14.
Acordei no dia seguinte com o despertador as 6:00 pra dar tempo de eu me trocar para estar na empresa as 7:30, lembro-me que Harry comentou que era perto da sua casa, no centro, inclusive eu só mandei o curriculo porque o Harry falou que eles me aceitariam
Pensando nele vasculhei o espaço do meu lado com mão sem encontrar o Harry mas encontrando um bilhetinho ao meu lado com a cópia da chave que ele me fez
"Fui para o hospital fazer a cirurgia do seu irmão, prometo que vai dar tudo certo
Te amo!"
Adivinhem o que está na minha cara? Isso mesmo, aquele maldito sorriso idiota que eu tenho toda vez que o Harry faz algo fofo
Me levantei animada mas logo brochei quando parei pra pensar que não tenho roupas aqui para uma entrevista então depois de fazer uma maquiagem básica e um coque desmanchado chamei o Uber para que ele me levasse até o McLaren para que eu comprasse alguma coisa minimamente descente para ir a essa entrevista
Já estava ficando desesperada quando olhei no relógio e era 7:00 mas por sorte achei uma saia plissada preta que ia até o joelho, ela era colada ao corpo e combinava bem com a regata branca que eu estava, comprei uns sapatos pretos invernizados também e estava completa, mas com certeza ouviria da minha mãe por ter gasto o dinheiro do cartão de emergência que ela me deu mas paciência
Entrei no Uber, que inclusive era do senhor Jackson, já fazia umas três viagens de Uber que eu pegava com ele o que já nos dava intimidade pra fazer o que eu ia fazer
- senhor Jackson, te pago 20 dólares a mais se não olhar aqui pra trás- digo e o velhinho apenas encolhe os ombros como se não entendesse muito bem mas concordasse
Fui rápida em tirar minhas calças e passar com dificuldade a saia plissada justa pelas minhas pernas, coloquei os sapatos novos e um blazer preto que resolvi comprar de última hora pensando que ficaria mais para a ocasião. Me olhei no reflexo do celular e me agradei com o que vi, finalmente
- prontinho senhorita- senhor Jackson diz ao parar em frente ao grande prédio espelhado que eu tanto ansiava e ao mesmo tempo temia de chegar
- obrigada- digo rapidamente dando-lhe o dinheiro e subindo com dificuldade pelas escadas por conta dos saltos
Plena Sophie, plena
Finja que tem o mínimo de feminilidade e graça que sua mãe tentou lhe ensinar mas que você estava ocupada jogando futebol e comendo terra pra aprender
Adentrei o prédio e apertei o número 30 que era a última sala, a sala do Bryan Blanc dono da empresa. Sai do elevador e encontrei uma grande recepção com uma garota loira que mascava chiclete desordenadamente
- bom dia eu sou Sophie Baltimore, vim para uma entrevista com o senhor Bryan- digo recebendo um olhar impaciente dela
Ótimo
Já começamos o dia com uma piranha mal humorada
- que horas é a entrevista?- ela pergunta olhando o computador
- agora, no caso!- já digo igualmente desinteressada
- seu nome não está aqui- ela diz de maneira rude voltando a mexer no celular pelo o que vi trocando mensagens com uma amiga
- deve ser porque foi de última hora, o senhor Bryan me ligou tarde da noite, talvez não tenha dado tempo de cadastrar- tento me manter na máxima educação mas ela faz uma constante cara de deboche que eu odeio
- não posso fazer nada com base nas suas explicações, eu trabalho com o que está escrito aqui e seu nome não está aqui- ela aponta pro computador fazendo uma bolha de chiclete que me dá vontade de furar com a caneta
- Sophie Baltimore?- um homem moreno com alguns fios grisalhos que lhe caiam bem saiu da grande porta e única que tinha no andar
- senhor Bryan Blanc?- sorrio estendendo a mão pra ele que aperta a minha de volta com um sorriso aberto
- por favor entre, chegou bem em ponto- ele diz sorridente adentrando primeiro e não me contive em sorrir debochada para a garota loira atrás do balcão
Chupa viada
Entrei na sala e fechei a porta atrás de mim me deparando com a mais bela sala que já vi, carpete vermelho por todo o chão, estante gigante de livros que fechava toda a parede do lado, uma mesa de madeira em frente ao uma grande janela de vidro e umas plantas diversas espalhadas pelos cantos
Me sentei na cadeira de frente pra ele e ele começou a me fazer as perguntas pelas quais eu já esperava, perguntei a todos que já passaram por entrevistas na vida e anotei as perguntas que sempre eram feitas para me preparar, eu queria muito isso, me preparei e não ia deixar passar principalmente agora que morava com o Harry não achava justo ele pagar por tudo sozinho
- bom Sophie não vejo motivo para não admiti-la- ele me sorri estendendo a mão e eu sorri gaguejando coisas sem sentido então respirei fundo e com esforço soltei um
- obrigada!- ri e ele também do meu nervosismo mas logo se levantou e eu o acompanhei
- venha comigo falarei um pouco do que vai fazer mas já vi alguém pra ficar com você lhe ensinando o serviço- ele diz e eu me ânimo
- isso é maravilhoso senhor- meu maior medo era fazer tudo errado e ninguém me explicar nada, então isso foi maravilhoso
- por favor me chame de Bryan, me sinto velho com uma mocinha me chamando de senhor
- ok- sorrio sincera e entro com ele no elevador que ele aperta o botão 25 e descemos conversando sobre coisas da empresa que sinceramente nem escuto direito de tão tamanha que está minha empolgação
- lógico que foi supresa ganhar o prêmio de melhor empresa de propaganda pelo sétimo ano seguido, mas fiquei muito contente- ele diz e eu fico ali sorrindo e concordando pensando lembrando que eu preciso aprender a responder as coisas
- Natan!- ele diz alto e ansioso me despertando me fazendo olhar pra cima
Puta que pariu
Não
Não, não, não, não, não, não, não
Caralho
Inferno
Não
- Natan é nosso melhor vendedor/gerenciador/investidor e carismático, ele é como se fosse nosso faz tudo, certo Natan?- Bryan sorri feliz afagando o ombro do moreno alto de cabelos molhados penteados pra trás o qual eu tanto conheço
- assim eu fico constrangido Bryan- ele sorri abertamente
Desgraçado
- essa é Sophie, nossa nova contratada- Bryan me apresenta e eu coro notoriamente quando ele estende a mão pra mim e eu com receio aperto
- é um prazer Sophie- ele me olha daquele jeito, aquele jeito maléfico e doentio que ele costumava me olhar quando estava prestes a fazer algo mas por estar na frente da minha mãe ou de outras pessoas ele disfarçava com essa merda de sorriso
Sorri para o meu ex e soltei minha mão rapidamente voltando a cruzar os braços
- bom- Bryan olha o relógio- tenho que ir me encontrar com uns empresários da AberCorp, quem sabe fechamos negócio hoje não Natan?
- com certeza senhor- ele sorri largamente
Falso do caralho
- por favor, acompanhe a Sophie pela empresa ela não conhece nada ainda- merda
Merda, merda, merda
- pode deixar senhor- ele une as mãos atrás das costas e o Bryan me da um último sorriso antes de nós deixar sozinhos
Ca.Ra.Lho
Não existem palavras pra eu descrever o quanto eu queria desaparecer nesse momento
- Sophie Baltimore- ele cruza os braços e me encara com um sorriso de canto
- olha, não precisamos fazer isso ok? É só arranjar outra pessoa pra me mostrar as coisas, qualquer um- digo rápido mas ele nega com a cabeça com aquele sorriso insistente nos lábios
- não costumo desobedecer ordens do chefe loirinha, já teremos que mudar essa sua postura indisciplinada
- primeira coisa: não me chame assim- aponto meu dedo no seu peito lembrando da forma que ele me chamava quando namoravamos, na época era fofo não vou negar, mas hoje em dia vejo o quão bosta é esse apelido
- segunda coisa: não sou indisciplinada, apenas não nos damos bem e seria muito mais fácil pra nós dois se não ficassemos perto- digo e ele ri debochado se encostando numa mesinha atrás dele
- você não se dá bem comigo, eu sou maduro o suficiente pra ter continuado seu amigo- ele diz e eu bufo
- amigo? Nosso namoro foi baseado em brigas, ciúmes e principalmente traição- o fuzilo com o olhar e ele nega com a cabeça
- você não esquece isso né?
- quando se é corno é difícil esquecer
- escuta eu não sou mais aquele cara, eu estou trabalhando aqui, eu mudei- ele me sorri galanteador
Ele que nem venha de graça
- não precisa me provar nada, não somos mais nada um do outro eu só quero que me mostre as coisas aqui e depois fingimos que nada nunca aconteceu- digo determinada vendo ele estender as mãos no ar em rendição e somos cortados pelo toque repetitivo do meu celular que eu tiro da minha cintura
- fique a vontade, depois da sua ligação eu te mostro o prédio- ele sorri de canto e caminha pra conversar com outros dois caras numa mesinha no fundo enquanto eu olho para a tela vendo o nome do Harry
- Oi!- digo apenas tentando parecer o mais animada possível mas era difícil agir normalmente depois de descobrir que verei o Natan todos os dias a partir de hoje
- terminei a cirurgia- meu coração se aperta de maneira drástica e eu me sento na mesma hora
- e?- engulo um seco
- deu tudo certo- posso sentir sua empolgação pelo o telefone e eu comemoro o mais baixo que posso pra não chamar atenção
- eu sabia que você conseguiria, você é incrível eu... Eu te amo tanto- estou atordoada com a felicidade de saber que meu irmão está bem e que foi Harry quem conseguiu isso
Ouço um suspiro aliviado dele do outro lado da linha
- precisamos comemorar isso, a noite a Emma nos chamou pra ir a uma festa na casa dela, o pai dela viajou ou algo assim. Ela disse que tentou te ligar mas você não atendeu
- eu devia estar ocupada, a noite falamos sobre isso
- ok- ele não questiona embora demora um pouco para responder- eu te amo
Sorrio
- também te amo
Desligo o telefone e olho pro fundo da sala vendo o Natan
É, isso ainda vai dar muito problema
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