🌻TRINTA E DOIS🌻
Emma
Dois dias depois.
Eu estava animada.
Mais animada que ele por sinal, que é a pessoa que deveria estar transbordando de alegria.
— Abre um sorriso aí, seu cabeça oca! — Eu balancei Logan com as minhas duas mãos, deixando ele tonto.
Ele abriu um sorriso e riu ao mesmo tempo em que me abraçava.
Nós estávamos em minha casa, sentados em cima de uma toalha de mesa na neve, no lugar vago.
Olhei para o lago. Ele era tão bonito nessa época.
Ele me dava arrepios só de olhá-lo, mas ao mesmo tempo era belo de se apreciar.
Olhei para os olhos de Logan. Os mesmos olhos cor de avelã...
Ele estava quieto.
— É sério, por que você não tá tão animado assim?
— Ah, mas eu tô sim! — Ele tentou abrir um sorriso, mas deu pra notar que era com um certo esforço.
— Sua cirurgia é na semana que vem, como você havia previsto, e mesmo assim você está meio inquieto.
Logan havia conseguido um agendamento de última hora, no mesmo hospital em que ele havia ficado quando passou mal.
Quando ele disse a data para nós, ficamos mega animados.
Bom, pelo menos eu fiquei.
Foi difícil conseguir aquele agendamento, já que a maioria estava tirando férias de final de ano, mas ele pegou uma etiqueta amarela para casos de urgência mediana (por mais que eu ache que ele poderia ter pego a vermelha), então deu tudo certo.
Mas ele não parecia tão ansioso por isso.
— Olha Emma... — Ele respirou fundo. — Eu juro que estou sim, é só que... — Então ele me olhou como se estudasse os meus olhos deliberadamente. — eu apenas estou meio nervoso, só isso.
— É normal se sentir assim, eu entendo. — Entrelacei minha mão na sua.
Ficamos alguns minutos abraçados, olhando os flocos de neve caírem sobre o local.
Até que ele começou a rir.
— O que foi?
— Eu pensei numa piada.
Fiquei o encarando, esperando ele contar.
— É que se colocarem um tubo no meu coração, será que ainda vou conseguir te amar?
— Wow, essa piada foi péssima.
— Eu sei.
Mas então segundos depois nós só sabíamos rir dessa piada ridícula, e nada mais.
Cada minuto na qual eu passava com ele era importante pra mim.
Então ele segurou uma das minhas mãos e colocou sobre o seu coração, dizendo:
— O que quer que eles coloquem aqui, não vai me impedir de continuar sentindo o que eu sinto por você.
— É claro que não. É um órgão, seu bobão. — Eu ri e abracei ele.
— Foi mal! Só tentei ser fofo... — Logan ficou emburrado.
Ficamos alguns minutos assim, até que eu percebi que seu olhar estava fixo do outro lado do lago congelado.
— O que foi?
— Ah? Ah, nada. — Ele pareceu meio inquieto e agitado, então se levantou. — É melhor a gente voltar pra dentro, tá ficando mais frio.
Eu concordei, me levantei e arrastei a porta de correr.
Estávamos deitados no meu sofá, assistindo Star Wars.
Eu estava comendo salgadinho de queijo, daqueles que deixam a mão toda laranja, enquanto Logan bebia um refrigerante de limão.
Eu olhei para os meus dedos, e lá estavam eles: todos sujos.
Um pensamento me ocorreu.
— Sabe Logan, isso foi graças a você. — Mostrei minhas mãos para ele.
Ele ficou confuso.
— Ahn...as mãos sujas?
Eu lambi os dedos, e continuei:
— Não. O meu TOC. — Eu pausei o filme, e olhei para ele. — Queria falar sobre isso há algum tempo com você, mas é que o meu diagnóstico parece insignificante perto da sua doença de coração e tudo mais, então eu só ignorei.
— Nada que venha de você é insignificante, continua. — Ele deu um gole na latinha.
— Antes eu não conseguia me controlar, por exemplo, a Emma do passado iria a cada dois minutos ali na pia lavar as mãos, ou pra começo de conversa ela nem pegaria esse salgadinho. Mas olha como eu tô agora, né?
Ele deu de ombros.
— Foi você também, Emma. Você deixou eu te ajudar.
— Mas sem você Logan, me dando apoio, me ensinando coisas sobre como se viver direito, eu nunca teria conseguido ser quem eu sou agora. — Dei uma pausa. — Não foram os tratamentos, foram você.
Ele sorriu, e tomou outro gole.
— Eu queria ficar aqui pra sempre, sabe? Com você, com a Eliza, com todo mundo. Mas principalmente com você. — Eu sorri.
Ele não disse nada.
— Na verdade, eu tava pensando em dizer isso para os meus pais.
— Dizer o que? — Ele perguntou.
— Sobre ficar aqui. Eu gostei de São Francisco, eu realmente sinto que aqui é o meu lugar, é onde eu devo ficar. Eu fiz amigos aqui, e até tô namorando...
Ele se aproximou de mim, e falou:
— É uma boa idéia. Iria ser ótimo você ficar aqui com seus pais, a Eliza, os gêmeos, a Jasmine...
— E você. — Completei.
Ele fez uma pausa longa, mas então finalmente respondeu, suspirando:
— Sim, e eu.
Passamos a tarde toda jogando jogos, no lugar vago, e abraçados.
Ele parecia feliz ao meu lado.
Estava tarde, e Logan estava na porta, antes de ir embora.
Mas assim que ele abriu, um monte de vozes gritaram um "oi!"
Eram obviamente Eliza, os gêmeos e Jasmine.
— Nossa gente, que susto, uau. — Disse Logan ironicamente.
Na verdade já tínhamos visto eles lá fora pela janela, então não nos surpreendemos.
— Ah, você é tão chato. — Chris reclamou.
— Sua mãe nos pediu para virmos te buscar. — Jasmine falou.
Antes de ir, dei um beijo em sua boca.
— Bom, a gente se vê amanhã? — Perguntei.
Logan sorriu, e eu olhei para os seus olhos cor de avelã.
— Sim, como você não enjoa de mim?
Eu ri, e respondi:
— É impossível enjoar de alguém como você.
Ele me abraçou, enquanto Eliza tirava uma selfie com a gente.
— Eliza! — Todos falamos em uníssono.
— Tchau Logan.
— Tchau Emma.
Era uma noite agradável, a lua estava linda, assim como as estrelas que pareciam brilhar mais do que o normal.
Observei eles andando pela rua deserta, e pensei o quando eu tinha sorte de tê-los comigo.
Uma sorte na qual eu não abriria mão.
Por nada nesse mundo.
Capítulo 32 concluído ✓
Capítulo 33 🔽
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