Capítulo 5
"Por toda a dor que causei. Eu sinto muito. Não espero seu perdão. Talvez isso seja mais por mim mesmo."
O primeiro envelope chegou em uma sexta feira.
Era uma manhã logo no começo da primavera. As árvores estavam floridas, anunciando a nova estação. Na sacada do pequeno apartamento, Eleanor segurava uma xícara de café, enquanto olhava, lá embaixo, a vida acontecer. Crianças indo para a escola, idosos fazendo sua caminhada, casais passeando com o cachorro.
No entanto, ainda era uma fase difícil para ela. Sentiu o peito esmagando. Desde a morte de Benjamin, começara a lidar com fortes crises de pânico e episódios de enxaqueca.
Apesar de ter sobrevivido, Eleanor Lynn havia quebrado as costelas e o pulso, o que ocasionou em fortes dores. Ela agora sobrevivia em grande parte com o dinheiro do seguro e fazia trabalhos freelance, o suficiente para pagar o aluguel e não morrer de fome.
Depois de engolir algumas pílulas calmantes, trocou de roupa e começou a se arrumar para o trabalho, nessa semana, a panfletagem de uma loja de frango frito. Não estava muito animada para passar as próximas 6 horas em uma fantasia quente e fedorenta, mas ela ainda tinha as despesas do funeral, com juros que se acumulavam mês a mês.
Seus pais haviam oferecido ajuda, até mesmo perguntado se ela gostaria de voltar a morar com eles, mas Eleanor recusou. Desde que saíra da casa deles há 8 anos para morar com Mark, sentia que alguma coisa havia se quebrado, algo que nunca mais poderia ser consertado.
Ela já tinha que lidar com a própria dor, não precisava lidar com seus pais e seus olhares de pena também.
Mark Lancaster tampouco fizera muito esforço para ajudar Eleanor. No dia do funeral de Ben, ele ficou em um canto, olhando para o vazio, e Ellie não saberia dizer no que ele pensava. Jamais havia sido um pai para Benjamin, e era isso o que ele deveria lamentar. "Pelo menos não está fingindo", pensou ela, até chegar a conclusão de que aquilo não valia a pena. Havia se virado sem Mark desde que o filho nasceu e poderia continuar a fazer isso.
Antes de sair para o trabalho, Eleanor foi até a caixa de correspondência. Pegou os papéis, que se amontoavam na caixa postal e subiu as escadas, enquanto checava de onde as cobranças vinham dessa vez. Entre contas de luz e parcelas atrasadas do cartão de crédito, um envelope amarelo, sem endereço de remetente, chamou sua atenção.
Ela iria se atrasar se parasse agora, mas não poderia ignorá-lo. Dentro do envelope, uma chave dourada como o número 457 gravado nela. Havia também um bilhete com algo impresso.
"Rua Arlington, 27.
Não são as respostas que você procura, mas talvez isso ajude"
Olhou para o envelope outra vez, tentando encontrar qualquer coisa que indicasse mais detalhes, mas, além do endereço dela, não havia nada.
Se não saísse em 5 minutos perderia o ônibus e receberia de brinde uma bronca do senhor Kim. No entanto, ela apenas ficou parada, olhando para as letras, que a essa altura se embaralhavam no papel. Lá fora, o tempo parecia ter parado.
Pensou nas lojas da Rua Arlington. Lojas de bolsas, sapatos, um restaurante chinês, o correio...sim, uma caixa postal explicaria a chave. Mas o que deveria ser? Alguém estaria lhe pregando uma peça? De qualquer forma, por que ela precisaria ir até os correios quando poderia ter recebido o que quer que fosse em casa? A curiosidade era tamanha que Eleanor nem notou seu telefone tocando.
— Alô, senhor Kim? — falou, percebendo que uma bronca viria logo em seguida.
— Senhorita Lynn, você virá hoje? Não posso ficar esperando o dia todo — disse ele, com o sotaque carregado. O senhor Kim era um imigrante coreano apaixonado por frango frito e pela sua esposa, a senhora Mi So, exatamente nessa ordem. — Não posso.
— Me desculpe, senhor Kim. Houve um imprevisto, eu não vou poder ir hoje. Eu prometo que posso compensá-lo...
Uma pausa repentina tomou conta da linha.
— Senhorita Lynn, eu não posso ficar com funcionário irresponsável. Faz mal para os negócios, sabe? — disse, a voz assumindo ares de tristeza. — A vida não é fácil, negócios as vezes andam difíceis...
— Eu sinto muito, senhor Kim — falou ela, e desligou.
Respirou fundo. O que quer que fosse encontrar na Rua Arlington 27 precisaria ser encontrado agora.
Diferente dos demais edifícios da Rua Arlington, o número 27 parecia ter parado no tempo. Era um prédio em estilo vitoriano, revestido de tijolos terracota. Fora construído originalmente para ser a Biblioteca Municipal, mas os Correios haviam se mudado para lá há 30 anos.
Eleanor adentrou no prédio, não sem antes checar se havia trazido a chave de número quatrocentos e cinquenta e sete. Na recepção, uma mulher de cabelos vermelhos lixava as unhas, parecendo alheia ao que acontecia ao seu redor.
— Como posso ajudá-la? — perguntou, assim que percebeu a presença de Eleanor.
— Eu..hum...eu tenho uma chave — respondeu, pensando no quão estranho seria dizer que a encontrou junto a um envelope misterioso na correspondência.
A mulher apontou para o lado.
— É só seguir até o fim do corredor e dobrar a esquerda que você vai encontrar as caixas postais. Procura o número que está gravado na chave, não tem erro — falou, e voltou a arrumar as unhas, como se fosse mais manicure do que recepcionista.
Eleanor assentiu com a cabeça e seguiu pelos corredores, perfeitos para uma biblioteca, mas um tanto macabros para um serviço de correios. Fazendo-lhe companhia, um senhor varria o chão enquanto cantarolava uma canção de Louis Armstrong.
Ao dobrar no fim do corredor a esquerda, Eleanor se deparou com uma parede repleta de caixas postais, que iam do 1 ao 500.
Olhou para a chave que carregava nas mãos. Quatrocentos e cinquenta e sete. O que alguém estava querendo dizer para ela?
Eleanor Lynn ainda não sabia, mas a caixa postal de número 457 mudaria sua vida. Em poucos minutos, ela iria abri-la e descobrir outro envelope com notas sequenciais no valor de 6 mil dólares.
Ficou ali, em frentes as quinhentas caixas postais, paralisada. Junto das notas, um bilhete impresso.
"Por toda a dor que causei. Eu sinto muito. Não espero seu perdão. Talvez isso seja mais por mim mesmo."
Eleanor havia se perguntado muitas vezes o que faria quando encontrasse o homem que matou seu filho. A raiva as vezes se externava de maneira tão carnal que ela nem mesmo duvidava de sua capacidade de vir a matá-lo. No entanto, sentada ali, olhando para o bilhete, simplesmente não sabia o que sentir.
Em vez de voltar para casa, decidiu ir até a 77th Avenue. Diferente da Rua Arlington, todos os prédios antigos ali haviam sido derrubados para dar lugar a uma dessas ruas modernas, com cafés, restaurantes italianos, lojas de CDs e livrarias conceituais, que todo mês recebiam a presença de um autor famoso. Entre a Petite, uma loja de doces em tons pastéis e a Harmony, um livraria/café, uma porta pequena se esgueirava.
Eleanor abriu a porta e subiu as escadas. Embora o exterior estivesse bem conservado, o interior dava sinais de velhice precoce, com algumas rachaduras na tinta azul clara que revestia as paredes.
Lá em cima, uma porta marrom de madeira com a placa "Mike Collins, Detetive Particular". Eleanor tocou a campainha. Menos de um minuto depois, Stacey Adams, a secretária, a atendeu.
— Bom dia, Eleanor. Posso ajudar em alguma coisa? — perguntou ela, sorridente, olhando para a velha conhecida. A senhorita Adams era carinhosamente chamada pelo patrão de "labrador humano", por sua capacidade de conseguir sorrir até para o mais mal-encarado dos clientes.
— Posso falar com o Mike? — disse, tentando conter o nervosismo. As palavras do bilhete ainda ecoavam em sua mente.
— Se você não se importar em esperar, ele tem horário livre hoje. Por enquanto está com um caso daqueles... — disse Stacey, como quem confidencia um segredo. Um caso daqueles geralmente era o clássico Ser Humano Traído Procura Provas Para Divórcio Pomposo.
— Eu posso esperar — completou Ellie, e então acompanhou a senhorita Adams.
Era uma sala de espera comum, com alguns quadros dependurados que faziam referência a grandes clássicos da literatura policial, como Os Assassinatos da Rua Morgue, de Edgar Allan Poe, Assassinato no Expresso do Oriente, de Agatha Christie e Um Estudo Em Vermelho de Sir Arthur Conan Doyle. Algumas plantas disputavam espaço na mesinha de centro com revistas variadas. No canto da sala, um bebedouro e, espalhadas em volta da mesinha, poltronas em azul metálico. Eleanor se sentou em uma delas e ficou olhando para o relógio da parede.
Tic tac.
Nesse meio tempo, escutou os gritos horrorizados da Senhora Harmon, que, entre balbucios não identificados, xingava o marido adúltero em todos os idiomas possíveis.
Eleanor entendia exatamente o que ela estava sentindo.
Não costumava pensar muito sobre isso, especialmente porquê tinha noção do quantos seus sentimentos estavam a beira da ruptura quando flagrou o marido na cama com outra mulher. Ainda assim, a inutilidade pairou sobre ela como uma nuvem obscura.
Eleanor Lynn era uma mulher comum. Pele morena, cabelos escuros, nem gorda nem magra, medindo 1, 67 de altura. Era uma mulher como tantas outras, e tinha consciência disso. Na verdade, em muitos momentos, ela se questionou o que havia atraído Mark. Logo ele, cuja beleza boêmia e rebelde granjeava tantos olhares. Quando o questionou, ficou estupefata com a resposta.
— Você é normal — disse Mark, passando os dedos pelos cabelos dela. — Não me leve a mal, todas as outras garotas são tão...perfeitas. Tão inacessíveis. Com você, eu posso ser quem sou. Não preciso me preocupar.
Aquela havia sido a coisa mais linda que um dia alguém lhe dissera.
Daquele momento em diante, Eleanor aceitou a si mesma como sendo normal. Não precisava ser extraordinária para ser amada ou viver o que ela imaginava ser um sonho. Não precisava ser a cópia da Scarlet Johansson ou da Jennifer Aniston para ser feliz.
Então, quando viu Mark com aquela garota, algo inevitavelmente quebrou dentro de si. Talvez por que aquela garota não era comum. Era extraordinária, do tipo que arrancava suspiros.
Era tudo o que Eleanor nunca foi.
Quinze minutos depois, a senhora Harmon saiu da sala, com os olhos marejados, assoando o nariz em um lenço.
— Oi Ellie — falou Mike, assim que percebeu sua presença na sala. — Que bons ventos a trazem a mim?
— A gente pode conversar? — indagou, e Mike notou de imediato que algo estava fora de ordem.
— Aham — disse, e assim que ela entrou, fechou a porta atrás de si.
— O que aconteceu? Você tá com uma cara horrível sabia? — falou ele, encostando as costas na cadeira.
— Sem brincadeiras, Mike. É sério — replicou Eleanor, em um tom de repreensão velado, antes de colocar o envelope na mesa. — Esse é o motivo da minha cara feia.
Mike olhou para o envelope volumoso. Abriu-o, imaginando o que havia deixado sua amiga tão surpresa.
— Uau! — expressou, tentando compreender o que seus olhos enxergavam.
Uau. Três letras que representavam o impacto que aquele envelope causava.
— Eu acho que tem pelo menos 4 mil dólares aqui! Você ganhou na loteria ou o quê? — indagou, se sentindo um tanto atônito.
— Uma chave chegou hoje pelo correio. Levava para uma caixa postal. Foi lá que eu encontrei o envelope.
— E quem foi o seu anjo da guarda? — redarguiu Mike.
— Eu não sei se eu chamaria exatamente de anjo — completou ela, sentindo o nojo crescer dentro de si.
Entregou os bilhetes que acompanhavam os envelopes.
"Não são as respostas que você procura, mas talvez isso ajude."
"Por toda a dor que causei. Eu sinto muito. Não espero seu perdão. Talvez isso seja mais por mim mesmo."
— Tenho quase certeza que o dinheiro veio dele — falou, as palavras quase espumando de sua boca. — Aquele ... maldito.
— E o que você pretende fazer?
Desde o dia do acidente, Eleanor forçava a própria mente a tentar se lembrar de alguma coisa. Ela refazia seus passos, revivendo aquele momento dia após dia.
Ela e Benjamin. As pessoas. A calçada. A escola do outro lado da rua. Atravessar a faixa. O carro.
Repetia esta sequência para si mesma, como um mantra.
As vezes, ela quase conseguia ver os dois, como se fosse uma expectadora onisciente. Olhava para si mesma, para Benjamin, para as pessoas na rua. Outras vezes, tentava avisar as pessoas de dentro da cena. No entanto, nada podia ser feito. Em sua mente, ela só poderia reviver aquele momento e pensar nos impactos que ele causou. Mas nunca poderia mudá-lo.
De vez em quando, tentava ver o rosto do motorista, em uma tentativa de identificação. Era como um borrão. No relatório do acidente, ele era chamado de "Motorista Desconhecido".
Havia embarcado naquele looping. Lembrar. Sofrer. Fazer tudo outra vez.
Foi quando, há cerca de um mês, uma entrevista passara na televisão. Uma entrevista que mudou tudo.
Era noite, e Eleanor tinha acabado de voltar do trabalho, naquela semana, entregando mercadorias em uma loja de roupas para pets. Como de costume, jogou-se inerte no sofá. Seus pés estavam doloridos e inchados, e a coluna clamava por um analgésico.
A TV foi ligada e ela sintonizou em um canal aleatório. As vezes, precisava de um som de fundo para aplacar o fato de se sentir sozinha.
A jornalista, uma mulher negra de estonteantes cabelos crespos, entrevistava um empresário local que ficara famoso ao fechar contratos multimilionários. Era um desses infindáveis programas de Talk Show, ao melhor estilo Jimmy Fallon.
— Então, John, como está sendo essa experiência pra você?
— Bom, as vezes eu nem consigo acreditar! Estamos muito contentes de crescer no mercado. Nosso próximo passo é começar a investir com o comércio oriental. Estamos com grandes expectativas para o próximo ano!
— John, modéstia a parte, você têm conseguido coisas que nenhum dos seus concorrentes conseguiu até agora! É impressionante que alguém na sua idade esteja em um nível tão elevado. Qual é o segredo do sucesso?
— Karen, eu tenho um lema. A autenticidade. No ramo tecnológico, só se destaca o que é inovador. E a gente tem uma equipe muito boa também, sem eles eu não seria nada. E sem a minha esposa também... beijos, Cat...
— Para quem não sabe, o John é casado com a renomada autora Catherine Dawson, amada pelo público e pela crítica. Temos aqui um homem de sorte, pessoal! Ou melhor, um casal de sorte!
* risos*
A câmera, que estava focada em ambos, deu um close no homem. Eleanor estava pensando na lista de coisas a fazer no dia seguinte, mas, quando olhou para a tela, sentiu um clique dentro de si, como se algo acabasse de despertar.
Ela e Benjamin. As pessoas. A calçada. A escola do outro lado da rua. Atravessar a faixa. O carro.
O homem.
O entrevistado sorria. Estava nervoso, mas parecia se dar bem com a câmera. Tinha cabelos e olhos castanhos, usava um terno preto bem alinhado, camisa branca e gravata vermelha. Nesse momento, a entrevistadora Karen chamou o intervalo.
Eleanor Lynn ficou paralisada por alguns segundos. Ela conhecia aquele homem.
Em um salto, foi até a mesa. Abriu o notebook e, em uma pesquisa rápida, descobriu mais sobre ele. John Traynor tinha 32 anos e era uma promessa. Sua empresa start up de tecnologia havia desenvolvido programas inovadores que, em 10 anos, prometiam revolucionar o campo da pesquisa científica. Ele já havia chamado a atenção de grandes empresas europeias e asiáticas, e as estatísticas é de que visse a ser um dos empresários mais influentes na próxima década.
Não era a primeira vez que Eleanor Lynn se deparava com o nome de John Traynor. Ele constava no relatório da polícia como sendo o dono do carro que fora roubado e que tivera a placa supostamente clonada.
Ela jamais esqueceria aquele rosto. Aquele olhar nervoso que se cruzou com o dela por milésimos de segundo antes do carro se chocar contra o seu corpo. Um olhar que ficaria gravado em sua mente como uma tatuagem.
Eleanor entrou mais alguns sites.
Milionário.
Bem sucedido.
Uma promessa da tecnologia.
— Ellie, o que você vai fazer? — interrogou Mike, e ela percebeu que havia se perdido em devaneios.
— Não restam dúvidas de que se trata dele. E essa quantia só me diz que eu estou atrás do cara certo. Ele tem dinheiro o bastante para comprar o que quiser. Deve ter subornado algum policial para contar aquela história fajuta de placa roubada. Mike, esse homem está tentando fazer o mesmo comigo, me subornar, me comprar. E eu não posso simplesmente acusá-lo. Já foi retirado do caso assim que o suposto ladrão apareceu. Eu não tenho chance... — terminou a frase, e as palavras ficaram perdidas no ar. Ela se sentia como uma isca enquanto era caçada por um tubarão. — Eu precisaria de provas concretas do envolvimento dele, coisa que ele deve ter enterrado no buraco mais fundo que conseguiu cavar.
Mike olhou para Eleanor. O que ele via era o retrato de uma mulher desesperada que não ficaria de braços cruzados. Talvez fosse se arrepender das palavras que sairiam de sua boca a seguir, mas as disse mesmo assim.
— O único jeito que você tem é ser mais esperta do que ele. Ou forçá-lo a confessar. Mas acho que aí já seria demais...
Os olhos dela se iluminaram.
— Mike Collins, você me fez pensar...
— Eu tenho até medo desse olhar — replicou Mike, encarando-a.
Ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro. Mike ficou sentado na cadeira, olhando para ela, cuja expressão era a de quem estava prestes a encenar um monólogo.
— Se essa história me ensinou alguma coisa é que todos temos segredos, Mike. Todos temos nosso Calcanhar de Aquiles. E eu sei o segredo sujo que John Traynor esconde. Ele nunca se entregaria por conta própria, tenho certeza. Um empresário que atropela uma criança e foge sem prestar socorro? Nas mãos da concorrência isso seria uma bomba! — disse ela, fez uma pequena pausa dramática e prosseguiu. — Se ele acha que pode me comprar, está enganado. Eu vou destruí-lo, Mike. Pode não ser hoje, pode não ser amanhã, mas esse desgraçado vai pagar pelo que fez.
Naquele momento, mais do que nunca, Eleanor percebeu que a polícia nunca entregaria John Traynor em uma bandeja de prata. Se ela o queria preso, teria que se infiltrar na vida dele como um parasita, descobrir todos os seus segredos sujos, jogar com a mente dele.
Eleanor teria que ser a sombra de John Traynor.
Teria que saber cada passo dele.
E, acima de tudo, teria que ser mais esperta do que ele.
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