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15 capítulo

ATENÇÃO ATENÇÃO

MEU PAU TA DURÃO

Esse é o último capítulo por hoje e pelos próximos dias. Não quero ficar sem capítulos :)

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Camila point of views

Eu estava sentada na porta de casa, encostada no muro que separava a garagem de casa da calçada. Observava as crianças correndo para cima e para baixo brincando de pega-pega.

Havia se passado uma semana desde que eu conversei com Mali, de uma semana para cá os meus enjôos e vômitos diminuíram muito, isso me deixou aliviada mas com os enjôos diminuindo, meu apetite foi as nuvens e o medo de engordar demais me atingiu.

Eu soltava um suspiro a cada dois minutos sentindo vontade de comer fígado com macarrão. Tinha absoluta certeza que era o famoso desejo de gravidez pois até então, a coisa que eu mais odiava era fígado! Antes, só de lembrar daquele negócio escuro e molenga, me dava ânsia mas agora, minha boca enchia de água.

Minha atenção é direcionada para meu pai que se senta ao meu lado com uma manga em mãos. Ele arruma o boné azul em sua cabeça e me olha com um pequeno sorriso.

- Quer? - faço careta e nego com a cabeça.

Volto a olhar as crianças que brincavam naquele fim de tarde, em silêncio com meu pai ao meu lado, também em silêncio.

- Sua mãe e eu estamos preocupados com você. - fala com pesar, fazendo com que eu volte a olhar para ele - Você anda muito calada ultimamente, está acontecendo alguma coisa?

- Só estou pensando em tentar conseguir um emprego. - forço um sorriso - Mas está difícil.

- Peça para Deus que ele te ajuda. - sorri colocando sua mão sobre o meu braço e da alguns tapinhas.

- Pai, tem fígado em casa? - pergunto mudando de assunto e o vejo franzir o cenho.

- Você quer comer fígado? - afirmo com a cabeça o deixando ainda mais confuso - Você não odiava isso?

- Fiquei com vontade. - faço um bico mimado e ele ri, beijando a minha têmpora - Eu vi uma criança comendo mais cedo e senti vontade. - explico de forma tímida e ele solta uma risada.

- Vou ver se eu tenho um dinheiro sobrando e vou no mercado comprar um pouco. - afirmo com a cabeça sentindo um sorriso crescer em meus lábios.

- Com macarrão. - ele levanta a sobrancelha e solta uma risada.

- Não sei se a sua mãe e a Maria vão querer fígado com macarrão, mas tudo bem. - da de ombros terminando de chupar a manga e joga o caroço para perto da árvore que tinha em nossa calçada.

- Se elas não quiserem, eu preparo um pouco só para mim. - dou de ombros enquanto meu pai se levantava - Pai, que furos são esses. - brinco segurando a risada vendo dois furos em sua camisa.

- Ah não, começa a me mangar não. - finge estar bravo me fazendo rir - Vou lá ver se tem dinheiro.

- Obrigada, pai. - sorrio e o homem retribuí o sorriso passando pelo portão aberto e indo em direção a parte interna da casa.

Fico por mais ou menos uma hora sentada no mesmo lugar, meu pai sai e volta com três sacolas avisando que comprou macarrão, fígado e coca cola. Eu entro com ele e minha mãe pede para eu ficar na cozinha com ela explicando como eu queria o fígado com o macarrão.

Após ajudar minha mãe, resolvo ir tomar banho pelo dia ter sido quente e eu ter suado muito. Ao entrar no quarto apenas com uma toalha em meu corpo, vejo Maria deitada de barriga para baixo cochilando. Suspiro indo até nosso guarda-roupa e coloco um pijama fresco por já esta anoitecendo.

Pego o notebook e me sento na cama, entro em meu whatsapp pelo mesmo e respondo algumas pessoas, entro em outras redes sociais para no fim, entrar na Netflix e assistir alguma série qualquer.

Perto das oito, minha mãe nos chama para jantar, eu fecho as abas do guia e vou para a cozinha deixando o notebook sobre a minha cama. Todos nos sentamos na mesma ordem de sempre, meu pai na ponta, eu ao lado de Maria e nossa mãe na frente da minha irmã.

- Quem teve a idéia de fígado com macarrão? - Maria pergunta enquanto eu colocava uma enorme quantidade de macarrão e dois bifes de fígado em meu prato.

- Camila. - minha mãe aponta para mim com um sorriso no rosto vendo a quantidade de comida que tinha em meu prato.

- Valha, Camila. Nera tu que não gostava de fígado? - me olha com uma cara surpresa.

- Gostos mudam. - digo apressadamente para colocar uma enorme quantidade de macarrão em minha boca junto com um pequeno pedaço de fígado sobre os olhares atentos dos três a mesa - Que foi? - pergunto de boca cheia recebendo um tapinha de minha mãe.

- Semana passada você não queria comer nada e agora... Olha só, um prato maior que o meu. - meu pai diz com um ar risonho e encaro meu prato. Realmente, estava maior do que o do meu pai.

- Estou com fome. - dou de ombros enquanto minha mãe colocava coca cola nos quatro copos - Mãe do céu, isso está maravilhosa. - elogio arrancando um enorme sorriso de minha mãe.

- Jubileu está estranho, tenho medo. - Mari brinca arrancando uma risada dos dois mais velhos na mesa.

- Ha ha ha. - forço uma risada para voltar a comer.

O jantar se passa em um clima gostoso e divertido. Depois do jantar, eu fico responsável pela louça e com a ajuda de minha mãe, lavo todas as louças e ela guardava.

- Camila, você sabe onde está o carregador do notebook? - ouço Maria gritar do quarto enquanto eu terminava de secar a pia.

- Não sei. - respondo colocando o rodinho de lado.

- Pode ir, eu termino aqui. - minha mãe diz terminando de passar o pano no fogão.

Eu sorrio, beijo a cabeça de minha mãe ao passar por ela e ir até meu quarto, abro a porta e franzo o cenho vendo Maria parada na frente da minha mesa de cabeceira, de costas para a porta.

- Não mexe ai! - fecho a porta rapidamente e Maria se vira para mim com a boca aberta.

Prendo a respiração ao ver o que ela tinha em mãos, os dois testes de gravidez com positivos estampado. Sinto minha cabeça rodar e começo a suar frio.

- O que é isso, Camila? - pergunta seria me mostrando os testes.

Meu olhar para sobre o notebook que estava com o meu whatsapp aberto, na minha conversa com Mali onde ela perguntava se eu tinha contado para Lauren que eu estava grávida e que era um direito dela saber.

- Maria, me dá isso. - peço pegando os testes de gravidez e em seguida o notebook, saio do meu whatsapp no computador e desligo o aparelho.

Enquanto eu fazia isso, Maria andava de um lado para o outro no quarto, com as mãos em sua cabeça com uma expressão horrorizada.

O pânico já tinha tomado conta do meu corpo, meu coração batia tão rápido que eu sentia meu peito doer, minhas mãos estavam tremendo e suando frio, minha respiração estava acelerada. A adrenalina corria por minhas veias e meu cérebro gritava para eu pegar minhas coisas e fugir.

- Quem é ele? - Maria pergunta parando de andar - Quem é o pai dessa criança? - aponta para a minha barriga e meus olhos enchem de lágrimas.

- Não posso falar. - nego com a cabeça.

- Escuta aqui, Karla Camila. Se você não me contar, eu juro que vou lá falar para o papai e a mamãe que você está grávida. - aponta para a porta e sinto minha cabeça rodar - Quem é ele? - repete a pergunta.

- Não é ele. É ela. - murmuro encarando o chão e ouço minha irmã soltar um som debochado.

- Você está me dizendo que está grávida de uma mulher? - pergunta e subo meu olhar para ela vendo que ela me olhava como se eu fosse um monstro - Como uma mulher vai te engravidar, Camila?! - diz em um tom baixo e assustador.

- Ela é intersexual. - explico apertando uma mão na outra na tentativa de não vomitar por nervosismo.

- Ah meu Deus! - murmura voltando a andar e vejo que ela também estava tremendo - Você está me dizendo que se envolveu com uma mulher intersexual, seja lá o que seja isso e está grávida? - pergunta com o nojo evidente em sua voz - Eu vou contar para nossos pais. - começa a andar em direção a porta, corro em sua direção e seguro seu braço.

- Você não pode contar!

- Então você vai contar! - sua voz de eleva e sinto vontade de chorar ao ver o nojo e repulsa em seus olhos.

- Não grita. - peço.

- NÃO GRITA, CAMILA? NÃO GRITA? - ela eleva ainda mais sua voz e me encolho.

- O que está acontecendo aqui? - meu pai abre a porta do quarto me vendo segurando o braço de Maria.

- Você conta ou eu conto. - minha irmã olha para meu pai e em seguida para mim.

- Contar o que, Camila? - minha mãe pergunta vindo logo atrás de meu pai.

Eu engulo seco sentindo os três olhos sobre mim. Minha visão fica estranha por conta da minha respiração acelerada e solto o braço de Maria, caminho até minha cama, me sento e coloco minhas mãos em meu rosto na tentativa de me acalmar ou eu vomitaria, ou desmaiaria.

- Contar o que, Camila? - meu pai repete a pergunta já entrando no quarto junto com minha mãe.


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