- HATHAWAY -

A noite do dia 31 se iniciou com vinho e música. Admirei a forma com que meu irmão Seokjin cumprimentava e conversava com todos, ele sempre foi perfeito nisso, desde novo meu pai o ensinou a ser um bom nobre para quando herdasse o ducado. Papai estaria orgulhoso.

Quanto mais o tempo passava, mais damas chegavam ao salão, algumas conversando entre si, outras sendo guiadas pelas mães casamenteiras, outras em lugares estratégicos esperando que alguns dos cavalheiros presentes as convidem para uma dança. Encostei meu corpo em um dos pilares distantes da multidão e continuei assistindo a festividade. Jimin estava distante junto com a condessa, sua mãe estava lhe apresentando para as damas mais exuberantes do baile, tenho certeza que a única coisa que meu amigo quer fazer é sair correndo dali.

— Meu filho, saia daí. Dessa forma as pessoas não conseguirão vê-lo, deixe-me lhe apresentar algumas pessoas. — Mamãe chegou perto de onde eu estava e segurou o tecido de minha manga, não pude fazer nada a não ser sair andando com ela, estava eu caçoando de Jimin mentalmente, agora passarei pelo mesmo.

Mamãe me levou diretamente para o trio de irmãs da família Hastings, elas normalmente são responsáveis por todo o espetáculo musical do baile. A família Hastings é daqui de Londres, já vi as garotas de longe em outras festividades, apesar de nunca ter trocado uma palavra com nenhuma delas, conheço todas pelo nome.

A da direita, com um vestido azul turquesa é a mais velha das três, seu nome é Hyacinth. Os cabelos ruivos longos são herança da família Hastings, tal como os olhos azuis de Jimin. Hyacinth sabe tocar harpa, ela e as irmãs farão uma apresentação para todos em alguns minutos, pelo menos foi isso que eu li no papel de programação da abertura da temporada que mamãe fez.

A dama da esquerda é a filha do meio, seu nome é Gregória. Ela toca violino, super bem por sinal, já a vi em algumas apresentações fazendo solos. Seus cabelos longos estavam presos em uma trança cheia de flores, estava trajada de um vestido rosa um pouco chamativo, sinceramente eu não gostei nada da cor, apesar de ter gostado dos contrastes das flores em seu cabelo.

A menor delas estava no meio, seu nome é Vênus, a caçula da família. Pelo torcer de mãos no momento em que eu me aproximava com minha mãe, a garota estava nervosa. Seus cabelos estavam presos em um coque alto muito sofisticado e seu vestido verde esmeralda combinava perfeitamente com a cor de seus olhos, que só me dei conta agora de que são verde musgo, diferente dos olhos castanhos das duas irmãs.

Ela me chamou mais atenção do que as outras, talvez por verde ser minha cor preferida, ou pelo fato de seus olhos serem da mesma tonalidade dos meus, mas sinceramente falando, creio que gostei mais dela por causa de seu instrumento, Vênus é a única das irmãs que sabe tocar piano, e é a única delas também que canta as músicas que apresentam.

Quando pisei meus pés perto delas junto com minha mãe, percebi que ela me conhecia demais. Mamãe sabe que só estou aqui por causa de Jimin, então fez questão de apresentar damas solteiras que têm exatamente tudo o que eu gosto: Bom gosto, estilo e música.

As três fizeram uma pequena reverência, cumprimentando minha mãe, me curvei levemente também enquanto murmurava um "senhoritas" em sinal de respeito, posso ser arteiro, levado e dar muito trabalho para a senhora Drummond quando estamos em casa sem nada pra fazer, mas também sei ser educado.

— Lady Kim, que recepção incrível! Os inícios de temporada em sua propriedade sempre são os melhores. ­— Hyacinth falou enquanto sorria, ela já deve ter participado de outras temporadas, acredito que esta é a primeira apenas da pequena Vênus.

— Minhas recepções não são tão incríveis se não houver vocês três para compartilhar suas melodias conosco, o que nos prepararam? — Minha mãe agarrou meu braço enquanto conversava, como se dissesse: Hey, olhem para o meu filho aqui.

— É surpresa, Lady Kim. — Gregória desconversou, então mamãe resolveu anunciar minha presença.

— Creio que será incrível! — Então ela me puxou um pouquinho pra frente. — Temo que não conheçam ainda meu filho mais novo, este é Kim Taehyung, é a primeira temporada dele. — As três fizeram uma mesura para mim.

— Prazer em conhece-lo, sir. Kim. — Elas falaram em uníssono.

— O senhor é o terceiro filho, não? Após o sir. Kim Namjoon? — Gregória perguntou diretamente pra mim, senti um pouco de preconceito com minha posição hierárquica na família, mas ignorei.

— Sim, Seokjin é o filho mais velho, após ele vem Namjoon e em seguida eu. Sem contar nós três, resta apenas minha irmã mais nova Jennie, de onze anos.

— Que família linda. — Hyacinth comentou, depois olhou pra trás. Segui seu olhar e percebi que ela encarava Jin, que havia acabado de se despedir de uma senhora com as filhas. — Lady Kim, seria muito incômodo pedir para nos apresentar seus outros dois filhos, já que já conhecemos o senhor Kim Taehyung?

Tive absoluta certeza que ela estava incomodada por eu não estar nem perto da linha de sucessão quando falou isso, Gregória ficou empolgada na hora em que minha mãe concordou. Pobre mulher, não percebe os abutres rondando ao redor de suas crias, apenas nos joga para eles.

— Claro que apresento, vamos ali com Seokjin, ele está desocupado. ­— Gregória e Hyacinth se despediram de mim e saíram atrás do rabo se saia de minha mãe para serem apresentadas a Seokjin, eu iria aproveitar para fugir, mas percebi que Vênus não saiu do lugar.

Na verdade, ela não falou nada desde que minha mãe começou a conversar com suas irmãs.

— Senhorita Vênus, não vai com elas? — Perguntei educadamente, a garota olhava para o chão a todo instante, mas no momento em que falei ela me olhou um pouco envergonhada.

— Eu não sei, senhor. Não quero ir. — Olhei para os dois lados enquanto pensava no que fazer, então tomei uma decisão.

— Me acompanha em uma dança? Assim podemos conversar. — Entendi a mão pra ela, Vênus aceitou, mas ainda com receio.

— Isto é uma tentativa de me cortejar? Porque se for, eu sinto muito mas terei que rejeita-la. — Ainda segurando sua mão eu olhei em seus olhos.

— Você está desconfortável, isso é só um convite para dançarmos pra que você relaxe um pouco, prometo não tentar absolutamente nada. — Ela assentiu e eu a conduzi para a pista de dança.

Pude sentir o olhar de aprovação de minha mãe em minhas costas. Lançando os filhos ao leões, pobre mulher.

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(A música que tocava naquele momento no baile está na mídia.)

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Assim que o som do piano entrou em meus ouvidos eu guiei Vênus no primeiro passo de dança, é uma das primeiras coisas que nos é ensinado, principalmente em uma família da nobreza.

— O senhor é um bom dançarino. — Ela comentou.

— A senhorita também. — Eu queria deixa-la confortável, então não iniciei a conversa.

Ainda,

— Estou aprendendo esta melodia para tocar em meu piano, descobri a existência dela recentemente e já estou apaixonada. — Vênus entrou em um assunto que era totalmente confortável para mim, ainda prestando atenção em nossos passos eu passei a trocar ideias de música com ela.

— Já conheço está música há um tempo, Bache faz parte de meu repertório musical, quando preciso relaxar eu toco algumas composições dele, de Beethoven, Frans Lizst, alguns dos que nós, músicos, somos acostumados a escutar dentre os eventos sociais.

— O senhor sabe tocar piano? — Vênus perguntou admirada. — Pensei que só o duque sabia.

— Meu irmão me ensinou quando eu era mais novo, como sabe que Seokjin toca piano? Ele nunca tocou para ninguém fora de casa. — A garota desviou o olhar de novo.

— As informações sobre homens solteiros chegam rápido em nossas casas, seu irmão é o nobre mais desejado entre as damas atualmente, por isso minhas irmãs insistiram em falar com ele, nossa mãe tem fé de que ele se case com uma de nós.

— Foi por isso que a senhorita descartou qualquer possibilidade de eu corteja-la? — Ela assentiu um pouco envergonhada.

— Me perdoe se era esta a sua intenção, o senhor é um homem bom e gentil, percebi isso agora, mas não posso decepcionar minha mãe, infelizmente o senhor não se encaixa nos padrões que ela me designou. — Vênus fechou os olhou realmente sentida pelo que acabou de me dizer, eu não fiquei mal ou algo do tipo, ao contrário, admirei sua sinceridade, talvez se eu realmente buscasse uma esposa, ela seria minha primeira escolha.

— Não a chamei para corteja-la, apenas queria que relaxasse um pouco mais, mas já tomei muito de seu tempo, espero que esteja melhor agora senhorita. — A música terminou e fizemos uma reverência cumprimentando um ao outro.

— O senhor estará em minhas orações, muito obrigada pela dança e pela companhia. — Vênus saiu a passos apressados para encontrar as irmãs e eu voltei para o meu lugar de antes ao lado da pilastra, quando cheguei lá, Jimin apareceu com um bolinho em mãos.

— Acho que alguém vai casar primeiro que eu. — Dei um beliscão no braço dele.

— Apenas a convidei para dançar, a garota estava nervosa. — Jimin sorriu após morder o bolinho.

— Se interessou por ela? — A olhei de longe por um tempo.

— Talvez em uma outra situação, ou em outra vida. Ela com certeza é a mais sensata das três irmãs, mas ainda está muito envolvida pelas aparências desta sociedade. ­— Puxei o ultimo pedaço de bolinho da mão de Jimin antes que ele o comesse e mordi.

— Ah não, Kim! Vá buscar um pra você, ladrão de bolinhos. — Lambi os lábios de tão delicioso que aquilo era.

— Quem fez? Isso está uma delícia! — Jimin me olhou com a cara fechada e lambéu seus próprios dedos para limpar o resto do açúcar.

— A fornada que fizeram está pra acabar, se eu fosse você iria buscar logo, está ali do outro lado do salão.

Deixei Jimin falando sozinho e fui atravessar o salão para pegar mais bolinhos, quando estava no meio do caminho percebi que só tinha mais um na bandeja, apertei o passo para chegar lá primeiro que qualquer outra pessoa, mas minha mãe me parou, interrompendo minha missão.

— Taehyung, querido. Preciso de você. — Então ela me puxou pra perto do palco onde ficava os instrumentos e eu assisti de longe uma garota de vestido preto pegar o último bolinho da bandeja.

Droga.

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Fanfic também é cultura.

Francis Edward Bache foi um organista e compositor inglês. Bache nasceu em Birmingham como o mais velho de sete filhos de Samuel Bache, um conhecido ministro unitarista.

Desde pouca idade, Bache mostrou talento extraordinário para a música, aprendendo assiduamente piano, órgão e violino, sendo este último o instrumento no qual fez mais progressos sob a tutela de Alfred Mellon. Foi convidado a tocar na orquestra dos festivais de Birmingham de 1846 e 1847.