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Pov Christian

- Ei, achou o que pedi? -A voz dela me assusta, e volto a mim.

- Sim amor, achei! - Respondo rápido, erguendo a apostila para mostrar lhe que fiz o que me pediu.

Me viro ao seu encontro e ela sorri, indo em direção ao closet enrolada na toalha.

Encaro mais uma vez o pequeno papel com o nome de meu pai escrito nele, e me pego numa balança.
Contar X Não contar
Aquilo fica martelando e chega a me tirar do sério por causar tanta discórdia interna.

Respiro fundo, e resolvo por adiar a verdade. Já que teremos consulta com o pediatra novamente dentro de 3 dias, será a hora ideal pra contar.

Arrumo sua pasta novamente e me deito na cama, esperando pacientemente e com um tesão do caralho minha mulher vir pra cama.

...

Acordo assustado com um choro baixo vindo da babá eletrónica e olho rapidamente no relógio: 3 horas da manhã.

Levanto com extrema preguiça, e sigo pro quarto ao lado do nosso. Abro a porta, e já posso ver um remexido sem nenhuma paciência de um pacotinho azul dentro do berço.

- Cólicas garotão? - Me encosto no berço e ponho a mão em sua barriga tentando acalma lo.

Ele para um pouco, mais o resmungando vai elevando os timbres de altura.

Pego seu pequeno e frágil corpo, apoiando o em meu peito. Caminho ate o trocador e verifico se ele está sujo, comprovando que sim, abro todo o seu macacãozinho e tiro sua fralda suja. Acompanhado de lenços de papel, pomada, talco e uma fralda limpa, faço meu serviço direirinho e o troco.

Ate que, Jamie depois de limpo, para um pouco mais de reclamar. Tento nina lo um pouco, andando de um lado a outro do quarto cantando músicas infantis, mas ele já decidiu que não quer mais ficar comigo, e protesta da forma que sabe melhor: Com a garganta e remexendo braços e pernas.

Rindo, volto ao meu quarto e acordo Ana.

- Esse príncipe do papai tem fome amor, muita fome. - Ela ri sonolenta, enquanto se espreguiça na cama. Tira um alça de sua camisola, e o pego de meus braços, arrumando o mesmo pra mamar.

- Pega a almofada de amamentação lá no quarto dele amor, por favor! - Pede manhosa e faço o que me pedi.

Encontrando o que quero perto do trocador, volto e a entrego a ela, recebendo um Eu te amo de agradecimento.

Fico admirando a cena, ate que sinto uma vontade súbita de ir ao banheiro.

Voltando de lá, encaro a cena mais linda de todas.

Ana encostada num travesseiro apoiado em suas costas, a mantendo sentada dormindo, enquanto Jamie se mantém no peito, sugando vez ou outra, também de olhos fechados.

Meu peito simplesmente se enche de amor e felicidade por aqueles dois seres que entraram no meu caminho pra me fazer o homem mais feliz e realizado de todos.

...

Dia da consulta de Jamie, e também o dia em que decidi contar a Ana sobre meu pai e a merda toda que o cerca.

Levanto ainda cedo, faço minhas higienes e resolvo malhar um pouco na academia do prédio pra desopilar.

Voltando uma hora e meia depois, encontro Ana com Jamie já no colo mamando, olhando atenta algo no celular.

- Oi princesa! - Cumprimento e ela me olha já sorrindo.

- Bom dia amor, te procurei na cama de manhã e fiquei assustada por não te achar. - Faz bico e me aproximo de meus amores.

- Precisava treinar um pouco amor, desocupar a mente sabe. - Lhe dou um selinho, e beijo a cabeça de nosso filhote. - Vou pro banho. -Aviso já correndo pra escada.

Pouco tempo depois, estou dentro do meu habitual terno, já pronto pra sair.

Encontro com minha mulher e filho já prontos pra sair no hall de casa. E lá vamos nos, de encontro ao meu presente, versus passado.
...

Estamos num sinal vermelho e olho de relance pra ela, procurando palavras específicas pra começar a falar.

- Você tá estranho! - Comenta, enquanto me analisa com os olhos.

- Preciso te dizer algo! - O sinal abre e arranco suavemente com o carro.

- Que seria? - Curiosa como sempre, ela me incentiva a continuar

- Sabe o tal professor substituto da sua faculdade?- Ela apenas assente. - Então, ele e o pediatra tem algo em comum. - Paro o carro no estacionamento singelo da clínica. - Em ambos os casos, é meu pai! - Solto de uma vez e ela me encara de boca aberta