Pov Christian

- Então ela esta disposta a tudo mesmo. -Sussurra, mas ainda sim consigo ouvir.

- Como assim? Não esconda nada de mim Anastácia! - Me viro rapidamente e a encaro, esperando uma resposta.

- Lembra que mamãe esteve aqui esses dias... - Inicia ficando de pé.
Carla depois que Jamie nasceu, está morando numa casa de frente a praia, que fiz questão de comprar quando ela se interessou pela mesma durante uma viagem nossa. Agora, ela nos visita apenas em algumas épocas do ano.
-... Então, durante sua visita, o celular dela tocou e era...

- Grace! - Interrompo completando e ela apenas assente. - E o que ela dizia e queria?

- Durante os minutos em que minha mãe a manteve na linha, ela apenas gritava insistentemente que todos nós íamos pagar pela morte e sofrimento do filho dela. - Bufo e passo as mãos pelos cabelos preocupado.

Tudo estava tão bem...
Ela tinha que voltar logo agora?!

Sinto mãos macias fazendo carinho em minhas costas e viro, dando de cara com olhos azuis me encarando com cautela.

- Você não pensa em fazer nada né?! O mau por si só se destrói. - Passa os braços em volta do meu pescoço e me permito relaxar.

- Sabe que ela vai vir atrás de vocês né, não posso permitir que isso aconteça. Não posso me permitir esperar por isso de braços cruzados. Prometi pra Amelia, em seu leito de morte, que ela dando a vida ali não seria em vão. - Só agora lembrando dela que me dou conta, Grace apenas reivindica sentir as condolências do luto apenas por José, ela nunca toca no nome da filha.

- Sei que de onde ela estiver, já se sente vingada a sua maneira. - Beija meu peito e se afasta, já que a baba eletrónica nos avisa que um certo alguém acordou.

...

Encaro os papeis com os dados de tudo que a Sra. Castelo tem feito nos últimos meses pra cá. Deixei claro a Taylor que queria saber de tudo, e como o profissional eficiente que é, me trouxe tudo que havia conseguido.

Ela vendeu o hospital
Se mudou
E montou uma clínica a algumas quadras daqui.

Leio mais uma vez o nome e endereço desse novo local de trabalho dela, e ele não me é estranho.

Batem na porta, me fazendo saltar de susto. Olho pra porta, e Ana passa por ela sorrindo, com Jamie em seu bebe conforto entretido com brinquedos.

Levanto e vou de encontro a ambos.

- Já esta na hora? - Pergunto assustado, já que a consulta de nosso filho estava marcada pras 14hrs.

- Não, apenas resolvi vir mais cedo pra ficar um pouco com você, já que quase não esta parando em casa ultimamente. - Diz indo sentar-se no sofá de couro marrom que tem aqui.

Suas palavras me pegam em cheio, estava tão preocupado em esquecer das minhas lembranças doloridas que esqueci de dar atenção ao que realmente importa: Minha família.

Ando a passos largos até minha mulher, e sem avisar tomo seus lábios em um selinho demorado.

- Me desculpa ficar ausente assim amor, prometo mudar! - Seguro seu rosto em minhas mãos com carinho, e ela sorri.

- Tudo bem, acredito em você! - Colámos novamente nossas bocas, mas dessa vez num beijo caloroso e demorado.

...

As ruas de Seattle estão calmas, o que coopera pra que chegássemos logo ao nosso destino.

Desço do carro, abrindo a porta de Ana e ajudando com as coisas de Jamie enquanto ela o pega no colo.

Entramos e já é quase a nossa vez. Pego meu filho e começo a brincar com o mesmo pra passar o tempo.
Meu garotão está crescendo muito rápido.

- Nossa vez amor! - Chama minha mulher, e caminho devagar com um pequeno sorridente me babando todo.

Ela espera na porta, e logo passo por ela. Como de costume, Carrick já nos espera sentado atrás de sua mesa.

- E como vão as coisas com esse meninão? - Pergunta se levantando e pegando seu neto, neste momento paciente nos braços.

- Muito reclamão esses últimos dias, quase não dorme e quando o faz, acorda aos berros. - Relata Ana massageando as têmporas.

Sempre quis ser pai, vivenciar tudo isso nos mínimos detalhes, e nem esses escândalos de Jamie me fizeram questionar voltar atrás em realizar meu sonho.

Acompanho enquanto meu pai, alias, o pediatra faz os procedimentos de rotina: Confere pulsação, peso, altura...
Não tiro meus olhos um só segundo dos dois.

Pouco tempo depois ele se senta e entrega meu filho a mãe. Ana começa a tirar duvidas com ele relacionado a tudo que Jamie esta passando e pode passar, já que daqui a pouco apontarão  os primeiros dentinhos.

Estávamos todos entretidos, até que uma batida na porta ganha toda a nossa atenção.

- Com licença, Dr. Trevelyan preciso que... - A voz feminina para quando parece nos ver.
O corpo todo arrepia, como ontem a noite no escritório.

Não, não pode ser!

Viro com tudo e me deparo com Grace parada a porta, com um sorriso maquiavélico nos lábios, olhando diretamente pra Anastácia e meu filho.