Leonardo desistiu de passarem a noite em um oásis no deserto, pois começou a sentir uma angústia apertar o seu peito.
Ao chegarem no hotel ele tentou ligar para Cecília, mas o celular dela logo caiu na caixa postal. Percebeu que ela havia lhe ligado, enquanto estava na expedição e logo ficou cheio de temor.
— Você poderia tentar ligar para a Isla, Sam? — pediu Leonardo.
— Tudo bem — falou Samuel. — Mas deve ser cisma sua. Ela deve estar muito bem, aproveitando a noite.
Depois de alguns toques Isla atendeu a ligação:
— Aconteceu alguma coisa, amor? — perguntou ela, cheia de preocupação. — Vocês não iam passar a noite em um oásis no deserto?
— Íamos, mas o Leo teve um mau pressentimento e resolveu voltar para ver como a Cecília e a Olívia estão — Samuel falou com calma. — Ele está tentando ligar para ela, mas o celular está desligado, ela está com você?
— Não — falou Isla. — Ela ficou no hotel. Eu e a Savana viemos jantar, mas ela tinha comido algo que a deixou com o estômago ruim.
— Mas ela está bem, não é? — perguntou Sam, também preocupado com a prima.
— Sim — falou Isla. — Acho que ela estava apenas cansada.
— Então tudo bem — falou ele. — Se puder ir ver ela quando voltarem e me ligar, eu agradeço. Estou com muita saudade de você!
— Eu também, amor — falou Isla. — E pode deixar que eu ligo sim assim que eu voltar ao hotel.
Samuel acalmou Leonardo, mas o peito dele continuou apertado.
Isla e Savana começaram a conversar sobre a ligação de Samuel e resolveram encerrar a noite e voltarem logo para o hotel.
Estranharam muito ao chamar na porta de Cecília e ver que ela não respondia, mesmo depois de toques bem bruscos.
— Se estivesse dormindo já teria acordado — falou Savana. — Vamos até a recepção ver se ela falou aonde ia.
Desceram até a recepção e perguntaram à moça se haviam visto Cecília e se espantaram muito ao ouvirem ela dizer:
— A amiga de vocês encerrou a conta e foi embora há mais ou menos duas horas atrás — a mulher falou, desconfiada do fato de elas não saberem disso. — Ela não falou para vocês?
— Não! — Isla falou, completamente em choque.
— Você viu para onde ela foi? — perguntou Savana. — Então é por isso que ela me pediu dinheiro emprestado mais cedo. Ela pretendia ir embora, mas por quê?
— Ela pegou um táxi aqui na porta — falou a recepcionista, que não entendia mais nada.
— Será que o Renan voltou para ameaçar ela? — falou Isla.
— Vamos tentar descobrir para onde ela foi — falou Savana. — Não vamos ligar para os meninos ainda.
Elas saíram em busca de informação, mas depois de muito rodarem, não encontraram o taxista que havia levado Cecília para aonde quer que seja.
Voltaram para o hotel exaustas e arrasadas e então resolveram que não podiam esconder mais a informação dos meninos.
Isla ligou para Samuel, mas simplesmente não sabia como dar a notícia.
— Olá, meu amor! — ele a saudou. — Já estão no hotel?
— Sim — Isla falou com a voz sombria, sem saber como dar a notícia. — Mas temos um problema...
— Qual o problema? — Sam perguntou, completamente alerta.
— A Cecília fugiu — ela falou diretamente. — Pediu dinheiro para Savana emprestado, fechou a conta do hotel, pegou um táxi e sumiu...
— O QUÊ? — Samuel berrou. — Como assim? Aconteceu alguma coisa?
Leonardo que estava por perto já ficou desesperado, andando de um lado para o outro, sem saber que tragédia havia as acometido.
— Nós fomos atrás de vários taxistas, mas não encontramos o que ela pegou — lamentou Isla.
— Estamos indo para aí agora! — ele falou. — Se tiver notícias me informe!
— Está bem, mas fica calmo! — pediu ela.
Samuel desligou e Leonardo o agarrou pelo colarinho, para que dissesse logo o que havia acontecido.
Pela expressão de Sam era algo muito grave.
— A Cecília fugiu — ele declarou, sentindo pânico. — Pediu dinheiro emprestado para a Savana, fechou a conta do hotel, pegou um táxi e sumiu!
— Meu Deus! — Leonardo clamou e logo começou a chorar. Ele não era de demonstrar fraqueza, mas naquele momento desabou. — Só pode ter a ver com aquele maldito do Renan!
— Calma! — Sam pediu, mesmo estando desesperado e morrendo de medo. — Vamos arrumar as nossas coisas e pegar o primeiro voo. A Isla vai me avisar se tiver novidades.
— Eu nunca vou me perdoar por não ter ido com a Ceci se algo tiver acontecido com elas — Leonardo falou e Sam acreditou só o ter visto desolado daquela forma na morte da irmã.
Os rapazes se apressaram e arrumaram as coisas correndo. Seguiram para o aeroporto e conseguiram um voo que sairia dali uma hora. No entanto, esperar parecia uma tortura e uma hora parecia ser uma eternidade.
Chegaram em Swakopmund na manhã do outro dia, exaustos e muito preocupados.
Isla e Savana correram para abraçar os meninos e pela expressão no rosto das duas, não tinham boas notícias.
— Rastreamos o aparelho de celular dela e o encontramos na lixeira do aeroporto — falou Savana. — Entramos lá e brigamos com a recepcionista, que acabou revelando que ela pegou um voo para Bali, na Indonésia.
— Ela estava acompanhada? — perguntou Leonardo, que estava desesperado e andava de um lado para o outro. — Por que ela jogaria o celular fora?
— Estavam só ela e a Olívia — disse Isla.
— Ela jogou o celular fora para não ser encontrada — opinou Diogo. — Mas por quê?
— Só pode ter a ver com o Renan — berrou Leonardo. — Precisamos ir para lá agora!
— Calma! — pediu Savana, colocando a mão no ombro do rapaz, entendendo os sentimentos dele. — Eu já reservei as passagens para a gente, mas o voo só sai de tarde.
Naquele momento Marcela surgiu no saguão, arrumada como se fosse para uma festa.
Ela correu até Leonardo, com um grande sorriso nos lábios.
— Leo! — ela falou animadamente. — Por que essa cara de enterro? Achei que ficaria feliz ao me ver...
— Marcela? — ele perguntou, meio atordoado, como se estivesse vendo um fantasma. — O que está fazendo aqui?
— Eu vim te ver — ela falou alegremente. — Não ficou feliz?
— Quando você chegou? — Leonardo questionou, começando a desconfiar da estadia da moça ali.
Todos os outros não conseguiam entender também o que a moça fazia ali, na Namíbia.
— Eu cheguei ontem de manhã — ela falou, como se aquilo não importasse.
— Você por acaso esteve com a Cecília? — ele perguntou de maneira desesperada, começando a desvendar o mistério.
— Sim, eu estive e me surpreendi ao ver que ela tem uma filha — falou Marcela. — Será que é do Renan?
— O QUE VOCÊ FALOU PARA ELA? — Naquele momento Leonardo estava berrando, totalmente fora de si.
— Eu falei que tinha vindo te encontrar — ela disse, como se aquilo não fizesse diferença. — Eu falei a verdade!
Naquele momento todos compreenderam que o sumiço de Cecília pouco tinha a ver com Renan, mas sim, com Marcela.
Mas isso não excluía os perigos que Cecília corria sozinha em um país de cultura diferente e leis hostis. Inclusive corria o risco de Renan encontrar ela em situação muito vulnerável.
— Como você me achou? — Leonardo falou, com uma voz fria e cheia de ódio. — Você tem noção do que acabou de fazer?
Marcela se mostrou assustada com a reação raivosa e cheia de desprezo de Leonardo.
— Sua mãe me disse que você estaria aqui e falou para eu vir logo... — ela disse, desentendida. — E o que eu fiz de tão mal?
Marcela se fingiu de desentendida, mas desconfiava que havia causado alguma intriga.
— Tinha que ser a minha mãe! — falou Leonardo, que passou a mão pelos cabelos, em desespero. — E o que você fez foi colocar a minha mulher e a minha filha em perigo ao insinuar que estava aqui para me encontrar!
Leonardo não se importou que não fosse verdade, pois já tinha no coração que Olívia era a sua filha. Quem havia ajudado a gerar não importava, pois era ele que lutaria até o último momento por ela.
Ninguém falou nada, sabendo que ele era quem fazia o papel de pai da menina verdadeiramente.
— Então a bebê não é do Renan? — ela perguntou, ficando pálida. — Sua mãe não me falou nada!
— Minha mãe não sabe! — ele declarou. — Se alguma coisa acontecer com elas, vocês duas vão pagar por isso!
— Agora que tal a senhorita arrumar as malas e se mandar? — sugeriu Savana, que a empurrou diretamente para a escada. — Você perdeu o seu tempo, o seu dinheiro e ainda por cima estragou a viagem e a alegria de sete pessoas!
— Eu não mereço ser tratada assim! — Marcela berrou, histérica, se sentindo humilhada.
— Não? — Leonardo grunhiu. — Pode confessar que a minha mãe te pediu para vir estragar o meu relacionamento!
Marcela ficou sem palavras por alguns momentos, mas ao ver que era encarada por todos como se fosse uma besta, saiu, completamente frustrada e irritada.
— Vocês vão pagar por isso! — ela ameaçou. — Eu vou me vingar por você me desprezar, Leonardo!
A menina subiu as escadas, mas ficou de butuca, escutando a conversa, desejosa de atrapalhar ainda mais a empreitada deles, jogando lenha na fogueira.
— Ela deve estar me odiando agora por pensar que eu a trairia — ele falou com angústia. — E eu mal posso acreditar que tudo isso é culpa principalmente da minha mãe.
Savana abraçou Leonardo, o reconfortando.
— Logo estaremos em Bali e vamos encontrá-la! — ela disse.
— Tomara que a gente consiga fazer isso antes do Renan! — Leonardo falou, decidido a lutar até o fim.
Do corredor do segundo andar, Marcela ouviu tudo e então logo correu para o quarto.
— Agora eles vão ver com quem mexeram! — Marcela falou. — Ninguém humilha Marcela Porto!
A moça pegou o celular e discou para Renan. O rapaz demorou a atender por causa da diferença de fuso, mas ela não perdeu tempo em ouvir xingamentos.
— Estou te ligando para te informar que a Cecília está em Bali, sozinha e desprotegida com a filha — ela falou. — Se você se mexer agora, tem uma chance de encontrar ela antes do Leonardo. Se eu fosse você não deixaria barato ele engravidar a sua namorada, não!
— O que você quer em troca dessa informação, Marcela? — Renan perguntou, com um sorrisinho malicioso saindo dos lábios.
— A única coisa que eu quero é que você arruíne a vida dos dois — ela falou, arrumando a mala para ir embora.
— Isso será mais que um prazer! — o homem disse, mostrando toda maldade que habitava dentro dele.
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