Capítulo 9
Me virei para trás e não o vi. Ainda bem que ele não me seguiu.
Não havia ninguém na rua, devido à chuva.
Só parei de correr quando cheguei em casa. Eu estava encharcada. Comecei a procurar minhas chaves na bolsa.
– Se tivesse usado o carro que te dei, isso não teria acontecido – Meu coração deu um pulo quando ouvi isso.
Me virei rápido e atirei como reação.
Era o Sherwood.
O acertei bem na barriga.
– Que droga Sarah! Eu não vim te machucar! – Brigou comigo.
– Merda. Você está bem? – Perguntei me aproximando dele.
Ele pôs a mão na barriga e caiu de joelhos no chão.
– O que você acha? – Grunhiu.
– Desculpa.
Larguei minha bolsa no chão e fui ajudá-lo.
– Vêm, vou te levar pro hospital.
– Não precisa – Como ele é teimoso. – Eu estou.. – Ele tirou a mão da barriga e havia sangue nela. – ..sangrando? – Vi a surpresa em seu rosto.
– É o que acontece quando se leva um tiro – Disse obviamente. – Espere aqui, vou pegar a chave do carro e já volto – Ele se apoiou no carro e eu peguei minha bolsa do chão, peguei a chave e entrei na minha casa.
Fui direto para a cozinha, larguei a bolsa na mesa e peguei a chave do carro, voltei para fora e fechei a porta.
Ajudei ele a entrar no carro e depois entrei nele também.
– Vou te levar para o hospital – Lhe informei.
– O hospital não – Ele disse com dificuldade. – Me leva pro Esteban, ele vai saber o que fazer.
– Mas.. – Retruquei.
– Esteban! – Afirmou novamente.
Liguei o carro e atendi o seu pedido.
Apesar da chuva estar engrossando, cada vez mais e mais, chegamos rápido em sua casa.
– Esteban, preciso da sua ajuda – Ele disse, antes de eu parar o carro. Olhei para ele sem entender nada, ele deve estar delirando pela perda de sangue. E quando me dei conta, Esteban apareceu, já abrindo o portão.
Ele fez sinal para que eu continuasse em frente, sem esperá-lo.
Já perto da mansão, notei que o portão do estacionamento estava aberto, então dirigi até lá e entramos.
Parei o carro perto de uma escada e quando me dei conta, Esteban já estava abrindo a porta do passageiro.
– Meu amo, o que houve? – Esteban perguntou, surpreso.
– Me ajude a entrar e depois conversamos – Sherwood respondeu, com mais dificuldade que antes.
– Eu ia levar ele pro hospital, mas ele insistiu em vir pra cá – Eu disse, saíndo do carro e indo ajudar a levá-lo para cima.
Subimos e saímos no corredor, e eu só seguia onde Esteban ia. Chegamos na mesma sala onde estávamos da outra vez.
Eu abri a porta para eles entrarem. Esteban colocou o Sherwood em um dos sofás.
– O que quer que eu faça? – Perguntei, pronta para ajudar.
– Primeiro, é melhor guardar isso – Disse Esteban, olhando para a arma em minha mão, enquanto tirava seu terno.
Nem tinha percebido que peguei. Só agora notei, estava em cima da minha perna durante a viagem.
Coloquei-a na parte de trás da calça.
– Agora tire a roupa dele, preciso ver o ferimento – Esteban ordenou antes de sair da sala.
Fiz o que me ordenou. Seu sobretudo já estava aberto, então desabotoei o terno, em seguida o colete preto, minhas mãos estavam tremendo. Sua camisa branca estava ensopada de sangue.
– O que aconteceu, senhor? – Esteban perguntou, enquanto me entregava uma toalha branca.
– Ela atirou em mim.
– Eu atirei nele.
Dizemos ao mesmo tempo.
– O que!? Por quê? – Esteban questionou, surpreso e irritado.
– Foi sem querer. Eu estava.. – Gaguejei minha explicação, enquanto limpava o sangue do abdômen de Sherwood. – ...ele estava.... como? Sumiu? – Questionei, surpresa ao que vi. – Cadê o ferimento?
Sherwood gemeu de dor.
– Você se curou com a bala ainda dentro – Olho para um e depois para o outro, sem entender. – Vou ter que retirá-la, senhor.
– Como!? – O tom de surpresa toma conta da minha voz.
– Senhorita Sarah, pode ir à cozinha pegar uma faca para mim? – Esteban pediu, enquanto dobrava as mangas de sua camisa branca.
– Tá – Disse com dificuldade, ainda em choque. Como não me mexi, ele me levantou e olhou nos meus olhos.
– É só seguir até onde está a mesa e você vai ver a cozinha – Esteban me instruiu rapidamente. – Tá bem?
Balancei a cabeça positivamente.
Saí da sala e segui pelo corredor, até a mesa, olhei para a esquerda e encontrei a cozinha. Corri até lá e avistei o faqueiro, em cima de uma mesa, no centro da cozinha. Peguei qualquer uma, parece bem afiada. Voltei correndo para a sala novamente.
– Aqui está! – Digo entrando na sala.
– Tira ela daqui! – Sherwood ordenou, com dificuldade, a Esteban.
Esteban se afastou do sofá e veio em minha direção, me empurrou para fora da sala e pegou a faca de minha mão.
– Espere, eu posso ajudar – Digo tentando entrar na sala novamente, mas Esteban é forte e não permite.
– Vai ser melhor assim. É melhor a senhorita se limpar – Ele fechou a porta, me mantendo para fora. Assustada.
Fiquei parada, sem saber o que fazer, ouço gritos, são de Sherwood. Levo as mãos à boca e então vejo que estão sujas de sangue. Com dificuldade, ando até a cozinha. Lavo minhas mãos na pia. O sangue sai com dificuldade.
Meus olhos começam a embaçar e então percebi que estou chorando. Lavo meu rosto e tento me acalmar.
No que ele se transformou no beco? E que história é essa de se curar? Por que aquele cara me atacou? Me chamando de outro nome, quem será essa Elizabeth? E por quê ele a odeia tanto?
Seco minhas mãos e rosto em uma toalha da cozinha.
Saí dali e parei em frente a porta dupla da sala, a encarei por alguns minutos. Está em silêncio. "Deus, que eu não o tenha matado" rezei, mentalmente.
Me virei para uma outra sala, bem de frente a que eles estão agora.
Essa outra sala não tem porta. Me sinto convidada a entrar.
Sofá e poltronas tomam parte do espaço da sala, no outro lado, um bar, uma mesa com cadeiras, uma estante cheia de bebidas alcoólicas e uma adega ao lado, num formato de colmeia.
Caminhei até atrás da mesa e peguei um copo e uma garrafa de whisky da prateleira. Despejei o líquido no copo e em seguida o virei em minha boca, enguli o líquido amargo lembrando do que aconteceu no beco. Repeti o processo e bebi mais um copo.
Após o terceiro copo, Esteban saiu da parede à minha direita.
Dei um pulo assustada.
– Desculpe, não queria assustá-la – Ele segura uma garrafa em uma das mãos. E suas mãos estão manchadas de sangue, mal lavadas, mas ainda manchadas.
Meu coração acelerou.
– Como ele está? – Perguntei, colocando o copo vazio na mesa.
– Vejo que gosta de whisky – Disse fechando a porta por onde passou. Ele a trancou e depois guardou a chave no bolso da calça.
– Eu precisava de algo para me acalmar – Expliquei.
Ele caminhou até a minha frente.
– Entendo – Disse e simplesmente saiu da sala, sem responder a minha pergunta.
– Eu não o matei, né? – Perguntei, o seguindo até o salão de entrada, paramos em frente a escada.
– Meu senhor precisa de repouso, sugiro que a mocinha converse com ele amanhã. Pelo estado da mocinha, sugiro que durma aqui, temos quartos de hóspedes no andar de cima, pode dormir em um deles, ou se preferir, posso levá-la até sua casa.
Não respondo nada, não sei se me sinto à vontade em dormir na mesma casa que ele, mas também não quero ir para a minha casa, onde sei que não vou conseguir dormir por medo de ficar só.
– Vejo que está em um dilema – Esteban deu de ler meus pensamentos agora?! Será que ele pode mesmo fazer isso?
– Eu... – Não sei o que responder.
– No andar de cima só há quartos, pode pegar qualquer um da direita – Ele disse, indicando com a mão para a escada.
Eu comecei a subir os degraus, devagar, enquanto Esteban andou em direção às portas. Quando ele as abriu, eu olhei para o lado e não o vi mais no sofá, Esteban fechou as portas e eu continuei a subir.
Fiz o que me disse, me virei para a direita e entrei no primeiro quarto, perto da escada.
Caminhei até a cama e me sentei no escuro. Comecei a sentir meus braços doerem, exatamente onde aquele cara apertou com suas mãos. Olhei ao meu redor, pensando, por que não aprendi a lutar ao invés de sair para me divertir?
Havia um clube de boxe perto da minha casa, quando eu morava com meus pais, eu devia ter me inscrito nas aulas ao invés de ir ao shopping.
Se eu tivesse ido, aquele cara não teria ganhado hoje. Eu teria me defendido e não ter chorado, esperando ser salva.
Um toc toc me tirou de meus pensamentos, olhei para a porta e vi Esteban, parado com um copo na mão.
– A mocinha já se decidiu? – Faço que não com a cabeça. – Trouxe algo para acalmá-la – Ele disse, andando e me entregou o copo.
Eu me levantei e peguei o copo de sua mão.
– Não é whisky – Ele disse. – É água com açúcar – Finalizou.
– Álcool nessa horas ajuda mais – Digo olhando para o copo em minhas mãos. – Mas, obrigada.
Bebo um gole da água.
– O que você quis dizer com se curar com a bala dentro? – Perguntei, me sentando novamente na cama.
– Acho que a frase está bem explícita – Respondeu.
– Eu sei. É só que, é impossível isso acontecer. Quero dizer, ele se curou com menos de uma hora. Isso não é normal, se curar rápido assim. Muito rápido, aliás – Digo me levantando novamente.
– É aí que tá. Não somos normais – Ele disse: Somos? Ele é... como o Sherwood?
Começo a me sentir tonta.
– O quê?... Como assim?... Você também... – Me sinto tonta novamente, cambaleio para o lado. Pisco várias vezes, minha visão fica embaçada. Derrubo o copo no chão, molhando o tapete. – O que fez comigo? – Caio para o lado, sinto Esteban me segurar e então tudo fica escuro.
Acordei, sem saber onde estava. Estava escuro. Eu estava deitada e coberta. Acho que ainda estava no mesmo quarto. Me levantei, devagar.
Caminhei devagar até a porta e, com a mão na maçaneta, eu desejei para que a porta não estivesse trancada pelo lado de fora. Virei a maçaneta, lentamente, e a porta abriu. Respirei aliviada. Caminhei para fora do quarto.
Olhei em direção a escada, estava escuro também, estava tudo escuro. Deve ser tarde da noite.
Olhei ao meu redor e uma luz me chamou a atenção. Estava do outro lado da casa.
Andei lentamente até ela, sem fazer nenhum barulho.
Me aproximei e vi que a porta estava entreaberta. Empurrei devagar a porta, com a minha mão. Abri só um pouquinho.
Alguém saiu do banheiro do quarto. Ele estava de costas para a porta, para mim. Vestido num roupão branco. Notei uma fumaça no ar, parece ter tomado um banho bem quente.
Ele caminhou para frente. Eu adentrei um pouquinho mais o quarto e o vi de frente a uma cama. Ele tirou o roupão, que caiu no chão, eu me escondi atrás da porta para não vê-lo nu. Encarei a porta por alguns segundos.
Quando voltei a olhar, ele já vestiu a calça e estava fechando o zíper dela, porém ainda estava sem camisa.
– Vai ficar escondida atrás da porta ou vai entrar? – Ele disse, me pegando de surpresa. Como reação, me escondi atrás da porta novamente.
Faço silêncio para que ele pense que não há ninguém aqui. Eu nem respiro.
– Não adianta se esconder, sei que está aí – Eu conheço essa voz. É a voz de Sherwood!
Respiro fundo e tomo coragem. Abro a porta, me revelando.
Ele se virou para mim. Seus cabelos molhados, agora encostavam em seus ombros, alguns fios se atrevem a encostar em seu rosto. Desci os olhos para seu abdômen. Arregalei meus olhos. Não há nenhuma cicatriz ali.
– Está curado? – Disse, caminhando em sua direção. – Como? – Indaguei, erguendo minha mão para tocá-lo, mas êxitei no último momento.
– Essas são as vantagens de ser o que eu sou – Respondeu, enigmaticamente.
– E o que você é? – Perguntei, enquanto abaixava minha mão.
Ele hesitou.
– Preciso de respostas. Preciso da verdade – Supliquei, olhando em seus olhos.
Ele respirou fundo.
– Sou um vampiro – Respondeu, por fim.
Só tenho a dizer uma coisa: Hehehe (risada maligna)
Perguntou e agora toma Sarah kkkk
Votem e comentem o que estão achando.
É isso por hoje, vejo vocês no sábado que vêm ;)
Bjss e fui.
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