Capítulo quatro
Os raios do sol da manhã entravam dando luz ao quarto, assim acordando o garoto que ali dormia calmamente, o loiro sentou-se na cama e se espreguiçou para afastar os últimos resquícios de sono ainda presentes, levantou-se por fim se dirigindo até o banheiro no corredor para fazer sua higiene matinal. Era finalmente sexta e poderia sair com Emanuel depois da aula para conversarem, disse ao amigo que lhe contaria por mensagem o que havia acontecendo entre si e James no jardim, porém acabou se esquecendo e indo dormir após falar com o moreno.
Pegou então suas coisas e se encaminhou à cozinha para tomar café da manhã com seus pais e lhes pedir alguns trocados para os garotos comerem um lanche, os mais velhos concordaram e o pediram cuidado quando fosse sair, Caio então concordou saindo apressado para se encontrar com o ruivo na esquina. Assim que chegou pode ver as feições do melhor amigo e deu um sorriso envergonhado para então sair puxando Emanuel enquanto começava a falar antes de dar tempo do ruivo lhe dar uma bronca.
— Olha, eu sei que eu esqueci de mandar mensagem, então pra te compensar por ter ficado esperando nós vamos sair pra comer de tarde e eu te conto tudo o que você quiser saber tudo bem? E eu pago. – Sorriu e viu Emanuel sorrir junto consigo, percebeu então que o amigo não estava realmente com raiva.
— Tudo bem.
Os dois foram para a sala e descobriram que o professor estava doente e por isso não iria poder comparecer as duas primeiras aulas, no momento estavam sem o professor substituto então a coordenação os liberaram para ficarem conversando até o horário da terceira aula, mas pediu para que os alunos não fizessem muito barulho para não atrapalhar as outras salas que estavam tendo aula. Alguns alunos ficaram jogando jogos de cartas como uno e burro, outros ficaram ouvindo música em seus fones de ouvidos e uma boa parte conversando. Caio, Emanuel, James e Samuel se juntaram em um canto da sala com menos pessoas para conversarem com maior privacidade.
— Quando vamos marcar o próximo encontro? - James comentou animado – Já estou com saudades de sairmos nós quatro.
— Assim que tivermos tempo podemos sair – Sam só riu ao comentar – Tem algum dia que todos estão livres?
— Temos que ver. – Emanuel comentou pensativo.
— Poderíamos ir hoje, acho que ninguém tem nada pra fazer. – James sugeriu de maneira animada.
— Ah, hoje eu vou sair com o Manu, mas podemos sair outro dia – Caio comentou meio envergonhado – Por que vocês dois não saem juntos também? Assim ninguém fica sozinho hoje.
— É uma boa ideia, a gente pode ir lá em casa. – Sam se virou para o moreno e sorriu.
— É uma boa. – O mais alto concordou e eles fizeram um cumprimento com a mão.
As aulas se passaram rapidamente e assim os quatro amigos estavam finalmente caminhando para fora das dependências da escola e cada dupla seguindo seu próprio caminho. Samuel e James foram para a casa de Sam enquanto Caio e Emanuel iam para uma lanchonete perto da praça da cidade. O loiro e o ruivo não andaram muito mais que 10 minutos até o local, sentaram-se e esperaram alguém vir atendê-los para fazerem seus pedidos, assim que o homem que os atendeu se retirou Caio olhou meio apreensivo para o melhor amigo, o que ele estaria pensando nesse momento? Estaria ansioso, irritado ou ambos?
— Então? – Emanuel olhou Caio esperando que esse começasse a dizer o que havia lhe prometido.
— Tudo bem, o que você quer saber?
— Tudo, desde o começo.
— Ok... Bem depois daquele dia em que nós quatro saímos juntos eu e o James acabamos ficando bem próximos e conversávamos todos os dias a partir disso, e sabe as vezes eu até sentia que ele estava flertando comigo, mesmo que seja só de brincadeira. – Caio sorriu e continuou a contar – Ele sempre foi extremamente atencioso comigo Manu, além de que naquele dia na sala em que ele fez carinho no meu cabelo, Deus, eu soube naquele exato momento que nunca vou amar tanto alguém na vida como eu o amo, e sabe quando ele me fez um carinho na nuca? – Viu Emanuel assentir confirmando que se lembrava do fato. – Então, eu te juro que pude ver as pupilas dos olhos dele dilatarem enquanto ele olhava para mim e as bochechas dele quererem começar a corar.
— Vocês são extremamente fofos sabia? – O ruivo disse sorrindo, viu o pedido dos dois chegarem e ser colocado na mesa, ambos pegaram seus respectivos lanches e bebidas enquanto continuaram a conversa dando pequenas pausas para comer. – Enfim, continua contando.
— Tudo bem, enfim aí ele me mandou aquela mensagem que queria me mostrar algo e no intervalo me levou lá, e Manu aquele é definitivamente um dos lugares mais bonitos que aquela escola tem, é cheio de árvores e diversas flores coloridas uma mais bonita que a outra, fica bem no fundo da biblioteca depois da sessão de livros sobre botânica, tem uma porta que dá acesso ao jardim da escola e por incrível que pareça não havia ninguém lá! Dá pra acreditar? Acho que metade dos alunos não conhece aquele lugar. Enfim, então ele me pegou pela mão, fechou a porta e me conduziu até debaixo de uma das árvores que havia ali. – Caio disse sorrindo e parando para comer, olhou para frente vendo o melhor amigo fazer o mesmo, se sentia tão feliz de ter alguém com quem compartilhar esses momentos e conversas. – Então eu perguntei como ele havia descoberto aquele lugar, afinal já que como parece que a metade dos alunos não conhece o lugar, foi uma surpresa ele saber, e então ele me respondeu que ia lá com o Sam quando ele precisava. O que você acha que isso pode significar?
— Eu não sei, talvez algum momento ruim que o Sam tenha tido, o James pode ter acabado achando.
— Eu sei né Manu, o que eu estou falando é, o que você acha que Sam teve que parece ser tão grave que fez o James descobrir aquele lugar? Afinal vocês também ficaram bem próximos, você deve saber de alguma coisa que nos ajude a descobrir.
— Não somos tão próximos. – O ruivo corou e desviou o olhar para seu próprio lanche. – Eu realmente não sei de nada que possa ajudar e acho que nós não devíamos nos meter na vida pessoal dos outros assim Caio, se ele não nos disse nada é porque não está à vontade para se abrir sobre esse assunto. Talvez um dia ele nos conte, mas é melhor não insistirmos nisso e nem o perguntar para não o deixar desconfortável.
— Ok... – O loiro fez um biquinho pela curiosidade, mas sabia que Emanuel estava certo afinal. – Bom, continuando, depois isso nós ficamos conversando e ele disse que me levou lá porque eu sou uma pessoa especial para ele além de que gostava muito de mim, eu disse que também gostava muito dele e nossa como foi difícil me segurar para não me declarar ali mesmo. Depois disso nós apenas ficamos conversando até o fim do intervalo, porém antes de irmos ele deu a ideia de nós tirarmos uma foto, acredita? A propósito é essa foto aqui. – Caio mostrou a imagem que era agora sua tela inicial do celular.
— Estou torcendo pra você não dar mole e deixar ele ver a foto de vocês como seu plano de fundo do celular.
— Sinceramente, eu também. – Ambos riram e terminaram de comer, chamaram novamente o garçom que havia os atendido e pediram a conta. – Mas e você e o Sam, hein Manu?
— Isso é conversa pra outro dia. – O ruivo desviou os olhos com as bochechas avermelhadas, não queria falar sobre Samuel naquele momento, afinal não sentia nada pelo amigo, não é?
Foram então em direção ao caixa e Caio pagou o lanche dos dois como havia prometido, caminharam juntos até suas respectivas casas conversando banalidades do dia a dia.
Enquanto Caio e Emanuel conversavam na lanchonete, James e Samuel estavam chegando perto da casa do mais novo para também conversarem, assim que chegaram na casa do garoto, ambos foram recepcionados pela irmã de Sam que estava com um avental sujo de algo que parecia ser massa de bolo. James conhecia aquela casa inteira como a palma da própria mão e sempre foi extremamente bem recebido pela família do melhor amigo, todavia algo que sempre o incomodou é como toda vez que pisa os pés para dentro da casa é como se uma avalanche de sentimentos ruins e uma áurea pesada o invadisse, além do fato de quando eram pequenos Sam ter o dito "Por favor, nunca acredite no que os adultos dizem, não deixe os adultos aqui presentes chegarem muito perto de você", nunca esqueceu as palavras do garotinho de apenas 10 anos, nunca mais tocaram nesse assunto depois que ambos cresceram, mas a frase sempre ficou gravada na mente de James como uma queimadura que ardia toda vez que entrava na casa.
Os pais de Samuel não se encontravam em casa no momento em que ambos , então ambos apenas subiram para o quarto do moreno e se sentaram no tapete depois de deixarem as mochilas em algum canto do quarto. James estava encostado na cama enquanto Samuel estava deitado no meio do tapete, porém viu o garoto se arrastar até perto de si e deitar com a cabeça nas suas coxas, sorriu levando a mão até as mechas castanhas e avermelhadas do amigo o ouvindo ronronar baixinho e fechar os olhos enquanto sorria.
— Sam.
— Sim?
— Preciso te contar algo e queria que você me ajudasse.
— Late. – O moreno riu recebendo um tapa fraco na testa.
— Eu ando me sentindo estranho em relação ao Caio sabe? É estranho porque eu não me lembro de ter me sentido assim com outras pessoas, eu tenho vontade de cuidar dele toda vez que o vejo e o encher de carinho porque ele é simplesmente a pessoa mais fofa que eu conheço. Parece que ele é feito de porcelana com a pele rosadinha e os lábios sempre brilhantes pelo gloss, as unhas sempre bem pintadas de um rosa clarinho que o deixam ainda mais adorável e o cabelo dourado, ele é simplesmente o tipo pessoa que você tem vontade de abraçar e proteger porque é preciosa demais pra esse mundo.
— Jamie. – Sam chamou olhando o amigo.
— E ele não é só um rosto bonitinho entende? Ele é incrível em todos os sentidos, é cativante, animado, sonhador, amoroso, aquele tipo de pessoa que você poderia conversar por horas e horas a fio sem se cansar, e meu Deus eu o adoro tanto porque quando nós dois conversamos, seja pelo celular ou pessoalmente eu me sinto flutuando, nós podemos estar falando de como cachorro quente fica melhor com katchup do que com mostarda e simplesmente se torna a conversa mais interessante e engraçada do mundo.
— James. – Samuel chamou mais uma vez se segurando para não rir de como o amigo estava apaixonado e nem se deu conta.
— Sam, eu espero nunca o ver triste, porque aqueles olhinhos são preciosos demais para derramarem lágrimas, eu tenho vontade de sentar com ele e perguntar sobre toda a sua vida, seu passado, seus sonhos, objetivos, que tipo de pessoa ele gosta, tenho vontade de saber tudo sobre ele.
— JAMES! – Sam gritou assustando o melhor amigo e então soltou a risada que estava guardando. – Meu Deus, você está tão apaixonado, nunca pensei que eu fosse te ver assim um dia.
— Apaixonado?
— Sim, até demais, como você não percebeu?
— Eu não sei, é muita coisa pra processar, tipo como assim eu apaixonado?
Ambos os garotos deram risada e então ouviram duas batidas leves na porta, a mãe de Samuel colocou a cabeça para dentro do cômodo e sorriu ao ver James, a mulher gostava bastante do amigo do filho. James então percebeu algo que sua mente não havia processado antes, a mãe de Sam usava sempre roupas de manga longo mesmo que estivesse calor, as longas ondas do cabelo castanho, que particularmente dava para notar de quem Sam havia puxado, sempre soltos e as olheiras em baixo dos olhos tão sem vida da mulher. Um calafrio passou por sua espinha, porém logo tratou de disfarçar.
— Olá meninos. – A mulher sorriu – Acabei de chegar do trabalho e a Jenny quer saber se vocês querem alguma coisa, ela acabou de tirar o bolo de chocolate da geladeira.
— Pode trazer um pedaço para nós mãe?
— Claro meu amor.
E então a moça se retirou do quarto deixando os dois sozinhos novamente, Sam se levantou das coxas de James para puxar uma mesinha que os dois sempre usavam para comer quando ficavam no quarto conversando ou vendo filmes, James então olhou para Sam quando este se sentou de frente para si.
— Sua mãe parece abatida.
— Sério? – O mais novo respondeu sem olhar diretamente nos olhos do melhor amigo.
— Sim, está tudo bem?
— Está tudo normal, ela está bem não precisa se preocupar. – A voz de Sam pareceu chorosa por um momento.
— Sam, tá tudo bem mesmo?
— Tá sim, eu vou ir fazer algo para bebermos, já volto.
— Tudo bem...
Sam então se retirou do cômodo rapidamente deixando James sozinho com seus pensamentos, porém não demorou muito para que o mesmo voltasse com duas xícaras de leite com achocolatado e os pedaços de bolo enquanto sorria e dizia que ambos poderiam ver um filme antes de James ter que voltar para casa.
E assim fizeram, viram algum filme qualquer apenas para passarem o tempo juntos enquanto comiam, quando o relógio deu 18h Sam levou o amigo até a entrada da casa para se despedirem. James pode ver o pai de Sam sentado na sala junto da mãe do mesmo, Jenny já devia estar no quarto àquela hora e essa foi uma coisa que James nunca entendeu, afinal como Sam tinha mais liberdade dentro de casa do que Jenny sendo que a garota era três anos mais velha que seu melhor amigo? Porém nunca perguntou a Sam pois o assunto parecia deixar o garoto desconfortável.
Deu um breve "tchau" para os pais do amigo, o deu um abraço e foi para sua casa, a vantagem de serem praticamente vizinhos era que seus pais não se importavam de que ficasse até um pouco mais tarde na casa de Sam. Assim que chegou cumprimentou seus pais e foi para o quarto, não estava com fome então apenas tomou banho e se deitou para dormir.
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