Era sexta!

Puta merda

Sexta-feira

Eu suava frio e coloquei todas as roupas que se possa imaginar

Nada combinava

- nunca te vi tão preocupada em escolher roupa que nem hoje- Zayn comenta e eu lhe sorrio tentando disfarçar meu nervosismo
- é, aparentemente as meninas vão me levar a um restaurante chique e, sei lá, não quero passar vergonha- tento sorrir e escondendo minha preocupação, minha ansiedade e também minha culpa pelo fato de estar mentindo pra ele
- você nunca passaria vergonha- ele se posiciona atrás de mim e me abraça me fazendo sorrir ainda meio dura- por que não coloca aquele vestido verde que te dei de aniversário

Outra peça que eu odiava

Só usei para almoçar com a mãe de Zayn uma vez e outra num batizado de uma prima dele, me senti horrível mas precisava provar que eu usava o vestido

Isso já faz dois anos mas ainda assim, existem fotos que provam que eu o usei

- er... Eu, eu acho que emprestei pra Emma na verdade, vou pressiona-la hoje mesmo pra que ela me devolva-a penso rápido o fazendo sorrir

Pobre Zayn

- sabe, estava pensando sábado que vem podíamos ir nos meus tios da minha cidade Natal, eles vivem perguntando por você- ele me beija e sai andando me fazendo encolher internamente

A família do Zayn era ótima comigo, mas confesso que não me sentia muito a vontade com eles, hora ou outra todos sempre discutiam ou faziam fofoca da parte da família que não estava presente e eu sempre ficava no meio sem entender nada

- Claro, podemos sim!- sorrio largamente enquanto morria por dentro- vai a onde com Niall hoje?- pergunto colocando meus brincos
- apenas a um jogo de futebol, nada demais- ele dá de ombros e se deita na cama ligando a tv quando uma ideia passa na minha cabeça
- sabe, estava pensando, ao invés de irmos pra casa de seus tios no sábado, poderíamos fazer uma viagem só nós dois... Faz tanto tempo que não vamos a lugar nenhum- comento sincera

A verdade que demorei pra perceber era que Zayn não era muito movimentado, saíamos muito pouco do apartamento e francamente isso era o mais desgastante

Trabalhar a semana inteira sem perspectiva ou ciente de que quando chegar o final de semana não farei nada de diferente senão ficar em casa assistindo a algum filme

Estava sempre vendo Liam postando suas pequenas viagens com a Sarah, ou Emma e Ashley indo para algum chalé próximo e até Louis que não parava com namorada alguma sempre estava levando as garotas a algum lugar diferente

- sério? Tipo onde?- ele diz não tão animado quanto eu queria
- ah, não sei... Podíamos ir para Vermont, ou até para aquela cidadezinha no interior da que estão todos indo agora- na real eu aceitava qualquer coisa

Apenas algo diferente

- sinceramente, acho besteira... Os preços são absurdos pra apenas ficarmos numa casa que nem é tão boa quanto a nossa- ele dá de ombros e meu rosto desmancha completamente
- sei... Bom tudo bem então- sorrio e continuo a pôr meus brincos e sinto Zayn ainda me encarar pelo espelho
- você é perfeita! Sabe disso certo?- ele comenta e eu forço um sorriso

Zayn sempre me dizia coisas lindas e amáveis, era verdade

Mas ele nunca mais teve gestos românticos ou selvagens como antes

- eu... Eu acho melhor eu ir, as meninas devem chegar lá cedo então...- comento calçando os sapatos mais próximos a mim sem pensar muito
- certo, divirta-se lá- ele me diz verdadeiro e caminho até ele lhe dando um selinho leve nos lábios
- bom jogo!- digo apenas e saio bufando preocupada

Caralho

Eu queria conversar sobre isso com Zayn, talvez me deixasse menos nervosa

Mas já deixei ir longe demais e creio que ele passaria a maior parte do tempo me questionando do porque não lhe contei mais cedo do que realmente me ajudando

Conversei com Liam mais cedo sobre o assunto e ele me disse pra acima de tudo ficar calma

O que já não está acontecendo

Seu outro conselho foi agir normalmente e com classe, afinal quem havia errado comigo era o Mark então não tinha porque da minha preocupação

Mas tinha!

Segui corretamente o endereço que Kate havia anotado pra mim até chegar a um bairro bem agradável cheio de árvores e vejo a casa do número escrito

Eu aperto o volante e encaro a casa alegre e de boa iluminação

Certo

Vá por etapas Sophie, quando for ver, já entrou

É só sair do carro

Ótimo, sair do carro

Tenho que sair do carro

Isso durou uns 20 minutos e eu ainda estava no carro

Bufo impaciente comigo mesma e num impulso abro a porta e caminho rápido para a entrada da casa

Muito bom

Determinada chego a varanda e aperto a campainha me arrependendo instantaneamente

O que eu tô fazendo?

Esse é o homem responsável por meus surtos na infância, minha auto mutilação e várias mágoas

Por que estou aqui?

Num pensamento rápido me viro de costas e já pretendo correr de volta pro meu carro mas a porta abre

Tarde demais

- Sophie?- uma moça de um cabelo loiro escuro e extremamente bonita pergunta na porta
- sou eu...- digo com um sorriso desesperado quase que num pedido de socorro

Eu disfarço muito bem

Estendo a mão pra mulher simpática que me lembro de ter a visto numa foto na carteira de Mark no nosso último encontro

- eu, eu sou Jill, esposa do seu... Do Mark... Entre por favor!- ela está nervosa, dá pra perceber, mas seu sorriso largo e seus olhos felizes e que nunca piscam tentam provar o contrário
- obrigada!- digo já entrando e analisando a casa, me surpreendendo muito com o que vejo

Parecia que hippies moravam aqui, não tinha nada de modernidade ou coisas tecnológicas, tudo era decorado em madeira rústica e era verdadeiramente aconchegante

- Sophie!- Kate diz feliz e me abraça e eu meio surpresa retribuo para a simpática menina
- Olá!- sorrio nervosa
- fico feliz que tenha vindo, achei que ia desistir de última hora- ela comenta plena e eu rio nervosa e encaro Jill que ainda me olha feliz porém visivelmente sem saber o que fazer
- é claro que vim, eu...- gaguejo até finalmente ver Mark se aproximando com uma menina linda no colo que automaticamente me lembrei ser Casey
- Sophie, que bom que veio- ele me sorri sincero e eu permaneço dura na porta com um sorriso intacto
- Olá, eu... Eu gostei de ter vindo!

Gostei de ter vindo

Que frase terrível

Vejo a menininha fazer força pra descer e Mark atende seu pedido e solta a criança que corre em direção a mim me pedindo para pegá-la no colo

Perfeito

Nada constrangedor

Pego a criança que gargalha o tempo todo e quando a olho sorrio para sua extrema beleza

Realmente era uma família muito bonita

- bom, acho melhor jantarmos não?- Jill pergunta sorridente e eu logo aceno que sim com a cabeça e coloco a menina no chão e ela corre de novo pra Mark

Procuro não trocar muitos olhares com ele e me concentrar mais em Kate e em Jill que me diz umas dez vezes pra que eu fique a vontade

Ela pode passar a noite falando isso que não irei me sentir a vontade

Mark me guia até a área externa onde tem uma mesa de madeira com luzinhas penduradas dando um ar rústico e clássico dessas fotos do Pinterest e eu me pego apaixonada pelo ambiente

Pra ser como idealizei sua família e casa perfeita só faltava um cachorro correndo alegre ao nosso redor

- Billy, vem conhecer a Sophie!- Mark diz com uma voz boba e logo vejo um Golden lindo correr até nós com o pêlo melhor que o meu cabelo

Esquece

Brinco com o cachorro e não demora pra eu levar uma lambida na cara, mas quem se importa? É um cachorro

Sempre quis ter um cachorro mas minha mãe era alérgica, depois fui morar com o Harry e nas suas palavras eles eram um montante de pêlos barulhento que faziam cocô em qualquer lugar

E Zayn, bem...

Na verdade acho que Zayn nem sabe que gosto de cachorros

- prontinho, espero que goste eu mesma fiz- Jill diz com seu sorriso intacto e começo a pensar que essa simpatia toda não seja nervoso mas realmente um traço de sua personalidade
- parece tudo incrível!- digo encarando a farta mesa de comida com purê de batatas, um frango lindo e dourado no meio da mesa arroz e outras coisas

Nem minha ceia de natal do ano passado foi tão bem servida

O que me faz pensar que eles realmente queriam me agradar e talvez

Só talvez

Eu pudesse abaixar a guarda

- senta aqui!- Kate sussurra sorrindo pra mim e obedeço, sentar do lado dela acho que seria o menos estranho

Segundos depois todos estão sentados e Jill sempre puxa algum assunto não deixando nunca o silêncio prevalecer, e acho realmente que é melhor assim

A situação já é complicada o suficiente sem o climão de um silêncio

Ela pergunta da onde vim, se já terminei a faculdade ou minhas coisas favoritas

Me sentia numa entrevista de emprego mas devo admitir que ela me agradou e muito

Sempre sorridente, bem humorada levando a situação numa boa

É até irônico pensar, mas ela na verdade me lembra muito minha mãe

- nosso Jonah também entrou na faculdade, passou em Yale e teve que ir para os Estados Unidos a uns quatro meses, sempre fomos todos bem grudados está sendo um pouco complicado- ela olha pra Mark com os olhos marejados e o mesmo lhe faz um leve carinho na cabeça

Ele era verdadeiramente apaixonado por ela

Podia ver pelo seu olhar

Aliás, tenho lhe observado o máximo que posso

Ele não diz muito e passa a maior parte do tempo olhando pro prato, brincando com Casey ou Billy ou concordando com o que Jill diz

E não sei exatamente o que sinto sobre

- mãe, a Sophie me ensinou tantas coisas nesses últimos meses, esses dias enviei um arquivo super importante para uns executivos não foi?- Kate diz alegre e eu rio, na verdade pedi pra ela mandar pra um e-mail que na realidade era meu outro e-mail pessoal, assim podia ver se ela mandava tudo certo, mas ficava feliz com a empolgação da menina
- sim, você... Vocês tem uma filha muito talentosa- digo sorridente incluindo Mark na conversa que se atreve a me sorrir tímido
- Kate é muito esforçada, e sua mãe também deve ter um orgulho imenso da filha que tem- ela comenta e um nó se forma em minha garganta pela falta que ela me faz
- bom espero que sim- sorrio dando mais uma garfada

- e... E ela como está?- a voz do Mark surge no silêncio e confesso que me surpreendo com a pergunta

Olho pra cima e vejo Jill encara-lo mas ela não parece chateada ou incomodada por ele querer saber da ex mulher

- ela, ela está ótima na verdade... Se mudou a uns anos para o interior com meu padrasto- digo orgulhosa

Depois de tudo que ela passou ela merecia esse sossego em que vive por mais que isso a deixe longe de mim

Mark sorri animado

- oh isso é ótimo, ela sempre quis morar no interior, era o sonho dela...- ele comenta alegre para Jill que sorri
- é eu sei- digo meia ríspida, sem me importar e vejo ele pigarrear e voltar a olhar pro prato
- bom... Ainda temos sobremesa, espero que goste de mousse de chocolate, torta de limão e pavê- Jill comenta feliz cortando o clima merda que havia ficado
- oh não precisava ter se preocupado com isso- comento preocupada de ter lhe dado trabalho
- pelo amor de Deus, não foi nada, você é uma convidada muito especial pra nós Sophie- ela comenta verdadeira e eu sorrio pra mulher simpática e agradeço
- Kate vem me ajudar a lavar as coisas - Jill pede a menina que se levanta e já vejo Casey correr pra dentro

Ou seja, apenas Mark e eu ficaríamos aqui fora

Merda

- pode deixar, eu te ajudo!- digo rápido me levantando mas Jill me olha autoritária obviamente na brincadeira
- nem se atreva, senta aí que logo voltamos- ela manda e sorrio para disfarçar meu pânico enquanto me sento de novo

- o mousse e a torta são ótimos, mas o pavê é uma desgraça nem chegue perto!- Kate me sussurra antes de levantar e eu rio
- ok, vou guardar a dica- rio da menina e ela sai correndo seguindo a mãe até a cozinha

Perfeito

Aqui estou eu

E o Mark...

Frente a frente e sozinhos

- noite quente, hã?- ele comenta e já posso sentir o desconforto

Comentar sobre o clima é o auge da falta de assunto

- sim, quentíssimo- muito bom

Acho que é minha vez de puxar algum assunto

- muito linda sua casa... E bom, sua família também- comento sincera por mais que ainda me cause estranheza

Ele sorri humilde

- eu agradeço muito- ele comenta e suspira brincando com o copo sobre a mesa e eu olho para os lados sem saber ao certo o que fazer

- er... Fico feliz por sua mãe a propósito- ele tenta puxar outra conversa- muito bom que ela tenha encontrado alguém... Você e ele, se dão bem?

Ele pergunta e uma pontadinha começa a dar no meu peito

Era como se minha mãe fosse uma assunto que eu esperava que não fosse tocado essa noite, não depois de tudo

Mas pelo visto não

- Richard é ótimo!- respondo logo- é muito amável, sempre tratou eu e minha mãe muito bem... Um verdadeiro homem sabe?

Confesso que falei pra cutucar

Foda-se sei que estou em sua casa mas ele que trouxe minha mãe ao de cima

Ele suspira cansado

- Sophie ouça eu nunca quis mal a sua mãe, ou a você... Eu era louco por vocês, eu simplesmente estava doente e sem controle o que eu poderia fazer?- ele pergunta e já sinto meu peito apertar por não poder gritar com ele por estar em sua casa e por Jill estar logo ali do lado

- podia ter evitado várias coisas, as coisas que me dizia por exemplo... Tem noção do que causou a minha cabeça? Você alguma vez se preocupou com o fato de eu ver minha mãe sendo espancada, ou as vezes que você a obrigava a transar com você fedendo a whisky e tabaco na sala mesmo sem eu nem ter saído e ela ter que implorar pra que eu fosse pro meu quarto pra que eu não visse mais do que já tinha visto? Alguma vez se preocupou com o fato de eu chorar e me cortar por você me bater ou até chegar a me cuspir dizendo o quanto se arrependia de ter me tido?

Foda-se já estou chorando

Tendo me conter para não armar um escândalo porque acima de tudo não queria que Kate visse isso, estávamos muito bem e apesar dos pesares, Mark era o pai dela e com certeza ela não precisava ouvir isso

- Sophie esse é o meu maior arrependimento, acredite em mim, não teve um único dia nesses anos que eu não desejasse te encontrar e te pedir perdão, a você e sua mãe. Vocês não precisavam aceitar mas eu queria ter a chance de dizer que aquele não era eu, aquilo não era eu!- seus olhos molhados me encaram tristes e eu soluço escondendo o rosto- Sophie você foi uma das melhores coisas que fiz na vida, e sinceramente uma das poucas... Eu sempre te amei eu só estava sempre tão alcoolizado que eu mal conseguia demonstrar o quanto importavam pra mim

Nego com a cabeça

- se você se importasse teria se tratado, teria mudado... Ou teria ido embora antes de uma vez. Você levou nosso dinheiro, nossos móveis, nos deixou a beira da miséria, se minha mãe não tivesse trabalhado turnos e mais turnos como garçonete Deus sabe o que teria nos acontecido- aumento meu tom de voz mas logo lembro das pessoas a mais que tem na casa
- Sophie além de alcoólatra eu era um viciado, tanto em drogas quanto em jogos, eu tinha dividas com pessoas que espero que nunca conheça. Peguei todo aquele dinheiro para quitar minhas dividas, se eu apenas tivesse ido embora eles iriam se vingar e não me usariam... Usariam sua mãe, ou pior, você! Imagina como fiquei preocupado de irem atrás de vocês?- ele chora o que só faz eu chorar mais

Ele parece tão triste e tão sincero mas meu coração ainda pesa e ainda dói

- você acabou comigo, sabia? Você era o melhor pai do mundo num dia e depois... A noite você chegava todo agressivo, não conversava não brincava era apenas... Apenas alguém tão horrível- fungo ao me lembrar daquela época infeliz
- Sophie acredite, se eu pudesse fazer algo pra te tirar essas memórias, essa dor e mágoa de mim eu faria sem pensar. Acha que eu não daria tudo para que você e meus outros filhos tivessem contato por todos esses anos? Acha que não amava sua mãe? Pois amava e muito, quando fui embora achei que nunca encontraria amor de novo e aí encontrei a Jill, me curei, tive meus filhos... Acho que tudo aconteceu de uma forma boa. Sua mãe está feliz e acredite em mim quando digo que desejo mais a felicidade dela do que a minha própria, mas Sophie... Nada do que tenha dado certo compensa o fato de não te ter por perto, de meus filhos não conhecerem a irmã mais velha ou de você me olhar como me olhou da primeira vez que nos vimos... Com tanta repulsa e ódio por mim- ele enxuga as lágrimas e eu fico ali lhe encarando

Ele é outra pessoa

Não há como negar

Me pego a sorrir pro homem

- eu não odeio... Pelo menos não esse homem que está sendo hoje!- comento sincera e vejo ele me estender a mão e eu a encaro por alguns instantes

Talvez eu estivesse indo muito rápido

Anos daquela tortura psicológica e terapias conseguem se resolver em uma noite?

Provavelmente não!

Se fosse assim Harry e eu estaríamos juntos

Mas talvez, só talvez, eu pudesse dar uma chance. Eu sinto que tenho mais perdido pessoas do que agregado e talvez meu pai seja um bom início para mudar isso

Aperto sua mão sem pensar demais e o homem cai no choro me fazendo chorar também até que com o canto do olho vejo Jill com as crianças segurando as sobremesas e a mesma chora emocionada enquanto as meninas se olham sem entender nada

O resto da noite foi surpreendentemente agradável, Mark conseguia me olhar mais nos olhos e todos contávamos histórias de vida

Rimos, choramos e confesso que essa noite foi uma das melhores que já tive

- Kate já está tarde melhor levar Casey lá pra cima- Jill comenta pra menina que tem a irmã deitada dormindo em seu colo e a mesma me olha como se pedisse ajuda querendo ficar mas ergo as mãos em rendição- agora mocinha!

Jill ordena e a mesma me dá um beijo rápido na buchecha

- gostei de você ter vindo Sophie!- ela diz de forma meiga e eu sorrio pra ela enquanto ela acorda a irmã e as duas vão sonolentas para dentro
- na verdade é melhor eu ir também- comento me levantando
- mas está tão cedo- Mark se levanta rapidamente e eu rio
- na verdade não está- digo apontando pro relógio na parede atrás deles e eles se surpreendem ao ver o relógio marcando 2:30 da manhã
- bem o tempo passou voando- Jill comenta sonolenta e eu sorrio
- sim, e obrigada por tudo, foi tudo verdadeiramente ótimo- digo sincera e ambos sorriem

São realmente um casal muito amável

Eles me levam a porta enquanto conversamos embora seja visível que eles estão mortos de sono, está até engraçado na verdade

- Sophie, amamos te receber, saiba que as portas estão abertas quando quiser- Jill me sorri verdadeira e eu me acendo em felicidade por ver sinceridade em suas palavras
- pode deixar, eu amei foi tudo ótimo- olho pro lado e Mark já me encara sorridente
- foi... Foi muito bom. Obrigado por aceitar- ele diz baixo porém sincero e lhe sorrio
- até!- digo dando um último sorriso e caminhando para meu carro ouvindo a porta enfim se fechar

Caralho... Que loucura

Nunca pensei que isso aconteceria

E muito menos que seria tão natural quanto foi

Óbvio que foi doloroso relembrar das coisas que aconteceram, e o fato de termos ficado os três chorando também não foi nada normal

Mas sinceramente?

Me fez bem!

Eu estava em estase

Pego meu celular e disco o número de Zayn que por sinal deve estar preocupado, mas juro que não me importo

A essa hora ele deve ter ligado pras meninas e saber que não estive com elas mas acho que não tenho mais o que esconder

- alô?- ele atende mas tenho dificuldade em ouvi-lo já que está uma gritaria de seu lado da linha
- Zayn? Zayn, você já está em casa?- pergunto confusa olhando o relógio vendo marcar agora 15 pras 3:00
- não eu, eu acabei vindo pro bar com uns amigos do Niall que foram ao jogo. Por que? você não está em casa ainda?- ele grita do outro lado pra que eu possa escuta-lo
- não, é sobre isso que eu queria...- começo empolgada
- Sophie da pra gente falar depois? Não te escuto direito e estão passando o resultado das apostas do jogo é realmente importante- ele pede e é como se me jogasse um balde de água fria
- claro... Amanhã conversamos sobre isso- digo compreensiva mas quando vou olhar a tela ele já havia desligado

Ok então...

Caminho até meu carro mas antes de abrir a porta penso no quanto queria dizer o quanto estou feliz, quero dizer, achei que nunca me acertaria com meu pai e do nada estou aqui, feliz por ter estado com ele e sua nova família

Sem pensar muito começo a discar e entro no carro

- alô?- sua voz atende no segundo toque
- Harry? Está ocupado?