Passeando pelo Limbo
Nunca fiquei internado antes, não que eu me lembre. Deve ser por isso que estou rodando esse quarto de um canto a outro sem saber o que fazer, é difícil deitar ou sentar em algum lugar sabendo que tem uma coisa dentro de você que pode te matar a qualquer momento. Parece que engoli uma bomba relógio que pode explodir e me levar junto com ela.
— Bom dia! Você é Edward Cullen — perguntou uma enfermeira loira ao entrar no meu quarto.
— Quem? — indaguei surpreso.
— Cullen, você é Edward Cullen — repetiu ao checar os papeis nas suas mãos.
— Ah! — resmunguei ao lembrar o nome idiota que a Laura me registrou no hospital — sim sou eu — concordei logo depois.
— Eu vim retirar o sangue para os exames e logo depois te levar para a ressonância — explicou organizando algumas ampolas vazias na mesinha ao lado.
— Tudo bem, o que devo fazer primeiro? — perguntei confuso.
— Sente-se aqui e estique o braço — pediu apontando para a cama.
Caminhei devagar e sentei na cama na frente dela, estiquei meu braço direito num apoio, enquanto ela preparava minha veia para coletar meu sangue. Foi rápido, ainda bem que ela parecia ter pratica nisso e instantes depois já tinha a quantidade certa de ampolas para realizar os exames.
— Agora você precisa vestir as roupas do hospital — pediu ao abrir o armário e tirar as roupas que a Laura solicitou que eu usasse antes de sair do quarto.
Não esperei ela falar outra vez que tinha que mudar de roupa. Puxei minha camiseta para fora e a calça jeans antes mesmo que ela percebesse eu já estava de cueca, deslizando a calça frouxa pelas minhas pernas.
— Você podia ter esperado eu sair do quarto para te dar um pouco de privacidade? — perguntou surpresa me encarando enquanto eu puxava o cordão da calça para ajustar na minha cintura.
— Não sou tímido e aposto que você já viu muitos homens nus antes, afinal é o seu trabalho — falei sem dar importância a minha quase nudez minutos atrás.
— Você está certo, mas nenhum deles tinha o seu corpo — respondeu ainda observando o meu peito nu.
— Acho melhor eu colocar a bata, não queremos te deixar confusa minutos antes de me levar para fazer outro exame — respondi abrindo um sorriso que costumava usar para as minhas fãs.
— É melhor não arriscar, não queremos te levar para o lugar errado — respondeu correspondendo ao sorriso.
— Então vamos — pedi depois de colocar a bata e calçar uns sapatos de borracha.
— Por favor me acompanhe — indicou ao se virar para abrir a porta.
Assim que saímos juntos eu a segui pelo mesmo corredor que passei antes com a Laura, porém, dessa vez entramos em outro corredor, mais algumas portas e nada de chegar no lugar do tal exame.
— Falta muito? Já estou ficando tonto de tanto caminhar por esses corredores.
— Se acalme estamos quase lá — respondeu observando meu rosto com cuidado. Nessa hora senti um frio estranho na barriga, se fosse descoberto em questão de horas o hospital já estaria cercado de repórteres e paparazzis.
— Qual é mesmo o seu nome? — perguntei tentando fazer ela parar de observar o meu rosto.
— Meu nome é Julia — disse no mesmo instante e para meu alivio parou de observar meu rosto.
— Quanto tempo você trabalha aqui, Julia? — questionei curioso.
— Dois anos.
— É bastante tempo? — indaguei surpreso.
— Nem tanto, minhas amigas estão aqui a mais tempo do que eu.
— Você gosta do seu trab... — tentei perguntar, mas ela me interrompeu antes que eu terminasse.
— Chegamos — falou apontando para uma porta larga — A partir de agora, os funcionários do setor irão realizar o seu exame, vou aguardar aqui e te levar de volta para o seu quarto quando acabar.
— Obrigado — disse empurrando a porta para entrar na sala.
Assim que entrei uma outra enfermeira pediu que eu deitasse no aparelho de ressonância, fiz o que ela me pediu e fiquei imóvel enquanto ela injetava um liquido no cateter no meu braço.
Logo depois o aparelho se mexeu e eu entrei num cubículo exatamente do tamanho do meu corpo e permaneci lá por longos minutos, ainda bem que eu não tinha pavor de lugares pequenos e fechados se tivesse estaria surtando agora. Enquanto a maquina fazia barulhos estranhos ao examinar cada partícula do meu corpo.
Eu só consegui sair dali quando o médico ficou satisfeito com as imagens que tinha, para ele poderiam ser apenas alguns minutos, mas para mim foi um verdadeiro martírio esse exame.
Fiquei tão desconfortável depois dele, que voltei para o meu quarto sem trocar uma palavra com a enfermeira toda simpática que me acompanhou. Não sei ao certo o que aconteceu, mas voltei a ficar preocupado e quando enfim cheguei no meu quarto sentei numa das poltronas de frente para a janela e fiquei ali por horas observando a cascata de água e as pessoas que entravam e saiam do hospital.
— Olá! Eu posso atrapalhar sua concentração? — perguntou a Laura entrando de repente no meu quarto.
— Claro que pode, eu estava apenas observando lá fora — expliquei me virando para observá-la melhor.
— A cascata é linda, não é mesmo? — indagou curiosa.
— Sim é muito bonita — disse desviando meus olhos dela por um instante para observar a cascata novamente.
— Bom eu já tenho os resultados dos seus exames, a partir de hoje vamos monitorar seu progresso dia a dia. Meu diagnóstico inicial foi confirmado e já mandei providenciar sua primeira sessão de quimioterapia, os remédios que vamos usar precisam ser manipulados e feitos exclusivamente para você, por isso pode levar um tempinho. Chegamos ao acordo de que você precisa fazer 12 sessões de quimioterapia e 20 de radioterapia, para isso terá que ficar internado no hospital por pelo menos 20 dias.
— Não tenho qualquer opção de escolha? — questionou cabisbaixo.
— Não, não tem — disse a verdade. Porém, eu agradeceria se ela pudesse contar uma mentira para me fazer sentir melhor. Nada como a falta de opção para te deixar sem chão.
— Já que vou ficar aqui tanto tempo, eu preciso de algumas coisas que foram para o meu apartamento — informei pensativo, voltando a olhar pela janela.
— Se quiser eu posso ir buscar, depois que eu deixar o hospital e trazer amanhã para você — disse sendo simpática.
— Você faria isso por mim? — indaguei feliz com a sua ajuda.
— Claro que faria, saiba que você pode contar comigo para tudo a partir de agora.
— Obrigado, nem sei como agradecer tudo o que você está fazendo por mim nesse momento.
— E nem precisa, Luck e eu somos a sua família também. Vai me dizer que você esqueceu isso? — perguntou.
— Não esqueci é que passou tanto tempo que achei que não éramos mais tão íntimos.
— Saiba que você está enganado, a amizade continua a mesma. Agora pare de choramingar e anota aqui tudo o que você precisa que eu traga — pediu jogando um bloquinho e uma caneta no meu colo.
Anotei mais rápido que eu conseguia alguns itens pessoais, meu violão, canetas e vários blocos de papel se eu tinha que permanecer aqui por mais tempo eu poderia tentar compor uma música. Nunca consegui fazer isso sozinho antes, mas sempre tem uma primeira vez e ficar trancado num hospital por tanto tempo pode sim mudar a cabeça de um homem.
— Violão? — questionou arqueando as sobrancelhas.
— Vou ficar preso aqui por 20 dias, preciso de alguma coisa para me distrair, se não vou ficar louco — expliquei.
— Você não acha que se ficar com um violão a tira colo, as pessoas irão te reconhecer?
— Talvez, mas essa é a única maneira que eu encontrei de passar o meu tempo.
— Tudo bem, pode fazer o que achar melhor. Porém, terei dificuldades em conter as enfermeiras que já estão suspirando pelo cantos do hospital, depois que você se trocou na frente de uma delas.
— Como você sabe disso? — indaguei cauteloso.
— Nada passa despercebido num hospital, nunca se esqueça disso. E na próxima vez que você precisa mudar de roupa, tente usar o banheiro logo ali — sugeriu apontando para a porta ao lado do armário.
— Vou prestar mais atenção da próxima vez, é que sempre troco de roupas na frente de muita gente e não tenho qualquer pudor quanto a isso, mas não quero que saibam que estou internado aqui — expliquei preocupado me levantando da poltrona.
— Não se preocupe, tomaremos cuidado e vou limitar o número de enfermeiras que tem acesso a você, assim reduziremos as chances de ser reconhecidos por uma delas.
— Isso seria muito bom — concordei ficando de costas para ela.
— Agora preciso ir verificar meus outros pacientes e volto quando você começar a fazer a quimioterapia.
— Vou precisar sair do quarto para fazer a quimioterapia?
— Não, todo o tratamento será feito aqui mesmo no seu quarto.
— Quem bom, pois não quero ficar saindo e caminhando por aí — expliquei pensativo.
Antes dela sair, ainda passei o endereço do apartamento onde estavam as minhas coisas, dei instruções e o código do elevador para a cobertura. Quando ela deixou o quarto eu estava cansado, por isso deitei na cama e adormeci.
Sonhei que estava de volta a turnê na Europa, um show e um país diferente toda semana, as passagens de sons horas antes do show. As brigas com Freddy, por que ele estava sempre fora de sintonia com o resto da banda. Ele precisava de pelo menos três músicas, para conseguir entrar no ritmo no qual todos estavam desde o começo.
Era tão fácil voltar a minha agitada vida de antes, e tão natural que mesmo sabendo que tudo não passava de um sonho eu continuei ali, observando cada detalhe daquela experiência como se fosse a última. Uma vez que eu não sabia se conseguiria voltar aos palcos novamente depois de passar por tudo isso.
Deixei o livro completo na plataforma o máximo que pude, mas amanhã dia 13/07/2018 é o lançamento na Amazon e eu precisei tirar o livro. Mas estou escrevendo os livros da série primeiro aqui, eles são histórias independentes e podem ser lidas em qualquer ordem. Por isso fiquem a vontade para explorar aqui os meus livros e também na Amazon!! Beijos no coração de vocês e obrigada pelo apoio de sempre😘
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