Mídia: Imagem de autoria de Jay L. Clendenin publicada no jornal Los Angeles Times

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Viviam em bairros diferentes
ele num apartamento pequeno
ela numa casa espaçosa

ele não falava com vizinhos
tinha uma certa antipatia natural com as pessoas

ela cresceu não em uma simples vizinhança
mas em uma comunidade

ele não suportava a luz do sol
ela adorava ir a praia
mas os dois ficavam a olhar da janela
a lua cheia que os faziam suspirar por nada

a convivência no trabalho era mínima
ela dava uma bom dia sorrindo
ele resmungava qualquer resposta em um dialeto
daqueles que só funcionam depois do café

ela tinha um certo medo dele
o achava agressivo
era bonito
mas não o entendia

ele a achava insuportável
felizinha demais,
responsável demais
legal demais,
bonita demais

foram escalados para trabalhar juntos
dividindo o mesmo cubículo
ele escutava música pra se concentrar
ela pra se divertir enquanto trabalhava
ambos escutavam Queen
o fone dela estava mais alto que o dele, claro

no dia seguinte, ele usou uma camiseta da banda
ela elogiou
conversaram sobre as melhores músicas
os álbuns preferidos
as outras bandas preferidas

trocaram playlists
almoçaram juntos
sentaram lado a lado no happy hour da empresa

se beijaram sem querer (querendo) no cinema
brigaram por causa da louça da pia
se reconciliaram na cama

brigaram sobre morar em um apartamento ou em uma casa
sobre como se relacionar com vizinhos
se Adam Lambert realmente era bom o suficiente para substituir Freddy Mercury

se abraçaram
suspiraram olhando pra lua
continuaram alimentando aquele amor

apesar das grandes diferenças
que apareciam nas brigas
mesmo tão diferentes
era aquela necessidade antiga
de encontrar num olhar
as mesmas doses de desejo e carinho
que os mantinham juntos.
Pelo menos até a próxima lua

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Olhe só como são as coisas: eu escrevi esse poema em 09/05/2016, sempre gostei do Queen e usei um pouco Eduardo e Mônica do Legião Urbana como referência. Hoje quando eu estava procurando uma imagem para usar de ilustração encontrei uma reportagem sobre esse casal: eles assistiram Bohemian Rhapsody  24 vezes no CINEMA, pois o filme ajudou eles a lidaram com um momento difícil pelo qual eles estavam passando. Vou deixar o link da reportagem em português nos comentários abaixo para quem tiver interesse em saber mais sobre essa história deles.