Rodolfo
– De novo nesta situação, Rodolfo?
– Que situação? – pergunta o gordo gato marrom.
– Sabe o quanto isso é lamentável?
– Pra quem? – retruca sem interesse em tal conversa.
Já era a quarta na semana, e não chegaram a passar de nem da segunda - feira.
– Nem sei por que ainda tô aqui! – reclama impaciente já.
– Já desistiu de mim antes – comenta Rodolfo erguendo seu chapéu para um que passava na rua. Ignorado. Não era de se esperar, a música tinha parado – Qual o problema dessa vez? – diz tocando alguns acordes em seu bandolim, que estava sem uma das cordas.
– Por que dessa vez é a última – responde sério.
O ignora completamente, e começa com uma velha e desafinada cantiga de gato. A opção não era outra, se não tampar os ouvidos, ou torcer para que isso acabasse logo.
– Você tem que sair desse beco – tenta chamar a atenção do gato.
– E O MUNDO VAI ACABAAAA – grita Rodolfo com o auge de sua rouca voz.
– Se continuar com essa porcaria, eu não duvido – resmunga, quase esperando o estourar de uma janela ou outra. Observa o gato impaciente e logo grita, buscando chamar sua atenção – RODOLFO!!!!
Em uma de suas altas notas, o gordo gato marrom se entala, tossindo sem parar, engasgado com um grito agudo, que mais se assemelhava ao esganiçar de uma gralha.
– Ó i, o quê que dá? – reclama se aproximando do gato e batendo em suas costas, o derrubando de seu banquinho – Pra alguém o mundo vai acabar de fato. Quer matar a gente de novo?
O berro se tornou ainda mais agudo. Um amontoado de pelos e poeira babada foi posto para fora, junto com o que devia ser um pedaço de alumínio de um lixo qualquer.
– Da última vez, você se engasgou com aquela ratazana de laboratório — relembra tomando seu lugar novamente – O Três te avisou que aquilo era radioativo.
O gato apenas o observa entediado, ainda se recuperando de seu recente engasgamento.
– Não tenho culpa se vocês são tão frágeis – reclama Rodolfo se sentando novamente em seu banquinho.
– A culpa não é nossa de você ser um pacóvio completo – retruca indignado, apesar de querer muito chorar, talvez de raiva, talvez apenas de desespero.
– Você só sabe reclamar?
– Éramos Deuses – diz revolto era para estarmos intocados, em uma almofada de veludo azul. Sendo venerados por esses bípedes que se dizem estar no topo da pirâmide – seus olhos brilhavam com a imagem de suas tantas vidas passadas – Elas foram feitas para nós!! – sua voz se rebaixa a um lastimável lamento ao observar a cena seguinte, de um cara jogando um pedaço de pão no velho chapéu – Ao invés disso, o que eles fazem? Nos rebaixam a uma beira de beco, esmolando um pedaço de pão.
– Ao menos não está tão mofado – comenta Rodolfo, lhe mostrando o pedaço de pão com alguns bolores já se formando em sua extremidade.
Ele apenas observa aquilo, tentando manter sua compostura. Havia sido o ápice.
– Desisto!
O gato entediado que tocava bandolim, pedindo esmola na rua, pois rato estava difícil de arranjar.
Frase que fiz e que serviu de base de inspiração para o conto.
Desafio da imagem
Conto de até 500 palavras
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