Prólogo
Tudo começou aos dezessete anos, me dedicava aos estudos para ter um bom futuro e dar muito orgulho aos meus pais. Estudava com a meta de trabalhar no meio de advogacia, esse era meu sonho, e o sonho de meus pais. Meu irmão mais velho havia se formado há pouco tempo em direito, o mesmo queria ser Juiz e daí veio o orgulho da família.
Meu pai costumava a dizer que eu era o jogador da família, e Davi era o nadador, pois o mesmo era apaixonado por natação e sempre que podia competia em seus horários vagos.
Papai sempre me ajudou com tudo que precisei. Ensinando-me a ser forte em momentos de fraqueza, mostrando que o perdão existe e a segunda chance também... Ele me ensinou tudo isso, era um pai digno de orgulho.
Com o tempo algo havia acontecendo, não encontrava mais a família reunida e muito menos meus pais desejando uma boa aula para mim, com o tempo o sorriso iluminado de meu irmão havia sumido. Eu estava tão ocupado que não notei o que estava a acontecer, não notei que meu pai passava a noite fora e quando voltava fedia a bebidas baratas e cigarro. Minha família tinha se destruído em tão pouco tempo ao pouco de fazer meu pai largar a mesma e nos trocar por algumas apostas de bingo e bebidas. Não sei o que havia de tão bom nessas drogas, bom porquê tem dê ser algo semelhante ao paraíso para fazer um homem abandonar sua família como se fosse lixo. Ate então não havia experimentado nenhum tipo de drogas ou bebidas, eu estava curioso, mesmo assim não fui a elas, mas... Elas vieram a mim.
— Você não pode se entregar para o vício tão fácil. – Dizia Davi me encarando com aqueles olhos verdes tão parecidos com o de nosso pai.
— Mas eu não posso evitar – Não o olhava nos olhos, pois sempre que o fazia, lembrava daquele que nos abandonou.
••
Depois de três anos me estabilizei, prometi a mim mesmo a não por nada de ruim na boca, foi difícil, mas toda vez que sentia vontade de fumar ou beber algo eu pensava em minha mãe... Em como seus olhos azuis como o meu iriam se entristecer a me ver tomar o mesmo rumo que meu pai, Jorge.
Certo dia, cheguei da faculdade cansado. As luzes estavam acessas em casa, e isso era algo estranho, pois sempre que chego à casa todos já estavam dormindo.
— Não entre, não agora – Dizia meu irmão com a face avermelhada me impedindo de entrar em casa.
— O que? Por quê?
— Você... Nosso pai – Olhou para mim com aqueles olhos verdes, e logo soube o que havia acontecido... Nosso pai tinha voltado.
— Isso não pode estar acontecendo – Digo para mim mesmo empurrando meu irmão, assim entrando em casa.
Fitei minha mãe que olhava para Jorge com um olhar magoado.
— Você nos deixou, Jorge. – Dona Rosana dissera com a voz cheia de emoção.
— Eu te peço perdão – Se ajoelhou no chão abraçando as pernas de minha mãe, seu corpo muito magro, os cabelos escuros pareciam sem vida assim como seus olhos.
Estava a ver um verdadeiro cenário de novela, onde a iluminação da sala contribuía com a terrível noite que estava vivendo
De repente tudo volta com a aparição de meu pai. As noites mal dormidas, bebidas, festas e drogas... Toda essa vontade volta, e se minha mãe o perdoar eu não sei o que irei fazer, pois é imperdoável perdoar um homem que faz as pessoas sofrer, um homem que faz sua família sofrer.
— E-eu ainda... Ainda te amo – As lágrimas começaram a escorrer da face Pálida de Rosana, se abaixou ficando na altura de Jorge e então o abraçou como se perdoasse tudo que ele fez.
— Meu amor... – Sussurrou Jorge acariciando os cabelos dourados de Rosana.
Então a raiva me tomou ao ver toda essa cena ridícula, meus olhos se encheram de lágrimas e pude sentir a tamanha angústia subir até pela minha garganta e no caminho atacar meu coração.
— Você não pode o perdoar! – Sair do canto da porta sabia quemeu irmão estava ouvindo tudo e aceitando Calado, o bom filho.
Meus pais ficaram surpresos, e me olharam, Jorge olhou, e em seus olhos vi saudades, essa que era rejeitada por mim.
— Filho eu... – Se levantou caminhando até mim, sua aparência era decadente, assim como suas roupas sujas e rasgadas. — Eu... Não queria ter lhe abandonado.
Senti algo quente em minha face, eram as lágrimas que derramavam sem parar, engoli meu choro sentindo uma imensa dor em meu coração.
— Mas você nos abandonou, e isso não tem perdão! Trocar sua própria família por cigarros e bebidas não tem perdão! – Podia notar sua expressão sofrida, mas não me importava... Não mais.
Ele era meu Herói, aquele que sempre dizia para sermos honestos e nunca covardes, disse que nosso próprio vilão eramos nos mesmos. Mas para que tudo isso?! Para se tornar um monstro!
— Eu tenho nojo de você. – Direcional essas palavras a Jorge logo olhando para minha mãe. — Não ficarei no mesmo teto que esse homem! Ou ele sai ou... Irei embora!
— Filho... Por favor, compreenda – Rosana disse com a voz sofrida e então já sabia sua resposta.
— Mãe, saiba que quando esse homem lhe machucar novamente, não serei eu a estar ao seu lado segurando minha dor para suportar a sua. – Passei pela porta de saída com apenas uns trocados no bolso, não queria mais viver em um mar de dementes que apenas sugam sua vida. Eu queria ir para o meu mar de calmaria, o meu refúgio.
(••)
24/05/2010
— Nosso pai esta mudado, ele realmente esta diferente... Voltou a ser como antes.
— Todos que tenha se perdido na vida nunca volta a ser como era antes. – Respondi afastado de minha galera, travava um cigarro enquanto olhava para meu irmão que sempre andava pela área pobre da cidade a minha procura.
— Você virá comigo! – Decidido puxou meu braço me arrastando beco a fora, assim chamando atenção de meus amigos que fumavam e bebia em um círculo só deles.
— Me solte! – Exclamei de olhos arregalados, o pessoal logo se aproximou para ver o que estava acontecendo.
— Larga ele. – Dayton mandou agarrando o braço de Davi e o jogando no chão.
Encostei-me na parede para respirar. Nesse meio tempo meu irmão estava a brigar com Dayton que era um homem barra pesada que fornece drogas a nossa galera, seus músculos fortes. Cabeça raspada e pele branca definiam todo seu perfil de perigoso.
— Para, Dayton. -Pedi tentando o afastar de Davi que apanhava muito. Mas não consegui e fui jogado para longe deles. Meus amigos riam enquanto apostava quanto tempo Davi suportaria vivo.
Desesperei-me, ele era meu irmão, o único a correr atrás de mim, o único a não me deixar enquanto eu havia virado as costas para nossa família.
— Dayton, você ira matá-lo. – Aproximei-me novamente, o homem montava meu irmão e destrubuia socos em sua face ensanguentada.
Parou por um momento me olhando com um sorriso no rosto.
— Essa é a intenção, irei acabar com aquele que tanto lhe tormenta – Respondeu como um psicopata. Fiz menção de me aproximar, e então Dayton fez sinal para que a galera me segurasse — Quero que você veja tudo, e não possa fazer nada. Você conhece as regras... Quando se entra nesse mundo não há como sair, e qualquer meio de ajuda sera exterminado.
Era verdade! Eu conhecia as regras!
Eu não pude fazer nada a não ser olhar meu irmão se entalar com seu próprio sangue enquanto Dayton saia de cima dele limpando às mãos como se nada tivesse acontecido.
Depois daquilo aconteceu algo terrível, algo qual eu não conseguiria viver... Algo que precisava de perdão, não conseguiria viver sem o seu perdão.
Notas Finas:
Olá! Espero de todo coração que gostem de minha obra. Tenho certeza que nela sentirão o preço do perdão, a dificuldade de perdoar, e a carga de alivio de ser perdoado.
Quero que sintam isso! Quero que vejam que assim como precisamos de alguém para nos perdoar (Sendo uma pessoa ou nós mesmos) Precisamos de um outro alguém para nos ajudar, somos como formigas, temos de nos unir, pois sozinhos somos uns loucos sob um mar de bestas.
vejo vocês daqui a pouco, no primeiro capítulo.
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