24 capítulo
[…]
Os quatro estavam sentados na mesa da área externa, os Jauregui brincavam entre si e Camila apenas observava rindo. Por um lado ela estava sentindo inveja de Lauren, sua família era tão mente aberta e unida. Ela queria poder ter tido aquilo com a sua mas infelizmente não aconteceu.
- Não, Camila... Olha aqui. - Clara fala rindo e coloca um pedaço de picanha na boca - Uma vez quando Lauren era pequena, ela deveria ter lá seus dez anos...
- A não, lá vem. - Lauren resmunga pousando sua mão sobre a de Camila.
- Cala a boca, deixa a sua mãe falar. - Miguel diz jogando um guardanapo embolado em direção a Lauren.
- Prossiga, mãe. - ri e Camila vira sua palma para cima entrelaçando seus dedos.
- Ela estava naquela época que toda criança tem de querer fazer esportes radicais... Então ela estava lá, com o cabelo curtinho que ela tinha na época. - mostra o tamanho com sua mão. Lauren ri se lembrando do que iria ver - Portanto, eu como uma boa mãe moderna que eu sou, levei ela para fazer aulas de Slackline.
- O que é isso? - pergunta curiosa.
- Amor, é aquele esporte que as pessoas andam por cima de uma corda. Sabe? - Lauren explica animadamente e Camila afirma com a cabeça.
- Isso. - a Jauregui mais velha diz em afirmativa - Em uma das aulas, a Lauren caiu e bateu com a cabeça. - bate uma mão na outra e eu faço careta - Você acredita que ela caiu em cima de uma goma de mascar e grudou no cabelo dela? - põe as mãos na cintura.
- Céus, ela se machucou? - pergunta preocupada.
- Tenho uma cicatriz aqui. - Lauren leva as mãos até seu cabelo e mostra uma pequena cicatriz perto do bico de viúva que ela tinha.
- Além dela ter quebrado a cabeça, teve que raspar o cabelo porque aquele diabo de chiclete não saia de forma alguma. - Miguel completa risonho - O melhor foi o irmão mais novo dela vendo ela com a cabeça raspada, virou para a gente e falou: "eu quero fazer isso". - os três começam a rir.
- Eu não sabia que você tinha irmãos. - Camila diz se virando para Lauren.
- Tenho dois, a Tayla que é a do meio e o Christian que é o mais novo. - explica soltando a mão de Camila e passa seu braço pelos ombros da mulher.
- Nomes diferentes... Vocês tem um bom gosto. - elogia olhando para seus futuros sogros e os dois sorriem orgulhosos.
- Você nem sabe da onde tiramos o nome Lauren. - Miguel diz com um sorriso divertido.
- A não, pai. Essa história não. - Lauren protesta quase que gritando.
- Vou resumir. - ignora a filha e Lauren leva a mão até o rosto escondendo o mesmo ali. - Clara e eu tínhamos acabado de nos casar, fomos passar a lua de mel em uma cidade chamada Laurentino lá no Sul.
- E a história só piora. - murmura e Camila ri dando um tapinha na coxa de Lauren pedindo que ela fique quieta.
- Ela foi concebida lá mas como você deve do saber o rolo da intersexualidade, ela acabou se chamando Nathan porém... - Clara da um tapinha na mesa - Quando ela disse que queria mudar o nome para um feminino, o pai dela e eu já ficamos Lauren para cá, Lauren para lá. - Lauren ri e olha para Camila.
- Meu Deus. - Camila solta uma risada e encara Lauren.
- Vou pegar o pão de alho. - Lauren avisa sem jeito pela história de seu nome e se levanta.
- Filha, pega mais uma cerveja para o pai. - Miguel pede dando um último gole na quarta latinha do dia.
- Tá. - se levanta e vai até a cozinha.
- Nós conte Camila, no que você trabalha? - Clara pergunta pegando uma linguiça e leva até os lábios.
- Eu não trabalho em nada, por enquanto... - explica sem jeito - Mas eu pretendo fazer o Enem para tentar entrar em uma faculdade de psicologia. - continua com um enorme sorriso.
- Hm, psicologia é uma boa. - afirma com a cabeça - Sai para lá, está calor. - Clara empurra o braço de Miguel e o homem ri arrastando a cadeira para o lado - Você veio para cá só por isso?
- Isso é assunto para mais tarde. - Lauren interrompe colocando o pão de alho no meio da mesa e Camila torce o nariz ao sentir o cheiro do pão de alho.
- A melhor parte do churrasco chegou. - Miguel diz se inclinando para pegar um pedaço do pão de alho.
Lauren se senta ao lado de Camila e a olha com atenção vendo uma expressão nada boa em seu rosto enquanto ela encarava o pão de alho.
- Tudo bem? - pergunta baixinho e Camila nega com a cabeça sentindo náusea.
- O cheiro está me dando náusea. - murmura esticando o braço para pegar o copo de suco de laranja e da um gole.
- Oh. - Lauren murmura e empurra o pão de alho para mais longe que consegui. Esse movimento não passou despercebido por Clara.
- Você está bem, querida? - pergunta de forma atenciosa.
- Sim. - afirma com a cabeça tentando se concentrar em outros cheiros.
Ela sente a mão de Lauren voltar a pousar sobre a sua que estava na mesa. Camila a olha e vê que nos olhos claros, Lauren pedia permissão para contar, com isso a cearense se limita a afirmar com a cabeça e olha para frente.
- Bom, na verdade não. - Lauren diz e olha para seu pai que parecia não se importar muito por saber do que se tratava - Camila está grávida. - é direta. Lauren odiava enrolação.
- O que? - Clara arregala os olhos.
- Parabéns, você vai ser vovó. - Lauren usa a entonação animada e a expressão de choque da mulher vai mudando para uma animada.
- Oh meu Deus, vou ser avó! - olha para Miguel que tinha um sorriso no rosto - Seu patife, você sabia!
- É claro que eu sabia, mulher. - se gaba.
- E você não me contou nada? - da um tapa no braço gorducho do homem.
Camila deixa uma risada escapar se sentindo mais aliviada pela reação positiva dos dois.
- Querida, meus parabéns. - se levanta e da a volta na mesa.
Camila se levanta e é recebida por um abraço maternal, junto com algumas palavras de apoio e a parabenizando diversas vezes.
- Já sabem qual o sexo? - pergunta voltando a se sentar ao lado de Miguel que também tinha ido abraçar Camila.
- Ainda não, a Lauren marcou uma consulta na obstetra... Para a semana que vem, não é? - olha para Lauren para confirmar e ela afirma com a cabeça.
- Para terça, está perto. - sorri orgulhosa - Mas eu acho que o bebê está muito pequeno para sabermos o sexo. - explica desanimada e Camila passa o braço por trás da sua cadeira, deixando-o apoiado no encosto da mesma.
- Camila, se ele for igual a essa ai, vai exibir o pau rapidinho. - brinca fazendo Lauren corar e repreender a mãe que ria pela brincadeira.
- Clara, sai da minha casa, por favor. - Lauren finge estar brava e aponta para dentro da casa.
- Desculpe. - solta uma risadinha.
- Camila veio morar com você por causa da gravidez ou por outra coisa? - Miguel pergunta. Ele só sabia o básico e estava curioso.
Camila começa a explicar o que havia acontecido, sentindo o choro embolar em sua garganta tendo que dar algumas pausas para beber um pouco de suco e se controlar para não chorar. Sempre que ela falava ou pensava sobre isso, ela se lembrava dos olhares e tons frios. Aquilo a machucava demais.
- Oh, eu sinto muito. - Miguel fala quando Camila termina de explicar e recebe um beijo na cabeça junto com um abraço vindo de Lauren.
Clara não dizia nada, ela não conseguia imaginar como uma irmã poderia ser tão perversa com a outra e só encontrou uma explicação para isso; provavelmente Maria tinha seu brilho ofuscando por Camila e sentia inveja por causa disso. E sobre seus pais, ela apenas conseguiu sentir pena, como alguém poderia ser tão cego pela religião a ponto de fazer tal coisa com a própria filha só por ter engravidado. Pena também por terem perdido uma filha como Camila, Clara realmente havia se simpatizado com ela, principalmente por notar a forma que ela olhava para Lauren.
- Bom, então eu digo. - fala limpando os dedos em um guardanapo - Bem vinda a família. - Clara diz estendendo o braço por cima da mesa e toca a mão de Camila.
Segundos depois, o choro que Camila segurava escapa de sua garganta e ela começa a chorar, querendo se bater por causa dos hormônios que deixavam suas emoções descontroladas.
Depois dos três tentarem acalmar Camila. Ela fica envergonhada por acabar com aquele clima gostoso que estava no churrasco, eles apenas pegam um pouco das carnes prontas que tinham ali junto com suas bebidas e vão para a área do sofá, os mais velhos ficam nas poltronas, Lauren sentada no sofá e Camila deitada com as pernas sobre seu colo recebendo massagens nos pés.
Aquele clima que havia se criado devido o choro de Camila se desfaz assim que os quatro embalam em um assunto que todos tinham o mesmo ponto de vida — falar mal do presidente — e fez com que os pais de Lauren ficassem ainda mais admirados por ela.
Depois de muito tempo, Camila estava se sentindo aquele sentimento de família que havia sentido no mesmo dia do acontecimento.
Algo que chama a atenção de Camila é que Clara não deixava de olhar para a sua barriga a cade cinco segundos, provavelmente procurando barriguinha.
- Camila, desculpe perguntar mas sua barriga já está aparecendo? - Clara dispara se sentindo ansiosa.
- Eu não notei nada. - Camila nega com a cabeça - Na verdade, eu engordei um pouco nas últimas duas semanas. - pousa sua mão sobre a barriga vendo um sorriso bobo crescer no rosto de Lauren - Tirando o fato que a minha barriga não era tão lisa então creio que não vamos perceber tão cedo.
- Mas se coloca a mão em cima quando você está deitada, da para sentir um pouquinho. - Lauren diz e Camila levanta a sobrancelha.
- Está falando que eu estou ficando barriguda, Lauren? - finge estar brava e Miguel ri.
- Ih, falou demais, Lauren. Agora você está encrencada. - o homem diz em um tom brincalhão.
- Não, só disse que sua barriga está começando a parecer. - se explica.
- É a mesma coisa que eu acabei de dizer. - ri revirando os olhos e Lauren solta uma risadinha segurando sua mão para poder deixar um beijo nela.
- Olha, pela a minha experiência com barriga. - Clara se pronúncia sorridente pela interação entre as duas - Nos primeiros cinco a seis meses não aparece muita barriga mas depois disso, meu Deus! Parece que você comeu uma melancia. - fala risonha.
- Eu estou super ansiosa para o sexto mês. - Lauren diz e Camila arregala os olhos a encarando - Para a barriga aparecer. - se explica e as bochechas de Camila esquentam por se lembrar do que havia dito sobre o sexto mês.
- Seu pai amava o sexto mês, a barriga não estava tão grande mas aparecia. - Clara diz e Camila solta uma risadinha sem jeito olhando em direção a piscina.
Os quatro embalam em uma conversa sobre gravidez até que começa a anoitecer, eles resolvem fazer mais carnes e dessa vez, Camila prepara um pouco de arroz. Perto das sete e meia, os Jauregui mais velhos ajudam a limpar tudo o que tinham sujado e se despedem das duas e vão embora.
- E então? Gostou dos meus pais? - Lauren pergunta abraçando Camila por trás perto da escada.
- Adorei, eles são maravilhosos. - sorri abertamente - E eu entendi do porquê você ser tão maravilhosa. - se vira para ela sem se soltar dos braços dela.
- Tenho até medo de quando nosso bebê nascer, meus pais vão ser tão babões que prevejo eles mimando ele demais. - faz careta e Camila começa a dar diversos selinhos nos lábios da outra, segurando a risada.
- Pelo menos um dos avós vai. - murmura e Lauren fica seria.
- Você quer tomar banho? - muda de assunto. Beijando seu queixo e o morde fazendo Camila tombar a cabeça para trás mas não tirar os olhos do rosto de Lauren.
- Vem comigo? - pede de forma manhosa - E sem tentar nada comigo ou eu ranco seu pau. - Lauren se engasga com a própria saliva e começa a rir.
- Eu me consigo te ver nua sem ficar excitada, amor. Melhor não. - faz bico e Camila revira os olhos.
- Tenho que aproveitar isso porque quando o meu corpo ficar feio, você vai enjoar dele. - diz com pesar.
- Seu corpo nunca vai ficar feio. - beija seu queixo e desce com os beijos para o pescoço - E nem tem como eu enjoar dele.
- Vamos ver quando eu estiver no meu nono mês de gravidez. - morde o lábio e empurra Lauren pelos ombros - Vamos tomar banho. - da ênfase no banho.
- Camila. - faz um bico triste sabendo que teria que se aliviar sozinha.
- Vem, quem sabe depois eu não te ajudo ou deixo ficar me olhando enquanto se masturba. - lança uma piscadela com um sorriso malicioso nos lábios e começa a subir as escadas.
- Você não tem dó de mim? - Lauren pergunta parada no pé da escada.
- Um pouquinho. - responde chegando ao topo da escada soltando uma risada alta indo até o quarto delas.
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