Estrela
Desviei o olhar da festa que se seguia, para além da varanda do castelo e dos limites daquele reino. Após um instante de concentração, senti meu corpo se esvair e em minha forma luminosa atravessei os domínios do reino que a pouco tempo era meu, passando pelos vilarejos que festejavam o coroar de sua nova rainha. Avancei até chegar na pequena casa na colina à beira da mata, já deixando aquela forma de luz. Um sentimento de conforto e uma certa nostalgia me tomavam naquele momento, estava em casa, depois de tudo o que havia acontecido.
Caminhei até a pequena casa. Tive uma certa dificuldade quanto ao vestido, já que a casa era um tanto apertada. Olhei breve para a escada que seguia para o segundo andar, pensei rapidamente em trocar de roupa mas, estava confortável daquele jeito, além de enfim estar como a princesa que sempre ouvir ser. Avancei até a cozinha, relembrando cada momento naquela casa.
Olhei pela janela que dava vista ao campo de atrás e notei algo um tanto incomum. Sai da casa, seguindo na campina que se estendia adiante, até a árvore que beirava a mata, e apesar de não ser a época, já que as demais árvores estavam perdendo suas folhas. Mas aquela, tinha uma alegria intensa, com suas flores avermelhadas ganhando um brilho dourado e um pouco azul pelo brilho que trazia o céu naquele fim de tarde. Apenas sorrir com a vibração que ela transmitia, apesar de incomum seu florir agora, era um tanto compreensivo, ao menos para mim, pois aquela árvore me acompanhava, pois foi plantada no mesmo ano em que nasci.
Apenas avancei até seu tronco, e me sentei ali, como se estivesse sentada em um puff murchinho por conta do vestido. Recostei-me na árvore, observando a paisagem que se seguia com o cair da noite, e o elevar de sua sinfonia, com o leve vento que soprava.
Fiquei ali apenas, aproveitando um tempo perdido. Olhei para cima, os galhos fortes e retorcidos, cobertos por folhas que apesar de tudo deixavam alguns poucos espaços de vista para o céu. E um deles me permitiu ver uma nova estrela, pequena porém brilhante, em todas as possibilidades de cor que pode se assumir, parecia clarear aquele crepúsculo com sua luz.
— Oi pai — soltei em um sorriso orgulhoso para a estrela que aos poucos ganhava a companhia de tantas outras.
Fechei os olhos ao sentir o vento soprar mais forte agora, ainda sorrindo. Agora. Por um instante, senti gelada uma lágrima escorrer lentamente.
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