King's Cross
23h45
Reino Unido; Londres; estação King's Cross.
Faltam 15 minutos para que o pior dia da minha vida acabe. Hoje perdi meu emprego, briguei com minha melhor amiga e fui largada pelo meu namorado. Nem sei por que ainda estou com esse buquê idiota.
Enfim, vejo aquela figura misteriosa de novo. Ela está aqui na estação toda vez que a atravesso, é um velho vestido de rei. No começo pensei que ele fosse um ator de rua ou um velho maluco, mas ele está sempre sentado olhando o fluxo das pessoas.
Como não tenho nada melhor para fazer, vou descobrir a verdade de uma vez por todas.
"Posso sentar aqui?", digo me aproximando.
"Claro, quem sou eu para impedi-la?"
"Obrigada, eu uh... queria fazer uma pergunta.", digo enquanto me sento ao seu lado.
"Faça, mas não garanto que saberei a resposta."
"Ok, então... O que você está fazendo por aqui?"
"Estou pagando pelos meus erros", diz ele com a cabeça baixa.
"O que você quer dizer com 'erros'?"
"Todos nós cometemos erros, querida, e todos temos que pagar por eles. Eu cometi muitos e, como resultado, estou pagando uma penalidade pesada."
Os pensamentos vêm à minha mente: e se ele for um ladrão? Ou pior, um assassino! Estou em perigo?
Não importa o que seja, eu vou descobrir!
"E que erros você cometeu?"
"Milhares, minha querida, e me arrependo de cada um deles", sinto um enorme arrepio percorrer meu interior. "Quer ouvir minha história?"
"Sim..."
"Mas se aceitar, você deve prometer ouvir até o fim e sem interrupções", penso um pouco antes de responder, mas que mal pode fazer uma história?
"Eu prometo."
"Certo", ele pensa um pouco e então começa. "Há muito tempo atrás, quando eu ainda me chamava Rei Henrique II, cometi crimes contra um mago, cujo nome não me lembro mais, que me enfeitiçou para que meu espírito vagasse eternamente através de uma caverna que ficava abaixo da floresta de Londres e eu só seria livre quando minha cruz, que estava presa comigo, fosse devolvida ao cemitério. Fiquei aqui por séculos sem ver ninguém até que os ingleses começaram a construir esta estação e descobriram a minha cruz, que deu nome a este lugar, pois o meu nome estava gravado no objeto. Implorei-lhes que não a pegassem, mas não me ouviram e, agora, estou muito mais longe da minha liberdade. Mas enquanto estive aqui também ajudei muita gente", ele faz uma pausa, olha nos meus olhos e recomeça. "Um dia, uma linda garota estava tentando se jogar nos trilhos do trem. Eu me aproximei e perguntei se ela queria ouvir minha história e com o rosto coberto de lágrimas ela respondeu que não 'ligava'. Então eu contei a mesma história que estou lhe falando, quando terminei ela apenas riu e me abraçou. Depois disso ela voltou todos os dias para me trazer comida, embora eu tenha dito a ela que não posso comer. Até que... ", vejo um uma lágrima cair de seu rosto. "Ela nunca mais voltou."
Depois de alguns segundos de silêncio, eu digo:
"Uau, que história fantástica! Você é um contador de histórias. É isso?"
E com um sorriso no rosto, ele desaparece bem na minha frente. Então, tomada de uma mistura de terror e surpresa, deixo o buquê na bancada e sussurro:
"Espero que isso alivie a sua punição."
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