Alexandre se lembra com precisão de detalhes, o dia que conheceu o ser mais perfeito que poderia existir na terra. 

Hefestion. Ah, seu doce e bonito Hefestion.

               * * *

Ele era apenas um garoto, curioso e agitado demais para permanecer em um lugar só. Ele se escondia da moça gentil que era responsável por cuidar dele. No momento em que teve um brecha, o jovem príncipe saiu do palácio rindo de sua própria travessura.

Ele se vira para sair quando da de cara com um garoto de sua idade.

- Ah, olá. - Diz o príncipe sorrindo para o outro garoto.

- Olá. - Respondeu o outro garoto timidamente.

- Qual seu nome ?

O garoto o olhou com desconfiança, o nariz franzindo em de um jeitinho adorável. 

- Hefestion.

- Bem, eu sou Alexandre. - O jovem príncipe estende a mão animadamente.

- Como o príncipe ? - Pergunta Hefestion estendendo a mão, ainda desconfiado.

- Bem a menos que exista outro garoto neste palácio com o nome de Alexandre...sim.

Os olhos expressivos e azuis do menino se arregalaram, ele se afastou do recém chegado e fez uma reverência.

- P-perdão alteza eu...eu não sabia.

Alexandre olhou em volta, como de costume os guardas de virgiavam os portões do palácio, fingiam que não estavam o vendo ali. 

- Não precisa disso.

- Mas você é da realeza, e meu pai disse que temos que ter respeito pela realeza.

O príncipe fez uma careta e um gesto de desdém.

- Claro claro, mas você não foi desrespeitoso comigo. E além do mais, eu até agradeceria se não fizesse isso. Sou um fugitivo.

- Como !?

- Estou fugindo da minha "babá".

- Oh.

- Então, o que faz aqui fora sozinho?

- Você também estava sozinho.

- Bom ponto. Mas eu sou um fugitivo, e você?

- Estou esperando meu pai, ele tem uma reunião com o rei.

- Quem é seu pai ? Amintorus.

- Oh oh, eu sei quem é. Um cara bem alto né ?

- Sim.

- Você não se parece muito com ele. Não se parece nada. - Alexandre coloca a mão no queixo.

- Meu pai diz que eu sou igual a minha mãe.

- Faz sentido. Muito bem Hefestion Amintorus, é um grande prazer conhecê-lo.

O garoto de bonitos olhos azuis sorriu.

- Eu digo o mesmo.

* * *

Um sorriso escapa do governante da Macedônia, com a bela memória. Dias depois quando começou seus estudos com Aristóteles, lá estava Hefestion novamente. E ele nunca esteve não feliz.

* * *

- Hefestion. - Alexandre correu em direção ao seu novo amigo.

Sim, novo amigo. Mesmo que eles só tenham se visto numa vez, e conversado por...trinta minutos !? Antes de Adalina, o encontrar e o levar para dentro.

- Alteza.

O sorriso no rosto do jovem príncipe morreu na mesma hora.

- Achei que já tivessimos superado isso.

- Tem pessoas por perto.

- Não importa. Venha, quero que conheça meus outros amigos. - Diz puxando o outro garoto pela mão.

- Ah...bem. Tudo bem.

- Filotas, Cassando, Ptolomeu. Esse é o garoto de quem eu falei.

- Ah o famoso Hefestion. - Diz Filotas rindo.

- Ele falou de você por uma semana inteira. - Bocejou Ptolomeu, tal como um gato.

- Não falei não. - Respondeu Alexandre emburrado.

- Oh falou sim. Eu já não aguentava mais ele falando, falando, falando e falando. - Diz Cassando sorrindo maliciosamente.

- Cale a boca Cassando.

Alexandre torceu o nariz e cruzou os braços. Ele nem tinha falando tanto assim de Hefestion, Cassando estava exagerando.

- Bem bem sua alteza, como queira. Eu sou Cassando, o belo.

- Iiiiih, olha ele. - Zombou Filotas rindo. - Mas é um grande metido, Cassando o metido. Isso sim.

- Cale a sua boca, estúpido.

- Filotas, não fassa isso.

- Obrigado Ptolomeu, você sim é um grande amigo.

- Você sabe como ele é delicado.

- ORA SEU.

Hefestion cobriu a boca com a mão, evitando uma risada alta.

- Está certo, sinto muito sua delicadeza.

- Eu odeio todos vocês. - Cassando zangousse, cruzando os braços e virando o rosto.

- Não ligue pra ele, é um fresco. Eu sou Filotas.

- E eu sou Ptolomeu.

- É um prazer, Hefestion.

- Sim, o garoto dos olhos bonitos e nariz fofinho.

- PTOLOMEU. - Alexandre arregalou os olhos diante da delação do amigo.

- Opa.

Hefestion olhou para o príncipe e sorriu, o loiro estava tão corado quanto ele.

- Você...você acha meus olhos bonitos ? - Diz  desviando os olhos.

- Sim !? - Responde Alexandre coçando a nuca.

- Com certeza. - Diz Cassando descruzando os braços. - Ah Cassando, ele tem os olhos mais lindos de toda a Macedônia. - O garoto de olhos azuis coloca a mão na testa dramáticamente e fecha os olhos.

- Eu não disse isso.

- Mas foi algo parecido.

- Você está do lado de quem Filotas?

Hefestion se senta ao lado de Ptolomeu, vendo Alexandre discutir com Cassando e Filotas.

- Eles são sempre assim?

- Oh não. Eles costumam ser piores.

- Ah.

* * *

Conforme os dias foram passando, Alexandre e Hefestion foram se tornando mais próximos. Cassandro costumava dizer que eles eram a sombra um do outro.

- Vamos lá Alexandre, como pretende conquistar reinos se não se empenhar no treinamento ? - Dizia o instrutor de luta.

Alexandre tenta reverter a posição em que se encontrava, abaixo de Hefestion. Mas o garoto o mantinha preso entre suas coxas.

- Pobre príncipe indefeso. - Zombrou Hefestion com um sorriso maroto.

- Eu não sou indefeso.

- Muito bem Cassandro, está indo muito bem. Nearco, mantenha o foco. Ptolomeu...é continue assim, Filotas firme. Vamos lá Alexandre, mais persistência. Muito bem Hefestion, continua assim.

Alexandre tenta fazer um pouco mais te força, mas Hefestion agarra seus braços e os prende no chão, fazendo com que o jovem príncipe se debatesse pra se soltar.

Quando consegue se livrar, Alexandre se levanta encarando o amigo com raiva, Hefestion se levanta com um sorriso matreiro.

- Você queria que eu te deixasse ganhar só porque você é príncipe ?

Alexandre avança no melhor amigo, mas é segurado pelo instrutor.

- Calma lá calma lá. Alexandre, você perdeu, Hefestion venceu justamente. Aceite sua derrota.

Alexandre desviou os olhos envergonhado, Hefestion coloca o braço em volta nos ombros do loiro e passa o nariz pela bochecha dele afetuosamente.

- Eu juro Hefestion, um dia eu vou te vencer. - Diz com as bochechas coradas.

- Eu vou ficar esperando Xander.

* * *

Até hoje, ele não conseguiu tal feito, mas ele não iria desistir.

* * *

- Chega pra lá Hefestion.

- Ei, foi você que quis se esconder comigo loirinho.

- Não seja imaturo.

- Eu não estou.

- Está me apertando.

Hefestion se mexeu, sentando quase que no colo do loiro.

- Melhor ? Dramático!

- Eu não sou dramático.

- Bebê chorão.

- Eu NÃO sou, bebê chorão Festion. Sou um garoto grande, tenho onze anos.

- Claro que sim Xander, claro que sim. Agora fique quieto, se não vamos ser encontrados.

- ACHEI VOCÊS. - Grita Cassandro pulando na frente deles.

- Viu só Alexandre, você nos delatou.- Esbravejou o moreno.

- Desculpa.

- Aaaah. - Cassandro se animou com a visão diante dele. - FILOTAS, PTOLOMEU, O ALEXANDRE E O HEFESTION ESTÃO NAMORANDO.

O garoto saiu correndo e berrando.

- Ah, ele é um grande de um fofoqueiro. - Resmunga Hefestion engatinhando pra longe do amigo.

- Festion ?

- Sim ?

- Estamos namorando ?

- Não Xander, não estamos.

- Ah...okay.

* * *

Na época, ele não avia entendido porque ficou tão decepcionado.

* * *

- CORRE ALEXANDRE.

- Estou indo estou indo.

- EU VOU MATAR VOCÊS. - Grita Cassandro ao longe.

Alexandre comete o pequeno erro de olhar pra trás enquanto corria. Acabou por tropeçar nos próprios pés e cair, derrubando Hefestion no caminho.

Os dois desceram rolando o morro, até o final.

- Oh meus deuses. - Resmunga Hefestion.

- Desculpe !?

- Você tem dois pés esquerdos Xander ?

- Eu tropecei.

- Deu pra notar.

Hefestion jogou o cabelo que quase chegava aos ombros, pra trás, e se ajeitou nas pernas do loiro.

- Eu olhei pra trás.

- Claro que olhou.

Os dois se encaram bons alguns bons minutos. Alexandre morde o lábio inferior e depois pigrreia.

- Pode sair de cima de mim Hefestion?

- Certo, desculpe.

Ambos se levantam ajeitando as roupas, extremamente sem grças com a situação.

- Ha, ai estão vocês dois.

- Cassandro, que bom ver você.

- Não me venha com essa Alexandre. Olha o que vocês fizeram com meu precioso cabelo.

- É só...mel. - Diz Hefestion sorrindo inocentemente.

- E lama. - Complementa Alexandre.

Cassandro choraminga olhando para o próprio cabelo.

- Ouvi dizer que é uma beleza para os cabelos. Hidrata!

O outro garoto de olhos zuis olhou asassino para Hefestion.

- Uma belza para o cabelo !? HIDRATA ? ENTÃO VENHA AQUI SEU MALDITO, VENHA AQUI QUE EU VOU PASSAR NO SEU.

- Hefestion não precisa Cassandro. O cabelo dele é...

- VOCÊ ESTÁ INSINUANDO ALGUMA COISA ?

- Eu ? Não não, de maneira alguma.

- Venha aqui e prove de seu próprio veneno seu bastardo.

- Eu estou bem aqui. - Diz Hefestion piscando maliciosamente.

- Ora seu.

Cassandro correu atrás de Hefestion que ria alto e alegre.

Alexandre sabia, Cassandro nunca pegaria Hefestion, ele era o melhor nas corridas.

- TCHAU XANDRE, ATÉ AMANHÃ. - Grita ele de longe.

- ATÉ AMANHÃ FESTION. BOA SORTE CASSANDRO.

- VA SE FERRAR SUA ALTEZA...COM TODO RESPEITO.

Alexandre voltou para casa rindo. Atormentar Cassandro nunca perdia a graça.

* * *

A medida que cresciam, Hefestion ficava mais bonio. Os grandes e expressivos olhos azuis pareciam duas pedras preciosas. Os cabelos catanhas cresceram tanto que chegavam até metade de suas costas.

Chamava atenção de homens e mulheres. E Alexandre não poderia julga-los de maneira alguma. 

- Se continuar olhando, vai babar Alexandre. - Cassandro diz dando dois tapinhas no rosto do pricipe.

- Não seja um idiota. - Resmunga o príncipe, sem desviar os olhos.

- Quem diria que ele ficaria tão bonito.

- Niarco. - Filotas coloca o braço sobre os ombros do rapaz menr. - Meu caro Niarco, não tinha outro caminho para ele seguir.

- Mas as vezes a vida segue por outros caminhos que fogem a lógica.

Todos encararam Ptolomeu.

- Você pode ter razão. - Concorda Filotas passando a mão pelo queixo.

Alexandre se desconectou da conversa. Seus olhos escuros se concentraram em Hefestion, em como ele dançava alegre junto de algumas meninas do harém. O sorriso em seu rosto, em como os cabelos compridos se moviam...em como alguns fios grudavam em seu rosto. A risada alta e divertida, que para seus ouvidos, parecia mais atraente que a musica que tocava na festa.

Para o Alexandre de quinze anos, aquela era visão mais bela de sua jovem vida, era como estar no Elisios em vida. Ele não notou os cochicos de seus amigos, nem quando Cassandro sorriu malicioso para Filotas.

- Bem sua alteza, um dia irá me agredecer por isso. Assim espero pelo menos.

- Ah !? - Alexandre olhou confuso para o loiro e o moreno.

Eles o arrastaram até onde Hefestion estava e o empurrou.

- Divirtasse. - Dizem em unissono e indo embora.

Hefestion olhou para ele e sorriu.

- Achei que não fosse vir aqui.

- Eu...não sei dançar.

- Eu sei. - Hefestion canatrola e fecha os olhos.

- Você está bonito esta noite.

- Esta noite meu principe ? - Ele abre os olho e encara o loiro, com um pequeno sorriso.

- Bem...todo dia.

O  de olhos azuis sorri e o puxa para perto.

- Dance comigo sua alteza.

- Aqui?

- Bem, é uma festa não !? Vá direto ao ponto querido, e siga meu exemplo.

- Okay.

* * *

Pov Alexandre

Eu encontrei um amor para mim, bem eu encontrei um menino lindo e doce. Eu nunca soube que você era quem estava esperando por mim. Porque podemos ser criança, mas estamos  tão apaixanodos. Lutando contra todas as probabilidades, eu sei que vamos ficar bem. Desta vez.

-  Querido, apenas segure minha mão.

E eu segurei, mas tinha a plena certeza, que não era somente em uma dança. Que eu precisaria segurar a mão dele.

"Seja meu garoto, eu serei seu homem."- Foi o que eu pensei. "Eu vejo meu futuro em seus olhos."

Naquela noite, quando ninguém estava olhando, fugimos para os jardins. Ainda podiamos ouvir a música. Eu estou dançando no escuro, com você entre meus braços, descalço na grama. Ouvindo nossa música favorita. Quando te vi naquela chiton, tão lindo. Eu não mereço isso. Querido, você está perfeita...eu tenho fé no que vejo. Agora eu sei que conheci um deus em pessoa.

Eu não mereço isso. Você está perfeito...essa noite.

* * *

Aquela noite, deitamos na grama e ficamos olhando as estrelas. Hefestion se deitou de lado, e olhou para mim, imitei seu gesto.

- Você é um desastre dançando.

- Bem, obrigado. - Diga revirando os olhos.

- De nada.

- Talvez você que seja um pessimo professor ?

- Não. Você é realmente ruim nisso.

- Idiota. - Digo empurrando ele de leve.

- Você também é, e eu não ando reclamando.

Ficamos alguns minutos em silêncio. Ele chegou mais perto, passou a mão pelo meu rosto. A minha se entrelaçou nos seus abelos.

- Gosto dos seus olhos...e do se cabelo Hefestion. - Digo correndo meus dedos pelos fios castanhos.

- Também gosto dos seus olhos.

Chegamos mais perto.

- Você cheira bem. - Digo umideceno meus lábios.

- Sua voz está ficando mais grave. - Ele diz olhando para meus lábios.

Estavamos bem colados agora.

- Festion !?

- Sim...Xander ?

- Eu gosto de você.

- Eu também Xander.

Nossos olhares se entercalavam entre nossos olhos e os lábios.

- Festion...

- Xander !?

- Eu posso te beijar ?

- Eu estava me perguntando prque ainda não o fez.

- Bem.

Juntei meus lábios com os seus. Nenhum de nós tinha feito algo assim antes, estão não abiamos bem o que fazer. Só...faziamos, o que parecia certo. Quando o beijo terminou, nos encaramos e rimos, rimos muito. As respirações estavam ofegantes. Quando recuperamos o folego nos beijamos de novo, e de novo.

Ao fundo podia ecutar risadinhas, resmungos e um discussão que não era tão discreta quanto eles tentavam fazê-la ser. Reconheci as vozes de Cassandro, Niarco, Filotas e Ptolomeu. Não dei importância. Tinha tudo que precisava esta noite.

Eu encontrei um amor para mim. Bem eu encontrei um garoto, lindo e doce. Eu agradeço a Afrodite pela preciosidade que ela colocou em meu caminho.

Por ele eu iria até os confins da terra.

***

Algumas partes da tradução da letra foram alteradas para condizer com a época. Espero que tenham gostado pessoal.

Amo vocês