Capítulo 9: Esperanças
Uma amizade verdadeira, não precisa ser fotografada, mas sim vivida.
- Me perdoe...
Davi ficou sem fala alguma. Parece que se tocou em si, e então com muito esforço fez um gesto com a mão, levantou a mão fazendo um gesto como se estivesse pedindo para mim parar, parar de pedir perdão.
Então eu me calei, e com novas lágrimas nos olhos o olhei esperando algo de sua parte.
Pude enfim ouvir a voz de meu irmão
- Sabe aqui? - Apontou para seu coração. - Essa é a única parte do meu corpo que eu posso sentir de verdade, pois... O meu coração bate, bate fortemente, o que me permite sentir-me vivo.
Eu apenas me permitia ouvir, apenas me permitia deixar meu irmão descarregar a sua dor com palavras.
- Todas as vezes que vou dormir, e não sinto parte alguma de meu corpo, é como se eu estivesse morto, e como eu mesmo disse; a única coisa que me faz sentir-me vivo é sentir, saber que meu coração ainda bate.
O rosto de Davi estava avermelhado, ele ainda continuava na porta entre dentro e fora de casa. Meu pai assistia tudo, e eu não sabia o que sentir.
Respirei fundo não conseguindo controlar minhas emoções. Tento abrir a boca para falar algo, porém não consigo.
- Você me deixou, não fez nada, apenas observou enquanto me espancavam, enquanto arrancavam meu futuro e meus sonhos pelas raízes. - Seus olhos eram profundos, os verdes ofuscavam a cada palavra que me dizia, essas palavras me atingiram como flechas, flechas que fundaram-se em meu coração.
- Filho, vamos parar por aqui... - Interferiu Jorge ao ver meu estado emocional.
Foi ai que Davi olhou para mim e com dificuldade movimentou sua mão nas rodas fazendo a sim sua cadeira andar até mim.
- Mas independente de tudo... De tudo que aconteceu comigo você é meu irmão, você continua sendo meu irmão. - Tocou em meu ombro e então o apertou, logo soltou...
Não pude acreditar em suas palavras, e muito menos em seu toque, senti algo que a muito tempo não sentia... A cumplicidade entre irmãos.
Vi meu irmão se afastando aos poucos de mim, e desaparecendo dentro de casa.
- Ahhf - Soltei o ar pela boca, o ar que nem percebi que prendia.
- Filho, você esta bem? - Sua pergunta me fez rir, rir de nervosismo.
- Eu preciso ir... - Havia algo novo dentro de mim, um fio de esperança, esperança com as palavras de Davi.
- Não desista filho - Dissera Jorge me olhando firme.
- Não irei. - Digo com a voz incerta.
Andei pelas ruas com os pensamentos a mil, ainda sentia a mão de meu irmão em meu ombro e foi com esse sentimento que pude imaginar um novo futuro para mim.
••
Ao chegar em casa não tive como esconder minhas esperanças, cheguei gritando o nome de Alessandra, queria contar pra ela o que havia acontecido e questionar sobre o porque de ela ter saido sem nem me avisar.
Abri a porta da casa com apenas um comodo ficando completamente assustado com o que vi lá dentro.
A casa estava vazia. A cama em que eu dormia permanecia coberta, como eu havia deixado pela manhã. Na mesa havia um prato, um copo... Olhei em volta, mas não tinha sinal algum de Alessandra, nenhum sinal de que a mulher algum dia esteve ali, era como se a mesma nunca tivesse existido.
E então foi que eu vi, preso em uma gaveta, a metade de um jornal antigo, tão antigo que era tudo preto em branco, ali estava escrito com destaque e em negrito.
"JOVEM MORRE AO TENTAR SALVAR CRIANÇA NA PONTE "
Pisquei uma, duas, três vezes antes de me dar conta. Cambaleei para trás, enchi o pulmão de ar afim de respirar, pois o ar me faltava!
Quando me permiti olhar novamente para o jornal, no cantinho superior, lá estava, a foto de Alessandra sorridente em frente da cabana. Dessa cabana! E ao seu lado a pequena Tiffany a abraçava.
— Viva!
Pude jurar que ouvi esse último sussurrar, com a nuca arrepiada repousei a mão no coração, meus olhos se encheram de lágrimas. Não pude conter o choro.
O que aconteceu? O que aconteceu?
Minha mente gritava, mas no final, no final eu já sabia...
.
.
.
E fim... Teorias?
Provavelmente farei um capítulo contando a história de Alessandra, só para responder todas as perguntas que eu sei que vocês estão se fazendo.
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