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17 • | armageddon

Quando era criança tinha medo de ir a igreja.

Meu pai, quando voltou da guerra, decidiu que era hora de se aproximar de Deus. Fazer as coisas certas e andar conforme seus mandamentos, minha mãe como era uma católica fervorosa se jubilou com a decisão de papai e no primeiro domingo de seu retorno vestimos nossas melhores roupas e adentramos a casa do senhor. No começo eu gostava, eles cantavam músicas bonitas e o padre falava sobre como papai do céu criou a terra, fez os animais e todas as coisas. Era bom saber que havia alguém tão poderoso cuidando de mim.

Mas conforme eu crescia eles não falavam mais tanto sobre as coisas bonitas e boas, eles falavam sobre guerras, destruição, bolas de fogo caindo do céus e matando todo mundo que não obedecesse. E nesta época só havia um nome em meus pesadelos, Armagedom, eu não entendia direito o que significava, mas isso me assustava.

E até hoje assusta.

Armagedom se refere a batalha final de Deus contra a iniqüidade, ou o diabo, o que dá no mesmo. Pra mim sempre fora sinônimo de caos, destruição, o fim de algo. Hoje eu me perguntava se estava vivendo o Armagedom de Louis Tomlinson, se aquele desmaio repentino e dramático não era um sinal de que nosso tempo juntos estava se esgotando. Era doloroso pensar sobre isso quando ele estava com a cabeça no meu peito, acariciando minha barriga e contando a história dos três porquinhos para Melly que não parava de chutar desde que ouvira a sua voz de anjo.

- E então ele soprou e soprou...

- Lou. - Chamo, ainda brincando com seus cabelos e ele ergue os olhos pálidos que miram no meu queixo, mas não é como se eu não estivesse acostumado. Depois de tantos meses eu não esquecia mais que ele não pode me ver e de certa forma não importa, isso não o torna menos incapaz ou homem do que ninguém, como Mitch havia me dito as imperfeições de Louis eram o que o faziam perfeito para mim. Ainda me era surreal que eu tivesse um sentimento tão grande por aquele mesmo homem que me recepcionou com uma arma. O amor e seus jogos misteriosos - Será que meus pais não me odeiam mais?

Desde que os policiais vieram com a denúncia de sequestro, uma pequena esperança de que eles não me repudiassem cresceu em mim.

- Quem sabe. Eles são seus pais e perderam você e sua irmã.

- Eu poderia ligar para eles algum dia.

- Seria bom. - Murmura, esfregando o nariz em minha camisa e beijando minha clavícula com sua mão descendo para massagear meu quadril - Só não alimente esperanças.

- Não estou!

- Duvido! Você é a pessoa mais iludida que eu conheço.

- Não sou. - Rebato com um bico mimado e Tomlinson gargalha subindo para beijar meu bico até que eu esteja dando passagem para a sua língua quente e macia, afastando as pernas para que ele coloque a sua entre elas.

- Vejo que está bem melhor, Louis. - O tom autoritário do Dr. Rexha nos faz tomar uma distância segura um do outro e encostamos as costas contra a cabeceira. O homem corpulento com barba e cabelos grisalhos, olhos caídos e inexpressivos e duas cabeças mais alto do que eu tinha uma prancheta na mão e rabiscava algo, sua filha estava ao seu lado, o rosto bonito e delicado estava coberto por traços severos e ela ainda não tinha parado de bufar e me olhar atravessado como se eu fosse uma mosca em sua sopa. Eu não a culpo, de certa forma ela não esperava que depois de ter chegado em tempo recorde e ainda ter trazido o pai para tratar de Louis, quando ele acordasse foi querer a mim e ainda por cima me beijar na frente dela.

Bleta era filha de um dos melhores médicos da Inglaterra, ela tinha um talento nato e durante a guerra o ajudou a tratar dos feridos, mas por suas habilidades muito superiores a de uma simples enfermeira ela ganhou o título de doutora, embora não fosse formada e nunca tivesse sequer pensado na possibilidade de seguir o ofício, mas tudo mudou quando o seu melhor amigo e paixão eterna se encontrava a beira da morte e então ela abraçou o ofício com unhas e dentes. Desde que eu chegara a esta casa ela tinha sido a única médica a tratar de Louis. Liam me manteve trancado na biblioteca por um tempo a mais e não me deixou ver o que aconteceu depois que Louis desmaiou, provavelmente não seria uma boa ideia me aproximar com todos os soluços e o choro copioso, mas depois que ele estava acomodado em seu quarto ela ligou para o pai.

A expressão de Charlotte foi de puro pavor e algo me dizia que a presença desse homem aqui não podia significar coisa boa.

- Estou muito bem, Rex.

- É doutor Rexha, rapaz, sei que seu pai lhe deu educação.

- Sim, titio. - Suspira, descendo um pouco mais o corpo até que sua cabeça esteja acomodada na curva do meu pescoço.

Bleta revira os olhos furiosamente.

- Precisamos conversar sobre o seu desmaio.

- Não precisamos, sabemos o que é. - Sua mão se encaixa na minha - Eu estou grávido, vamos ter dois bebês!

- Louis! - O advirto, sabendo pela cara do médico que não é assunto para suas gracinhas.

- Este é o caso do rapaz ao seu lado, Louis, não o seu. Apesar de que você sabe perfeitamente o que houve.

O maxilar de Louis se aperta e ele não diz nada.

- O que houve? Porque ele desmaiou? - Me atrevo a perguntar e seus dedos apertam os meus com força em uma advertência.

- Não importa!

- É claro que importa. - Bleta diz avançando em direção a ele, o puxando pela gola da camisa - O que você tem na cabeça? E onde você estava? - Ela se vira para mim, um olhar cortante - Deixou que ele se drogasse daquele jeito.

Se drogasse?

- A culpa não é dele, Bebe. Eu não preciso de babá. - Ele fecha os dedos no pulso fino dela, a afastando de sua camisa.

- Do que vocês estão falando?

- O seu namoradinho. - Ela diz com desdém - Teve uma overdose.

- Overdose por uso exacerbado de medicamentos controlados, tem sorte que Rowland agiu rápido se não você estaria morto agora. Há quanto tempo vem misturando remédios com álcool? Ou melhor, porque tem tomado tantos remédios?

Louis esfrega a barba, visivelmente desconfortável e suspira.

- Há um mês e meio. - Esse é o tempo em que ele teve sua última dor. Quando Anthony me atacou, ele está se drogando por minha causa?

- Porque? - O médico continua, cruzando os braços em frente ao peito, o óculos de grau caindo na ponte do nariz.

- Será que podemos pular todo esse interrogatório? Você só me diz que eu fui irresponsável, Lottie muda os remédios de lugar e pronto. Você volta para a América e manda meus cumprimentos para a estátua da liberdade.

- Louis. - Suspira - Você tem tomado tantos remédios porque não consegue mais suportar a dor. Eu te direi o mesmo que disse treze anos atrás, você está mantendo um membro morto preso ao seu corpo e que de nada serve, está apenas prolongando o seu sofrimento e colocando a sua vida em risco.

- E como eu disse há treze anos atrás, eu discordo.

- A pedido da minha filha eu o deixei viver com isso por todos estes anos, mas como um médico não posso permitir que você mantenha uma perna podre presa ao seu corpo, apenas por medo.

- Medo? Eu não tenho medo de nada. - Ele grita com o rosto tomando uma tonalidade avermelhada e eu o conheço o suficiente para saber que ele mente, Louis está apavorado e posso ver com clareza seus lábios tremendo e os olhos lacrimejando com as palavras seguintes do homem:

- Nada disso importa, porque estou aqui para amputar a sua perna.

- Não. - Sussurra, baixo e fraco. Como um pedido de ajuda.

- Não estou pedindo sua permissão, sua irmã já a deu.

- Charlotte não responde por mim, nem é minha responsável para dar qualquer tipo de permissão.

- Louis, é justamente o que ela é, desde que você foi declarado psicologicamente incapaz há seis anos quando tentou se enforcar, lembra?

Ele tentou se enforcar? Como eu nunca soube disso. O que mais ele esconde de mim?

- Não importa, porque eu não faço mais esse tipo de coisa. Eu sou capaz de tomar decisões agora. - Sua mão procura as cegas pela minha e eu a agarro, dando todo o suporte que ele tanto necessita - Pegue sua serra, e dê o fora da minha casa.

- Sabe que...

- Eu mandei sair da minha casa! - Ele explode com a voz aguda criando ecos pelo cômodo.

- Essa é a realidade. Não importa gritar ou espernear, filho, quanto mais tempo mantê-la, mais comprometida a sua saúde será.

- Não me chame de filho. Você não é meu pai. - Ele rosna com um tom de voz que eu nunca havia ouvido. É perigoso, cru e carregado de uma raiva profunda.

- Seu pai iria querer...

- Meu pai está morto e pelo que eu sei mortos não tem vontades. - Louis dispara uma última vez e isso leva o Dr. Rexha a assentir, saindo do quarto com passos duros, seguido pela filha que tinha lágrimas se formando nos olhos e eu me perguntei quanto tempo mais demoraria até que eu também começasse a chorar.

- Você está...?

- Ótimo. Estou ótimo. Será que poderia me deixar sozinho agora? Gostaria de repousar um pouco. - Pede, com um sorriso fraco, acariciando meu rosto com os dedos trêmulos e eu os agarro.

- Não precisa mentir pra mim. Eu estou aqui, pode contar comigo, Lou.

- Eu sei, amor. Acredite em mim, eu estou bem. - Ele me assegura, se inclinando e me dando o beijo mais frio e evasivo que poderia.

E mesmo que o meu coração gritasse para não partir atendi ao seu pedido. Porque eu não queria que ele me ouvisse chorar, assim como não queria ouvi-lo chorar. O que não acabou acontecendo porque nossos quartos eram frente a frente e o som dos gritos raivosos e de coisas sendo lançadas no seu quarto não sobrepujaram os meu grunhidos de lamento e o pranto.

Xx

O jardim estava sofrendo uma grande transformação. Era um dia mágico, cadeiras estavam enfileiradas do lado direito e esquerdo, vasos de barro marrom com amor-perfeito vermelhos e pequenas moitas serviam para demarcar o corredor onde pétalas brancas haviam sido jogadas em zigue-zague, onde a noiva desfilaria. O quarteto de cordas já tirava as suas primeiras notas, se preparando para o grande evento que seria celebrado em poucas horas. Um grande arco repleto de rosas brancas havia sido erguido em frente ao bosque, onde árvores altas se erguiam com seus galhos quase livres de folhas, uma mesinha dourada com tampo de vidro tinha uma bíblia sagrada repousada sobre ela.

Aberta em 1 Coríntios 13. Meus olhos se fixaram no trecho que eu sabia que seria citado, afinal ele é perfeito.

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.

Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.

O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

Pressiono o dedo contra o papel frágil da bíblia que se amassa levemente enquanto olho em direção a janela do quarto de Louis. As cortinas estão fechadas. Talvez seja apenas pelo frio. Charlotte tinha esse desejo antigo de casar ao ar livre e não podia ter escolhido época pior, pelo menos a neve tinha dado uma trégua há alguns dias e houve tempo para que o jardim fosse limpo, mas o frio continuava intacto. Contudo, o clima invernal até que caiu bem com a decoração.

- Aqui. É gostoso? - Mitch pergunta, a alguns metros de distância de mim, segurando um morango que ele acabara de pegar de uma torre elaborada de frutas para que Felicite desse uma mordida.

- Sim, muito. - Ela diz sorrindo brilhante. Pulando na tentativa de pegar um também, o que acontece com facilidade visto sua altura e ela o imita, aproximando a fruta de sua boca.

Se fosse qualquer um ali, eu teria certeza de estar presenciando um flerte descarado e até promíscuo, porém esse tipo de coisa não podia acontecer por ela acreditar fielmente que ainda era uma menina e que seu pai jamais a deixaria namorar tão jovem, ainda mais com um homem tão mais velho. Era um pouco triste de saber que aquele sim, era um amor impossível, talvez um dia ela acorde e se dê conta de que não é uma criança e sim uma mulher, uma mulher forte o bastante para ter sobrevivido ao inferno e encontrando um amor verdadeiro. Talvez um dia aconteça.

Mitch poderia esperar até esse dia?

- Harry! - Olho para Clare que caminha até mim usando um vestido de gosto duvidoso, mas sua nova cor de cabelo é bem interessante, o ruivo lhe cai bem - Cadê o Louis?

- Não sei, eu não o vi hoje.

- Ele está tão estranho. - Ela diz e eu apenas balanço a cabeça. Não imagino como alguém pode agir normalmente depois de receber a notícia de que sua perna precisa ser amputada, ainda mais alguém que já não pode mais contar com a visão. Louis estava notavelmente deprimido, ele não jantava e ficava a maior parte do tempo sozinho, bebendo ou fumando na biblioteca, eu ainda ia dormir em seu quarto, mas durante a noite não sentia seu braço ao redor da minha cintura ou o calor de seu peito as minhas costas. Ele estava distante, muito distante e então era como no começo, quando eu me referia a ele como senhor ele repudiava a minha presença.

Eu estava dando o meu melhor para não falar ou fazer nada que o desagradasse, ele precisava de espaço e eu podia dar isto a ele.

- Charlotte disse que precisa dele pronto as três e tem de estar sóbrio para entrar com ela.

- Okay, eu vou ver como ele está.

Me afasto dela, cortando o caminho para não pisotear as pétalas feitas especialmente para serem esmagadas pelos pés da noiva e rumo em direção a mansão. Subo as escadas rapidamente e giro a maçaneta de seu quarto, o encontrando trancado. Sinto um vinco se formar entre minhas sobrancelhas, então puxo a manga do moletom para não ter contato com a madeira fria e bato. De imediato ela é aberta e eu dou de cara com um rosto familiar. Indesejado, porém familiar.

- Hey, cacheado! - Tristan grita com uma empolgação assustadora, me agarrando e me levantando no ar. Meu grito assustado o faz ter a bondade de me colocar no chão novamente - Desculpe. Eu fiquei feliz em te ver e... Wow, o que temos aqui? Você não tinha uma dessas da última vez que nos vimos. - Ele observa minha barriga colocando as mãos nos quadris - Ainda bem que não fizemos nada senão eu teria sérios problemas.

- Pois é, mas não tem. O que faz aqui? - Desconverso, arregalando os olhos para a mulher literalmente nua na cama, me lembro dela como uma das dançarinas de CanCan.

- O Lou nos convidou pro casamento. Legal da parte dele, né?

- Uhum. Onde ele está?

- Vem, eu te levo. - O loiro se oferece, batendo no peito nu e eu realmente não quero imaginar o que estas pessoas estão fazendo no quarto de Louis sem roupas. Ele arrasta a porta do banheiro e dá uma risadinha, empurro seu ombro para ter a visão de Louis dentro da banheira, os cabelos molhados puxados para trás e os olhos fechados com os dedos cavando a porcelana, seus lábios se partem em um gemido e eu sei que é graças a Ashton ajoelhado ao seu lado com as mãos afundadas na água, o braço se movendo em conjunto com um sorriso malicioso.

A cena soa morbidamente familiar.

- Sr. Tomlinson, tem alguém querendo te ver. - Tristan cantarola e Ashton rapidamente puxa a mão e fica em pé, também sem camisa e uma coisa incomoda marcando seus jeans - Um príncipe de cabelos cacheados. Lindo demais.

- O mais lindo do mundo? - Louis pergunta.

- Com certeza. - Ashton afirma, passando por mim com suas covinhas a mostra, puxando Tristan que reluta para desviar os olhos de mim. Encosto a porta e vou de encontro ao seu chamado, ajoelhando ao seu lado.

- Você me traiu? - Pergunto o óbvio, sentindo um soluço subir pela garganta.

- Eu amo você. - Ele suspira levantando uma mão para enrolar um cacho em seu dedo.

- Louis... - Choramingo, apoiando o queixo na borda da banheira, não querendo ficar irritado com ele porque eu posso sentir o cheiro de álcool que o envolve, assim como da maconha. Além do pó branco espalhado na pia. Ele está tão drogado que não vale a pena - , porque você está se destruindo?

- Eu já disse que te amo?

- Lou.

- Meu bebê girafa está crescido. - Ele sorri largo, roçando o polegar na minha bochecha, tentando fazer com que uma covinha se forme ali - Porque você não sorri? Tá triste? Eu te faço triste, Haz?

Te ver assim me faz triste.

Enxugo uma lágrima antes que seu dedo possa alcança-lo e nego, tratando de sorrir para que ele possa se alegrar quando sente seu dedo se afundar em minha bochecha e eu finjo não ver os chupões marcando seu peito e o quão feio está a ferida em sua perna.

- Eu vou morrer, Haz?

- Não, claro que não. - Garanto, segurando seu rosto e colando nossas testas - Nós vamos viver para sempre.

- Eu quero viver para sempre com você. Aliás, eu já disse que te amo?

Xx

As três horas em ponto Tommy estava em pé no altar com um terno cinza elegante, o cabelo bem penteado e os olhos quase transparentes pelas lágrimas que ele lutava para segurar e Charlotte ainda não havia sequer aparecido.

As cadeiras estavam todas ocupadas. Do lado esquerdo estavam os ricos amigos do casal, pessoas que colaboravam com seus negócios e não gostariam nem um pouco de saber que não foram convidadas para o casamento. Eram homens com ternos caros, bigodes com pontas arqueadas e abotoaduras de ouro e mulheres de pescoço comprido para comportar colares com pérolas gordas e vestidos de cores exuberantes.

A direita estava a família, pessoas realmente importantes e eu me orgulhava de estar entre eles. Devido a minha aparência comprometedora eu me sentei mais ao fundo, a minha barriga não era mais tão fácil de esconder, embora eu estivesse com uma camisa larga que não marcava e um blazer por cima, o relevo ainda se fazia presente na altura do meu umbigo. Mesmo assim eu não iria perder o casamento de Charlotte. Deixei a gravata de borboleta de lado e usei uma longa e preta, estava bem simples até Clare surrupiar um raminho de flor branco para prender no meu bolso e dar um toque elegante, ela também tinha penteado meu cabelo e feito um topete que me deixou mais adulto.

Mês que vem eu teria dezessete. Já seria um homem feito e com uma filha, mudar o visual é uma boa.

- Isso tudo é tão lindo. - Clare suspira ao meu lado, agora com um vestido apresentável, longo e justo com estampa florida e um raminho na alça, era fofo.

- Pretende fazer algo do tipo no seu?

- Eu não vou me casar.

- Mas você quer.

- Não é por aí, eu tenho trinta e dois e não consigo manter um namorado. Já está escrito no livro da vida que eu vou morrer encalhada.

- Que exagero! - Exclamo, beliscando sua bochecha o que só faz seu bico aumentar - Vamos conseguir um marido pra você, os primos do Tommy são uns gatos.

- Ah, pode ser. - Diz como quem não quer nada, mas eu sei que ela está de olho neles há muito tempo. Um alvoroço surge as minhas costas e olho de canto pegando a visão de Ashton, Tristan e garota se sentando, todos muito bem vestidos e animados, cheios de sorriso e piadinhas internas.

Louis cambaleia, chutando as pétalas do caminho até cair na cadeira ao meu lado. Há uma garrafa quase vazia de uísque entre seus dedos e um baseado na boca, ele veste um terno que está totalmente desalinhado, a gravata desfeita e botões abertos tal como os cabelos apontando para todo o lado e um arranhão em sua bochecha.

- O que está fazendo aqui? Pensei que fosse entrar com a Lottie. - Sussurro, olhando preocupado para ele e procurando Lottie que não aparece. Tommy checa no relógio, ficando inquieto.

- Fugiu. - Ele grita bem alto causando um borburinho e até o noivo perde a cor do rosto.

- É brincadeira dele. - Clare tenta contornar a situação.

- Ela acha que é minha mãe. Sempre achou que podia mandar em mim, mas ninguém, ninguém manda em Louis William Tomlinson. - E dá um longo gole em sua bebida, esvaziando a garrafa.

De repente a marcha nupcial tem início e todos viram o pescoço para encontrar Charlotte caminhando de braços dados com a irmã. Fizzy sorri contente, usando seu vestido branco de dama de honra, uma coroa de flores amarelas sobre os cabelos que cascateavam em longos fios por seus ombros. Charlotte estava linda, seu vestido de noiva era discreto, mas seu véu era longo e arrastava no chão, roubando para si todas as pétalas pálidas, no rosto perfeito trazia resquícios de lágrimas que infelizmente não pareciam resultado do casamento. Louis estava inexpressivo ao meu lado.

Mas quando ela chega até o noivo tudo o que está além deles perde importância, o padre inicia a cerimônia e quando ele repete os versículos que eu li mais cedo, entrelaço meus dedos nos de Louis que continua indiferente, até levar minha mão até os lábios e deixar um beijo rápido.

Esse singelo gesto perdeu qualquer significado nas horas seguintes em que o meu suposto namorado esteve entretendo a todos com seu charme, carisma e arrogância que atraia aos esnobes podres de ricos. No presente momento ele estava no centro das atenções, ensinando uma linda mulher de cabelos escuros a usar o arco e flecha, seu corpo estava atrás do dela, uma mão posicionada em seu cotovelo e a outra firme em sua cintura.

Os observava amargamente de uma distância segura, cerrando meus punhos na taça de cristal que estava a pouco de se quebrar entre meus dedos. Mas não havia nada que eu pudesse fazer. Ele estava surtando no meio de uma multidão e eu não podia fazer nada, não podia simplesmente afastá-lo daquele bando de harpias porque mesmo que ele fosse meu eu não podia toca-lo, ninguém podia saber que eu estava sangrando só por vê-lo distante. Precisava manter minha cabeça erguida e fingir que não doia, mesmo que estivesse sendo uma tortura.

A mulher solta a flecha e acerta em cheio, no que deve ser a sua vigésima tentativa e como recompensa ele a beija. Fecho os olhos para conter o refluxo com a imagem e eles se alvoroçam ainda mais.

Um pouco mais tarde depois dele se recusar a dançar com Charlotte e a chamar de vadia cruel na frente de todos os seus convidados e tê-la feito correr para os seus aposentos chorando. Eu sei que não posso mais ignorar.

Louis entra na mansão, praticamente carregado pelos dois rapazes e mais duas novas garotas que lhe roubam beijos e correm as mãos finas por seu corpo. Os sigo, batendo a porta forte o bastante para chamar a atenção do grupo.

- Posso falar com você, Sr. Tomlinson? - Pergunto unindo as mãos atrás do corpo, sem me importar em começar uma discussão no meio do hall de entrada. Ele suspira, correndo os dedos pelos cabelos e dispensando o grupo com um simples aceno e eles passam por mim sem hesitar. Deixando apenas nós dois.

- O que você quer?

- Entender qual é o seu problema. - Digo, embora saiba bem qual é. Ele solta um riso falso e se arrasta até os degraus, sentando na escada. Era por isso que ele estava sendo carregado, ele provavelmente nem consegue mais andar, mas continua mandando o Dr. Rexha para o inferno.

- Não tem problema, Haz. Não tem. - Ele garante, enfiando as mãos no bolso e tirando uma caixinha prateada repleta de rolos de maconha.

- Eu não acredito que você vai fazer isso. É o casamento da sua irmã, Louis. Não é hora pra agir com um adolescente.

- Disse o adolescente. - Sem me dar ouvidos ele o coloca na boca, agora procurando o esqueiro. Ao ver aquilo eu não consigo me conter e marcho até ele, arrancando o cigarro dele e pisando em cima.

- Você está se agarrando com todo mundo, como se fosse um maldito michê. - Resmungo entre dentes. Ele levanta o rosto para mim com um sorrisinho debochado.

- Está com ciúmes?

- Não.

- Claro que está. Você não quer que ninguém toque no que é seu. - Seu sorriso se alarga, deixando o deboche e ficando maníaco - Quer tudo isso só pra você. - Aponta para seu corpo e gargalha - Mas vou logo avisando que está tudo podre. Em péssimo estado, caindo aos pedaços.

- Louis... - Começo sentindo um aperto na garganta, passo os dedos pelos cabelos e os aperto com força no topo da cabeça, querendo ser mais forte, mais esperto, capaz de ajuda-lo de alguma forma. Ele não é uma pessoa ruim, só está machucado, como eu estive há alguns dias. Ele sempre está lá por mim e eu farei o mesmo por ele, sempre - Não diga isso.

- Oh, e se eu fizer? Vai arrancar minha língua? Você também quer tirar um pedaço de mim, Harold? Claro que quer. Todos querem um pedaço do fodido Sr. Tomlinson. Venha, sirva-se à vontade. - Agora ele berra, agarrando as laterais da camisa e a puxando com força o bastante para lançar alguns botões pelos ares e expor o peito que agora estava magro. Suas unhas cavam sua pele, flagelando a si mesmo - Tome o que quiser, meu amor. Eu disse que era seu, de qualquer maneira.

Suspiro profundamente, antes de apertar os braços ao meu redor.

- Deveria tomar um banho e dormir um pouco. Você está cansado.

- Tem razão. Estou cansado. Muito cansado. - Louis diz, abaixando a cabeça até que ela esteja apoiada em suas mãos - Eu nunca me senti tão fraco. Tão inútil. Não há mais forças em mim, Harry. O inimigo é invencível!

- O inimigo é você mesmo, apenas deixe que o doutor Rexha faça o que é melhor. É só uma perna, você pode viver sem ela. - Tento convencê-lo, embora eu saiba o quão difícil deve ser. O que eu escolheria, a morte ou viver sem os olhos e uma perna? Ficar aprisionado a uma cadeira de rodas, sem ter jeito algum de se virar sozinho, isso é viver?

- Não posso! Não posso! Eu tenho um plano, um plano muito bom. - Diz com um tom frenético, esfregando o rosto até tê-lo vermelho e algo me diz que esse novo gás é efeito de alguma droga - Me dê suas mãos, meu bem. - Pede, estendendo suas mãos a procura das minhas e relutante o as deixo tomar entre as suas - Liam vai cuidar de você e do bebê, sempre imaginei que vocês formariam um ótimo casal. Você é meu herdeiro, ficará bem e feliz. Sim, muito, muito feliz. Iluminará o mundo com esse sorriso brilhante e eu sei que a Melly será tão perfeita quanto você.

- Louis, não...

- Oh, Liam, não? Tudo bem, podemos ligar para o Zayn. Tenho certeza de que ele se arrepende...

- Eu não quero Zayn, eu quero você! - Me exalto puxando as mãos.

- Isso não, Haz, isso você não pode ter. Eu estou de partida. Não vou deixar ninguém me desmembrar, quem sabe se eu fosse jovem e enxergasse, poderia lidar com isso. Mas eu já sou velho e cego, não posso me dar ao luxo de me tornar aleijado. Não dá, é por isso que eu vou continuar me drogando até ter uma overdose fatal ou talvez me mate, ainda não pensei nisso. Não importa, o que importa é que todos vocês estão bem e eu quero paz e eu vou ter isso.

Um soluço alto demais rompe da minha garganta e eu torno a me abraçar, achando essa casa grande e fria demais. É como se tivessem apagado as luzes e me deixado no escuro, porque eu realmente não sei como lidar com isso. Não sei. Antes eu podia lhe dar esperança, leva-lo para passear, dançar ou simplesmente transar, mas agora o que eu faço? O que mais a vida tem a oferecer? Ainda há esperança?

- Sei que está triste, mas essa não é a forma certa de lidar. - Falo com a voz dura e ele se levanta, tão obstinado e irritado que eu espero por um ataque, porém seus punhos cerrados permanecem ao lado do corpo.

- Não sabe, ninguém sabe porra nenhuma. Vocês olham pra mim e enxergam um coronel forte e determinado, ninguém é páreo pra mim, que eu sou capaz de acabar com qualquer um que entre no meu caminho. Que sou algum tipo de super-herói, mas eu não sou, Harry, eu sou de carne e osso. Sou um ser humano. Um homem. E eles vem até mim e simplesmente me informam que irão cortar a minha perna. Não é medo ou vaidade, é só que... Deus, eu já dei tanto, até quando eles continuaram a tirar de mim? Até quando vocês pretendem me prender aqui? Eu não aguento mais! Não aguento mais esse corpo que não funciona! Eu estou tão quebrado.

- Você não.... - Começo a dizer e sou calado por seu urro animalesco. Escuto borburinhos do lado de fora, porém ninguém ousa entrar. Coloco a mão no peito, sentindo meu coração acelerado pelo susto.

- Pro diabo tudo isso! Tinha tudo sob controle, eu tinha aceitado a minha desgraça, tinha aceitado tudo, mas então você apareceu. Porque você apareceu, Harry? Tão jovem, tão forte, saudável e amável. Deus me fez acreditar que você veio para o meu auxílio quando na verdade era para a minha desgraça. Para me humilhar ainda mais. - Louis chora, o peito se movendo acelerado e os dentes cada vez mais apertados e eu sei que é porque ele segura um grito. Um grito de dor. Um grito de desespero. Nossos rostos estão na mesma altura e somos um reflexo perfeito um do outro, lágrimas banhando nossos rostos vermelhos - Como eu vou deixar você?

- Não precisa, você pode ficar. Aqui. Comigo. - Sibilo, me jogando em seu tronco e o abraçando, pressionando meu rosto em peito e tentando encontrar a força e segurança que sempre esteve presente e é mesma coisa que abraçar uma árvore. Áspero, seco e imóvel.

- Eu amo você. - Louis sussurra contra meus cabelos, sem ousar me tocar - Eu amo a nossa bebê. Eu amo a nossa história e amo o nosso amor.

- Não. - Me pressiona com mais força nele, apertando os braços ao redor de sua cintura.

- Se você me ama de verdade, me liberte.

- Não!

- Harry, por favor. - Implora com a voz pequena.

- Não! - Grito com a voz rouca pelo choro e me afasto dele para poder encontrar seu rosto - Você é meu. Você me pertence e não irá a lugar nenhum.

- Então é isso que você quer? Que eu fique aqui, mesmo que eu sofra? Mesmo que eu tenha que ter todos os meus membros arrancados?

- Exatamente. - Rosno com a respiração acelerada, batendo o ombro no seu antes de subir as escadas - Eu não me importo se você sofre, a única coisa que me importa é que nós fiquemos juntos. Uma perna não vai fazer diferença, eu vou continuar te amando, vou cuidar de você até meu último suspiro, mas desistir de você, Louis Tomlinson? Nunca mais!

- Não estou te dando uma escolha, Harry. Estou apenas te informando, eu decidi que irei morrer e você irá embora desta casa. Antes do casamento Charlotte e eu conversamos e ela irá cuidar de vocês, está tudo acertado. - Ele volta a dizer, ignorando por completo minha vontade. Olho por cima do ombro, encarando suas costas pequenas e curvadas. Ele não parece em nada com o homem que eu conheci.

- Não vou sair desta casa. - Decreto, batendo meus pés contra a madeira, mas me interrompo antes de seguir até meu quarto - Se ela estivesse aqui, no meu lugar e te pedisse para não desistir você faria mesmo assim?

- Quem? - Pergunta, mesmo sabendo do que estou falando.

- Lydia.

- Isso é algum tipo de amor doentio, no qual você sente ciúmes até da minha esposa falecida?

- Não é ciúmes, Louis! Apenas uma pergunta, se a guerra não tivesse matado ela e as crianças, mas ainda comprometido sua perna. Você escolheria morrer?

O silêncio paira morbidamente pelo ar. Não parece que está havendo um casamento do lado de fora. Na verdade não parece que há mais ninguém no mundo além de nós dois.

- Lydia foi a mulher da minha vida. - Fecho os olhos, respirando fundo - E você é o homem da minha vida. Eu te amo e é por te amar que eu não posso pedir que você carregue a mim e um bebê nas costas. Eu não quero ir, mas não existem maneiras de me fazer ficar.

- Eu posso encontrar uma maneira. Me deixe ajudar. - Peço, esperançosamente, fincando minhas unhas no corrimão enquanto meus olhos se dissolvem em lágrimas quentes.

- Vá embora! - Louis se senta no chão, com cabeça caída, agarrando seus cabelos e em sua voz está toda a sua dor.

- Eu irei. - Digo com calma, em nada se assemelhando ao meu estado interior - Mas quero que saiba que se você morrer... Eu me mato.

- Chantagem emocional não vai funcionar.

- Não é chantagem, apenas estou te informando. - E dito isso subo os degraus restantes, cortando o corredor até estar em meu quarto. Com a porta fechada, encaro as janelas abertas dando entrada para a brisa fria que trás consigo a volta dos flocos de neve. Sun late e corre até mim, eu abaixo a abraçando e beijando seus pelos macios, ele ainda está esfregando o corpo contra meu pescoço quando eu caminho até o toca-discos, ele tem o único disco que eu possuo, um presente de Louis, coloco a agulha no vinil e La Vie En Rose começa, em seu tom melancólico abraçado pela voz poderosa e apaixonada de Piaf que só serve para aumentar em cem por cento a dor que se alastra pelo meu corpo. A dor de um amor perdido. Ao seu lado na cômoda está o velho livro de Lydia, batuco os dedos pela capa dura e escura.

- Como posso viver sem a minha alma? - Pergunto baixinho, delineando os dedos no nome quase totalmente apagado. Quando escuto o som de algo se chocando com a porta, coloco Sun no chão e vou até lá, a abrindo e o corpo de Louis despenca em cima do meu, levando nós dois a cairmos, eu consigo ficar sentado, mas ele está praticamente deitado no piso com o rosto pressionado em minha barriga.

- Eu não quero morrer. - Ele soluça quase sem voz - Eu quero conhecer a Melanie, quero viver com você, quero envelhecer ao seu lado. Eu quero ser feliz com você.

- Eu também quero isso, Lou. - Mantenho uma mão no chão para firmar meu corpo e a outra levo até seus cabelos.

- Eles querem acabar comigo. Querem tirar tudo o que eu tenho pra que eu seja refém deles. Não deixe eles fazerem isso comigo, Harry. Você p-precisa dar um jeito nisso. N-não pode deixar que eles me machuquem. Não pode. Não pode. Não pode.- Ele diz repetidas vezes, cada vez mais alucinado.

Não consigo levantar com seu peso todo sobre mim e tenho medo de assusta-lo e ele machucar o bebê, então tento me manter atento as suas informações enquanto meus olhos procuram qualquer movimento do lado de fora.

- Se você me ama não pode deixar eles me pegarem. Você quer que eu fique aqui certo?

- Sim, eu quero.

- Então me cure. Se você me ama de verdade me cure. Salve-me e então nós ficaremos juntos, Harry. Você pode fazer isso? - Indaga frenético e eu não sei qual é o meu problema ou talvez eu esteja tão drogado e alucinado dele quando digo:

- Eu vou, eu vou salvar você!

E ele sorri largo e me abraça com mais força, confiando realmente que eu faria.

Horas mais tarde não há ninguém no jardim. O casamento acabou cedo. Eles bateram na porta inúmeras vezes e em nenhuma delas eu atendi. O disco ainda rodava e Louis estava adormecido ou desmaiado, não sei dizer, do lado esquerdo da cama. Sun repousava nas minhas pernas e eu ainda não tinha pregado os olhos, ficava encarando o vazio, esperando por uma resposta. Uma resposta para a pergunta que eu não conseguia parar de me fazer:

Como eu viveria sem Louis?

Não, é errado pensar nisso. Eu disse que o salvaria e é isso que eu vou fazer. Irei salva-lo, apenas preciso pensar um pouco. Coloco a mão na barriga, sentindo Melanie inquieta, olho para o lado, me certificando de que Tomlinson está dormindo antes de sussurrar para ela:

- Eu te amo, mas não existirá nós sem ele.

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