Vassouras e maçãs
Corria entre as árvores, as lágrimas desciam quentes em seu rosto. Sua corrida foi interrompida ao tropeçar na raiz de uma das árvores e cair com tudo no chão. Se sentou, contendo os soluços, e recostando na árvore ao lado, encolhendo-se entre as pernas, tentava dispersar aqueles risos de sua mente.
Na aula de treino e voo de vassouras, dentre todos ela era a única que não conseguia comandar a sua vassoura. Por mais que tentasse e se esforçasse, não conseguia usar bem sua magia, e já haviam se passado dois meses desde que entrara na Academia Bruxz, e era a única que falhava na magia, em todas as lições. Talvez por ser apenas meio mágica, ainda podia ouvir uma menina a chamando de sangue fraco, o que aumentava seus soluços.
Algo tocou em sua perna, ergueu o olhar, visualizando o cabo de madeira flutuante a sua frente. Desviou o olhar, foi aquela maldita vassoura que fugiu dela o treino inteiro, foi ela quem a derrubou no barril de amoras, ainda podia sentir o molhado em suas costas. Não daria atenção aquele pedaço de madeira, mas ela se mostrou mais insistente que sua teimosia de não encará-la.
– Que é?!
A vassoura se afastou assustada.
– Você viu o que me fez?
Bufou, sabia que a culpa também era sua, da sua impaciência e insegurança, e por não saber montar também.
A vassoura se aproximou aos poucos e logo foi para trás da menina a fazendo levantar. A jovem sorriu observando a vassoura a rodeando, e logo subindo, notou as maçãs suculentas nos galhos. A vassoura pousou na frente dela, mantendo uma certa distância do chão, a convidando. Hesitou por um instante, fechou os olhos e abriu a mão pouco acima, a vassoura respondeu ao comando, roubando um largo sorriso da menina, que a montou, sentindo o impulso e logo se vendo no ar, próxima das maçãs. Finalmente haviam entrado em sintonia.
O resto da tarde passou colhendo as maçãs em rasantes rápidos e calculados, nem chegava a se comparar com a desastrada dos treinos. Naquela tarde já não percebia mais os risos e as lágrimas, mas algo maior e mais verdadeiro, magia. Não a que corria em seu sangue, mas uma que a envolvia de alegria. Alguns chamariam de liberdade ou amizade.
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