Capítulo 2
No dia seguinte à conversa que tiveram com Cecília, ficou decidido que começariam a viagem por Honduras, na América Central.
Era um lugar de praias paradisíacas e Diogo tinha um amigo que estava de turista por lá.
Leonardo, porém, os alertou de que deviam tomar cuidado com golpistas, que se aproveitavam da ingenuidade dos viajantes para os colocar em ciladas, pois isso era comum em países pouco desenvolvidos e dominados pelo narcotráfico.
Outra preocupação era com a presença de Cecília, já que a América Central já havia sido palco de ataques à mulheres que viajavam sozinhas sem a devida cautela.
Além de que, Honduras apesar de belíssima e calorosa, era considerado um dos países mais violentos do mundo.
Um país rico em belezas naturais, mas muito pobre em riquezas materiais, e por isso, muitas pessoas recorriam ao crime como forma de sobrevivência.
Por outro lado, era um país harmonioso com uma aura energizante e alegre.
Diogo estava muito animado, pois tinha o sonho de se banhar nas águas mágicas e cristalinas do Caribe, além de se encontrar com seu amigo, Jean Carlos, que já estava no mundo dos mochilões há muito tempo e poderia lhes passar dicas preciosas.
Samuel percebeu que Cecília andava muito taciturna e pensativa e ele só a havia visto tão sombria assim no ano anterior, quando ela havia sumido por vários meses, ficando provavelmente entocada dentro da mansão de Renan Medeiros.
E aquele era um fato muito comum nos últimos seis anos.
Ele não sabia o que poderia estar acontecendo com a prima, mas estava preocupado com ela, pois sabendo como ela era orgulhosa, sabia que Cecília nunca aceitaria ser ajudada por eles, muito menos por Leonardo.
Os três rapazes aceitaram custear a viagem de Cecília, pois ela só havia trabalhado no pub durante toda a sua vida, o que não dava para fazer uma grande fortuna e suspeitava Samuel, nem um mínimo pé de meia.
Leonardo podia guardar rancor de Cecília, mas não era mesquinho e nem má pessoa, desde então, aceitara ajudar a pagar as despesas da moça sem nem ralhar.
No fundo até mesmo o moreno sabia que ela não devia estar passando por bons bocados para se meter na estrada, assim de repente.
Combinaram então de se encontrar de noite, pois haviam conseguido uma viagem de avião barata, durante a madrugada.
Todos prometeram não falar nada para ninguém sobre a presença de Cecília, pois ela não queria que nem mesmo os pais soubessem aonde ia. Ela deixou enfatizado os seus motivos e afirmou que não se abriria com ninguém, para que nenhum deles insistisse.
A mãe de Samuel ficou um pouco relutante em aceitar a sua vontade, pois vivia em um conto de fadas, mas o rapaz decidiu que iria e que a genitora teria que aprender a admirá-lo pelo que ele era e não pelo que ela queria que ele fosse.
Os outros rapazes não tiveram problemas com a família, principalmente Leonardo, que já morava sozinho desde os seus dezoito anos.
Encontraram-se então na rua debaixo de onde moravam, em Belo Horizonte, decididos a pegarem um táxi que os levasse até o Aeroporto de Confins, de onde pegariam um avião para São Paulo e de lá embarcariam com destino a Tegucigalpa, em Honduras.
Cecília foi calada o tempo todo, espremida entre Diogo e Samuel no banco de trás do carro. Ela não sabia se Leonardo havia escolhido ir na frente porque era o maior deles ou se para evitá-la, mas ela nem se importou.
Tinha muito mais com o que se preocupar do que com o rapaz.
Antes de embarcar naquela aventura, havia comprado um número novo de celular e apesar de não o ter passado para ninguém, resolveu que precisava levar o aparelho como precaução, caso precisasse se comunicar com alguém às pressas.
Na verdade ela sabia que em algum momento iria precisar. No entanto, jogou o seu antigo chip fora, pois apesar de não ter contado a ninguém, ela nem poderia e nem queria nunca mais voltar.
Só tinha que encontrar o local certo para se estabelecer, antes de abortar a viagem.
As horas seguintes entre a ida para São Paulo e a viagem para Tegucigalpa, passaram rápidas e eles aproveitaram todos os momentos possíveis para dormir e tentar descansar.
Quando chegassem em Honduras teriam que procurar um hostel ou albergue que não fosse muito hostil, para que pudessem se abrigar. Jean Carlos havia prometido os ajudar, mas nem sempre havia vaga disponível nas melhores acomodações da cidade.
Era a temporada em que os turistas mais iam para os paraísos caribenhos e para a não surpresa deles, os melhores lugares para se hospedar já estavam cheios de turistas, que a cada dia ficavam menos intimidados pela má fama de Honduras.
Jean Carlos arrumou para eles um albergue em uma rua movimentada de Tegucigalpa, mas avisou que os meninos teriam que dormir no mesmo quarto de Cecília, pois infelizmente ainda viviam em uma sociedade machista, que não respeitaria uma mulher sozinha.
Muitos bandidos envolvidos no narcotráfico circulavam livremente pela cidade e não podiam ver uma mulher bonita, que já a queriam dominar.
Principalmente as estrangeiras, que muitas vezes estavam mais desavisadas dos perigos.
Jean Carlos também os avisaram para ficarem longe das drogas e se manterem de olho nos golpistas, que ofereciam ajuda com a intenção de os enganar e roubar.
No entanto, apesar disso, o país tinha muito mais coisa positiva para oferecer. E por isso era que vinha se tornando um destino de viagem cada vez mais desejado pelos turistas.
Ao entrarem no albergue, que estava meio cheio, vários homens que estavam a beber no bar, ficaram de olho em Cecília, que era uma moça curvilínea e com belos cabelos cor de mel.
A moça era realmente muito bonita e sempre havia chamado a atenção, por onde quer que tivesse passado.
Ela, porém, parecia meio alheia àqueles homens, mas Leonardo logo percebeu os olhares famintos sobre ela.
Os homens que estavam ali eram todos estrangeiros e logo o rapaz acreditou, que talvez alguns forasteiros contribuíssem mais para a hostilidade do país do que os próprios moradores, mas resolveu alertar Samuel sobre o perigo.
— Não podemos deixar a Cecília sozinha — avisou ao amigo, que parecia mais deslumbrado com a viagem do que com qualquer outra coisa. — Já têm vários sujeitos a encarando como se a fossem despir com os olhos.
Leonardo fez questão de falar baixo, ou então sabia que Cecília iria se manifestar, dizendo que sabia se cuidar sozinha. A menina havia ficado tinhosa com o tempo e Leonardo sabia que parte disso era por causa da convivência de Cecília com Renan, que não era nem um pouco uma boa influência.
— Tudo bem, brother — respondeu Samuel. — Eu vou cuidar dela direitinho.
Quando chegaram no quarto, colocaram as suas coisas cada qual em cima do seu beliche e foram alertados a não deixarem coisas de valor, documentos e dinheiro nos quartos, pois os proprietários dos albergues não se responsabilizavam por perdas e muitas vezes, os hóspedes eram vítimas de roubo por outras pessoas que se hospedavam por ali.
Saíram na companhia de Jean Carlos a fim de conhecerem Tegucigalpa e comerem alguma coisa. Estavam famintos, mas igualmente extasiados por começarem verdadeiramente a aventura.
— Amanhã posso conseguir uma condução confiável para nos levar para o lado caribenho do país — disse animadamente Jean Carlos. — Temos que tomar cuidado, pois muito fingem ser taxistas para levar os turistas desavisados para sítios de narcotráfico e assim os obrigar a comprar as suas drogas e mercadorias de contrabando. O que pode lhes fazerem além de tudo, serem presos se descobertos.
— Estou louco para conhecer West Bay, pois dizem que o lugar é quase afrodisíaco — disse Diogo, de maneira divertida.
O modo aberto de os garotos falarem de seus interesses não incomodava Cecília. Na verdade, ela gostava mais daquela perspectiva do que a das garotas púdicas, que muitas vezes havia conhecido durante a vida.
Pessoas puritanas eram entediantes.
— Com certeza, meu rapaz — respondeu Jean Carlos, entre uma risada e outra. — Não é à toa que o lugar muitas vezes é escolhido por casais em lua de mel.
— Quer dizer então que pegaremos uma condução até La Ceiba e de lá um barco até a ilha de Roatan? — perguntou Samuel. — Quantas horas mais ou menos de viagem?
— Mais ou menos seis horas de viagem até La Ceiba — disse Jean Carlos. — E mais algumas horas de lá até a ilha de Roatan. Porém, hoje aconselho que aproveitem o máximo de Tegucigalpa, pois o destino de um mochileiro é sempre ir adiante.
— Isso é claro, meu amigo! — disse Diogo, dando um tapinha no ombro de Jean Carlos.
Encontraram um restaurante de comida típica do país e logo Jean Carlos avisou que até mesmo nos estabelecimentos, os turistas poderiam ser passados para trás se não tivessem cuidado.
Como era um país muito pobre, os habitantes de Honduras acabavam por tentar extrair o máximo de dinheiro dos turistas, fazendo com que pagassem muito mais caro por uma refeição do que normalmente pagariam.
No entanto, isso não ofuscava nem de longe os pontos positivos do país. Os hondurenhos eram muito receptivos e a aura tropical e paradisíaca do país, era muito confortante.
Comeram um prato de montucas e tortilhas e depois se aventuraram comendo um pouco do prato apimentado de yuca com chicarron.
Depois saíram a conhecer os pontos altos de Tegucigalpa e a tirar fotografias para o futuro álbum do mochilão.
No final da tarde, Jean Carlos aconselhou que fossem ao albergue tomar banho e que voltassem a se encontrar com ele, para conhecerem a noite de Tegucigalpa.
Ele sabia de uma festa que iria acontecer e que talvez eles fossem gostar de participar.
Todos concordaram e foram para o albergue. Todos revezaram para usar o banheiro comunitário que havia no final do corredor. E Diogo ficou de olho na vez de Cecília, para que nenhum engraçadinho se atravesse a importunar.
Saíram então para a noite e Samuel elogiou a prima, que estava muito bonita em um vestido leve na cor verde bandeira, o que fazia ressaltar o fundo esverdeado dos seus olhos cor de mel.
O calor era extremo e todos deveriam usar roupas leves para poderem se sentir mais confortáveis.
Chegaram à tal festa, onde um reggaeton animado tocava, incendiando todo o local, os fazendo dançar.
Ali havia muitos turistas, mas também bastante hondurenhos, dançando e bebendo. Haviam também muitas pessoas fumando e usando entorpecentes, mas aquela era uma linha que todos prometeram não cruzar.
Jean Carlos que já estava há algum tempo em Tegucigalpa, conhecia muitas pessoas ali e logo os apresentou a algumas delas.
Havia muitas mulheres bonitas dançando ali naquele grupo e logo Diogo se sentiu animado a entrosar e chamar algumas para dançar.
Samuel logo chamou a atenção de algumas hondurenhas, que logo o convenceram a tomar uma piña colada e a se aventurar atrás de uns caixotes empilhados que ali haviam.
Por fim ficaram somente Cecília e Leonardo, com suas expressões impenetráveis.
Mesmo que Cecília não estivesse se esforçando em dançar, logo começou a chamar a atenção de um bando de hondurenhos, que acreditavam nunca terem visto uma mulher tão bonita.
Ela tinha a pele clara e grandes olhos cor de mel levemente esverdeados, que combinavam muito bem com suas longas madeixas onduladas, somente um tom mais escuras do que o ouro.
Tinha a cintura muito fina, mas os quadris largos e pernas torneadas. Seus seios eram delicados e empinados, e realçavam no busto do vestido fino de verão.
Tinha mais ou menos um metro e sessenta de altura e apesar de sua língua afiada e do seu gênio de leonina, aparentava ser uma boneca, para quem a olhava de longe.
Os homens começaram a se aproximar lhe oferecendo uma bebida ou chamando-a para dançar. Muitos falavam palavras chulas em um espanhol arrastado, mas que ela podia entender muito bem, pois havia estudado por muitos anos vários idiomas.
Cecília se manteve impassível, recusando qualquer investida, sem se amedrontar, mas Leonardo se incomodou ao voltar do banheiro, pois sabia que aquilo podia terminar em encrenca.
Sem saber onde estavam os amigos, resolveu que era melhor saírem logo daquela festa, já que muitos estavam chapados e bêbados e dava para ver que aqueles homens não estavam levando numa boa a recusa de Cecília.
Pareciam ser homens envolvidos no narcotráfico, pois eram bastante mal encarados.
Um deles pegou forte no braço da moça, enquanto ela o puxava de volta para si.
Leonardo se aproximou, colocando a mão nos ombros de Cecília e encarando os homens com um olhar feroz.
Ele não tinha medo de brigar com eles, pois havia praticado jiu jitsu por muitos anos e sabia muito bem se defender. O seu medo era que aqueles sujeitos estivessem em uma gangue e que talvez, pudessem estar armados.
— O que vocês querem com a minha mulher? — ele disse diretamente, puxando Cecília para junto de seu corpo e demonstrando uma possessividade que não lhe era comum.
Cecília ficou aturdida, pois não esperava que Leonardo intervisse a seu favor. Apesar de saber se defender, conhecia muitas histórias de estupros comunitários para ser orgulhosa naquele momento.
Estava irada por aqueles homens enxergarem as mulheres como um simples pedaço de carne, mas não iria romantizar o mundo, pois sabia que ainda havia muito com o que lutar até o fim do machismo.
— E o que você estava fazendo ao invés de comer essa delícia? — o homem perguntou, passando a língua nos lábios.
Cecília se remexeu de ódio, mas Leonardo a firmou junto dele com seus braços fortes e morenos.
O rapaz sabia que teriam que ser bastante espertos ou então poderiam acabar os dois mortos e jogados em uma vala rasa.
— Eu como ela todos os dias, meus amigos — ele disse em seu espanhol perfeito. — Agora me diga o que fariam caso chegassem aqui e me vissem a importunar a mulher de vocês?
— Eu o mataria! — respondeu o líder do bando, entendendo aonde Leonardo queria chegar.
— Então se eu não estou a importunar a mulher de vocês, deixem também a minha em paz!
Não fraquejou um sequer minuto e não desviou o seu olhar daqueles homens pardos por nem um segundo sequer, o que os fizeram apenas abanar a cabeça e se afastarem.
Mas não se podia dizer que havia qualquer clima amigável por ali, muito pelo contrário, era possível sentir a tensão no ar.
Leonardo se afastou com Cecília bem junto dele. O rapaz segurava forte na cintura dela e ao ver que não havia sinal dos outros rapazes e que os homens hostis ainda os seguiam com o olhar, se abaixou e sussurrou no ouvido dela:
— Temos que ir embora agora mesmo daqui! — ele disse e o seu hálito quente fez Cecília se arrepiar. — Os homens desconfiam de eu ter blefado para lhes roubarem a prenda. E eu não duvido nada que se ficarmos aqui, podem acabar por nos emboscar no caminho do albergue.
— Mas e os meninos? — perguntou Cecília, sem saber se deviam deixar os outros amigos naquele ambiente carregado.
— Eles são grandinhos e como estão com Jean Carlos, vão desconfiar de que algo tenha saído do controle para que saíssemos sem avisar — ele disse, já puxando Cecília para a saída.
Deu a mão para a moça e apertou os dedos finos dela entre os seus. Não demorou muito para perceberem que estavam sendo seguidos pelos mesmos homens.
Cecília começou a suar frio, pois as ruas estavam escuras e ela sabia bem das histórias de bandidos profissionais que haviam na América Central.
Nunca havia esquecido a história das duas holandesas que sumiram ao fazer uma trilha sozinhas no Panamá. Foram achados pedaços dos restos mortais delas meses depois, o que levava a crer que tiveram uma morte bastante cruel.
Os seus assassinos nunca foram descobertos.
Leonardo apressou o passo e ao perceberem que já estavam perto do albergue e ainda eram seguidos, ele parou, pressionando-a com seu corpo contra uma parede, como se não se importasse ou não tivessem percebido a presença dos meliantes.
Leonardo a encarou com seus profundos olhos negros, antes de dar uma última olhada nos bandidos, que andavam sem pressa a os espreitar.
— Desculpa, mas não vai ter outro jeito — ele disse e sem que ela conseguisse entender qual era a sua intensão, Leonardo a puxou pela nuca e a beijou profundamente.
O beijo durou apenas uns dois minutos, mas foi forte e intenso, tanto que Cecília perdeu completamente o rumo.
Em seguida Leonardo a puxou pela mão e voltaram a entrar no albergue.
Cumprimentaram Manolla, — uma mulher negra que cuidava da recepção — e subiram, trancando-se no quarto.
Sabendo que devia uma explicação à Cecília, Leonardo sentou na cama e a olhou nos olhos.
— Eles não acreditaram que nós estávamos mesmo juntos — ele disse. — Esses homens não gostam de serem enganados ou de perderem, então eram capazes de nos capturar e matar, além de estuprarem você.
— Tudo bem — Cecília disse, sem saber bem se era verdade.
— A notícia boa é que estamos indo embora amanhã — Leonardo disse. — Mas até lá não podemos tirar o olho de você.
— Eu sei me cuidar sozinha e não preciso de babá — Cecília falou aquilo mais por se sentir afetada, do que por se importar verdadeiramente com o que ele dissera. — Foi exatamente o que você me disse na casa do Sam.
Ela não queria que o rapaz percebesse o quanto ela havia gostado daquele beijo, então ser grossa e o afastar era mais fácil do que tentar entender o que sentia por Leonardo naquele instante.
— Eu estou vendo mesmo como sabe se cuidar! — ele disse, com sarcasmo. — Não é à toa que está fugindo do Brasil e agora também de Tegucigalpa.
Cecília se aproximou enfurecida, louca para esbofetear Leonardo, afinal ele não sabia quase nada mais de sua vida.
O rapaz havia escolhido se afastar dela e terminar a amizade que um dia tiveram, então não tinha direito de fazer julgamentos sobre a sua vida.
— Não tenho culpa do mundo ser machista e de uma mulher não poder ficar sozinha sem ser importunada por qualquer macho escroto! — ela respondeu, realmente chateada por ser seguida por certos homens, da mesma maneira com que um leão segue uma caça. — Eu não fiz exatamente nada para aqueles homens virem me importunar.
— Acho que você não tem a mínima noção de como é mais bonita e chama a atenção bem mais do que a grande maioria das mulheres!
Cecília não sabia se aquilo era um elogio, mas o jeito franco e direto de Leonardo, muitas vezes a deixava com dúvidas.
Ele era tão misterioso e fechado que ela nunca sabia se o que ele dizia era elogio ou xingamento.
Ele a confundia ao ponto de deixá-la quase louca. Mas preferiu pensar que era um elogio.
— Mas isso não dá o direito de acharem que sou um brinquedinho sexual!
— Claro que não! — ele disse. — Mas o mundo ainda é muito cruel, então precisamos ficar de olho em você.
— Agora saia daqui e me deixe trocar de roupa! — ela ralhou, percebendo que estava sendo grosseira, pois não sabia como lidar com Leonardo, que lhe causava tantas dúvidas. — Já que os meninos devem estar transando por aí, eu vou dormir e descansar para a viagem de amanhã.
Leonardo riu da maneira natural com que ela falava tudo aquilo. Era difícil ver garotas que não se incomodavam com aquilo.
— Infelizmente ainda temo que os bandidos estejam atrás do grande tesouro — ele disse, olhando-a de cima a baixo. — Vou me virar e você se troca Não irei olhar, eu juro!
Cecília sabia que ele tinha palavra, então se despiu assim que ele se virou. Ao colocar o pijama, sentiu que havia um clima muito estranho naquele quarto, no entanto.
Por causa do beijo, ela estava muito acesa e se aquilo não fosse uma loucura completa, o beijaria de novo. Porém, não demorou a se deitar, tentando afastar de dentro de si sentimentos que pareciam uma tempestade.
Enquanto tudo isso rolava, um som de salsa tocava em algum lugar bem perto dali.
Leonardo apagou a luz para que ela dormisse e foi para a janela olhar as luzes e o barulho da cidade, enquanto pensava na loucura da vida.
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