todas as letras, é que parei para pensar que talvez Brenda tenha razão.
Embora eu e Benjamin não tenhamos estabelecido um título para a nossa relação, ele parecia realmente sério quando pediu para que ficasse com ele e o conheço faz tanto tempo, que sei que ele jamais brincaria comigo dessa maneira.
— Mas o que... -Suspiro nervosa.
— Agora é que caiu a ficha, querida? -Seus dedos se embrenham nos meus e balanço a cabeça ainda atordoada com a revelação.
— Benjamin e eu estamos namorando... -Saboreio cada palavra que escorrega mais doce do que deveria pela minha língua e indo contra todas as minhas convicções, um sorriso tímido se forma nos meus lábios.
Devo ficar vários minutos pensando na magnitude dessa simples frase e de tudo o que ela representa.
Então quer dizer que eu e o meu melhor amigo realmente estamos juntos? E por que isso me faz sentir esse friozinho na barriga, como quando você passa por uma estrada inclinada em alta velocidade?
Realmente não tenho resposta para isso, o único que sei é que estou gostando da sensação.
Toco meu queixo, depois meus lábios e finalmente meu pescoço, refazendo o mesmo caminho que os dedos dele e desejando tê-los outra vez ali, acariciando minha pele e me transportando a lugares que eu sequer conhecia.
Mas o que diabos está acontecendo comigo? Até algumas semanas atrás eu odiava Benjamin e guardava uma mágoa que parecia nunca ter fim por ele, e agora estou aqui suspirando pelo garoto.
O que vou fazer com tudo isso? E o mais importante: o que vou fazer quando ele quebrar meu coração outra vez?
— Terra chamando Violet! -Duas mãos balançam na minha frente e pisco vagarosamente focando minha atenção no presente.
— Estou aqui, Brenda.
— Pois não parecia. -Provoca com seu sorriso de sempre. — O professor acabou de chegar, infelizmente não poderei te contar onde estava. -Explica apontando para a porta com falso pesar e levanto uma sobrancelha sem acreditar em uma só palavra que sai pela sua boca pintada com um batom vermelho sangue, sabendo muito bem que quando Brenda quer conversar, ela dá um jeito.
Contudo, decido deixar essa conversa para depois já que no momento estou com a mente tão longe dessa sala que provavelmente não prestaria atenção no que quer que ela tenha para me dizer.
Cada uma se endireita na sua cadeira e fazemos de conta que estamos prestando atenção na aula pelas seguintes duas horas.
No começo até tento anotar algumas coisas que o professor explica, mas com o passar dos minutos, desisto da ideia e fixo minha vista em um ponto qualquer, desejando que ele nos libere logo dessa tortura interminável.
E no momento que isso acontece, coloco todos os meus materiais de volta dentro da bolsa e pesco o celular no bolso da calça, me preparando para enviar uma mensagem para Benjamin indicando que já estou livre.
Curiosamente, Brenda faz exatamente o mesmo que eu, no entanto, suspeito que o seu destinatário é o outro garoto cujo nome também começa com B.
Caminhamos porta afora até o pátio e nos sentamos para esperar que os garotos apareçam.
— Então você e Beck, heim? -Empurro o ombro da loira com o meu e ela solta uma risadinha nasalada.
— A gente combina tão bem e ele é tão... argh. -Suspira entusiasmada.
— Eu gosto dele. O garoto parece ser uma boa pessoa. -Confirmo e ela me olha aliviada como se precisasse da minha aprovação.
— Tenho medo, sabia? -Confessa de repente e franzo o cenho preocupada.
— Medo do quê?
— De como ele vai reagir quando souber... já sabe... daquilo. -Murmura receosa e aperto suas mãos com firmeza.
— Olha, Beck não parece ser o tipo de pessoa que te julgaria, muito pelo contrário, tenho certeza que ele vai te apoiar cem por cento. -Prendo seu olhar no meu. — Você não foi a culpada nessa história e não tem motivos para se envergonhar, querida. -Concluo puxando-a para um abraço fraternal.
Chega a ser inexplicável a forma como nos tornamos tão próximas desde que nos conhecemos.
Brenda e eu somos duas pessoas tão diferentes e mesmo assim nos damos super bem.
Uma garota impaciente e que se irrita com facilidade como eu e ela, divertida, extrovertida, que ilumina qualquer lugar por onde passa e acima de tudo, amável e carinhosa.
Talvez seja verdade quando dizem que os opostos se atraem.
— Desse jeito vou acabar chorando, droga! -Brinca limpando as lágrimas falsas de maneira exagerada e sei que a Brenda traquina está de volta.
Conversamos por mais algum tempo, até que um trio composto por Benjamin, Beck e Matt se aproxima batendo papo e rindo de qualquer coisa.
Eles são tão bonitos que chamam a atenção de quase todos e posso jurar que os três até parecem caminhar em câmera lenta.
Conforme chegam mais perto, cada um dirige o olhar para o que mais lhe interessa e quando Benjamin me vê, sinto toda aquela agitação no meu estômago outra vez. Forço a saliva a passar pela minha garganta e rezo para que não esteja parecendo uma boba apaixonada.
Será que vai ser sempre assim a partir de agora? Cada vez que nos encontrarmos eu vou ser dominada pela timidez que nunca tinha sentido ao estar junto com ele?
Ele senta do meu lado ao mesmo tempo em que Beck toma o lugar do lado de Brenda e Matt mais para lá, ao lado deles.
— Como estão, meninas? -Beck interroga divertido. — Senti saudades. -Diz contra o ouvido de Brenda que sorri de canto com uma confiança completamente diferente da que sentia minutos atrás.
— Eu sei... tenho esse efeito nas pessoas. -Responde manhosa recebendo uma confirmação em forma de apertão na perna torneada.
Observo os dois tão absorta na cena, que esqueço por um breve instante da presença de Benjamin até que ele segura meu queixo, atraindo minha atenção para si.
— Pronta para o nosso passeio? -A animação na sua voz me faz lembrar de quando passávamos horas e horas deitados no terraço do seu apartamento, observando as estrelas e nos perguntando o que faríamos quando finalmente virássemos adultos.
Se alguém me dissesse que estaria literalmente beijando-o a cada oportunidade, eu provavelmente responderia como uma gargalhada sonora e mandaria a pessoa procurar um médico para ver se não estava delirando.
Benjamin provou mais uma vez que ele sempre vai conseguir me surpreender, seja para bem ou para mal.
Seus dedos escorregam até meu pescoço, descendo pelo ombro e parando na minha mão, segurando-a com propriedade, como se eu sempre tivesse sido sua.
E talvez ele não esteja errado.
— Vamos então? -Reitera beijando minha bochecha, perigosamente próximo da minha boca.
— Hã, sim, só preciso passar no apartamento para pegar outro capacete para você. -Explico já me levantando. — Nos vemos amanhã Brenda, mas não pense que esqueci da nossa conversa. Mais tarde te ligo. -Advirto e ela pisca o olho sabendo exatamente do que estou falando.
— Pode deixar e aproveite o passeio. -Provoca como sempre e meneio a cabeça sorrindo. Essa garota é demais.
Me despeço rapidamente de Beck e Matt, e Benjamin segura minha mão nos guiando para a saída até o estacionamento. Vamos conversando distraídos e só percebo que estamos ao lado do seu carro quando paramos de andar e ele me lança um olhar nervoso.
— Esqueceu de pegar algo?
Cruzo os braços e ele se aproxima me prensando contra a porta do passageiro, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar.
— Na verdade, não. -Segura meu rosto com as duas mãos e cola seus lábios nos meus, me beijando tão intensamente que por alguns segundos esqueço do motivo de estarmos aqui em primeiro lugar.
— Vi, eu quero te perguntar algo. -Diz quando eventualmente nos separamos em busca de ar. Franzo o cenho e permaneço em silêncio à espera que ele continue. — Aquele dia da festa, você... hã... você ficou mal por que te coloquei dentro do carro, não é mesmo? -Continua e confirmo com um aceno tentando entender onde ele quer chegar com tudo isso. — Antes de mais nada, quero te pedir desculpa por isso, e-eu não fazia ideia.
— Está tudo bem, Benjamin. Sério, não precisa se...
— Preciso sim. -Interrompe chateado consigo mesmo. — Mas não era isso que eu queria falar. Eu hã... eu te convidei para um piquenique e meio que mandei preparar uma cesta com algumas coisas para comer, só que ela é enorme e não há maneira de que consigamos levar na sua moto sem correr nenhum risco.
NOTA DO AUTOR:
Hello moressss eu disse que quarta feira chegava rapidinho não é mesmo?
Bom, como puderam perceber, eu separei o cap em 2 partes pra não ficar mto
cansativo, mas não precisam se preocupar que já já posto a segunda parte!
Espero que tenham gostado, não se esqueçam de votar e comentar!
Amo vcs 🥰
Bjinhossssss BF 💜💜💜
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