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Capítulo 24

A vampira que estava no baile usando um vestido rosa me levou para casa, em seu Tesla Roadster na cor ciano, que é basicamente um verde água. Seu nome é Camille Durant, ou Millie, que é como prefere ser chamada. Ela é a irmã de Frederick. E ao contrário do irmão, ela foi gentil comigo. Ela até se desculpou pelo jeito de Fred me tratar. Eu disse que estava tudo bem, afinal, não queria irritar uma vampira ao xingar o irmão bruxo dela. Não seria algo sensato de se fazer.

Millie me contou que nasceu uma bruxa, assim como o irmão mais velho, porém o destino a fez encontrar-se com um vampiro que estava em busca de aumentar o seu clã.

Este vampiro a transformou, e com isso a distanciou de suas raízes na comunidade bruxa. Seu coven se voltou contra ela, afinal, Millie não era mais uma bruxa. Somente seu irmão ficou do seu lado. E juntos, eles eliminaram o vampiro que a transformou e todos que se meteram em seu caminho, para depois fugirem.

Camille se encontrou com Peter numa noite em que ela caçava sua presa, um humano. Naquela época ainda não existiam as bolsas de sangue, que é de onde ela prefere se alimentar agora.

A fama de Peter já era conhecida por muitos que sabiam sobre o sobrenatural. Ele era praticamente uma lenda, o primeiro e único bruxo a ser transformado em vampiro e continuar com seus dons mágicos.

De início, Millie e Fred desconfiaram de Peter, mas com o tempo ele se mostrou ser de confiança e a ensinou a controlar suas habilidades vampíricas.

Peter também ofereceu auxílio para os dons de Frederick, que com um pouco mais de tempo, aceitou.

Luciana, ou Lucy como prefere ser chamada, a vampira de vestido preto que guiou a mim e a Victor até o híbrido naquela noite do baile, já estava com Peter nessa época. Eles convidaram os irmãos a se juntarem a eles, e poderiam ir embora quando quisessem. Após uma conversa entre os irmãos, eles entraram em um consenso e concordaram em aceitar a proposta do híbrido.

E assim os irmãos Durant tem estado junto a Peter e Lucy desde então. Eles encontraram com a Beca, que é apelido para Rebeca, algumas décadas depois. Essa é a vampira que usava vestido roxo na festa, ela estava conduzindo o caçador quando eu a vi pela primeira vez.

Millie os descreveu como uma família. Fiquei feliz por ela e seu irmão, que apesar de sofrerem tanto, encontraram uma família na qual puderam ser quem são sem medo.

Com a conversa que tivemos, mal reparei na velocidade em que o carro estava correndo. Chegamos rápido em minha casa.

Não me surpreendi ao notar que um certo vampiro estava parado na minha varanda.

Agradeci a carona da Millie e me despedi dela ao descer do carro. Ela foi simpática comigo e chegou até a me convidar para sair com ela e sua família qualquer noite dessas, para bebermos e nos divertirmos. Lhe dei um sorriso em agradecimento e observei-a dirigir para longe.

– Eu fiquei preocupado com você – Victor diz assim que me aproximo dele, na varanda. – Estávamos conversando pelo celular e depois você sumiu. Como dizem hoje em dia, você me deixou no vácuo.

Eu solto uma pequena risada pela careta que ele fez ao dizer essas palavras.

– Fiquei mais preocupado ainda, quando não te vi chegar em casa no horário de sempre.

– Eu fui ver o Peter – Explico.

– Eu percebi, pela banheira de rodas ali, que a Millie insiste em chamar de carro – Victor diz seriamente.

– Não seja malvado – Digo sorrindo um pouco, mas ele permanece sério. – Que bicho te mordeu? – Pergunto e sigo para a porta.

Ouço ele respirar fundo.

– Eu só fiquei preocupado contigo – Ele diz mais uma vez.

– Tá bem – Olho para ele.
Victor mexe no cabelo e se aproxima um pouco de mim.

– O que você foi fazer na casa do Peter? – Perguntou meio sem jeito.

– Fui conversar com ele – Abro a porta e entro em casa, virando-me para ficar de frente para ele.

– E sobre o que conversaram exatamente?

Não estou a fim de falar para Victor sobre o caçador ter ido ao meu trabalho hoje, me ameaçar, ameaçar ele e o Louis, somente para pegar o colar. Na verdade, eu não quero falar sobre isso com mais ninguém.

– Se não se importar, prefiro deixar o assunto da conversa somente entre eu e Peter – Digo delicadamente e o vampiro anui com a cabeça. – Obrigada por compreender. E então, quer continuar aquele assunto, que conversamos pelo celular de manhã?

Ele aceita e entra em minha casa. Ficamos até anoitecer conversando sobre amenidades. Quando Louis chegou em casa, Victor foi embora. Meu irmão deu uma encarada para cima do vampiro, que eu fiquei intrigada do porquê disso. Aconteceu alguma coisa entre eles, que nenhum dos dois quer me contar, e eu vou descobrir o que é.

Alguns dias passaram desde minha conversa com Peter e o caçador Henry. Era uma terça-feira qualquer, e Victor me chamou para sair. Ele disse que queria me dar um carro novo, um que eu escolhesse, sem rastreador e invasão de privacidade.

Por mais que Louis não tenha aprovado essa ideia, eu ignorei seus protestos e aceitei, pois estou precisando de um carro, não posso viver de carona para sempre.

Eu disse que pagaria a Victor pelo carro depois, mas ele negou meu pedido, dizendo que era o mínimo que podia fazer por ter virado minha vida de cabeça para baixo, com esse mundo sobrenatural. Pensei em discutir com ele sobre isso, mas depois pensei melhor e decidi aceitar. Pelo menos assim eu não terei dívidas a pagar depois.

Então, agora me encontro na sala calçando minhas botas de cano alto, com a altura pouco abaixo do joelho, e salto tamanho médio. Uso uma calça jeans escura, que fica linda com esse par de botas marrom. Uma blusa azul escura de mangas longas completa o visual.

Um bater na porta anuncia a chegada de Victor, que ao me ver, abre um sorriso. Ele está lindo, vestindo um terno preto, sem gravata, não sei o que ele tem contra usar uma, mas fica bonito com ou sem.

Visto meu sobretudo bege e saímos no carro preto dele, mas ao invés dele me levar para uma concessionária, como eu esperava, Victor me leva para a sua casa.

– O que estamos fazendo aqui? – Pergunto curiosa.

– Você vai ver – Ele diz sorridente.

Entramos na garagem e ele estaciona o carro, me ajudando a sair do mesmo logo em seguida.

– Eu tenho muitos carros, então pensei que você poderia escolher um do seu gosto – Ele diz enquanto me conduz para outra parte da garagem.

Quando ele acende as luzes do lugar, vejo muitos carros estacionados ali. Ando um pouco a frente e dou um giro devagar, dando uma olhada a minha volta, pasma. O subsolo dessa mansão é enorme, e olha que estou só na parte da garagem. Me pergunto o que mais tem no subsolo desse lugar?

– Fique à vontade para escolher o carro do seu gosto – Ele diz ao meu lado.

– De verdade? Posso escolher qualquer um? – Perguntei com um leve sorriso nos lábios, como uma criança numa loja de doces, e o vejo anuir com a cabeça, também sorridente.

Respiro fundo e caminho pelo corredor de carros, os observando. Há carros de tantos modelos e cores diferentes aqui. Há alguns carros que tem um design antigo, ao estilo que os colecionadores adoram.

Paro de andar na frente de um carro prateado, que é muito bonito e tem um design mais atual.

– Gostou desse carro? – Victor perguntou e se aproximou de mim a passos humanos.

– Sim, é muito bonito – Digo andando até a porta do motorista, inclino meu corpo para frente e dou uma olhada na parte de dentro do automóvel pela janela.

– Aqui – Ele diz surgindo ao meu lado com as chaves na mão. – É seu, se quiser – Um sorriso de canto surge em seus lábios.

Aceito as chaves e desvio o olhar para elas em minha mão. Aperto o botão e o carro pisca suas luzes, indicando que o alarme foi desligado. Abro a porta e entro, o assento é macio e há um cheirinho de menta no ar, vindo do aromatizante para carros, a famosa arvorezinha verde pendurada no espelho retrovisor. Victor fecha a porta para mim e logo ele entra pela porta do lado do passageiro.

– E então? O que você acha de um teste drive? – Perguntou com um sorriso, que eu descobri ser incapaz de negar alguma coisa.

Coloco a marcha no ponto morto, encaixo a chave no lugar e a giro, dando partida no carro. Com calma saio do estacionamento e sigo para os portões, que Victor abre para nós, ele retorna ao carro rapidamente logo depois de fechá-los e então seguimos pela rua.

– Uma dica para o carro ir mais rápido, é só você pisar no acelerador – Ele diz após um tempo vendo como estou dirigindo devagar.

– Já disse que não gosto de velocidade.

– Sim, você disse. É só que desse jeito, um ciclista consegue nos ultrapassar sem dificuldades – Ele brinca.

– Engraçadinho – Revirei meus olhos. – Não estamos tão devagar assim.

– Pra mim, estamos sim.

– É claro, você é um vampiro. Qualquer velocidade abaixo do ser sobrenatural que você é, será devagar para você.

– Você tem um ponto – Ele diz. – Mas mesmo sendo um vampiro, estou percebendo que você está dirigindo devagar, mais que o normal aceitável por um humano.

– Quer dirigir no meu lugar então? – Pergunto em tom sério.

– Não – Victor respondeu rapidamente.

– Você me deu o carro, certo?

– Sim.

– Então vai ter de se contentar com a velocidade que eu escolher dirigir o meu carro – Dou ênfase na palavra meu e pela visão periférica o vejo sorrir com isso.

Victor se calou depois disso e o resto do caminho foi em completo silêncio. Não muito depois, retornamos a sua mansão, e eu estacionei com cuidado o carro de volta na garagem, não querendo correr o risco de arranhar nenhum de seus belos carros, deixei este prateado perto do preto que ele foi me buscar hoje, praticamente perto da porta da garagem.

– Tem uma coisa que quero lhe mostrar – Victor disse assim que estacionei o carro. – Este botão aqui, – Seu dedo indica qual botão era, num cantinho escondido no volante. – é o rastreador. Você aperta ele e uma luzinha vermelha acende no painel, bem ao lado do símbolo do pequeno tanque de gasolina. Assim, dessa forma, você escolhe quando ligar o rastreador. Sabe? – Seus olhos encontraram os meus. – Caso precise de ajuda. Assim você pode me chamar.

– Tá bem – Digo desviando o olhar.

Victor sai do carro e então abre a porta para mim. Ele adora usar a velocidade de vampiro. Se bem que, se eu fosse vampira, também iria adorar usar velocidade de vampiro. Ele ofereceu sua mão para me ajudar a sair do carro, e eu aceitei.

– Amanhã você vai passar o nome do carro para mim? – Perguntei e ele ficou em silêncio. – Victor?

– Eu estava pensando em não fazer isso – Ele disse fechando a porta do carro.

– Como assim? Então o carro será emprestado?

– Não. O carro é seu, mas continuará no meu nome, assim caso você precise de alguma coisa, relacionado a multa ou seguro ou seja lá o que for, eu cuido disso.

– Primeiro – Ergo minha mão com o dedo indicador levantado. – eu nunca recebi uma multa na minha vida! – Ele arqueia uma sobrancelha, desconfiado de minha afirmação. – Segundo, por mais gentil que seja de sua parte, eu não aceito isso. Se você vai me dar esse carro, então que passe para o meu nome. Pois se não, eu não aceito sua proposta de me dar um carro.

Nos encaramos por um tempo. A ideia de me dar um carro foi dele, e eu só aceitei pois estaria tudo no meu nome. Bem, antes eu pensei que iríamos comprar um carro numa concessionária e não que Victor iria me dar um carro de sua coleção particular. Mas de qualquer jeito, o combinado não era esse.

– Tá bem – Ele finalmente diz e eu respiro vitoriosa, desviando o olhar para o carro ao meu lado. – Mas..

– Tem sempre um mas – Digo voltando a olhar para o vampiro, que tinha um sorriso de canto de lábio presente em seu rosto.

– É – Ele concorda comigo. – Mas – Ele diz novamente, dando ênfase na palavra. – para isso, vai ter de jantar comigo, hoje.

Respiro fundo.

– Daqui a pouco Louis chega em casa e ele vai me procurar, pois jantamos juntos toda noite – Explico.

– É só mandar uma mensagem a ele, avisando que vai jantar comigo, e vai ficar tudo bem – Victor diz com simplicidade, dando-me uma piscadela.

Ele girou nos calcanhares e caminhou em direção a escada que dá acesso ao andar de cima.

Reviro meus olhos e sigo atrás dele. Subimos a escada para a casa, no térreo, e saímos no corredor. Victor segue até a biblioteca que está com a porta dupla aberta, eu paro de andar ali e olho para o sofá, onde Esteban e eu deitamos Victor naquela noite chuvosa. Na noite em que Victor se machucou. Na noite em que atirei nele. Em que atirei em um vampiro.

– Lembranças ruins? – Victor perguntou. Eu olho para ele, que desviou o olhar para o sofá, anuiu com a cabeça e voltou a olhar para mim. – Talvez queira conversar em outro lugar? – Ele se aproxima de mim e indica com uma mão para a sala do outro lado do saguão.

Eu o sigo em silêncio até a sala onde contém o mini bar. Sentei-me numa das poltronas dali, e o vampiro sentou-se na outra, à minha frente.

– Aceita uma bebida? Fiquei sabendo que aprecia um bom whisky – Ele tem um sorriso nos lábios.

– Eu estou bem, obrigada.

– Talvez queira privacidade, para mandar uma mensagem para Louis ou ligar para ele, prometo não usar minha audição de vampiro para ouvir sua conversa na ligação – Victor diz levantando da poltrona. – A senha do wi-fi é sangue, mas com o número quatro no lugar da letra a – Eu apenas levantei uma sobrancelha como resposta, recebendo um sorrisinho dele. – Caso queira usar meu wi-fi – Ele explica, dando de ombros. – Bem, eu vou preparar o nosso jantar.

– Onde está Esteban? – Pergunto e inconscientemente olho para a porta de onde o vi saindo naquela noite.

– Tá de folga – Ele diz e eu volto meu olhar para Victor. – Até os vampiros que trabalham, tiram folga – Ele pisca pra mim e então sai da sala, a passos humanos.

Pego meu celular no bolso de meu sobretudo. Entro nos meus contatos e clico no nome de Louis, que está em primeiro na minha lista telefônica. Levo o celular ao ouvido e não espero muito para que ele atenda a ligação.

– Sarah, algum problema? – Louis pergunta do outro lado, seu tom de voz está preocupado.

– Oi, não, sem problemas – O tranquilizo. – Eu só tô ligando para avisar que vou jantar com Victor hoje – Digo, esperando o pior de sua reação.

Ouço Louis bufar do outro lado da linha.

– Era só para ele te comprar um carro, nada de jantar! Não foi isso que combinamos, Sarah! – Sua voz fica em tom de seriedade, indicando que ele está ficando com raiva.

– Eu sei o que combinamos. Mas é que não fomos comprar um carro, Victor vai me dar um dos carros dele, e para deixar o carro que escolhi no meu nome, tenho de jantar com ele.

– Então isso é uma espécie de chantagem!?

– Tá mais para uma troca, eu janto com ele hoje, e amanhã Victor passa o nome do carro dele para o meu, pois senão eu não aceito o carro.

– Então não aceite! – Louis diz rapidamente. – Eu continuo te dando carona até o seu trabalho e você volta para casa com aquela sua amiga, até a minha próxima folga e então vamos comprar um carro pra você. Só você e eu!

Respiro fundo e me levanto da poltrona.

– Eu gostei do carro que escolhi aqui, e não vou precisar fazer empréstimo nenhum para comprá-lo, muito menos parcelar, somente um jantar para tê-lo no meu nome.

– Sarah!?

– Sou eu quem decido, Louis! – Minha voz ganha firmeza e ele faz silêncio do outro lado. Ainda ouço seu bufar indignado. – Qual o seu problema quando se trata de Victor? – Não consigo conter essa pergunta. – Eu sei que ele é um vampiro, e ele já demonstrou várias vezes que não vai me machucar. E, além do mais, eu tô com ela aqui – Digo me referindo a arma que Louis me deu.

Sei que ele só quer me proteger, mas isso está ficando um tanto irritante. A ligação fica silenciosa, somente o som de sua respiração pesada está presente, indicando que ele ainda está na ligação.

– Louis?

– Não é nada! – Ele respondeu bruscamente. Ouço ele respirar fundo mais uma vez. – Você tem razão, você decide, eu não mando em você, mas me preocupo com você. Portanto, mantenha ela por perto e tome cuidado, tá?

– Tá bem.

– E me ligue daqui a dez minutos, pra eu saber que você está bem – Dou um leve sorriso com isso.

– Meia hora e uma mensagem de áudio – Lhe informo.

– Tá bem. Mas se não me enviar nada, eu ligo, e se não atender, eu vou aí!

– Já entendi – Tenho certeza que ele sabe que estou sorrindo, pelo meu tom de voz. – Até daqui a meia hora então.

– Até – Ele diz e eu encerro a ligação.

Tiro meu sobretudo e o deixo na poltrona, saio da sala e sigo caminhando tranquilamente até a cozinha, onde me surpreendo ao ver Victor de avental, cortando alguns vegetais na bancada, duas panelas estavam no fogo. Eu me aproximo da bancada onde ele está cortando alguns legumes.

– Quem diria que um dia eu veria um vampiro cozinhando? – Comentei com um sorriso, causando uma risada dele, que me fez rir também. – Não sabia que você cozinhava – Comentei após me sentar numa das banquetas.

– Há muito sobre mim que você não sabe – Ele diz sorrindo de lado.

De fato, concordo mentalmente.

– Você sabe que não precisava se dar ao trabalho de cozinhar pra mim, né? – Digo vendo ele despejar os legumes cortados numa vasilha. Acho que vem uma salada por aí.

– Você é sempre tão mal agradecida? – Victor comentou me olhando brevemente.

– Não é isso – Me apresso em explicar. – É que, como você me forçou a ficar para o jantar, eu pensei que você ia pedir uma pizza e não que iria cozinhar.

– E desperdiçar meus talentos culinários? – O vampiro perguntou com um sorriso. – Nha! – Meneou a cabeça. – Além do mais, eu gosto de cozinhar. E eu não te forcei a nada, você ficou porque quis.

Aceito a “derrota”, se é que posso chamar assim, cruzo meus braços sobre a bancada e o vejo temperar seja lá o que está cozinhando naquelas panelas. Eu só sei que tem um cheiro delicioso.

– Já avisou o Louis? – Ele perguntou, focado em mexer com a colher de pau o que estava numa das panelas.

– Sim.

– Ele aceitou numa boa?

– Não, mas nós conversamos e então ele aceitou – Victor anuiu com a cabeça. – Vem cá, me diz qual é o problema que há entre vocês?

Victor respirou fundo e me deu um breve olhar antes de desviá-lo para a outra panela.

– Há quanto tempo você conhece o Louis? – Perguntou, sem me olhar.

– Está fugindo de entregar a minha resposta – Digo com seriedade.

– Não estou não. É que, eu preciso saber disso antes – Ele diz e eu respiro fundo.

– Eu conheço o Louis há quase vinte anos.

– É bastante tempo – Ele diz sem olhar para mim. – E você confia nele?

– Sim – Respondo sem hesitar, tentando entender onde ele quer chegar com essas perguntas.

– Bem, então certamente, será melhor que Louis responda a sua pergunta – Victor diz e finalmente olha para mim.

Pelo seu olhar sinto que o que há entre eles é algo sério, algo que deve ser tratado com cautela. Balanço minha cabeça em sinal positivo, irei fazer essa pergunta a Louis, com certeza irei.

– Espero que goste de espaguete com almôndegas – Victor disse, voltando a atenção para uma das panelas. – Quando a convidei para jantar, eu me esqueci que não tinha nada preparado, apenas massa no armário e uma embalagem com almôndegas prontas. Então, espaguete com almôndegas é o que temos para hoje. Por sorte, encontrei alguns legumes e vegetais na dispensa, então como acompanhamento, teremos salada.

– Eu gosto de espaguete com almôndegas – Digo e, com isso, ele olhou para mim, sorrimos um para o outro. – Onde aprendeu a cozinhar?

– Com chefes culinários ao longo dos anos, em vários países diferentes.

– Esteban disse que você gosta da culinária humana, por isso quis aprender a cozinhar?

– Sim, foi por isso.

– Por que? – Ele volta a me olhar, e eu explico a minha pergunta. – Esteban me disse que os vampiros não precisam comer ou beber, apenas necessitam de sangue. Então por que você gosta da culinária humana sendo que não necessita dela para sobreviver?

Victor volta sua atenção para a panela e dá de ombros.

– A culinária humana evoluiu durante os séculos, mudou muito desde a época em que eu era humano. Eu gostei dessa mudança, dos sabores diferenciados se misturando, tornando tudo tão saboroso. Ficou tudo muito melhor para comer.

– Como era a culinária quando você era humano? – Não seguro minha curiosidade.

– Era pão, água, vinho e a caça do dia, que muitas das vezes acabava numa sopa – Ele respondeu naturalmente, dando de ombros. – Ainda assim, era tudo delicioso. Mas não se compara a culinária dos tempos atuais – Deu um pequeno riso.

– Você caçava? – Ele meneou a cabeça em sinal de sim. – O que você caçava? – Victor respirou fundo.

– Coelhos, lebres, algumas aves, às vezes, quando dávamos sorte, conseguíamos pegar uma queixada – Comentou com nostalgia na voz.

A cena de Victor caçando qualquer animal no meio da floresta, com ferramentas humanas para isso, me veio à mente e eu me peguei sorrindo também. Cheguei a imaginar também, a sua frustração ao errar o alvo ou quando sua presa escapava dele.

– Com quem você caçava? – Perguntei após um tempo em silêncio.

– Eu estava ensinando o meu.. – Victor ficou em silêncio de repente.

Olhei para ele, para a expressão de tristeza em seu rosto. Decidi não perguntar mais sobre isso, deve ser um tópico sensível. Mais um tópico sensível, no caso, ainda tem aquele assunto sobre sua ira contra os lobos, ao qual estou esperando uma oportunidade melhor para perguntar. E acho que não é hoje.

– O que quis dizer com quando dávamos sorte? – Faço outra pergunta, para mudar um pouco seus pensamentos. – Se referia a um dia bom de caça? Aos animais não fugirem de serem caçados? A estação em que estava caçando? Algo assim?

Victor umedece os lábios e me encarou profundamente.

– Os lobisomens estavam em alta naquela época. Eles pegavam os animais de porte grande e o que sobrava para nós, quando eu era humano, eram os de pequeno porte. Então, quando eles deixavam escapar um, a gente conseguia um animal grande, como uma queixada. Uma vez encontrei um veado, não sei o que estava fazendo naquela região, mas estava lá, e nós aproveitamos muito bem a sua carne.

Não conversamos mais sobre esse assunto, ele se virou novamente para o fogão e permaneceu em silêncio. Resolvi não perturbar seus pensamentos, olhei para o meu celular e fiquei mexendo nele, sem fazer nada de útil, somente para passar o tempo.

– Eu já volto – Digo a Victor e ando até a sala em que estava antes. Mando um áudio para Louis dizendo que estava tudo bem que eu estava esperando o jantar ficar pronto. Ele respondeu imediatamente mandando um áudio e um emoji sorrindo com as bochechas coradas. Depois voltei para a cozinha e observei o vampiro ali, parado em frente ao fogão.

Quem diria que minha vida iria mudar assim? Que eu ia descobrir a existência de vampiros, lobisomens e bruxas? Quem diria que eu iria me envolver no meio disso tudo?

Se alguém me dissesse que hoje eu estaria sentada numa banqueta em uma cozinha numa mansão de um vampiro, e vendo-o cozinhar comida mundana para mim, eu diria que essa pessoa é louca.

O som de portas de um armário sendo fechadas me trouxe a realidade, pisco algumas vezes e vejo Victor pegando dois pratos num armário. O fogo já estava desligado. Ele voltou para o fogão, pegou uma generosa quantidade de macarrão e pôs nos pratos, equilibrados em seu braço, em seguida abriu a tampa de outra panela e adicionou algumas almôndegas ali, com um molho vermelho de tomate junto. Depois ele virou-se para a bancada, onde eu estou e colocou os pratos ali, me oferecendo um. Confesso que fiquei admirada com o equilíbrio dele, ser vampiro deve ajudar nisso.

– Obrigada – Agradeço com um leve sorriso.

Olhei para o meu prato e inspirei fundo seu aroma delicioso, minha barriga mostrou-se com vida, ronronando alto. Me senti envergonhada por isso, mas ele não disse nada, ainda bem. Victor me entregou um garfo e eu o agradeci, novamente.

Precisei assoprar um pouco antes de provar sua culinária. E nossa, não tenho palavras para descrever além de delicioso, estava muito saboroso e eu demonstrei minha satisfação quanto a isso em um gemido, o que fez Victor sorrir.

– Isso está uma delícia, sério. Você manda bem na cozinha – Eu disse antes de pegar mais uma garfada generosa.

– Eu disse que tenho talentos culinários – Ele se gaba com o peito estufado e um sorriso convencido nos lábios, enquanto termina de temperar a salada na vasilha.

– Sou obrigada a concordar – Digo, agora mastigando um pedaço de carne bem macia.

Ele despeja em meu prato a salada de alface com tomates, pepinos e algumas cenouras raladas. Depois faz o mesmo com seu prato e começa a comer.

– O que acha de uma taça de vinho para acompanhar? – Ele oferece.

– Só uma – Eu digo e ele desaparece de minha frente num piscar de olhos. Quando retornou a cozinha, veio com uma garrafa de vinho tinto na mão.

– É da safra de 88 – Ele diz enquanto pega duas taças num armário suspenso na parede. Ele abre a garrafa e despeja o conteúdo vermelho nas taças, até a metade, me oferecendo uma logo em seguida.

Eu aceito a taça e a balanço um pouco, aproximando do meu nariz para cheirar. Eu adoro o aroma de um bom vinho tinto. Levo a taça até a minha boca e bebo um pouco.

– Seco – Digo sentindo o sabor mais ácido do que adocicado na minha garganta. – Muito bom.

– Sabia que ia gostar – Ele diz em tom convencido, antes de beber de sua própria taça de vinho.

Voltamos a comer e ficamos em silêncio, apenas aproveitando o sabor da refeição.

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Depois de 2 meses, eu voltei! Kkkk (peguei um bloqueio criativo brabo, que demorou para me abandonar hein)

Acho que a partir daqui, as atualizações não irão demorar tanto para sair kkk (assim espero)

É isso por hoje, e os vejo no próximo capítulo. Bjokas proceis, genteh lindah, e até lá

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